03 setembro, 2011

Os colunistas portistas de A Bola e similares

Há muito que ando para falar no assunto, e vai ser hoje mesmo. Antes porém, devo reconhecer não ser a pessoa indicada para falar dos meus incontornáveis defeitos, mas acredito não ser do tipo de homem facilmente consensuável, embora, quando tal é possível, e dependendo do quê, procure consensos.

Não sou consensuável* pela  resistência que ofereço às 'moralidades' impostas pela comunicação social, e à sua irresistível tentação para manipular a opinião pública. Este caso muito recente do atleta e grande profissional Ricardo Carvalho, que até já foi tratado pelo seleccionador por desertor, é paradigmático, mas é apenas mais um, entre centenas deles, com critérios de avaliação diferentes, consoante o nome, ou as origens  do "réu". Não confundam, porque não se trata de tribunais, com juízes, togas e tudo, trata-se de justiceirismo, feito a partir de estúdios de rádio e televisão, com o apoio editorial dos jornais.

Não queria perder muito tempo a especular sobre conceitos de "deserção", porque às tantas ainda vou magoar certa gente graúda que desertou efectivamente do país, e fugiu a uma guerra, a que chamaram colonial, mas que outros [a grande parte], acreditavam travar contra o terrorismo e com elevado sentido pátrio... Decorridos 37 anos, receio ser necessária mover outra "guerra", agora dentro de portas, para apurar as verdadeiras razões de muitas deserções, cinicamente baptizadas de políticas, para  pôr a casa em ordem. Mas isso, é apenas um cenário hipotético. Pelo menos, por enquanto.

Voltando a Ricardo Carvalho, que continuo a estimar e respeitar como nunca na vida respeitarei determinados jornalistas, com nome e rosto bem conhecidos, não ouso sequer julgá-lo pelo que fez de errado, num momento de algum descontrole emocional [mas se calhar justificado], pelo peso preponderante de grande profissionalismo e carácter que exibiu na sua honrada carreira. Coisa que, muitos dos que agora o querem queimar na fogueira da Inquisição Centralista, já deram provas sobejas de não possuir.

E é, baseado no histórico já antigo de justiceiros como estes, que sou absolutamente contra a colaboração em jornais como  A Bola, ou o Record, de figuras públicas adeptas do FCPorto, mesmo que em teoria seja para o defender. Sem ofensa para a mais antiga profissão do mundo, ninguém que frequente os espaços onde ela acontece se livra de passar por 'colega' de ofício da dita cuja se a assiduidade for muita.

O eufemismo aplica-se perfeitamente a quem se arrisca a navegar nesse tipo de águas fétidas, a troco de umas democráticas avenças. Não me estou a ver a colaborar num jornal cuja direcção desde há muito escolheu o Futebol Clube do Porto como alvo a abater e tudo tem feito para denegrir a sua imagem. Esses ambientes, dos jornais e estúdios de tv, há muito que ultrapassaram a sadia rivalidade clubista, transformaram-se numa nova moda de caça ao homem. O processo Apito Dourado prova-o, e apesar de já ter sido julgado, a saga continua, como se pode constatar no Trio de Ataque e noutros programas do género. Portanto, quem entende que, nestas condições manifestamente discriminatórias para o FCP, está a defender o clube, engana-se, e engana todos os portistas.

Da participação de Rui Moreira num desses programas inquisitórios contra o FCP, a que mais apreciei e o honrou, foi justamente a daquela noite em que se levantou para abandonar o estúdio. Em vão, esperei que Miguel Guedes lhe seguisse o exemplo, ou que a aceitar substituir Rui Moreira, o fizesse sob determinadas condicões, como seja, a garantia da parte da direcção da RTP de que não se repetiria a linha programática  antiga.

O que vemos agora, dá-me razão. Nada mudou. Os ataques e as acusações continuam.

Só me espanta,é Rui Moreira ter escapado ao estigma de desertor. Teve sorte...

*Não faço ideia se o termo consensuável existe, sei que o que existe é:  consensual. Mas, o que pretendo aqui significar com consensuável é algo como isto: alguém vulnerável a falsos consensos.

Sou revivalista, sim senhor

Bom fim de semana!

02 setembro, 2011

Ricardo Carvalho, esquece este país

Tenho um problema comigo, que não o devia ser: não gosto da ingratidão e muito menos da cobardia.

Embora não vomite com muita facilidade, enoja-me nauseabundamente a patriotice de ocasião dos assalariados de todas as rádios e televisões do país.

Quem são afinal estes jornalistas de meia-tigela, cheios de rabos de palha, paus mandados, lambe-botas miseráveis e desonestos para criticar Ricardo Carvalho? Haverá porventura algum que se lhe possa comparar, em carácter e hombridade, para andarem agora a diabolizar a decisão do rapaz de sair extemporaneamente da selecção?

É preciso ter lata. E isso, é talvez a única coisa que não falta aos jornalistas. Raios os partam, vermes!

Um abraço para ti, grande Ricardo Carvalho, eu estou contigo!

PS-Lamento o carácter radicalista do meu comentário, até porque há jornalistas por quem tenho apreço, como é explícito e implícito do post anterior. Mas a verdade, é que os bons jornalistas nada têm feito para se livrarem do contágio epidémico daqueles que andam a queimar a reputação da classe. Lá diz o ditado: quem cala, consente.

01 setembro, 2011

Está quase? Só pecará por tardio


A guerra cidadãos-Estado

Infelizmente já é tarde. Mesmo que o Governo prometa que vai cortar cegamente em tudo e mais alguma coisa, algo se quebrou de forma muito séria na relação entre os cidadãos e o Estado. Não há uma moral de Estado, não há um bem comum evidente para os sacrifícios. Esta decadência já vem de longe e atingiu o zénite com Sócrates. Depois, a famosa frase com que Passos Coelho derrubou o anterior Governo - "há limite para os sacrifícios" -, por antítese a todas as medidas que vem tomando, fez emergir uma falta de confiança e um desespero que leva as pessoas a interiorizaram a sensação de que os políticos estão a arruinar-lhes a vida. Sem que compreendam verdadeiramente como isso sucede. Ouvem falar de défice, de dívida, de milhões e milhões, mas interrogam-se - porquê? O resultado está aí: uma guerra subterrânea entre os cidadãos e o poder. Uma sensação de que o país não vai ajudar a cumprir os objectivos do plano da troika. Porque não consegue. E talvez já não queira. O tempo é outro: salve-se quem puder.

Isto traduz-se em coisas muito concretas: são os multibancos que 'não funcionam', são as facturas que estão cada vez mais difíceis de emitir, os "ricos" que pela calada já perceberam que têm de ir para outras paragens, ou as empresas que lentamente deslocalizam os lucros. A guerra fiscal traduz-se em pequenos-grandes gestos. Perdeu-se o respeito pelo Estado a partir do momento em que este usa o seu poder para esmagar o cidadão - rico ou pobre. Sem aviso. Sem moral.

Vale tudo. Aumentos de impostos em cima de aumentos. Transportes mais caros, novas portagens, taxas moderadoras, menos medicamentos, mais IVA, IMI... Despedimentos com indemnizações reduzidas de forma retroactiva. Fim de isenções fiscais - educação, saúde, habitação. Redução de deduções das empresas... Um clima de terror fiscal, que promete piorar - basta ser preciso mais. E vai ser, porque as pessoas vão fugir da falência pessoal e o país não vai arrecadar em impostos o que as projecções macroeconómicas prometem. Um parêntesis: o que dirá a troika dos desvios? E os mercados, os ratings? Portugal não cresce? O défice não diminui? Apertem: mais medidas, mais repressão fiscal. Em termos macroeconómicos, sempre o mesmo movimento: transferir dinheiro da economia privada para o Estado.

Dois argumentos legitimam, na perspectiva do Governo, este extenso caderno de maldades em tempo recorde: o Executivo vai realmente endireitar o Estado e, além disso, os impostos extras servem para socorrer os mais necessitados. Mas há dois grandes problemas nesta equação. Primeiro, toda a gente sabe que não é possível endireitar radicalmente as contas públicas sem que o Estado diminua funções e despeça massivamente funcionários. Como não o pode fazer, vai simulando. Uma reestruturação à superfície, que nunca chega ao fundo do problema. Até hoje sempre foi assim.

Segundo problema: não faz sentido confiar apenas no Estado para o socorro dos mais pobres. Sem se "privatizar" o combate à pobreza - ou seja, colocar a sociedade civil a tratar dos seus próprios problemas, através de dinheiro dos impostos entregue ao Banco Alimentar, AMI, Cáritas, etc. - ninguém acredita que estes impostos extras cheguem realmente onde deviam. Mais: o dinheiro que entra no fisco para combate à pobreza é em boa parte engolido pela máquina que tem como emprego combatê-la...

Os números da execução orçamental dos próximos meses vão dar ideia que país Pedro Passos Coelho tem pela frente. Se a confiança e o consumo continuarem a cair (como se começa a confirmar mês após mês) e o desemprego subir mais do que o ministro das Finanças previu ontem, os portugueses vão fazer-lhe sentir da pior maneira que há mesmo limites para os sacrifícios. É imperioso dar um pouco mais de tempo na concretização do ajustamento para que as empresas não fechem e a conflitualidade não rebente com a paz social do país. Isto não se mede em números mas é essencial. Se o Governo perder o equilíbrio dos portugueses, perde tudo. E está quase
[JN]

Nota de RoP

Absolutamente de acordo com o teor deste artigo.

Caricaturando os governantes do país, vejo um mastodonte com forma de homem [o Governo] a tentar asfixiar o zé-povo, e este a espernear quase a sufocar, e o mastodonte, bruto e insensível, a insistir a apertar-lhe a garganta, convencido, apenas porque o zé ainda não morreu, que lhe vai salvar a vida. Isto, é de loucos. Mas é a real politique.

31 agosto, 2011

Douro negativo...

Três detenções em manifestação de vitivinicultores na Régua 

Patrícia Posse/JN

Alguns vitivinicultores da Região Demarcada do Douro tentaram, esta quarta-feira, forçar a entrada no edifício sede do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, no Peso da Régua, na sequência de uma manifestação contra os limites impostos à produção de Vinho do Porto. Três indivíduos, do sexo masculino, foram identificados pela GNR.

Ler mais aqui.
Torre de Moncorvo

O serviço "público" da RTP...

Isto, alguma vez foi serviço público?
Podia falar-vos do coração partido de Rui Rio pelo  tratamento discriminatório ao Norte, agora com os passes sociais, ou da audição que os deputados tencionam fazer ao antigo director do SIED [Serviço de Informações Estratégicas e Defesa], mas como já todos sabemos no que isto vai dar, poupo-vos a mais uma mesmíce e passo. Porque é na informação, na sua qualidade e seriedade, que assenta a raiz de grande parte dos nossos problemas, prefiro abordar esta temática.

Há quem esteja preocupado com a anunciada privatização de um dos canais da RTP, e estoicamente se esforce por  justificá-la, com a inexorável "perda" do esmerado serviço público que nos tem sido prestado, se tal vier a acontecer.  Pois eu, não estou nada preocupado. Bem pelo contrário. Até acho que a RTP devia ser toda privatizada. Talvez até seja essa a melhor forma de acabar com muitos anos de proxenetismo* e sectarismo jornalístico, contra o próprio público. Porque, se há coisa que me indigna e faz trepar pelas paredes, é o trabalho sujo e sectário que anda a ser desenvolvido há demasiado tempo, por directores e jornalistas da RTP contra os interesses do Norte [e do próprio país], a todos os níveis. Não serei eu, pois, quem se comoverá, se muita desta gente desqualificada ficar sem emprego. Terão apenas um pouco daquilo que merecem!

É preciso descaramento para invocar o serviço público como argumento, quando ninguém ajuizado é capaz de vislumbrar diferenças profundas entre o que faz a RTP e o que faz a SIC ou a TVI. Tem dias que até os noticiários são exactamente iguais na forma e no tempo, e quanto à programação, são cópias uns dos outros. Não será pois o canal 1 da RTP que poderá vangloriar-se de prestar serviço público. Se algum canal da RTP tem de continuar a servir o Estado, então o Governo só poderá eleger o canal 2, nenhum outro. E, se quiser economizar como anda a apregoar, que acabe imediatamente com programas como o Trio de Ataque e com a colaboração sectária de determinadas figuras que só têm contribuído para denegrir a imagem do próprio Estado.

No que respeita às estações privadas, estamos conversados. O estatuto de privado, em vez de refinar a qualidade, serve-lhes de pára-quedas à irresponsabilidade, por isso, nada de dignificante daí poderemos expectar. Em contra-ponto, é uma oportunidade de oiro para o Porto Canal marcar a diferença, que, obviamente, só pode ser para melhor. Que a saibam agarrar, de uma vez por todas!

Pode fazer a diferença
* O Estado vai pagar em 2012 à RTP [do Estado] 225 milhões de euros de dívida. Se isto não é proxenetismo, o que é?

30 agosto, 2011

"O Porto pode tornar-se uma das cidades mais excitantes da Europa”



Por Pedro Rios/Porto24
São pequenos e discretos, mas já se venderam mais de um milhão de cópias Wallpaper* City Guides em todo o mundo. O Porto juntou-se agora ao lote de 80 cidades de todo o mundo com estes guias citadinos, uma referência. Falámos com o autor principal do “Wallpaper* City Guide: Porto“, o inglês David Knight, que está entusiasmado com a cidade: “pode tornar-se uma das mais excitantes da Europa”.

A quem devemos agradecer a existência deste guia?

Sou o autor do guia. Formei-me como um arquitecto e trabalho como designer freelancer e investigador. Para além dos editores na Wallpaper*, também contribuíram para o livro Cristina Monteiro, Paulo Moreira e Helena Reis. Eu e Cristina [arquitecta portuguesa a trabalhar em Londres] trabalhamos juntos há 11 anos. O Paulo é um arquitecto que está investigar em Londres e Angola, no âmbito de um doutoramento, e a Helena é uma artista que vive no Porto.

Quem teve a ideia de fazer o livro?

Os próximos guias são sempre anunciados nas últimas páginas dos guias já lançados. Vimos o Porto na lista e a conversa começou a partir daí.

Como foi o processo de produção?

A parte que deu mais trabalho – mas foi divertida – foi escolher o que incluir, em colaboração com os editores. Depois disso, a escrita propriamente dita foi muito rápida. A melhor coisa dos guias Wallpaper* é não terem publicidade ou patrocínios, por isso são livros com uma selecção cuidada e sem concessões. Isso é muito raro. Não há nada que não tenha sido meticulosamente considerado e reconsiderado.

Como vê o momento que o Porto atravessa?

O Porto está num momento verdadeiramente crucial da sua história porque manteve, de certa forma, muitas coisas que outras cidades destruíram. Não está cheio de centros comerciais e estradas; os pequenos negócios e a pequena indústria ainda estão presentes.

O aumento do turismo arrisca estragar isso tudo. Por exemplo, conheço designers gráficos que visitam a cidade pelos sinais incríveis que se encontram nas ruas. Não a vão visitar se o sítio se tornar asséptico, igual a todos os outros. Ambicionámos incluir no guia sítios que não só são óptimos espaços para comer, socializar, dormir, mas também que revelem um olhar positivo sobre a cidade – que aproveitem ao máximo os edifícios comerciais e residenciais extraordinários que o Porto tem, em vez de os descaracterizarem.

Arquitectos como Fernando Távora deram ao Porto um legado arquitectónico incrível, porque estavam empenhados socialmente, para além de serem óptimos arquitectos. O Porto pode tornar-se uma das cidades mais excitantes da Europa se continuar esse legado.

O evento de lançamento está marcado para 23 de Setembro. O que podemos esperar?

Estamos a planear uma festa muito grande, num sítio inesperado do centro da cidade. Queremos que as pessoas e as organizações que estão no livro se envolvam para que o evento, tal como o livro, celebre o melhor do Porto em 2011. A data de 23 de Setembro está fixa, mas estamos agora a pedir ideias e apoios. A melhor maneira para alguém se envolver é juntando-se ao nosso grupo no Facebook.

Nota de RoP
Imagine-se o que seria hoje o Porto se não tivesse desperdiçado 15 anos da sua vida num pouco higiénico e imprestável Presidente de Câmara...

29 agosto, 2011

Douro positivo II


Posted by Picasa

Douro positivo


Posted by Picasa

País positivo. Sorria, por favor...

  • "País muito desigual nas águas"
  • "Pais vão pagar totalidade dos livros escolares"
  • "Português morre em mais um acidente em Burgos"
  • "Século XXI foi tempo mais negro da sinistralidade"
  • "Dono de restaurante agredido fica sem 4000 euros"
  • "Ladrões deixam taxista sem carro"
  • "Saúde em dívida com as misericórdias"              
  • "Mata mulher a seguir ao casamento do filho"      
  • "Assassinada com oito tiros por querer trabalhar"
  • "Duo destrói janela para assaltar casa"                
  • Gás-pimenta causa pânico em restaurante"           
  • "Renault investiga furtos dos Mégane"    
  • "Morte acidental anulou a prova desportiva"
  • "Polícia sem lugar no novo mercado"     
  • "Caçador morto pela própria arma com um tiro acidental"
  • "Estaleiros precisam de investimento estrangeiro"
  • "Praia em alvoroço para encontrar criança"
  • "IP4 de Amarante a Mirandela sem posto de abastecimento"
  • "Foguetes de aniversário provocam 3 feridos"
  • "Portugal vai importar mais alimentos este ano"
  • "Porto, Aveiro e Braga com 45% das falências totais do ano"
Nota de RoP

O JN de hoje, enchia as suas páginas com estas notícias. E, das duas, uma: Ou, as Directorias dos jornais odeiam, de facto, as boas-novas, ou elas não existem, e se existem ficam inapelavelmente esmagadas pelas más.

Em que ficamos? São os portugueses que são pessimistas, ou são os nossos governantes que os tornam assim?