20 março, 2008

A hipocrisia "democrática"

Esqueçamos por momentos o Porto porque o que se passa noTibete justifica-o.

Deixemo-nos de brincar com coisas sérias e falemos curto e duro.

Já repararam que aqueles senhores lá de fora (os americanos) e os da paróquia nacional, aqueles mesmos que costumam andar a reboque do que diz o imbecil do George Bush e se pavoneiam pensando que se promovem em tão má companhia, não estão minimamente incomodados com o que os chineses estão a fazer áquele pacífico e espiritual povo tibetano?

Estão a ver quais são realmente os "princípios" democráticos defendidos pelos amigos do Bush?

Petróleo! Os tibetanos não têm petróleo - a real democracia - por isso, ninguém quer saber deles para nada. A China pode fazer o que quiser com eles, os defensores das liberdades passam agora a ter um interessante pretexto para debaterem o assunto no conforto do sofá de um qualquer estúdio de televisão.


Abaixo a China! Viva o TIBETE LIVRE!


As perguntas que nunca se fazem antes das eleições

Antevendo a prosápia habitual dos Presidentes de República em vésperas de eleições, parece que já estou a ouvir Cavaco Silva a pregar: "portugueses, não deixeis de cumprir o vosso dever de cidadania e ide votar!"

Se lhe pudesse responder, far-lhe-ia esta singela pergunta:

  • Sr. Presidente, posso votar à condição?

Não quer, mas se o Sr.Presidente quisesse saber qual era a minha condição, dir-lhe-ia:

  • Eu só voto, Sr. Presidente, à condição do meu voto servir para meter na cadeia certos políticos em quem um dia confiei e me traíram!

Estarão apaixonados?



O que me vale, é não ser muito propenso a vómitos, de outra forma transformava o estômago numa autêntica máquina de produzir úlceras. Para que isso possa acontecer, nada melhor do que ouvir certas frases, proferidas por alguns políticos, sobretudo quando ganham estatuto mediático ou, como se diz agora, têm boa imprensa e depois se babam com o eco da própria voz.

Foi o caso de António Vitorino, que, num assômo de elevado fair-play democrático, teceu esta semana, os mais altos elogios ao seu adversário político, Rui Rio. A frase que melhor arranjou para o justificar foi esta: "mostrou ao país que o futebol não é tudo".

Pois é claro que não é. Que o diga a legião de desempregados que o govêrno do seu partido vem multiplicando no Porto para perceber que a redundância da descoberta dispensaria fazer de todos nós alienados do futebol.

Se Rui Rio fosse Presidente da Câmara de Lisboa e tivesse a insolência de fazer com os lisboetas o que fez aos portuenses e tivesse feito do Benfica o principal cavalo de batalha para se guindar aos poderes centralistas, duvido que António Vitorino fosse tão altruísta nos pirôpos. Assim, os elogios cheiram mais a presente envenenado e a populismo centralista do que a qualquer outra coisa, incluindo a uma simples e sincera opinião.

António Vitorino não é do Porto, nem sequer consta que cá venha muitas vezes, por isso, é perfeitamente leviano e gratuito o elogio a Rui Rio. Se apontasse uma a uma, as benfeitorias que Rui Rio introduziu nesta cidade e que tenham sido de sua única iniciativa em vez de atrofiar o louvor que lhe fez com o já tão diabolizado mundo do futebol, talvez percebessemos um pouco melhor onde queria chegar.

Assim, lembrei-me de vomitar, mas a vontade não chegou...Os tiques centralistas pegam-se de tal forma que até já dá para namorar adversários políticos. Neste ponto, há que reconhecê-lo, o Govêrno tem tido um óptimo aliado em Rui Rio e vice-versa. Não podemos esquecer-nos que foi Rui Rio quem disse (quando de pára-quedas caído, chegou ao Porto), que não era por berrar contra Lisboa que o Porto se afirmava, e se bem o disse, melhor o fez. Rui Rio calou-se e o Porto infirmou-se. Mais. Por isso António Vitorino o elogia. É uma forma subtil de lhe agradecer os serviços prestados à causa centralista. Assim sim, já se percebe.

Rui Rio, podia até nem gostar de futebol, mas gostar de arte. Podia não gostar de arte e ter uma visão menos economicista do teatro (do tipo laferiano-alfacinha), podia não gostar de cimento e adorar jardins, podia não gostar da criminalidade mas entender-se com a Polícia.

Rui Rio só gosta de 4 coisas (e está a progredir): das corridas de carros antigos, dos aviões da Red-Bull, de conflituar com o Porto e da sua própria honestidade. O problema aqui, é que se tem esquecido de nos mostrar o Certificado de Garantia de Não Promiscuidade entre a Câmara e o seus desportos favoritos (não é o futebol, claro...), como é o caso das corridas atrás referenciadas.

Além de tudo isso, esqueceu-se também de nos informar do que é que ele pensa sobre a sua vaidosa honestidade. Se acha que as suas "ramificações" lhe garantem outras valias como: competência, capacidade de gerir conflitos, poder de iniciativa e ambição regional.

É que, ser-se honesto não chega, essa é apenas a sua obrigação. Se outros, antes dele, porventura o não foram, é grave, mas não pode é viver eternamente dos juros de uma seriedade ainda por comprovar (só no fim do mandato), como se fosse a única coisa que tem para dar aos portuenses, porque isso é muito pouco.

19 março, 2008

Assino e recomendo

AQUILO QUE EU GOSTARIA QUE ACONTECESSE

Que enchêssemos a Avenida dos Aliados sempre que tivéssemos que reclamar contra uma injustiça do governo central.

Não tivéssemos de aturar os tiques de grandes senhores, dos Senhores Ministros, que de forma sobranceira nos vêm dar esmolas. Ora, com correctivos arrogantes, dizendo que gastámos muito no Metro (já esqueceram as derrapagens da Expo e agora do Metro de Lisboa) quando estão a meio da legislatura, ora com patéticas inaugurações e promessas quando perto das eleições

Pudéssemos ser nós, no Norte, a decidir, por vezes juntamente com Bruxelas:
· Da oportunidade da construção de mais uma linha de metro;
· Da passagem do TGV pelo aeroporto Sá Carneiro;
· Do estabelecimento de condições aeroportuárias diferentes para um low cost;
· Da apresentação pelas forças políticas da nossa região, juntamente com empresários do Norte, da candidatura a um grande evento internacional;

Como eu gostaria de sair de casa ao fim-de-semana e comprar o semanário da minha região, dispensando a compra dos que falam da politiquice dos corredores de Lisboa.

Como eu gostaria de estar às 7h da manhã a tomar o pequeno almoço com os meus filhos, antes de os levar à escola, e não ter de gramar nas televisões, ditas nacionais, a leitura das primeiras páginas dos jornais desportivos que, invariavelmente, trazem em letras garrafais que o treinador do Benfica está com uma unha encravada, que o jogador tal do Sporting tem joanetes e, agora só em rodapé e em letras minúsculas, que o Porto é cada vez mais primeiro, ou que o Porto teve mais uma grande vitória europeia.

Como eu gostaria de ver todas as manhãs os portuenses com o Comércio do Porto e/ou com o Primeiro de Janeiro debaixo do braço.

Como gostaria de ver todos os passageiros dos voos da companhias nacionais pedirem o livro de reclamações de cada vez que nos desviassem um avião do Porto para Lisboa. Ou quando nos vendessem um Porto/Milão Milão/Porto, este com uma escala técnica em Lisboa. Só que a escala técnica transforma-se, invariavelmente, no fim da viagem, obrigando todos os passageiros do Porto a saírem do avião, tirarem os pertences, atravessarem o aeroporto e entrarem num voo Lisboa/Porto. Para mais tudo isto entre as meia-noite e a uma da manhã.

Como eu gostaria que os nortenhos batessem o pé e exigissem que os seus problemas fossem decididos no norte e não nos corredores do governo central ou à mesa dos restaurantes da capital.

Como eu gostaria que os nortenhos continuassem a ter orgulho na sua pronúncia do português. Emocionando-se de cada vez que os seus filhos trouxessem da rua alguns “bês” que os pais já não foram capazes de lhes transmitir. Porventura não os incitando a tal, mas, seguramente não os perseguindo com constantes correcções.

Como eu gostaria de não ter razões para não ter vontade de visitar a bonita cidade de Lisboa.
Manuel Cerqueira Gomes
Exército de Salvação Nacional
Batalhão Bússola
Pelotão de Co Produção
Manuel Serrão

NOTA: Qual será o tripeiro, daqueles que gostam do que é seu, que fazem do Porto a sua casa maior, que não assine de cruz o que está aqui escrito?