15 outubro, 2010

Gilbert O' Sullivan- Alone Again ( Naturally)

Crónicas do Grande Porto III

A nossa Igualdade!


Autor : Pedro Madeira Froufe
Jurista e docente universitário
E-mail : opiniao@grandeportoonline.com
Data : 15-10-2010

Entre Maio de 1789 e Novembro de 1799, a França envolveu-se num dos acontecimentos históricos de que, em grande medida, a nossa vida política e social contemporânea é tributária. Viveu-se a Revolução Francesa – uma das grandes revoluções da Humanidade, fortemente influenciada pela sua precursora Revolução Americana e pelos ideais do Iluminismo. Criou-se, entre golpes e contra-golpes, assassinatos, manifestações de rua, perseguições sanguinárias e, também, seguramente, algum genuíno entusiasmo popular e ideais de mudança, uma nova ordem política e social. O ideal republicano foi sendo disseminado por toda a Europa, bem assim como o “programa” da Revolução, sintetizado na “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Ambos, serpenteando conjuntamente, lá foram acabando, um pouco por todo o lado, com o “Antigo Regime” e com os privilégios do clero e da nobreza.

Hoje – dia 15 de Outubro – o Estado deverá começar a fazer-nos pagar portagens nas SCUT’s nortenhas, do Grande Porto. Sublinho o carácter discriminatório da medida, há muito discutida: serão as SCUT’s nortenhas que tocam o Grande Porto – e apenas estas! – que agora (e, talvez, definitivamente) se pretendem onerar. Já não vale a pena, nesta altura do campeonato do “sacar dinheiro a todo o custo” em que o Governo joga, falar de violação de critérios anteriormente assumidos pelo Estado, dos efeitos nefastos da medida, da injustiça e da violação do princípio da igualdade. Valerá a pena, contudo, falar da reacção submissa e em massa que tivemos, perante aquilo que berramos ser uma injustiça e uma falta de consideração política: vamos todos, em fila e sempre com queixumes na boca (sobretudo para as câmaras de televisão) comprar o dispositivo da “via verde”, acatando, por conseguinte, em actos, a medida. Berramos, mas sujeitamo-nos a longas esperas para pagar aquilo com que não concordamos! Sentimos a desigualdade, mas não gostamos de revoluções.

Enquanto isto e durante as enchentes às (pouquíssimas) lojas da Brisa, vamos assistindo à enorme e histérica pressão sobre o PSD para que este aprove (em branco) o Orçamento – que, também hoje, será apresentado pelo Governo. Novamente, a Igualdade, aqui, também não parece motivar revoluções. O problema orçamental criado pelo Governo, passou, de repente e a avaliar pelo coro generalizado que canta a tragédia total de não termos Orçamento, para a oposição. E fala-se na “responsabilidade de todos”, de todos os políticos e até mesmo de todos nós, portugueses, que apanhamos e sentimos, os erros do Governo. A Igualdade não é metermo-nos todos no mesmo saco, não é confundir a responsabilidade de quem governa com a de quem não governa ou é governado!

Crónicas do Grande Porto II

A austeridade não devia ser para todos (e não é)


Autor : Manuel Queiroz - Director do Jornal i
E-mail : manuel.queiroz@grandeportoonline.com
Data : 15-10-2010

O problema da austeridade é que não sabemos viver com ela. Diz o dr. Almeida Santos: “O povo tem que sofrer as crises como o Governo as sofre”. Temos também esse eminente deputado Ricardo Gonçalves, por Braga, e também do PS, que assegura que “o vencimento de deputado não dá para tudo”.

Ora, supomos todos que o vencimento de deputado não dá para ter um Ferrari, ou para ter uma casa no Mónaco. Os deputados vão sofrer cortes no salário, o que é pena para os Ricardos Gonçalves deste País, mas foi decidido pelo Governo que o nosso bom deputado presumivelmente apoia. É a terceira vez que está na Assembleia da República e por isso já sabia o que lhe podia acontecer. E se tem onde ganhar melhor a vida, tem um caminho fácil. O País não chorará a sua perda. É capaz de ser difícil arranjar alguém melhor, mas igual há, de certeza absoluta.

O dr. Almeida Santos não foi brilhante, por uma vez, com as palavras. O povo tem que sofrer como os governos, disse o presidente do Partido Socialista. Eu preferia que o Governo tivesse que sofrer como o povo, para ver se aprendia o que é realmente sofrer, porque obviamente o dr. Almeida Santos não sabe. E o que é mais injusto é que o Governo foi capaz de andar até à véspera de cortar os salários a dizer que estávamos a sair da crise mais depressa do que os outros. Há coisas que são imperdoáveis para um político e este ano de 2010 sepultou toda a credibilidade que o nosso Primeiro-Ministro podia ter. Não foi só neste ano, mas hoje ficou exposto sem poder cobrir-se com um véu.

Estes expoentes da nossa classe política só mostram que a coisa está mesmo preta. Muito, muito preta.

Crónicas do Grande Porto

O regime que não quer mudar

Autor : Rogério Gomes - Director Interino
E-mail : rogerio.gomes@grandeportoonline.com
Data : 15-10-2010

Foi o Ultimato inglês que incendiou o nacionalismo português e abriu o caminho à queda da Monarquia há um século. O País, face à grande potência imperial da época, não tinha hipótese. Era necessário obedecer. Foi o agonizar do regime. Com o mesmo registo de cedência da nossa soberania, o regime garante-nos que agências de rating e analistas estrangeiros e a grande finança especuladora internacional obrigam-nos a ter um orçamento, por muito mau que ele seja. Mesmo que seja péssimo.

A Função Pública tem que aguentar uma generalizada e brutal descida de salários, o imposto cego que é o IVA aumentado para 23 por cento – no início do ano era de 19 por cento, lembram-se? -, isenções, comparticipações em medicamentos e vários benefícios sociais são drasticamente cortados… Tudo isto deve ser aceite “sem tugir nem mugir” porque, dizem-nos, há uns senhores sem rosto que se não houver orçamento vão atacar lá de fora as nossa Finanças…

Banqueiros, políticos respeitáveis, “pais” da Democracia, analistas, figuras e figurões afadigam-se em textos, conselhos e ditames no sentido da “responsabilidade”, do “interesse nacional” e da antecipação do “colapso” de Portugal se o OE do Governo para 2010 não for aprovado na Assembleia da República.

O que já ninguém discute é o que acontece se ele for aprovado. A anunciada recessão não interessa? O desemprego não vai continuar a subir? E o crescimento da economia para gerar riqueza e trabalho? Onde está? Será mesmo que os especuladores internacionais vão abrandar o seu apetite ganancioso sobre um País que mostra tal fragilidade? E se vier o FMI? Não era a primeira vez…

O regime em peso está unido na defesa do actual estado de coisas. Esta é que é a verdade.

O que ninguém questiona seriamente é o funcionamento dos 14 mil organismos públicos que comem à mesa do orçamento; o que ninguém questiona é a miríade de administrações e de assessores públicos que passam a vida a justificar a sua própria existência e nada ou pouco produzem; o que ninguém questiona é as duplas, triplas e mais reformas que muitas destas figuras que nos pregam a austeridade auferem impune e desavergonhadamente; o que ninguém questiona são os milhões e milhões gastos em pareceres e “serviços” mais ou menos ocultos; o que ninguém questiona são os milhares de milhões de euros de prejuízos que RTP, EDP, CP, Refer, TAP, Estradas de Portugal e outras empresas que são alfobres de empregos para os “boys” apresentam ano após ano sem qualquer pudor e perante o ar impassível das figuras que hoje nos querem impingir este orçamento de desgraça… Pode ser que este escrito seja de desespero ou “irresponsável”…. Do que tenho a certeza é de que, antes de decidir lançar o sacrifício para cima dos portugueses, o que um Governo preocupado com o País e com os seus cidadãos devia fazer era atalhar nestes desvarios, enxutar o Estado, adiar as loucuras dos mega projectos, exigir nas empresas públicas gestões equilibradas e, só então, ir humildemente ao Parlamento propor os aumentos de receitas fiscais que fossem indispensáveis.

Talvez houvesse uma surpresa agradável para os contribuintes.

PS: Entretanto, como pode ver-se no estudo publicado nas páginas 14/15, a pobreza aumentou em 25% no nosso País em apenas um ano. E metade dos pobres (1,25 milhões) estão na Região Norte. Mais impostos? Sobre quem?

Hoje, recolha de assinaturas do Movimento Pró Partido do Norte


Sexta-feira dia 15, pelas 22 horas o MPN vai estar na noite no Porto para recolha de assinaturas.

Marca a tua presença junto à livraria Lello.

Apoia o Porto, apoia o Norte!

14 outubro, 2010

E quando Pinto da Costa acabar?


Tão servil anda a tolerância dos nortenhos que já nem é possível imaginar que outro  tipo de abusos e rapinagens estarão ainda dispostos a pagar até despertarem para a realidade e reagirem, de modo a colocar um ponto final à onda interminável de pilhagem do Governo.

Apesar da vontade de algumas associações de utentes, tudo leva a crer que as portagens nas SCUTS vão-se impor, sem mais delongas. Em vez de ir para a rua rejeitar veementemente mais este furto oficial do Governo, o povo madruga,  amontoa-se e briga nas filas da Via Verde para ver quem paga mais cedo a um Estado que acaba de o roubar. A comportar-se assim, com tão baixo grau de consciência cívica, estão criadas todas as condições para o ressurgimento de uma Ditadura  bem mais "assumida". É uma questão de tempo.O povo do Norte está irreconhecível, aceita com submissão tudo o que lhe põem no prato. Foi assim com Rui Rio - com o consequente retrocesso para o Porto -, é assim com a comunicação social, e é assim com tudo o mais. Até quando?

O Norte, vê os seus jornais de referência a esvaziarem-se de autonomia. Não tem uma televisão capaz de concorrer com as 4 da capital. No futebol, permite que alguns dos seus clubes sejam atirados para a Divisão do Esquecimento até à extinção final planeada pelo centralismo.  Os jornais desportivos estão rendidos e vendidos ao centralismo. Um deles [O JOGO] procura, como pode, disfarçar a subalternidade em relação a Lisboa, com Edições locais num mercado que até lhe poderia trazer vantagens se tivesse a coragem de explorar a mentira em que alinha a concorrência. Os empresários, em lugar de jogarem a favor da região, remam contra ela e transferem para a capital as sedes das suas empresas. Os Bancos, idem, idem. Os governantes e deputados da região viram-nos despudoradamente as costas. O que é que nos sobra?

A excepção [por enquanto], é o FCPorto... Os adeptos do FCPorto, habituados a muitos anos de sucessos do clube superiormente administrado por Pinto da Costa, vivem convencidos que o líder portista chega para todas as encomendas, sem se darem conta que o homem apesar de muito competente não pode exterminar todas as maleitas do centralismo. O Processo Apito Dourado devia ter-lhes servido de aviso, porque apesar de ter fracassado não deixou de provocar mossas no clube e nos resultados desportivos como ficou provado nos "túneis". 

Resta saber se, no momento em que os portuenses portistas [que são a grande maioria] virem o seu clube a perder títulos e protagonismo, terão finalmente compreendido que Pinto da Costa não é eterno e que há mais vida para além do futebol.

12 outubro, 2010

Um Trio à Defesa

A importância que atribuo a programas como o "Prós e Contras", em termos de interesse público, já foi aqui devidamente escalpelizada: é, zero! Já no que respeita aos promotores (RTP) e aos convidados, o interesse, como se imagina, é muito e recomenda-se...

Por mais de uma vez referi, que este tipo de programas funciona como uma lavandaria para os poderosos. Está para os políticos e para os donos do grande capital como o confessionário está para os praticantes católicos. A Fátima [o nome não engana] Campos Ferreira desempenha o papel de Padre, sendo o estúdio itenerante da RTP   uma espécie de Confessionário,aberto e despudorado, como aberta e despudorada se tornou hoje a dignidade das pessoas.

O Prós e Contras pouca mais serventia tem do que isso,  além de permitir restaurar na praça pública os níveis de credibilidade dos protagonistas. A plateia faz parte do cenário para emprestar ao programa a autenticidade que lhe falta de raíz.

O mote desta vez foi a crise política [como se alguma vez Portugal tivesse vivido sem ela...], mas podia ser outra crise qualquer. Tudo, menos uma boa razão. É só ligar para o Telejornal, contabilizar a predominância das más notícias e compará-las com as boas e ficamos a saber com quantas letras se escreve a palavra optimismo.

Mas nem tudo é mau... O Dr. Mário Soares, por exemplo, sempre que aparece a falar,  ensina-nos algumas coisas transcendentais sem as quais seríamos incapazes de compreender a crise. Disse-nos [sic] que "se não conseguirmos reduzir o défice externo, público e privado, apertando o cinto aos portugueses, não poderemos sair da situação de crise em que vivemos. Se não houver entendimentos entre os dois partidos (PS e PSD), vão entrar em ataque feroz contra nós".

Talvez a idade já não lhe permita apontar o dedo e nomear os responsáveis por esta e todas as crises, e é pena, porque assim ficámos com a impressão que nos está a incluir no rol imenso dos[ir]responsáveis, e nesse caso, poderíamos exigir o retorno - com retroactivos - das competentes remunerações [aposentações incluídas] que muito jeito nos daria... Também se esqueceu de especificar a que portugueses se referia que "iriam ter de apertar o cinto", não vá o ilustre dinossauro ser incluído no exército de compatriotas obrigados a fazer uma dieta sem contraditório... Falou também em "ataque feroz", mas não valia a pena, porque nós já o estamos a sofrer. Foi-nos inflingido há muitos anos, e ao contrário de Mário Soares sabemos quem são  os agressores  e onde estão...

Jorge Sampaio, qual iluminista, exorta os portugueses a fazerem do país uma espécie de recuperador-mor de crises para o Mundo aplaudir, e apela ao bom senso que os verdadeiros responsáveis pela crise não souberam nunca ter. Lindo!

Ramalho Eanes [o mais respeitável dos três ex-presidentes], diz que "dá a impressão que os governos têm medo da sociedade civil e, por isso, escondem". Não, não, está muito enganado. Os governos não só não têm medo, como não têm respeito pela sociedade civil, caso contrário governavam, ou, na impossibilidade de o saberem fazer, demitiam-se, coisa que não fazem. Por isso, são duplamente irresponsáveis. E não apertam o cinto... Mas que raio de moralidade é esta, cavalheiros? Tão fácil, tão cinicamente cómoda!

Senhores ex-Presidentes da República, aqui  vos deixo um bom conselho: recolham-se, remetam-se ao silêncio e procurem descobrir por que é que uma Democracia permite tão repetida e duradoira incompetência.

Se souberem a resposta, falem com o sacristão, perdão, com a Fátima Campos Ferreira, e revelem-na ao povo na sacristia, ou melhor, à sociedade civil no Prós e Contras.

10 outubro, 2010

Para memória futura do M.A.I.

É claro que estas imagens não são nada, comparadas com uma bolinhas de golf - que ainda ninguém conseguiu provar que foram lançadas por adeptos portistas -, mas talvez dêem jeito ao senhor ministro da Administração Interna.

Isto, caso Sua Exa. tenha a dignidade de despir a camisola vermelha do seu clube e faça uma pequena ideia do que é ter sentido de Estado [o que duvido].

Veja, deleite-se com o realismo da cena e depois venha para cá pregar-nos lições de civismo. 

Ps-Um detalhe. As imagens são genuínas...Outro "detalhe": as cavalgaduras que cometeram esta gracinha já prestaram contas com a justiça? Quem são? Não sabe? Então demita-se, e tenha vergonha!