09 maio, 2009

O provincianismo da capital

Há dias postei aqui uma nota em que comentava o facto de os vinhos da Extremadura passarem a ser oficialmente designados por vinhos de Lisboa, numa mal escondida inveja lisboeta pelos mundialmente conhecidos e apreciados vinhos do Porto. Mal supunha na altura que essa patética e ridícula decisão era apenas uma parte da situação. Com efeito, a capital não suportou aceitar que os chamados vinhos do Douro (o Douro, aquele riacho que corre lá nos confins do Norte) estivessem a alcançar grande notoriedade europeia e mesmo mundial. Era necessário fazer alguma coisa. E assim foi que o ministério da Agricultura, numa atitude de puro provincianismo, criou uma nova Indicação Geográfica: os vinhos... Tejo!!!

Felizmente que nem tudo vai mal em Portugal. Notícias como estas são animadoras e dão-nos a certeza que Portugal vai finalmente impor-se no mercado vinícola internacional e se transformará numa potência mundial!!!

07 maio, 2009

A leitura do jornal

Conclusões e reflexões suscitadas pela simples leitura de um diário de hoje.

1 - A concretização de Guimarães como Capital da Cultura 2012 está em risco. Não há dinheiro e parece que também não há muito empenho da parte do ministério da Cultura. Iniciativas relacionadas com o evento já foram deixadas cair pela Câmara. Se a situação não se modificar, arriscamo-nos a que a atribuição de Capital da Cultura a Guimarães, se transforme num vexame nacional. Ou se desiste enquanto é tempo ou o governo central, como detentor da chave do cofre, se empenha a sério e rapidamente.

2 - Uma juíza do TIC do Porto começou hoje a ser julgada num caso relacionado com suspeitas de corrupção que ela comunicou ao PGR, no âmbito do Apito Dourado. Dado o currículo pouco recomendável que aquele senhor tem em relação à cidade do Porto, fica a dúvida se se trata dum legítimo acto de natureza judicial, ou se é mais uma agressão moral à nossa cidade por parte da Procuradoria Geral.

3 - Ninguém quer assumir a gestão dos radares da VCI. Nem CMP, nem Estradas de Portugal, nem Brisa, nem Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, nem uma coisa (que ningém conhece ) chamado Instituto das Infra-estruturas Rodoviárias . Aliás imagino que este organismo foi sigilosamente criado para proporcionar mais uns jobs for the boys . É a burocracia em todo o seu esplendor. Fiquei também a saber que a VCI, indiscutivelmente uma via urbana, foi concessionada a um operador de auto-estradas. Admirem-se se qualquer dia lhe instalarem portagens!!! Entretanto, um equipamento que custou dinheiro e contribuiu para a diminuição da sinistralidade, perdeu a sua utilidade há quase dois anos.

4 - Quem pensa que o estatuto de sanidade mental do país mudou desde os tempos do PREC, está enganado. Continuamos a ser um manicómio em auto-gestão, e agora sem a desculpa de vivermos um período post-revolucionário.

Abaixo, esta propaganda eleitoral


Muralha Fernandina

Se um dia for proibida a afixação de paineis de propaganda no centro da cidade [como o da foto], aplaudirei sem reservas a decisão. Os media, são os veículos de propaganda mais ecológicos [relativamente], que há. Não poluem a paisagem e sempre têm um botãozinho para, quem não gostar, desligar ou mudar de estação.

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Pedreira da Trindade

Com relação a esta notícia, volto a reafirmar a minha convicção pessoal de que, enquanto a prioridade da reabilitação urbana do Porto não for atribuída às casas para habitação, não há Centros Comerciais ou hotéis de luxo que resolvam o problema. O donut em que o Porto está transformado, com o "buraco" alargado após e durante, a gestão de Rui Rio na CMP, não pode atrair turistas de modo a terem vontade de voltar. Os law-cost intensificaram a visita de muitos estrangeiros ao Porto, mas as entidades oficiais pouco ou nada fizeram para tirarem partido dessa oportunidade.
Não acredito de todo que o insucesso do Trindade Domus Gallery se deva, como consta do artigo, ao processo de insolvência do empreendimento, é tão só uma desculpa completamente esfarrapada da parte do proprietário. Assim como não acredito que, se tudo continuar na pasmaceira actual, outras ruas e locais da cidade, que estão a tentar reagir à desertificação com algum sucesso [casos de Miguel Bombarda, Galerias de Paris, etc.], venham, mais tarde ou mais cedo a sofrer as consequências.
O Porto Grand Plaza, inicialmente propagandeado como um centro comercial de eleição, foi um bluff, mas, mesmo que não fosse, o resultado seria o mesmo: um fiasco. Não tarda muito, fecha.

Anedotário nacional

Manuel "Maizena" Pinho descobriu novo 'cluster' na exportação de insultos
O ministro da Economia disse anteontem que o deputado do PSD, Paulo Rangel, tinha de "comer muita papa Maizena para chegar aos calcanhares de Basílio Horta", depois de uma polémica sobre o dever de isenção do presidente da AICEP. Esta declaração de Manuel Pinho foi o maior product placement do portugal democrático e faz parte de uma estratégia para promover sectores chave da economia nacional através, de insultos como "tens de fazer muito time-sharing na Quarteira antes de falares comigo", "levas com um isolamento de cortiça na fuça que até levantas voo" ou "comigo vais de carrinho da Autoeuropa". MB

Maria de Belém tentou curar amnésia de Dias Loureiro à pancada

Na terça-feira, a Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito ao BPN, Maria de Belém, moeu Dias Loureiro com pancadas e calduços para tentar que o antigo gestor da Sociedade Lusa de Negócios recuperasse a memória. "Cheguei-lhe a roupa ao pêlo e espetei-lhe o dedo com força no fígado como aprendi, respectivamente na reportagem do Nuno Rogeiro sobre Guantánamo e no Astérix", confessou a deputada socialista. Apesar disso, Dias Loureiro permaneceu amnésico. "Não me lembro do que comi ao pequeno-almoço nem de o Nunes Liberato já me ter telefonado sete vezes esta manhã, a perguntar se sempre quero continuar a ser Conselheiro de Estado". MB


Rui Santos quer Câmaras em manifestações da CGTP para saber a verdade
política


Rui Santos lançou uma petição online para que a política deixe de usar certas e determinadas situações facilmente manipuláveis para aproveitamento eleitoral. "Vital Moreira espancado? Foi insultado? Foi só uma entrada dura por trás a papel químico mas sem intenção? Não pode ser! O Martim Moniz se quer ser uma catedral do protesto tem de possuir a tecnologia do olho de falcão. Temos de meter chips e pintar os sindicalistas com tintas, invisíveis a olho nu, que apenas são detectadas por câmaras de infravermelhos, para determinar as suas posições a qualquer momento no terreno da manifestação", defendeu Rui Santos. JH

Telescópio do Benfica capta imagem do título de campeão

O objecto mais longínquo alguma vez descoberto, uma estrela que explodiu à 13 mil milhões de anos-luz, foi captado pelos telescópios do European Southern Observatory. O feito foi rapidamente esquecido em prol da descoberta, ainda mais fascinante, da possibilidade do Benfica se sagrar campeão nacional, objecto ainda mais longínquo descoberto pelo João Gabriel com recurso a telescópio de enormes dimensões construído com o bigode de Chalana. O mesmo telescópio encontrou, nos confins do espaço-tempo, o buraco negro para onde foram sugados, nos últimos anos, centenas de jogadores, dezenas de treinadores e milhões de euros do Benfica. VE
[Fonte: jornal Público, IP]

Coisas do Porto e do Norte (links/JN)

Desempregados de manhã ganham emprego à tarde depois de protesto
A caça ao voto, made in Portugal

Radares da VCI não estão a multar aceleras
Ontem, dizia-se que não passavam multas aos infractores, e ninguém assumia responsabilidades, incluindo a Câmara do Porto. Está tudo bem.... Votem em Rui Rio

Pedreira da Trindade nas mãos da Justiça
Tudo dentro dos "conformes"...

06 maio, 2009

Menu da semana:Farinha Maizena* com guerrinhas de tachos

Há por aí uns intelectuais, com metástases do medieval, conectados directa ou bifurcadamente, com os bastidores pestilentos da política, que se lerem o que vou dizer a seguir, terão dificuldades em contornar os pífios argumentos do costume para defenderem a sua dama, que é como quem diz, a vergonhosa reputação que gozam na opinião pública. Com banalidades do tipo: "é muito fácil falar mal dos políticos e não fazer nada", ou, "por que é que, em vez de criticar, não se inscreve ou cria um partido político?"
É tão fastidioso responder à pobreza destes argumentos, quanto é crónica a má vontade dos inquiridores em aceitar o diagnóstico dos eleitores das suas prestações governativas. A única reacção popular aceitável [e respeitável] para os políticos, é a do voto eleitoral que os pode guindar ao Poder, o resto, é demagogia, ou populismo, como eles agora gostam de dizer. O voto, a seu favor, é o único mecanismo democrático que apreciam. A partir daí, terminou a sua ligação com as populações. Portanto, se quiserem saber o que penso sobre Suas Exas., é favor de passarem os olhos pelo que escrevi em posts anteriores.
Se, Sá Carneiro, fosse hoje vivo, ou aparecesse hoje no cenário político nacional, o mito que gravita à sua volta ruiria como um castelo de cartas e a figura de referência do PPD/PSD nem sequer existia. Por quê? Porque Sá Carneiro era um homem do Porto!
Conclusão simplista? De facto, à primeira impressão até parece, mas, rebobinando o "filme" do que tem sido a política em Portugal estes últimos 20/3o anos, nós, nortenhos em geral, e os portuenses, muito particularmente, teremos motivos para pensar o contrário?
Querem provas? Aí vai uma. Pessoas a quem até reconheço crédito e lucidez intelectual, como Vasco Pulido Valente, que disseca os ângulos mais variados da política, quantas vezes se deu ao trabalho de escrever sobre a regionalização ou, se preferirem, sobre a descentralização ou os efeitos terríveis da macro-centralização lisboeta?
Escrevo isto, porque não vislumbro nada de racional que me ajude a perceber a tentativa de Vasco Pulido Valente, e as "elites" de Lisboa, de desvalorizarem, sistematicamente, a figura de Paulo Rangel. Se calhar, é minha ignorância, mas o que é que, politicamente falando, Manuela Ferreira Leite tem de mais credível, que Paulo Rangel não tenha? A idade, ou a história curricular? Alguma destas condicionantes beneficiam Manuela Ferreira Leite? Pelo contrário, MFL tem um passado político hierarquicamente mais rico**, mas muito pobre em competências. Por que razão, então, não se quer dar o benefício da dúvida a um político mais jovem sem que lhe seja dada oportunidade para percorrer o seu caminho para poder mostrar o que vale?
Neste enquadramento, percebe-se o à vontade do banalíssimo ministro Manuel Pinho , para criticar com recursos a produtos culinários o vice do PSD Paulo Rangel, limitando-se a ir à boleia daqueles que dentro do próprio PSD, fazem exactamente o mesmo com o vice de MFLeite. Para não ficar mal na foto [mas ficou], Basílio Horta, ex-CDS/PP, segue o reles procedimento do ministro da Economia, - num acto de abjecta bajulação política -, dizendo que Paulo Rangel é arrogante e ignorante. Foi talvez a forma que encontrou de agradecer ao PS a drenagem da AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo], do Porto para Lisboa, a que Sua Exa. Basílio Horta, faz o favor de presidir. É a porca da política descarada!
Não há dúvida que a vida continua óptima para estes pardais.
*
Maizena, foi o substantivo melhor que Manuel Pinho encontrou para engraxar Basílio Horta e despeitar Paulo Rangel. É pois, de depreender, que aquela marca de farinha culinária (e não de papas para bébés, como o ignorante ministro sugere), se sinta estimulada para lhe pagar uma choruda comissão pela publicidade. E assim se faz Portugal...
**
MFLeite, foi Ministra da Educação em 93/95 e Ministra do Estado e das Finanças no Governo do "foragido" Durão Barroso.

05 maio, 2009

O Palácio do Freixo

Não posso evitar uma sensação de desgosto quando vejo o belíssimo palácio do Freixo transformado em mais uma pousada do grupo Pestana. Penso que merecia melhor sorte, que estaria destinado a uma nobre função oficial, emblema da nossa cidade e da nossa Região. A sua alienação foi feita por alguém que é mais guarda-livros do que presidente da Câmara. As cidades têm uma alma que não pode ser tratada como um bem transacionável. Quem não o entende não pode nem deve ser presidente.

Sem embargo de se reconhecer que os presidentes têm legitimidade para tomar decisões, há casos - e este é um deles - em que seria louvável que fosse auscultado o sentir da opinião pública. RR não o fez e deste modo veio confirmar a sua falta de empatia com o Porto e, pior do que isso, confirmou que não compreende nem ama a cidade.

Irresistívelmente vem-me à memória um dos crimes culturais aqui cometidos: o "assassinato" do velho Palácio de Cristal, cometido salvo erro por volta de 1950, por um daqueles autarcas aqui caídos de pára-quedas como era normal durante a ditadura. Pese embora a eleição democrática, RR caiu no Porto de modo semelhante, e por isso mesmo tomou uma decisão idêntica - se bem que eventualmente reversível no futuro - à do coronel que, ao destruir um monumento único em Portugal, deixou a cidade mais pobre.

Um conselheiro de estado em apuros...

conselheiro de estado em apuros, mas solto, como convém.

Clicar aqui. É pouco, mas muito interessante.

Sinais dos tempos, ou decadência das civilizações

Está ainda muito longe, o dia em que Portugal começará a ser conhecido pela excelência da qualidade de vida das suas gentes. O mais certo, é que nunca chegue a alcançar tamanho prestígio. É um país com pouco espaço para a criatividade, um país de macacos de imitação medíocres e pouco exigentes. Quando copiam, quase sempre copiam mal os melhores exemplos dos outros países (Noruega, Suécia, Dinamarca) mas já capricham com os que não prestam.
Só um pequeno exemplo: gostava que de Itália soubéssemos "copiar" o bom gosto, a capacidade de divulgar o que de melhor produzem, a arte dos monumentos [e a beleza da mulher italiana], mas detestava que importassem clones de Sílvios Berlusconi e respectivas proles. Na vida, a ambivalência emocional está frequentemente presente, o que explica que gostar do dialecto napolitano (como eu gosto) não me obriga a apreciar a camorra daquela região do país, ou de qualquer outra. Receio bem que um dia destes apareça por aí um Silvio Berluconi à moda lusa, porque é a imitar a bandalhice que mais nos destacamos.

O "fenómeno" Berlusconi só é possível em democracias desregradas como a nossa e a italiana, onde a fronteira entre o civismo e a marginalidade é tão frágil, que se funde, e se torna numa coisa profundamente abstracta, permitindo o acesso ao poder de actrizes de pornografia, como Cicciolina (foi deputada), e de empresários sem escrúpulos, como o actual 1º. Ministro italiano.

Quando é a própria mulher de um 1º. Ministro [na foto atrás dele] a anunciar o divórcio, supostamente por não poder aturar mais as garotices do seu marido, em razão de uma escolha de candidatas ao Parlamento Europeu altamente condenável (modelos, e mulheres ligadas ao mundo do espectáculo), haverá mais comentários a fazer?

Ainda assim (e isso, é que é muito preocupante), há quem considere estes comportamentos perfeitamente normais...

O polvo

Barraqueiro, Keolis, Arriva e Mota-Engil unem-se para o metro

O polvo centralista estende tentáculos para a Metro do Porto. Tudo dentro da "normalidade"...