25 setembro, 2010

Centralistas e lisboetas. Haverá diferença?

Sob pena de cair no ridículo, aos olhos de uma certa "elite" local, mais fria e calculista, o último programa da RTP2 [que devia ser RTP1] Sociedade Civil, abaixo linkado, apresentado pela excelente jornalista Fernanda Freitas, foi um autêntico tónico para a alma dos portuenses. Neste programa, falou-se exclusivamente do Porto, e do amor ao Porto, motivos mais do que suficientes para os portuenses mais ferrenhos se darem ao prazer de o ver do princípio ao fim. Se o fizerem, irão perceber porque é que os 90 minutos vão parecer 90 segundos.

Estes medos do ridículo, não tem nada a ver com o receio de certos complexados do burgo de mostrarem ao Mundo que também são capazes de se emocionar, de expor publicamente a "fraqueza" do seu bairrismo, de amar a sua rua [como disse e bem, o Álvaro Costa], tem a ver sim, com as insidiosas manipulações a que os portuenses são sujeitos sempre que têm o ensejo de manifestar publicamente o amor pela sua cidade. E é aqui que eu quero chegar.

Este programa emocionou-me, não tanto pelo que se disse, mas por quem o disse... Não é caso para estranhar, meus amigos, porque de facto, os portuenses não estão habituados a assistir a um programa inteiro composto por portuenses a falar orgulhosamente da sua cidade, sem terem à esquina do primeiro elogio alguém a atirar-nos à cara os nossos defeitos. E é isso que costuma acontecer em qualquer programa emitido a partir de Lisboa nos raríssimos momentos que decidem falar de nós, da nossa insubstituível cidade do Porto.

É baseado na objectividade destes dados que só concordo parcialmente com a opinião politicamente correcta do Manuel Serrão e do Álvaro Costa quanto à relação afectiva  dos lisboetas com  os tripeiros. Manuel Serrão diz que não confunde o centralismo com os lisboetas, e, com toda a franqueza, era assim que eu também gostaria de pensar. O problema não está aí. O problema é que foram os lisboetas que se deixaram "dominar" pelo culto centralista sem nunca se mostrarem incomodados com a "mordomia", porque perceberam que esse "domínio" os beneficiava. E não é por termos amigos em Lisboa, com quem vamos esporadicamente beber um copo, ou jantar, por razões familiares, ou em negócios, onde a circunstância manda enterrar o machado de guerra, que podemos medir a consideração e o respeito que eles sentem por nós. É sim, quando eles estão longe de nós.

Quando estão longe, no seu habitat natural, ou mesmo nos estúdios das televisões centralistas, aí, são incapazes de revelar a mínima solidariedade com os portuenses. Então, que raio  impede os lisboetas não centralistas de se solidarizarem com os nortenhos [e  não apenas com os portuenses] quando sabem que estamos a ser discriminados política e economicamente, quando sabem que somos a região que mais exporta e que paradoxalmente é a mais pobre do país, a menos favorecida? Onde estará então a porreirice lisboeta que não se vê nem se houve, e os distingue dos centralistas ? Nos salões de chá? Nas televisões [que é o local de privilégio dos alfacinhas], não é seguramente...

Noventa e nove por cento dos portugueses, de norte a sul, são influenciados por uma visão centralista do país. Desses, embora constituam uma maioria, por razões sócio-culturais, só uma pequena percentagem percebe as razões políticas da discriminação negativa de que é alvo,  enquanto na capital a diferença  legada pelo superior rendimento per capita  em relação ao resto do país, produz um efeito de benefício do qual não têm qualquer interesse em abrir mão. Se juntarmos a isto a clubite regimental, temos o caldo perfeito para sedimentar um sentimento de indiferença e até de desprezo para com os portuenses, não obstante os encómios simpáticos das lisboetas citadas no referido programa pela Katty Xiomara alusivos à beleza dos portuenses...

A visão conciliadora  do Manuel Serrão [não acredita na guerra Sul/Norte] sobre a relação dos lisboetas connôsco louva-se e percebe-se, se atendermos aos interesses decorrentes da sua actividade profissional - que deverá salvaguardar -, mas essa não é uma visão realista.

A opinião da grande massa anónima de portuenses, que não precisa de ter essas preocupações  diplomáticas, está seguramente mais  próxima dos factos. Tanto, como está distante dos eventos mundanos da capital, ou de jantares de negócios com o empresariado lisboeta.

   

24 setembro, 2010

23 setembro, 2010

Apoiemos o MPPNorte, contra o centralismo

Salvo raras excepções, não deixa de me surpreender o aparente alheamento de alguns adeptos de futebol pela situação política do país, nomeadamente de clubes do Norte do país que são aqueles que, por razões óbvias, mais motivação deviam revelar pelos graves problemas que a região atravessa. Este fenómeno não é exclusivo dos portistas, estende-se a todos os clubes da região Norte e da cidade do Porto,  e adensa-se com algumas coligações estratégicas feitas com clubes de Lisboa [a última foi entre Guimarães e  Benfica] com resultados desastrosos que em nada abonaram para a união dos nortenhos.

Os nortenhos ainda não foram capazes de separar as águas entre a rivalidade clubística e a solidariedade regional - que devia existir e não existe -, porque ainda não se determinaram a constituir-se como uma força poderosa capaz de pôr em sentido o Governo de Lisboa. Quando o fizerem, podem estar certos, também os clubes do Norte beneficiarão com isso. Todos. Deste comportamento estúpido [desculpem-me, mas é mesmo o que penso], se tem aproveitado o centralismo. As cobranças das portagens nas SCUTS exclusivamente a Norte numa fase inicial [que pode bem tornar-se definitivamente exclusiva], são a grande prova do desrespeito que o Governo nos vota. Como sentem a nossa desunião, abusam.

Entendo que, como nortenho que também sou, temos motivos de sobra para estar decepcionados, revoltados mesmo, com a política e com a crescente mediocridade da governação, mas isso não devia alhear-nos da busca de alternativas para invertermos este clima de profunda depressão e de descarada discriminação negativa que nos tem sido imposta de forma imperial , diria mesmo, de forma provocatória. Mas o que observo, não é isso, mas antes uma euforia excessiva totalmente centrada no sucesso dos clubes da terra... É que, mesmo que o êxito eventual do clube da terra nos possa servir como consolação, a verdade é que não será isso que fará alterar o rumo da situação económica e social da região. A prova, é o Futebol Clube do Porto: tem ganho frequentemente os campeonatos nacionais e até algumas provas internacionais, mas nós não ganhámos nada, em termos práticos, a não ser alegria na alma!

Acaba de ser inaugurada a sede de um novo partido no Porto. Não posso garantir se será através dele que poderemos começar a inverter o rumo desastroso que nos tem sido impingido desde Lisboa, mas é uma oportunidade que não nos podemos dar ao luxo de enjeitar sob pena de sermos os maiores responsáveis pela degradação total da nossa qualidade de vida. Esse partido tem, à partida, uma enorme vantagem em comparação com qualquer outro: pretende repor na Constituição a Lei que consagra a criação de Regiões e quer bater-se pela sua concretização.

Para mim, é um pequeno grande passo. Tudo o que existe a montante em termos político-partidários é passado. O futuro do Movimento Pró Partido do Norte depende de nós. Está na altura de transferirmos um pouco do nosso fervor clubístico, seja ele qual for, para a actividade política. Conscientemente, sem fanatismos, mas com muita determinação.

22 setembro, 2010

Benfica, não! Malfica!

As reacções chantagistas dos dirigentes do Benfica junto do Conselho de Arbitragem da Liga não só denunciam o desespero pelo péssimo arranque no actual Campeonato, como deviam fazer corar de vergonha e humilhação todos os benfiquistas de bem [se é que os há].

Mal comparando, não vejo grande diferença entre este comportamento do Benfica, do comportamento dos pedófilos da Casa Pia depois de lida a sentença que os condenou. Todos se afirmaram inocentes! Todos! Curioso... Se os pedófilos da Casa Pia, diziam que a culpa era das crianças, ou dos juízes, o Benfica que no passado recente forjou apitos dourados, agora culpa e exerce chantagem sobre os árbitros com o claro objectivo  de obter os seus favores. Há jornalistas que chamam a isto estratégia. Eu chamo-lhe chantagem  hardcore, e se não estou enganado, chantagear ainda é considerado crime. Se é exercida de forma clara ou presumida, para mim, é irrelevante. Chantagem é chantagem e é uma coisa muito feia.

Num país onde existissem verdadeiras figuras de Estado, onde a autoridade de facto funcionasse, as trapaceirices dos dirigentes do Benfica terminavam logo na primeira tentativa, e a vida voltava à normalidade. Mas nós não vivemos num Estado de Direito, nem os nossos mais altos representantes são dotados das qualidades necessárias para desempenharem as funções de Estado como deve de ser. Esta Democracia é uma óptima aliada dos oportunistas amantes do dolce fare niente, e como tal, o melhor é deixar correr o marfim. Até um dia...

Assim sendo, como um menino mimado, o Benfica vai continuar impunemente a semear a bagunça no futebol português e a sobrecarregar os órgãos da Justiça com não assuntos. É previsível que seja isto que nos espera. Será uma espécie de caldeirada de fanfarronice e surtos conspirativos de todo o tipo, consoante o lugar na classificação geral e a "isenção" das arbitragens... E os nossos grandes estadistas a assobiarem para o lado. Até um dia...

Até ao dia em que a revolta de um adepto menos paciente se expresse de forma violenta e provoque vítimas. Nesse dia, cá estarei para acusar de assassinos e grandes hipócritas, não o autor do acto desesperado, mas as excelsas e nobilíssimas autoridades lisboetas que decerto se apressarão a condenar a barbárie...
  

21 setembro, 2010

Frustrante Liberdade

Não foi hoje que me dei conta da quase inutilidade da liberdade de expressão [ainda]  permitida a países como o nosso, onde a democracia foi deficientemente assimilada e pior  explicada.  Com os inqualificados professores que tivemos e temos [os dirigentes políticos], era inevitável,só podíamos ter maus alunos.

A blogosfera e as redes sociais trouxeram aos cidadãos um considerável progresso ao nível da autonomia e da liberdade de opinião, mas ainda estão longe de ter o impacto público dos media tradicionais. Com o desemprego a crescer, haverá seguramente um grande retrocesso nessa romântica Liberdade...

A Liberdade de cidadania numa democracia evoluída não pode limitar-se a um exercício platónico de voyerismo estéril  sobre os abusos ou as asneiras dos Poderes, deve ser interactiva e consequente. Os Poderes não simpatizam com a ideia de se deixarem controlar pelos cidadãos e preferem deixar tudo como está, fingindo que assim é que está bem. 

A comunicação social está cada vez mais clonizada e a liberdade dos jornalistas obedece a normas semelhantes às de um Big Brother corporativo cujos limites conhecem bem e raramente ousam ultrapassar, mesmo contra a sua própria consciência. No jornalismo - e não falo só do desportivo que é o mais desonesto -, há uma espécie de doença endémica instalada, da qual parece não se quererem curar. Dão-se bem assim, intelectualmente amarrados aos seus critérios, às suas influências e intromissões. Sentem-se confortáveis, quase em completa imunidade, sentem-se, enfim, como o 4º Poder...

Deste modo, dificilmente podemos esperar o empenho dos media pela descoberta da(s) verdade(s), na objectividade dos assuntos, porque isso para eles pode constituir uma ameaça aos seus privilégios. Há até quem suspeite que os media vêem igualmente na Blogosfera uma ameaça e não lhes agrada a sua expansão ou influência. A união dos bloggers é pois um perigo latente para os Governos e empresas mas ainda está longe de se constituir num 5º Poder, porque enquanto a pobreza alastrar e os povos tiverem fome não será possível substituir o pão pela Net.  

20 setembro, 2010

Intervenção inauguração sede

Meus amigos,


Esta sede parece uma casa pequena pela óbvia razão de que é uma pequena casa.

Esta rua parece uma rua estreita porque é na verdade uma rua estreita.

Mas de uma coisa vos posso garantir: não há Avenida nem Praça nem Palácio que seja capaz de albergar o entusiasmo, a determinação e a energia nortenha dispostos a levantar o país , a defender os interesses do Norte e a definir-lhe uma estratégia de desenvolvimento, de progresso e de justiça social.

O nosso Movimento quer ser a voz dessa força e hoje damos-lhe uma morada que é afinal um ponto de partida. Portugal precisa de uma Região Norte que seja forte e o Norte precisa de um partido que seja seu.

Um partido que, por exemplo, exprima a justa indignação que nos merece essa afronta de nos quererem impôr um novo imposto em estradas do Norte. Só um partido como o nosso, um partido novo, um partido livre, um partido limpo, é que tem autoridade para lhes perguntar e lhes exigir que expliquem que tipo leonino de contratos fizeram com as concessionárias das Scuts. Essas parcerias desastrosas garantem 14% de retorno sem risco ao dito investidor, mas isso à custa do contribuinte e, até ver, à custa apenas dos cidadãos nortenhos.

Se há crise para uns, há crise para todos e se tem de haver custos para o utilizador, como dizem, tem de haver riscos para o investidor.

Mas não é só por isso que o Norte precisa de um Partido.

Só um partido como o nosso, um partido de gente honesta, um partido de gente capaz, um partido de gente dedicada tem coragem para denunciar o mais recente ataque dos centralistas à indústria têxtil e do vestuário, essencialmente sediada a norte.

Invocando as cheias do Paquistão, acaba de ser aprovada na União Europeia a suspenção dos direitos aduaneiros para a importação de produtos têxteis e de vestuário, apresentando-se essa medida como uma forma de ajuda às populações do Paquistão. É óbvio que essa benesse só vai favorecer as grandes empresas exportadoras Paquistão que se situam fora das zonas afectadas mas não vai levar um pão ou uma semente aos milhões de desalojados nem tão pouco contribuir para a melhoria das suas condições de vida.

O que é grave e escandaloso nisto é que o nosso Governo, obcecado com o seu projecto de ganhar uma poltrona no Conselho de Segurança da ONU, e desejoso de angariar todos os votos venham de onde vierem, desde o Kadhafi ao Chavez e congéneres, demitiu-se em Bruxelas da defesa dos interesses da nossa indústria têxtil e vestuário. A aprovação desta medida é particularmente gravosa num momento em que as empresas tentam com dificuldade sair da crise económica e ao mesmo tempo se vêm confrontadas com o aumento exponencial do preço das matérias-primas. Este voto em Bruxelas do Governo português não ajuda em nada os infelizes que andam com os pés na água lá no Paquistão, mas vai tirar o pão a centenas de famílias operárias da nossa Região. E que o Sr. Ministro não nos venha dizer que não faz mal, porque é uma medida temporária e que daqui a 3 anos volta a haver direitos de importação. É preciso ser-se muito cínico para fazer uma afirmação desse calibre.

Alguém ouviu o Governo e os outros partidos explicarem bem as razões de ser destes votos?

O Norte precisa também de cuidar dos seus interesses próprios, de encontrar o seu modelo de desenvolvimento económico e social que lhe é negado pelo centralismo. De retomar as energias e o dinamismo que são seu apanágio, de basear o futuro nas suas empresas e nos seus trabalhadores, com um quadro que lhe seja favorável (e não adverso como tem sido o caso). E o Norte precisa também de assumir as suas responsabilidades, as suas culpas, e corrigir os seus erros, pois não é apenas apontar o dedo ao centralismo, mas é necessário também cuidar de nós próprios e recuperar o nosso brio.

Sim o Norte precisa de um partido e o partido precisa de uma casa, mas a casa e o partido são coisa vossa, pertencem ao povo do Norte. Se um dia esta sede vos não mais pertencer, botem-lhe fogo e recomecem do princípio.

Por Portugal e pelo Norte!

Viva a Região Norte!

Francisco Sousa Fialho

(Fonte: Blogue do MPPNorte)

19 setembro, 2010

Tchaikovsky, Piano Concerto No. 1 - Mov 1, Part 1/3 (Martha Argerich, 1973)

Partido do Norte abriu sede

Ao inaugurar, ontem, sábado, a sede do Movimento pró-Partido do Norte, Pedro Baptista criticou as portagens nas SCUT e João Anacoreta Correia o acordo com o Paquistão que lesará o sector têxtil. Pressionar Lisboa para o Norte ser a primeira região-piloto é o objectivo.

Unidos pela vontade de revitalizar o Norte - "a única região que regrediu nos últimos anos", disse ao JN - o (ainda) socialista Pedro Baptista, João Anacoreta Correia (ex-CDS-PP) e Francisco Sousa Fialho defenderam, ontem, na sessão inaugural da sede do Movimento pró-Partido do Norte (MPN), no Porto, que o Norte deve ser a primeira região-piloto.

Considerando "positivo" que o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, tenha reconduzido à agenda política a regionalização - a pretexto do projecto de revisão constitucional - o porta-voz do MPN, Pedro Baptista, quer que "deixe de ser absolutamente necessária a simultaneidade de criação das regiões". Por isso, "se for para criar uma região-pioloto, que seja o Norte", disse ontem à noite, ao JN. Porque, justificou, "é a região onde há mais consenso entre os autarcas, como comprova a 'Declaração da Alfândega' e onde há mais massa pensante: 3,7 milhões de pessoas".

A regionalização é a principal bandeira do MPN, com o porta-voz (ainda filiado no PS, embora diga que "quando entender" sai) a advogar que não acarreta mais despesa pública, pois não se duplicam cargos. Basta acabar com os 23 governos civis e as CCDR (comissões de coordenação e desenvolvimento regional) "que têm um papel meramente consultivo".

Já Anacoreta Correia preferiu zurzir no acordo com o Paquistão que, segundo Baptista, "põe em causa dois mil empregos nos têxteis europeus e causa uma diminuição nas vendas de 18 milhões de euros anuais". Combater o pagamento de portagens nas SCUT do Norte foi um dos tónicos da sua alocução.

Tendo já iniciado a recolha das assinaturas necessárias para se formalizar como partido, o MPN espera ter concluída a missão dentro de dois meses e pretende realizar o seu congresso constitutivo ainda no primeiro trimestre de 2011, logo após as presidenciais de Janeiro.


Alexandra Serôdio [JN]