19 junho, 2014

Jornais desportivos são vigarice, mas vendem. Viva a vigarice!

Não é fácil nem pacífico, lidar com a prepotência da comunicação social. E se falarmos da imprensa desportiva, o caso é ainda mais bicudo.  Consta que é mais ou menos assim em todo o lado, não posso afirmá-lo, nem tenho como prová-lo, mas não acredito que haja imprensa desportiva mais sectária e desonesta como em Portugal. E por que é que isto acontece? Calculam? Eu tenho algumas respostas, as minhas, claro... 

Uma, quiçá a mais lamentável de todas, é que, a coberto do argumento demagogo mais conhecido por liberdade de opinião, oportunisticamente irmanado com a sacro-santa democracia, permitiu-se à comunicação social direitos e impunidades que são negados à maioria dos cidadãos. Ou seja, mentir, discriminar e burlar.  Muitos desses jornais fundamentam tão prestigiante conduta (sem o assumir), sempre com a imperiosa necessidade de vender para sobreviverem! E pronto, fica dada a explicação, não precisam de acrescentar nada. Qualquer larápio maltrapilho usa o mesmo argumento, mas estes são mais sofisticados, estes são larápios com status... Por outras palavras, a mentira, o hábito de levar ao engano os consumidores, é tido (nos media) como uma forma legítima e natural de ganhar a vida. Ora, como há sempre quem queira interpretar mal o que lê de viés, afirmo, como afirmei várias vezes, que considero o jornalismo uma actividade imprescindível numa democracia, desde que seja desempenhada com toda a seriedade. E no caso em apreço, não é.

Outra das razões, é também a passividade dos dirigentes dos clubes e atletas face a esta praga. Seja por medo, seja por haver interesses em comum, a verdade é que pactuam com esta pouca vergonha. Faltam provas? Não senhor não faltam. Pelo contrário abundam, tal é o despudor e o sentido de impunidade que se instalou na corporação e os cidadãos pouco podem fazer com elas. 

Eis um extracto que retirei da blogosfera portista, publicado nos 3 jornais desportivos desde Maio deste ano com putativas contratações de jogadores só para o FCPorto:



Guarda-Redes

Keylor Navas Levante



Defesas

Braima Cande-Sporting (Juniores)

Daniel Opare-Standard Liege BEL.
Alberto Moreno-Sevilha
Miiko Albornoz-Malmo 
Raphael Guerreiro-Lorient
Juan Bernat-Valencia
Nacho Fernandez-Real Madrid
Igor Lichnovski-Universidade Chile
Éder Balanta-River Plate ARG.
Aderlan Santos-Braga
Marc Bartra-Barcelona
Malthe Johanssen-Brondby

Medios
Cristian Tello-Barcelona
Carlos Carbonero-River Plate ARG.
Quincy Promes-Twente HOL.
Enner valencia-Pachuca MEX.
Leocisio Sami Maritimo
Suso Liverpool
Sergi Roberto-Barcelona
Evandro Goebel-Estoril
Abdelaziz Barrada-Al Jazira EAU
Yacine Brahimi-Granada CF

Avançados
Raul Jimenez-America Mexico
Michy Batshuayi-Standard Liege 
Guido Carrilo-Estudiantes 
Alvaro Morata-Real Madrid


18 junho, 2014

Uma homenagem contestada

Nunca apoiei, porque nunca apreciei, o estilo nem os resultados da gestão de Rui Rio enquanto presidente da Câmara do Porto, e por essas  razões, nunca teve o meu voto. E mais. Sempre considerei algo exagerada a imagem de homem íntegro que alguns criaram a seu respeito - sobretudo lá para os lados da capital -, porque a forma agressiva, hostil mesmo, como lidou com o FCPorto, foi mais oportunista do que séria, e isso nunca irei esquecer. É que, concorde-se ou não, os portuenses, sobretudo aqueles que mais se identificam com os símbolos e as tradições do Porto, viram nesse comportamento uma forma de traição, uma maneira cínica de agradar ao poder central e respectivo eleitorado para se promover. Associando estes factos ao seu feitio conflituoso e muito pouco empreendedor e até ao mito de bom contabilista (Fernando Gomes demonstrou-o num artigo do JN e não foi desmentido), pouco resta para elogiar a personagem.

No entanto, admito que outros não pensem como eu e que considerem ajustada a fama de que gozou (repito, exagerada) de homem sério, apenas porque tinha o "dom" de usar com mais frequência o não do que o sim em tudo o que tocava e que resultava quase sempre na paralização das negociações que encetava (Mercado do Bolhão, Rivoli vs Filipe Láféria, Teatro Campo Alegre,obras na Av. da Boavista, etc., etc.). Por isso, sob este ponto de vista, não concordo com a atribuição a Rui Rio da Medalha de Honra da Cidade. Compreendo sim, que Rui Moreira apoie esta iniciativa por uma questão pessoal de gratidão com Rui Rio por ter sido o seu principal apoiante na sua candidatura à Camara do Porto que o conduziu ao cargo de Presidente que hoje ocupa. 

Continuo a pensar, e já há alguns sinais que o indiciam, que Rui Moreira é muito diferente de Rui Rio. Os próprios vereadores da oposição o têm demonstrado. Manuel Pizarro do PS e até Pedro Carvalho da CDU que o digam, independentemente das inevitáveis discórdias pontuais. E também não acho que seja o momento para a oposição se agarrar ao prestígio de Pinto da Costa para daí retirar dividendos políticos, conhecendo como conhecem a simpatia de Rui Moreira pelo FCPorto e até da amizade que o une ao Presidente portista. Lá chegará o momento, se calhar muito mais oportuno e adequado para homenagear Pinto da Costa, disso não tenho dúvidas. 

Pessoalmente, preocupam-me mais, como o atestam os vários posts que tenho dedicado ao tema, os sinais de marasmo e de mediocridade evidenciados no Porto Canal. E isso, é também da responsabilidade de Pinto da Costa. Ou não será? 

  

15 junho, 2014

O que de melhor havia no Porto Canal, acabou...



Não é nenhuma novidade para quem passa pelo Renovar o Porto e lê o que aqui escrevo, que tenho uma opinião bastante negativa sobre o trabalho desenvolvido por Júlio Magalhães, enquanto director Geral do Porto Canal. E disse enquanto director Geral porque, ao que sei, é a ele e só a ele que compete a última palavra na decisão de aprovar, ou não, o que o director de Informação e Programas (Domingos Andrade) lhe põe na secretária para assinar. Isto, se as práticas hierárquicas funcionarem dentro da normalidade, respeitando naturalmente as competências de cada departamento. Por outras palavras, se a falha na programação parte do director de Programas, cabe contudo ao Director Geral dar o OK para que estes sejam emitidos. Por conseguinte, e em última análise, o Director Geral é sempre o principal responsável. Acima dele, estão os proprietários accionistas da estrutura maioritária do FCPorto e da MediaPro, mas pelo que se vê, estes não têm qualquer interferência na programação, excepto nos conteúdos desportivos entregues a Rui Cerqueira, director Desportivo. 

O desagrado pelo rumo que o Porto Canal está a levar prende-se com critérios e opções pouco condizentes com as expectativas criadas. Além das maçadoras repetições, verifica-se uma enorme falta de imaginação e pouca objectividade programática. Para reforçar o que tenho dito há uns mêses a esta parte, chegou a má notícia do fim do melhor programa de debate das sextas-feiras, anunciada no último programa "Pólo Norte" pelo voz do moderador David Pontes. Se havia programa com interesse, era este, ao contrário de outros, como o "Parlamento das Regiões" de Fernando Tavares, cujos convidados, deputados regionais sem estaleca, mais se parecem com catraios a discutir futebol do que pessoas idóneas, informadas e empenhadas nos problemas das regiões. Se há programa de debate dispensável, este podia ser um deles. Mas, não. Foram acabar precisamente com o melhor, o mais qualificado, o mais sério, quer nas temáticas, quer na qualidade dos intervenientes (Manuel Carvalho e José Mendes). 

Quem tomou tal decisão, e por que a tomou, é o que nos falta descobrir, mas provavelmente vamos ficar a saber o mesmo, porque o ar de gajo porreiro de Júlio Magalhães é enganador e está cada vez mais distante da consideração devida aos espectadores, uma vez que nem sequer se dá ao trabalho de os informar... 

Numa altura em que as regiões estão na ordem do dia, em que parece nascer um novo paradigma no modo de administrar as autarquias e de cooperação entre si, a direcção do Porto Canal decidiu dar um tiro no melhor programa sobre regiões (talvez o único no país), completamente em contra-ciclo com a política da abertura de delegações no norte do país e no sul... em Lisboa. 

Se alguém for capaz de me dizer se compreende o que se está a passar que o diga e explique muito bem, mas (por pavor), sem fazer de mim muito burro, porque eu não consigo compreender.

A falta de dinheiro, é para mim a única razão plausível, mas mesmo assim, insuficiente.