30 junho, 2012

Ou, a decadência dos líderes


O descalabro da UE


Angela Merkel também é das que nunca se enganam e raramente têm dúvidas: "Enquanto eu for viva", não haverá 'eurobonds', assegurou ela em vésperas da cimeira de Bruxelas.

A insolente afirmação não surpreende. A UE deixou há muito de funcionar democraticamente e "construção europeia" tornou-se sinónimo de alargamento e aprofundamento de uma espécie de "Lebensraum" dos interesses económicos e financeiros da Alemanha (e, subalternamente, dos da França) em que os restantes estados membros não contam. O famoso "poder de iniciativa" da Comissão está reduzido a declarações e tomadas de posição avulsas e sem consequências, e ao impotente Conselho Europeu não cabe senão ratificar o que já vem decidido das reuniões bilaterais entre Berlim e Paris que invariavelmente precedem as reuniões.

Bem podem o escorregadio Barroso, presidente da Comissão, Mário Draghi do BCE, Van Rompuy do Conselho e Juncker do Eurogrupo, anunciar planos sobre mutualização das dívidas soberanas ou sobre a integração bancária. O papel de todos eles no Conselho Europeu de ontem e hoje é o de Durão Barroso na cimeira dos Açores que decidiu a invasão do Iraque: ficar na fotografia. No que toca a decisões, Merkel já decidiu; e mais ou menos do que ela decidiu só por cima do seu cadáver.

Talvez já seja tempo de concluir que só sem a Alemanha UE e euro sobreviverão.

29 junho, 2012

Chulos assenta-lhes bem, mas fadistas também não soa mal...


                          Os chulos do governo de lisboa

Era interessante um estudo para perceber quantas "cunhas" e quantas "famílias" lisboetas chulam o país: a assembleia da república é dominada, desde 1975 por um conjunto de "famílias" que desenvolvem uma teia de corrupção que atinge toda a nação. Eles (para aí uns 3.000 parasitas funcionários públicos) controlam os próprios deputados e exercem chantagem sobre aqueles, ameaçando, por exemplo, contar cenas menos próprias da vida alheia de cada um.
Basta ver a folha de vencimentos da AR e do governo: centenas de motoristas, centenas de secretárias, de assistentes e toda uma parafernália de profissões "técnicas", todas muito bem remuneradas. Seria igualmente interessante verificar os respectivos nomes e as famílias a que pertencem. E não estou a falar de políticos.

Querendo olhar para as cunhas dos políticos, olhemos, por exemplo a PT
Fazem parte dos QUADROS da PT os filhos/as de:
- Teixeira dos Santos;
- António Guterres;
- Jorge Sampaio;
- Marcelo Rebelo de Sousa;
- Edite Estrela;
- Otelo Saraiva de Carvalho;
- Irmão de Pedro Santana Lopes;

Estão também nos quadros da empresa, ou da subsidiária TMN os filhos de :
- João de Deus Pinheiro;
- Briosa e Gala;
- Jaime Gama;
- José Lamego;
- Luis Todo Bom;
- Álvaro Amaro;
- Manuel Frexes.
- Isabel Damasceno.

Já agora, para efeitos de "pareceres jurídicos" a PT recorre habitualmente aos serviços de:
- Freitas do Amaral;
- Vasco Vieira de Almeida;
- Galvão Telles.

Assim não há lugar para os colegas da faculdade destes meninos, que terminaram os cursos com média superior e muitos estão ou a aguardar o primeiro emprego, ou no desemprego, ou a trabalhar numa área diferente da da sua licenciatura

28 junho, 2012

João Moutinho não merecia um presente envenenado

João Moutinho
Pronto, a época e febre de patriotismo futebolístico acabou e como vem sendo habitual não ganhámos nada. Apesar de tudo, é verdade que fizemos melhor figura do que era expectável, no entanto, ainda não foi desta que atingimos o objectivo principal: ir a uma final e ganhá-la.

Devo dizer entretanto que, apesar de ter notado nos últimos jogos uma melhoria razoável na aplicação da coqueluche lisbonária ao serviço da selecção, ontem não gostei particularmente de Ronaldo. Em termos de trabalho de equipa e entrega, comparado com ele Moutinho foi um gigante. Não sei, é como os comentadores do regime fazem tanta parcimónia em reconhecê-lo como o melhor homem em campo, incluindo os jogadores da selecção espanhola. Bem, saber eu até sei, é o incurável ressentimento com os jogadores do FCPorto. Como poderiam os comentadores jornalistas de meia tigela enaltecer apropriadamente o trabalho de João Moutinho apesar de o merecer mais do que qualquer outro jogador, se havia Nelson Oliveira [do Benfica] para publicitar e dedicar toda a espécie de elogios apesar de nada ter feito de relevante durante todo o Europeu? 

aqui o escrevi, e repito: a selecção pouco me diz e já expliquei os porquês. Mesmo assim, não fui daqueles que estavam à espera da derrocada para desancar a torto e direito na equipa e no seleccionador. Mas não posso deixar de fazer alguns breves comentários. O primeiro, é dizer que gostei da equipa praticamente durante os 90 minutos de jogo. Esteve muito concentrada coesa e batalhadora. Não querendo particularizar o desempenho dos jogadores, é de elementar justiça destacar o trabalho de João Moutinho e Pepe. Quase todos estiveram bem, mas estes dois foram sem dúvida os melhores entre os melhores. Disse quase todos porque Nani, esse excelente jogador, não estava a carborar lá muito bem, coisa que aliás se prolongou em quase todo o campeonato, fazendo exibições bem abaixo daquilo que lhe é habitual.

Em relação ao Paulo Bento também esteve bem, mas só até ao prolongamento. A partir daí, as coisas já não correram da mesma maneira. A equipa apareceu subitamente desconcentrada, pareceu cansada, deixando aos espanhóis a iniciativa do jogo que se prolongou até ao fim.

Ora, foi aqui [e não só] que Paulo Bento falhou. O Nani eclipsou-se, dando mostras de não estar em boa condição física. Paulo Bento manteve-o até a poucos minutos do fim substituindo-o tardiamente por Varela. A substituição de Hugo Almeida por Nelson Oliveira também não veio acrescentar nada ao grupo, pelo contrário, retirou-lhe alguma consistência em termos defensivos e não lha aumentou em termos ofensivos.

Mas o pior estava para vir. Os penaltis... A opção de entregar a Moutinho a responsabilidade de marcar o 1º.penalti não foi feliz, nem sequer faz muito sentido. Moutinho é um grande jogador de equipa, um "carregador de piano", um autêntico salva-vidas, tanto a defender como a distribuir jogo, mas tem um defeito: remata pouco e mal à baliza*. Decididamente, essa não é a sua especialidade. Por que é que Paulo Bento se lembrou que ontem ele havia de ser diferente? Outro erro grave foi aquela cena caricata do "engano" de Bruno Alves na vez de marcar o penalti, quando já se dirigia para a marca e foi interceptado pelo Nani. Estas coisas não podem acontecer numa fase tão decisiva de uma prova com a importância de um Europeu. Podemos dizer ou especular o que quisermos, mas este facto pode ter desconcentrado Bruno Alves e contribuído para falhar o penalti, como aliás veio a suceder.

Depois, foi a vez do Ronaldo. A sua postura, o ter-se poupado para último marcador das penalidades [se é que era mesmo isso que estava planeado], deixou muito a desejar. A sua expressão tristonha, enquanto os colegas tratavam de enfiar a bola nas redes, transmitia ansiedade e insegurança, coisa que aliás acabou por se traduzir no resultado final.

E com isto termino, não sem antes dizer que não acho Ronaldo com perfil para capitão da equipa. Ontem, gostava que ele me tivesse desmentido, que em vez de olhar para as câmaras com olhar pesaroso tivesse incentivado, como um verdadeiro "guerreiro", os colegas. Não o foi. Apesar de ter falhado o seu penalti, Moutinho, esse sim, jogou como um Dragão, e sem peneiras.

* Em 1996 o jornal  O Jogo publicou um artigo meu em que chamava a atenção para a incapacidade da maioria dos jogadores portugueses em chutar à baliza de primeira e sem preparação. Para a cisma de termos sempre de dar toques e mais toques até desferirmos o remate final, dando tempo aos adversários para defenderem. Dezasseis anos depois o problema mantém-se, e eu continuo [contrariado], cheio de razão. E não sou nenhum perito...

26 junho, 2012

do semanário Grande Porto


Pesquisa
Editorial: A galinha dos ovos de ouro
Autor : Miguel Ângelo Pinto - Director E-mail : miguel.pinto@grandeportoonline.com Data : 22-06-2012


1. Há dois grandes produtos pelos quais o Norte é reconhecido internacionalmente. Um é o Futebol Clube do Porto, um dos grandes embaixadores da região, que fruto das grandes vitórias internacionais que alcançou ganhou no estrangeiro um estatuto que muita boa gente na sua própria cidade teima em não lhe reconhecer. O outro é o vinho do Porto. Há mais de dois séculos que a Região Demarcada do Douro dá ao mundo um dos mais preciosos vinhos que se conhecem, levando bem longe o nome de Portugal e do Porto. Por isso, toda a polémica em torno da produção é difícil de compreender. O que parece é não existir uma estratégia clara sobre o vinho do Porto e a prova disso é a guerra pegada que todos os anos por esta altura rebenta em torno do benefício (quantidade de mosto que pode ser transformado em vinho do Porto). A plantação desenfreada de vinha no Douro, fora os últimos anos, não ajudou a estabelecer uma política coerente para este sector. Comparado com a Alemanha (sempre este país fatal!), o Douro tem uma produção por metro quadrado absolutamente inconcebível. Por todo o país de Angela Merkel, há cerca de 102 mil hectares de vinha. Só no Douro há perto de 45 mil hectares.

O perigo que está a correr-se é o de matar a galinha dos ovos de ouro. Na última década, as exportações de Porto foram decrescendo de forma sustentada, mas a quantidade de vinho que se foi produzindo manteve uma tendência ascendente. Em 2010, por exemplo, estima-se que cerca de 90 mil pipas tenham ficado sem comprador. Assim sendo, é fundamental que o Governo pense o vinho do Porto e a região do Douro como central para as nossas exportações e reconhecimento internacional. Urge o estabelecimento de uma política clara, que imponha limites, que congregue a produção e que faça do vinho do Porto aquilo que efectivamente é: um produto de excelência. De zurrapas já está o país cheio.

2. O GRANDE PORTO inicia hoje a publicação semanal de centenas de ofertas de trabalho contantes dos centros de emprego do Norte. Estamos inseridos numa região onde a violência do desemprego se nota com especial vigor, com todos os problemas sociais que isso acarreta. O que apresentamos não é a solução mágica para algo de tão complexo. É sim um contributo que, estamos certos, poderá ser útil aos milhares de
pessoas que neste momento estão em busca de trabalho.
*



Maria Cerqueira Gomes não te deixes devorar pela fama

Primeiras páginas do Jornal de Notícias de hoje:
Maria Cerqueira Gomes
Como já vem sendo habitual os escândalos não param de nos surpreender. Caem sobre as pessoas e as profissões mais improváveis da nossa sociedade. 

Médicos, juízes, padres, políticos, advogados, desportistas, professores, enfim ninguém escapa! Daí podermos concluir com alguma segurança que hoje já não existem profissões de prestígio. O melhor, portanto, é deixarmos essas coisas do prestígio lá mais para a velhice de cada qual, porque, tal como diria um conhecido jogador de futebol, os "prognósticos" só se fazem no fim dos jogos, que é como quem diz, quando a reforma chegar.

Talvez seja por estas surpresas decepcionantes que gosto do estilo bem disposto e desempoeirado da locutora Maria Cerqueira do Porto Canal que não se preocupa em enfatizar o ego das pessoas que  entrevista pronunciando o Sr. Doutor que alguns [muitos] gostosamente trazem colado ao nome. Trata-as muito naturalmente pelo nome próprio, que é também para isso que as pessoas são baptizadas, e nem assim lhes falta com o respeito.

Força Maria, não deixes que te estraguem.