05 junho, 2014

As perguntas que nunca se fazem

Não se incomode sr.1º.Ministro, eu sei até onde posso ir...

A vida não está fácil para os íntegros. É uma sina antiga. Rebobinando com realismo a história, sempre soubemos que por estas bandas não é honestamente que alguém consegue viver em desafogo e assegurar um futuro tranquilo. Apesar de não ser uma norma exclusiva a Portugal, não há que duvidar, o salário mínimo nacional - o mais miserável da Europa comunitária - está aí para o confirmar. Quando falo de integridade, não estou a insinuar que nunca violei uma regra de trânsito, ou que não tenha omitido algo por delicadeza, estou a falar daquelas pessoas que são por natureza, ou educação, ordeiras e se sentem desconfortáveis com a cultura da fraude. Curiosamente, são aqueles que mais beneficiam das assimetrias económico-sociais, que vivem muito acima da média, os que mais depressa cedem à tentação do pecado da ganância, corrompendo e  deixando-se corromper. 

É pensando nestas contradições, e injustiças, que me pergunto se valerá a pena, hoje, educar um filho, transmitindo-lhe valores que já não existem, ou se existem estão em vias de rápida extinção. É bem verdade, e extremamente agradável, vivermos com a nossa consciência tranquila, sabermos que não construímos a nossa vida passando por cima de A, ou B, causando danos a terceiros para conseguirmos benefícios, mas será que compensa? Não estaremos a ser tomados por parvos, exactamente por aqueles que se estão a borrifar para a ética e vivem sem limitações, quando devíamos ser nós a governá-las? A resposta, é: estamos, e não é de ontem.

Reparem.  Como é público e  notório, na comunicação social, não há míngua de debates, e de toda a espécie. Políticos, no activo, ou retirados, apesar da sua histórica penúria curricular de competência e probidade, são a classe mais solicitada a entrevistas e comentários. Uns, são pagos para opinar, outros dão ocasionalmente umas borlas (darão?), mas para o cidadão, qual será o retorno desses investimentos? Eu digo: zero! E, pior que o retorno-zero, é o efeito narcótico das suas elocuções, na cabecinha de uma camada considerável da população, ainda muito dada a crendices antigas e presa à sapiência dos senhores doutores...  

E contudo, com tanta liberdade de expressão, com tanto jornalista, ainda não tivemos o prazer de ouvir um perguntar-lhes uma coisa tão simples, quanto esta:  «caro senhor, por que é que vocês políticos mentem compulsivamente aos eleitores? Por que é que não conseguem satisfazer a maioria das promessas que vos levam ao poder? E que antes da resposta, reforçasse a pergunta: «por favor, não me responda com outra mentira, ou darei imediatamente por terminada a entrevista».  Que formulasse ainda uma outra questão que jamais colocam: «caro senhor, a única argumentação que apresentam, quando confrontados com as vossas contradições, as vossas mentiras, com a consequente subida da abstenção,  é que "não conhecem outra forma de governar que não a democracia representativa". Já lhe ocorreu, e ao seu partido, introduzir novas normas ao vosso código de conduta que penalizem a irresponsabilidade e a mentira, contribuindo assim para esmerar a tal democracia representativa? Ou, opõe-se a ela? Se se opõe, que confiança imagina que podem ter os eleitores na sua/vossa  palavra?»

Bem, desculpem-me. De repente dei por mim a despertar da utopia das minhas propostas. Há questões tão simples e cristalinas que logo compreendemos porque se tornam em assuntos tabu... E porque é que os jornalistas nem sempre são aquilo que querem parecer.


04 junho, 2014

PORTO VAI TER PROVEDOR DO INQUILINO ELEITO PELA ASSEMBLEIA MUNICIPAL

A Câmara do Porto aprovou terça-feira o novo regulamento de gestão dos bairros municipais com os votos contra da oposição e alterou a proposta de criação do provedor do inquilino para que este seja eleito pela Assembleia Municipal (AM).

Na redacção final, a proposta de criação do provedor estipula que o mesmo seja eleito por “maioria simples” na AM, explicou aos jornalistas o vereador da CDU, Pedro Carvalho, no fim da reunião privada do executivo

A proposta da maioria camarária para criação do provedor indicava que o mesmo fosse designado pela autarquia “sob proposta do presidente”, ao passo que uma recomendação da CDU pretendia que fosse “eleito pela AM com uma maioria qualificada” (dois terços dos deputados).
Em declarações aos jornalistas, o social-democrata Amorim Pereira referiu que os três vereadores do PSD “também defendiam que fosse eleito pela AM”.
Quanto ao novo “Regulamento de Gestão do Parque Habitacional” da Câmara do Porto, PSD e CDU criticaram que não tivessem sido concluídas as negociações que julgaram estar em curso para consensualizar as propostas apresentadas por ambos os partidos, nomeadamente durante a discussão pública aberta em Dezembro para o efeito.
“Estivemos a discutir com o vereador da Habitação as alterações. Tínhamos a expectativa de que este texto pudesse ser novamente discutido para ser consensualizado”, justificou Amorim Pereira.
Para o social-democrata, o documento aprovado “viola” os princípios da “transparência, proximidade e do direito de igualdade”.
O vereador esclareceu que o PSD pretendia que a matriz que define os critérios de ponderação para estipular as prioridades na atribuição de casas fosse “aprovada pela AM”, que a audição das Juntas de Freguesia fosse “obrigatória”.
Amorim Pereira alertou ainda que, ao admitir a “a reinscrição de filhos e/ou netos” dos inquilinos municipais, o regulamento consagra “o direito de sucessão para todo o sempre”.
“Deve haver igualdade entre quem já tem habitação social e seus familiares e aqueles que, não tendo, têm as mesmas carências”, observou.
Admitindo que “este regulamento é melhor do que o anterior”, aprovado no anterior mandato gerido pelo presidente Rui Rio (PSD), Pedro Carvalho defendeu que a matriz do mesmo “devia ser discutida e aprovada na AM” e considerou a apresentação da proposta “uma ruptura clara do processo negocial”.
“Após a discussão pública o vereador da Habitação fez audiências com os partidos, nas quais foram ainda feitas propostas alternativas. Ficamos na expectativa de uma negociação. Mas não houve nova auscultação para consensualização de propostas”, criticou.
A Câmara aprovou também a primeira alteração ao orçamento de 2014 mas, para o vereador da CDU, o “aumento de 15,3 milhões de euros” não se traduz “do ponto de vista do aumento do investimento, nomeadamente em habitação social”.
Frisando que a autarquia “não pode continuar a gastar 5% do seu orçamento com a concessão da limpeza da cidade”, Pedro Carvalho congratulou-se com o facto de a Câmara estar a avaliar o processo.
O vereador da CDU elogiou a “inscrição de 300 mil euros para instalações de associações de moradores e apoio social dentro dos bairros”, lamentando que continue a não estar especificada a verba destinada “à programação do teatro Rivoli”.

[de Porto24]

03 junho, 2014

Não brinquem com a Terra!


Não sei se é no egoísmo, na insensibilidade, ou simplesmente na estupidez humana, que podemos encontrar a resposta para o modo displicente como os líderes mundiais têm lidado com as questões ambientais.  O certo é que, como podemos constatar o clima está a mudar assustadoramente, de ano para ano, e praticamente nada tem sido feito para procurar resolver o problema com seriedade e determinação. Comparados com ele, as crises económicas e financeiras, o desemprego, ou as troikas, não sendo propriamente corpos estranhos ao problema, parecem uma brincadeira, mas são apenas parte dele. E este "apenas" não é de tolerância, mas um "apenas" de escala na hierarquia do tema.




Sabendo, como sabemos, que os principais causadores da poluição do planeta são os países ditos "desenvolvidos" (EUA, China, Russia, etc.) e que esse desenvolvimento não é certamente sinónimo de felicidade para a humanidade, é extremamente simples compreendermos em profundidade o peso exacto da sua importância nas nossas vidas.

Hoje, carregamos num botão de comando de tv e num instante percorremos o mundo. Temos automóveis, aviões, computadores portáteis e sucedâneos (iPhones, iPeds,Smartphones,etc.) navegamos na Net, convivemos nas redes sociais, enfim, até parece  que temos o mundo nas mãos, e no entanto não nos interessamos pela "factura" que as gerações futuras vão ter de pagar pelo nosso vanguardismo... 

No rescaldo das intempéries do último inverno, com o mar a reclamar a devolução das areias que as obras faraónicas dos homens impiedosamente lhe roubaram com a construção de barragens, diques e chalets à beira mar, observamos agora as autarquias numa azáfama, procurando repor a areia que o mar reclamou. Uma decisão louvável, não fosse ela contraditória, se para restituir essas areias ao mar estas não tivessem de ser roubadas noutro lado, o que significa não resolver coisa nenhuma, isto é, protelar o problema.

Mas é assim que nós humanos nos habituamos a pensar o "progresso" no planeta, remediando sempre, em vez de prevenir. Até um dia. Até o planeta se cansar da estupidez humana e nos matar a todos.

É por estas, e outras como estas, que não consigo ser um optimista consciente.   





02 junho, 2014

O meu orgulho...

...passa por não me sentir na obrigação de saudar Cavaco Silva - nem na qualidade (muito dúbia) de Presidente da República -, ou ter de gramar os seus discursos hipócritas e terrivelmente enfadonhos na cerimónia de despedida da selecção. O meu orgulho passa pelo compromisso pessoal de mudar celeremente para um canal estrangeiro cada vez que os canais portugueses (todos!) me impingirem a abertura de telejornais com a dita seleccção, para me convencerem que não há assuntos mais importantes para noticiar. Não convencem.

O meu orgulho também se fortalece resistindo facilmente às injecções de patriotismo do pontapé na bola, mesmo quando tentam chamar a uma equipa engendrada por Lisboa a "selecção nacional"... 

O meu orgulho não perdoa aos responsáveis da FPF, a começar pelo seu presidente, que tenha permitido a colocação de grandes painéis com a foto de 2 ex-jogadores do Benfica nos treinos dessa putativa selecção,  a pretexto do que quer que seja, só para agradar à prole do referido clube, mesmo que ela tenha 10 milhões de fratelli do tipo siciliano e eu seja o renegado nº. 10.000.001...

Se Passos Coelho disse uma vez que se lixem as eleições, hoje digo eu: que se lixe ele, mais esta selecção de centralistas.

Posto isto, suponho ser desnecessário fazer um desenho para se perceber que me oponho a todas as selecções made in Lisbon. O que é bom para eles, nem sempre é para mim. Quase sempre, não é bom para mim...