22 janeiro, 2010

Que reste-t-il de nos amours/Charles Trenet




Temas velhinhos, velhinhos, mas sempre bem vivos. Existem novas versões com novos autores. Cá o rapaz, prefere sempre sempre a versão original.

Bom Fim de semana!

As Escutas, o YouTube e a PGR

Acho completamente ridículas as não notícias. A mais recente, a candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República, é-me indiferente. Ou melhor, não o é totalmente, porque esta não notícia tem o "dom" de acentuar a tendência oportunista dos actuais protagonistas políticos. Se Manuel Alegre se dedicasse exclusivamente à poesia, que é a coisa que ele melhor sabe fazer , talvez conseguisse preservar a pouca credibilidade que ainda terá enquanto político. Mas, enfim, esqueçamos estes cromos.
Notícia relevante podia ser, por exemplo, a demissão do Procurador Geral da República a seu pedido [o que só lhe ficaria bem], ou por ordem superior. As alíneas a), b) e c), respectivamente, do Artº. 10º dos Estatutos da PGR indicam claramente as competências que lhe estão atribuídas, não restando a mínima dúvida - face à incapacidade por si revelada em vários assuntos - sobre a premência da sua demissão.
Ao senhor Procurador Geral têm de ser atribuídas responsabilidades sobre toda a pouca vergonha que se está a passar na Justiça nacional. Quando, se afirma publicamente, como ele o fez por várias ocasiões, que desconhece o que se passa com temas que deviam estar sob a sua alçada e total controlo, está-se a reconhecer a incapacidade para o desempenho de tão exigente cargo. Não é um reconhecimento assumido, é um reconhecimento induzido por manifesta ignorância, pela mais absoluta ausência da noção das suas obrigações, o que agrava o perigo para a paz social continuar no desempenho das funções.
Qualquer pessoa minimamente esclarecida perceberá que as sucessivas quebras ao segredo de Justiça só acontecem por uma razão, que é, existir dentro da estrutura do Ministério, alguém que tem acesso a informações secretas e as transmite para o exterior. Qualquer homem de instrução mediana, se fosse Procurador, já teria há muito percebido que o 1º. passo a dar seria "limpar" por dentro a estrutura do Ministério Público. Não será tarefa fácil, imaginámos, mas é precisamente pela complexidade destes cargos que é suposto estarem entregues a pessoas altamente qualificadas. Por isso é que lhes são conferidos tão elevados Poderes. Só o Presidente da República o pode exonerar. Ora este Procurador já revelou em muitos processos não ter "unhas" para o bom desempenho do lugar, ou, o que seria mais grave, estar condicionado por outros poderes ocultos, como o do Processo com o mesmo nome...
A divulgação pública no YouTube das escutas é a bôlha [bomba] que [quero crer e espero] acabará por lhe estourar nas mãos, porque coloca as mais altas instituições do Estado abaixo de uma Casa de Putas. Só nos resta a esperança do recurso às instituições de Justiça europeias, porque o circo por aqui está longe de terminar.
Há, seguramente gente, dentro do Ministério, que está ligada aos órgão de comunicação social e que é remunerada* para lhes facultar informação judicial sigilosa. Só pode. E ninguém, a começar pelos próprios media, parece interessado em vasculhar esta nódoa jurídica e social pelos alicerces, que estão neste caso no miolo do Ministério Público. Há, tem de haver, um pacto "de não agressão" estratégico entre os media e os conspiradores/bufos que estão a seu soldo dentro da Procuradoria, por isso o jornalismo de top anda pelas ruas da amargura. Estão todos comprometidos.
A devassa das escutas de Pinto da Costa só prova uma coisa: que ele, Pinto da Costa, está bem acima, intelectual e eticamente falando, deste bando de garôtos que nos "governam".
Ps. A propósito de garôtos. Os Brunos Pidás [pinhas galinhas criminosos urdidos pela pobreza] já foram condenados. Vinte e três anos de prisão. Muito bem senhores Juízes. E o senhor Dias Loureiro, e os pedófilos do Processo Casa Pia, foram para as Seichelles penar? Quantos anos pensam dar-lhes? Trinta? Talvez prisão perpétua, presumo. Façam o favor de propor à Assembleia da República mais uma revisão do Código Penal, porque em Portugal essa pena não existe mas estes casos justificam-na. Não concordam?
*Talvez esteja aqui a resposta que Medina Carreira precisa para as dúvidas que persistentemente tem levantado no programa de sábado à noite na SIC Notícias sobre o enriquecimento súbito de certo agentes políticos...

20 janeiro, 2010

Saber mais sobre a cretinice do projecto TGV



(extraído do blogue Maquinistas.org)

Temos um "Jamais II", ou Lisboa vai ser a "praia" de Madrid?

Abriu a caça ao Braga. O Vaicondeus inaugurou a cerimónia...

Como hoje não tenho tempo para postar sobre assuntos mais sérios, queria aproveitar os parcos minutos de que ainda disponho para abordar um assunto que certamente interessará aos adeptos do futebol.
Quem costuma ver o programa da RTPN "Trio de Ataque" terá seguramente notado na reacção do representante do Benfica José Pedro Vasconcelos quando se falou do Sporting de Braga... Não queria ser demasiado ofensivo, porque há pessoas e pessoas, mas os benfiquistas parecem todos sair da mesma fotocopiadora. O fanatismo e a arrogância cega-os, a tal ponto, que só com imensa dificuldade conseguem ter alguma seriedade na apreciação que fazem dos lances polémicos das outras equipas. Ou, vêem o que mais ninguém consegue ver, quando tal lhes convém, ou então, recusam a ver o que está à vista de todos, quando isso lhes interessa. Que diabo, já que aquele programa desistiu do futebol jogado e se tornou mais num CCAA [Centro de Controlo e Análise de Arbitragens], podiam defender a sua "dama" sem escandalizar, mas está-lhes na massa do sangue a vigarice.

Ontem, foi divertido ver o cineasta de vão de escada a preparar a estratégia para atacar o Braga. Não teve o mínimo pudor de insinuar que o SCBraga anda a ser beneficiado pelas arbitragens e que era preciso começar a discutir os lances polémicos dos jogos em que participa! É indecoroso o vazio de carácter deste homem que se enganou na carreira! O papel de actor ficava-lhe melhor. É que, ele até já manda recados para a régie com propostas editoriais de programação, ciente de que lhe farão a vontade.
O Braga que se cuide, a época de caça centralista foi aberta...

19 janeiro, 2010

Batalhas risíveis?

Se há profissão que neste momento não gostaria de desempenhar, é a de Jornalista. Antes de explicar porquê, peço a atenção do leitor para o pormenor de ter escrito jornalista com maiúscula, porque é só a esses que agora me estou a referir. Aos outros, aos criadores de boatos, aos legionários da comunicação, prefiro nem falar para não vos pôr mal dispostos...
O Jornalismo, se desempenhado com seriedade e independência, é uma profissão de importância fundamental para a Humanidade que pode contribuir para o desenvolvimento dos países e para a qualidade de vida dos povos. Actualmente, jornalistas com J grande há poucos, como poucos começa a haver Homens com H maior.
Como ia dizendo, por esta altura deve ser uma seca para os Jornalistas de J grande escrever sobre política. O que é que eles têm para escrever sobre política e políticos que já não tenham escrito e repetido até à naúsea? Dizia-me hoje o Rui Farinas, naquele seu jeito inconformado que o caracteriza, que se sentia colonizado, sentimento que também partilho e me recuso - tal como ele - a aceitar. Mas, que mais podemos nós fazer com as "armas" que dispomos, que não são nenhumas? Escrever, escrever, escrever. É tudo. Porque armas, no sentido bélico do termo, por enquanto não temos, e se calhar já só através delas é que seremos capazes de nos fazer respeitar.
Contudo, há pequenas batalhas que podemos ir vencendo se mudarmos um pouco alguns dos nossos hábitos. Essas batalhas, tanto eu como o Rui Farinas já começámos a travá-las, embora sem dispormos ainda de dados que nos informem da erosão que poderá provocar no "inimigo". O "inimigo" é Lisboa, não tenham dúvidas, incluindo os que lá vivem conformados e até satisfeitos com o que o Centralismo nos está a fazer. Até hoje, ainda não vi, a partir de Lisboa ou das suas fontes e filiais, nenhum programa televisivo a debater com determinação, objectividade e continuidade, os nossos problemas. Ouvem-se, isso sim e bem, uns assobios "simpáticos" das plateias sempre que se fala do Porto ou do FCPorto. Por aqui, já podemos imaginar quanto podemos contar com a sua solidariedade e "patriotismo"...
As pequenas batalhas de que vos falo poderão parecer ridículas, por quem as avalia à luz do voluntarismo individual, mas podem tornar-se num pequeno grande problema para a megalomania centralista se conseguirmos dar o passo seguinte e que consiste em transformá-lo numa iniciativa colectiva. O segredo dessas pequenas batalhas estará nos nossos hábitos de consumo e na nossa força de vontade pessoal e familiar. Eu, e o Farinas já fazemos isso há muito, e nunca combinámos nada, foi uma iniciativa espontânea. Quando vamos a um supermercado temos o cuidado de observar a origem dos produtos e de os rejeitar se no rótulo do produtor ou do fabricante constar um nome de origem sulista. Vinhos, por exemplo, só os maduros do Douro e do Dão, ou os verdes/alvarinho do Minho os frisantes da Bairrada. Alentejo acabou! De Colares nem pensar!
Quem diz vinhos diz outros bens ou produtos, o que é preciso, é que cada um de nós passe a usar estes critérios selectivos de consumo e os transmita a todos os amigos que partilham do mal do Centralismo. É importante persuadir [se fôr preciso] as nossas mulheres e filhos. É importante convencê-los dos pontos fracos do Centralismo. Eles empobrecem-nos e impingem-nos os seus produtos para os enriquecer, mas nós podemos rejeitá-los, ninguém nos pode obrigar a comprá-los. Isto só será risível se nós quisermos, se não acreditarmos, ou se não resistirmos às cenouras que nos colocam frente ao nariz. Nós somos mais do equídeos, não é...
Sim, sim, já sei que com o tempo o centralismo poderá sempre arranjar forma de bloquear a cadeia do boicote que é, aliás a única coisa que sabem fazer. Quem boicota a Constituição boicota tudo. Mas, enquanto não derem por isso, sempre poderemos causar alguns estragos. Quem sabe? Não custa muito, apenas um olhar atento para as fontes daquilo que consumimos. Além de mais, talvez possamos convencer as empresas beneficiadas do Norte a investir melhor por aqui, noutros projectos, além dos telemóveis e dos Hipermercados.
Talvez lhes consigamos transmitir a coragem que lhes tem faltado para investir em projectos autónomos e ambiciosos de comunicação social, nomeadamente numa operadora de Televisão.
Por que não? Talvez com estas pequenas batalhas aparentemente risíveis possamos vencer uma guerra que não pedimos. Não sei é se temos Povo para tanto.

18 janeiro, 2010

Caçar com gato

Se não estou em erro, foi o químico francês Lavoisier que enunciou o princípio que "a Natureza tem horror ao vácuo". Plagiando, pode dizer-se que " os governos portugueses têm horror às verdadeiras mudanças". Limitam-se às mudanças cosméticas. A última grande reforma de divisão administrativa data de meados do século XIX. Depois disso apenas ocorreram alterações pontuais. A demografia portuguesa sofreu grandes mudanças nos últimos 200 anos, mas a divisão administrativa permaneceu praticamente inalterada. Pior do que isso, criaram legislação para dificultar o aparecimento de novas unidades, mesmo em casos em que se tratava de elementar justiça. Tudo o que foi feito neste campo, reduziu-se a duas iniciativas. Uma foi a chamada reforma Relvas, que não reformou coisa nenhuma porque não funciona, e que aparentemente foi decretada como uma contra-medida estratégica de combate à pretensão da criação das Regiões. A outra, foi a proliferação de passagens de vilas a cidades e de aldeias a vilas. Nada se alterou na vida dos respectivos habitantes, pois trata-se de mais uma manifestação de um velho vício nacional que os últimos governos elevaram à condição de estratégia governativa : dar prioridade ao "aspecto" em detrimento da" substância". "Parecer" é mais importante do que "ser".

A este propósito pergunto-me porque razão, a não ser por conservadorismo retrógado e inibidor, o Porto e partes de Matosinhos, de Gaia, de Valongo, de Gondomar, e talvez da Maia, não constituem uma única cidade, uma espécie de super-concelho (à falta de melhor designação). Sendo certo que qualquer sistema tem vantagens e inconvenientes, penso que a unificação teria um saldo positivo, contrariamernte à actual situação. Por vários e óbvios motivos, essa unificação não poderia tomar a forma de "anexação" feita por um dos actuais concelhos (presumivelmente o Porto) sobre os seus actuais vizinhos. Novas designações seriam necessárias, a orgânica e o funcionamento administrativo teriam de ser alterados. Haveria que utilizar a imaginação e haveria também que estudar o que se fez no estrangeiro em situações similares.

Esta alteração, vantajosa para nós, faria imediatamente nascer uma oposição tenaz do governo centralista. É que o princípio maquiavélico de "dividir para reinar" é bem eficaz, o que o poder central não ignora, até por experiência própria, mas em última instância talvez aceitassem, porque Lisboa teria a possibilidade de responder de forma semelhante, mantendo-se assim como a mais populosa cidade portuguesa, o que para a presunção deles é muito importante.

Seja como for, este aumento de tamanho (700, 800 mil habitantes ?) permitiria uma maior representatividade e força de persuasão junto do poder central. Uma Região administrativa (mesmo sem uma desejavel autonomia) seria certamente mais eficiente para esse efeito, mas penso que regionalização...só daqui a algumas dezenas de anos. Entretanto porque não aplicar o velho ditado "quem não tem cão caça com gato?".

17 janeiro, 2010

Futebol e Centralismo

Não é de agora que o FCPorto para vencer jogos e campeonatos nacionais é «obrigado» a jogar em silmultâneo contra 3 adversários: com o clube adversário/equipa de futebol, com a comunicação social e com a equipa de arbitragem. Se, apesar destes factos [ e por causa deles] os sucessos do FCPorto terminam na sua sublimação, reconhecidos pelos seus imensos adeptos e pela insuspeita opinião pública internacional, também é verdade que lhe têm provocado um desgaste acrescido em relação aos demais adversários.
Não obstante a saga persecutória que lhe vem sendo movida desde há longos anos, através das mais abjectas campanhas de difamação, o clube acaba, melhor ou pior, por resistir e chegar ao fim na frente das competições com menos problemas a nível internacional do que dentro do país.
Internacionalmente, o FCPorto chega até onde os seus recursos financeiros o permitem, superando quase sempre as expectativas, porque não tem de se confrontar com a inveja, o ódio e a profunda desonestidade dos clubes centralistas. Ganha quando tem de ganhar, e perde quando tem de perder, mesmo que, aqui e além, prejudicado por uma má arbitragem, mas sem manobras escabrosas de bastidores, como acontece neste país onde parece reinar a anarquia.
Só não é um país assumidamente anárquico, porque nem a anarquia é capaz de assumir, bastando para tanto alegar-se que dispomos de uma Assembleia Constitucional, um Presidente da República e um 1º. Ministro... Mas, todas estas personagens são de retórica, não servem para absolutamente nada, excepto para si próprios. Como cidadão, sinto que não me fazem a mínima falta. São inoperantes, meras figuras contemplativas de um país imaginário. Se assim não fôra, seria impensável assistirmos às autênticas acções mafiosas infligidas ao FCPorto [e não estou só a reportar-me ao futebol]com toda esta gentinha do governo a assobiar para o ar como se nada de grave se estivesse a passar.
É neste ponto que se atinge o limite do tolerável. Numa sociedade assente em critérios de cidadania minimamente decentes, é também aqui que a Justiça não se faz notar, ou se faz, é pela negativa [que vale o mesmo que dizer, Injustiça], que somos levados a pensar na origem da violência, das guerras e da intolerância. Falámos aterrorizados nos atentados homicídas no país basco, e condenámo-los, porque rejeitamos pura e emocionalmente a violência, mas desprezamos tudo o que possa estar por detrás dela. Nestes casos, somos cínicos, porque nos esquecemos de um detalhe basilar que está sempre na origem e na afirmação de uma nação: uma guerra, uma revolução e a perda de vidas. Não há independências pacíficas. Nós «gostamos» de nos esquecer, quando falámos da luta dos outros, que também por várias vezes tivemos de defender com sangue e armas a nossa soberania. Sobre essa violência, colocámos um manto branco de elevação e exclusividade, como se a dos outros povos fosse diferente e não resistindo ao politicamente correcto, chamamos-lhe terrorismo. É uma forma hipócrita de nos acharmos mais humanos que todos os outros.
O que é que isto tem a ver com o futebol, estarão alguns leitores a perguntar-se neste momento.Tem tanto a ver com o futebol como com qualquer outra coisa. Tem a ver com tudo.
O Porto e o Norte do país, não estão apenas a ser desprezados no desporto/futebol, são-no também na economia e em tudo o resto. O Governo Central não se tem limitado a esquecer-nos, vai mais além, humilha-nos e provoca-nos [o Red Bull é o paradigma mais recente].
O Porto e o Norte não pode contar com as regras democráticas para nada, nem com a Justiça, porque simplesmente não funcionam. O que nos resta, então? Se o diálogo não gera consensos nem soluções, se nem sequer existe, o que nos resta? Lutarmos pela nossa independência? Como? Com palavras, com actos de caridade ou com armas? Se não temos exército, como nos vamos defender? Haverá alguém que acredite que por este andar as coisas terão uma saída sensata? Será que nos querem obrigar a inventar uma Etarra à portuguesa?
Se não querem, se a simples ideia de ver um Portugal minado por Movimentos deste tipo perturba [o que duvido] porventura os responsáveis governativos, porque não começam a mostrar-se ao nível das suas responsabilidades e a arrumar a casa, que é como quem diz, governar com verdadeiro sentido de Estado, e elevação?
O que têm produzido até ao momento, pouco menos é do que semear a desintergração do país, e isso não é próprio de governantes dignos desse nome, mas sim de terroristas no pior sentido da palavra.
PPs.- Há dias, lendo um interessantíssimo artigo no JN sobre a 1ª. tentativa [1891] frustrada da implantação da República e das expectativas ideológicas dos seus mentores, não pude deixar de a relacionar com a fraude do 25 de Abril. Seguramente que, não era este Portugal que os verdadeiros republicanos esperavam quando derrubaram a Monarquia. Seguramente também não seria esta coisa indefinida que o povo esperaria da Democracia...