19 setembro, 2014

FCPorto. Tapar o sol com a peneira não leva a nada

A consideração que Pinto da Costa me merece enquanto presidente do FCPorto assenta em dois pilares fundamentais: na sua obra, repleta de sucessos, dentro e fora de portas, e no contributo que esta deu para a notoriedade da cidade do Porto num país com poucos motivos para se orgulhar por coisas mais importantes, como a prosperidade e o bem estar da população. Para o conseguir, teve literalmente que lutar contra tudo e contra todos, devido a uma discriminação feroz levada a cabo pelos dois princiais clubes de Lisboa, com a cumplicidade dos media e de vários governos, desde o momento em que perceberam que o FCPorto tinha passado de clube simpático, de victórias morais, a um clube conquistador de campeonatos. Essa perseguição, digna de fazer inveja à Santa Inquisição, quase jihadista,  não só se mantém (impune) como se intensificou. Só Pinto da Costa parece ter mudado a estratégia guerreira de outrora, mas ainda não consegui descobrir porquê e para quê. A idade será um factor a considerar, mas cá para mim inclino-me mais para condicionalismos resultantes da constituição da SAD que estatutariamente o obrigaram a uma maior contenção e a seguir as sugestões de terceiros, o que lhe retira alguma liberdade de acção e autenticidade.  

Seja como for, na minha opinião era muito importante dar sinais para o exterior - principalmente para os adeptos -, que essa estratégia existe, sobretudo no que diz respeito à defesa e boa imagem do clube, já que no plano meramente desportivo as coisas parecem bem encaminhadas. A diferença entre o passado e o presente do FCPorto é que agora não tem só um clube para gerir, tem também um canal de televisão que, quer se queira, ou não, tudo terá de fazer para atingir os patamares de excelência do clube. Ora, não é isso que está a acontecer com o Porto Canal, já o denunciei aqui várias vezes e expliquei porquê, uma vez que o canal parece ter entrado num estranho processo de regressão, portanto não me vou repetir.

O que não posso deixar passar em claro é o impacto negativo que esta situação pode  ter (já está e ter), não só na opinião pública em geral, como nos simpatizantes e sobretudo com os investidores (publicidade). Qualquer pessoa entende que quando se entra num negócio, seja ele qual for, é para ganhar dinheiro. Um investimento sem retorno apenas pode ter como destino certo a falência. Só investe em publicidade quem tiver garantias que vale a pena, isto é, que o destinatário (Porto Canal) oferece qualidade e inovação, logo audiências. Sobre isto estamos conversados, a direcção do Porto Canal não tem grelha programática digna desse nome, nem parece estar incomodada com isso, portanto não estou a ver como poderá atrair investidores. Estranho, e não acredito é que Pinto da Costa e a SAD do FCPorto ignorem o que se está a passar e não percebam que esta situação não pode manter-se por muito mais tempo sem risco de colapsar, e mesmo gerar uma onda de indignação nos espectadores que mais almejam o seu sucesso, precisamente os portistas e regionalistas mais determinados.

Aconteça o que acontecer nos próximos tempos no Porto Canal, já muitas etapas se queimaram em vão e muitos espectadores se afugentaram, quando tudo se podia remediar com um pouquinho mais de cuidado, vontade e imaginação. Desta forma é que não. Já me senti muitas vezes corrido para outros canais por não ter no Porto Canal aquilo que seria expectável, mesmo conteúdos desportivos, e isso já quer dizer muito.

Se o FCPorto entende que pode transferir para o negócio televisão os critérios de gestão do clube, de se fechar, como se estivesse a negociar a contratação de um jogador, está a cometer um erro grosseiro e a ir contra aquilo que foi prometido, que era a garantia de que o Porto Canal teria uma vocação generalista com ampla cobertura regional e nacional que incluía conteúdos desportivos. Aliás, o slogan que se continua a ouvir é "Porto Canal, um canal com clube".  Acresce que a televisão é, antes de tudo, um negócio de comunicação e entretenimento, não de clube de futebol cobiçado como o FCPorto, que tem de se blindar para se proteger de toda a espécie de concorrência. A televisão, pelo contrário, pode ser uma excelente ferramenta de defesa e servir de barreira  a esse tipo de ataques e até estancá-los, haja coragem e vontade para a utilizar...

Não havendo mais que cassetes com programação gravada para nos oferecer, então, contra a minha vontade o digo, que enverede por um canal com exclusividade temática para o desporto.    

18 setembro, 2014

Um FCPorto tranquilizador

Não sei o que o futuro nos reserva, nem eu, nem ninguém. O que sei é que ontem gostei do que vi no jogo entre o FCPorto e o Bate Borisov para Champions Ligue. Gostei dos golos, cada qual o mais bonito, gostei da exibição colectiva (incluindo o Quaresma, que se tiver percebido a mensagem do treinador só terá a lucrar com isso), e gostei do espectáculo, sobretudo na segunda parte. No primeiro tempo a equipa não esteve mal, mas quem brilhou, porque sabe como jogar para ela, foi Brahimi, um potento de souplesse e inteligência, como o FCPorto já não via há alguns anos. Perdoem-me, mas salvo uma hectombe, não tenho dúvidas sobre isso (o que não significa que esteja à espera que marque sempre 3 golos. Haja bom senso)

Também gostei da postura de Lopetegui, quer antes, quer após uma victória colorida com 6 belos golos sem resposta. Foi tudo perfeito? Não, não foi. Mas quando o tempo de bom futebol é recheado de bons golos e é bem superior ao tempo de algumas asneiritas, o melhor é calar, porque como já tenho dito quando o FCPorto joga mal, o bom futebol nada tem a ver com ópera, que tem lugar próprio para ser apreciado que não um campo de futebol.

Como acima dizia, Lopetegui, mais que um bom treinador, está a revelar-se um grande líder, um comunicador inteligente, já preparado para não se deixar seduzir pelos elogios envenenados da comunicação social centralista sempre à espera de adormecer a vítima para logo desferir a facada. Lopetegui disse (e eu subscrevo) que a victória de ontem o alegrava... mas moderadamente. Esta descoordenação intelectual com a mediocridade instalada no país pelos agentes do regime (jornalistas, comentadores, etc.), habituados a ditar verdades feitas à medida, é uma imensa bofetada, quase um atestado de imbecilidade passado elegantemente aos jornalistas, que só o enobrece. Escusado será dizer que nos próximos tempos vai andar nas bocas do mundo, ser acusado do que faz, e sobretudo do que não faz, mas isso é o habitual, já sabemos do que a casa gasta: lixo em forma de debate desportivo que nem Governos nem Presidentes da República tiveram a coragem de repudiar, o que só os vulgariza.  

16 setembro, 2014

Mas que raio de portistas temos nos debates televisivos?

Hugo Gilberto, um gondomarense vendido ao centralismo

Por razões de afinidade clubista, custa-me dizê-lo, mas considero miserável o papel a que se prestam os portistas que participam nos debates televisivos transmitidos nas televisões privadas, e principalmente na RTP, pelas responsabilidade acrescida de se tratar de um canal do Estado. Mas há muitas outras razões. Porque são programas maus, porque não discutem verdadeiramente o futebol jogado, porque não são sérios, e principalmente porque são um incitamento à violência. Por fim, porque todos eles foram deliberadamente formatados para prejudicar e ridicularizar o FCPorto, e já nem sequer o escondem.

Não precisava dizer isto, mas é importante entender que para avaliarmos devidamente alguma coisa precisamos de saber como funciona, de observar, estudar até... Por essa razão, assisti, até onde a minha tolerância o permitiu, a alguns desses programas, embora agora já só lá vá para saber até onde chega a capacidade dos portistas para continuarem a ser humilhados e ridicularizados, por mais resilientes que pensem ser. 

Como não consigo descobrir nenhuma dignidade na participação em debates cujos dados estão à partida viciados, não sei se o adjectivo resiliência terá aqui algum cabimento. O que me parece é que, tanto o M. Serrão como M. Guedes e o Guilherme Aguiar (o mais servil de todos), estão acima de tudo a lançar para a opinião pública (não apenas portista) uma ideia doentia de masoquismo ou, em última análise, de sedução escrava pelas respectivas avenças.

Só motivações desta índole podem explicar a contenção excessiva que todos demonstram face às provocações mais torpes, aos insultos mesmo (o Barroso do Sporting é especialista na matéria), que os transforma em perfeitos capachos da arrogância centralista dos clubes de Lisboa. Os nossos nem sequer parecem incomodar-se com o facciosismo dos moderadores, sempre proteccionistas com os clubes de Lisboa e notoriamente contra os pontos favoráveis ao FCPorto.  Basta olhar atentamente para as expressões dos moderadores em certos momentos para se perceber que ali não há moderação nenhuma, há um clara intenção de remeter para um canto toda a argumentação que possa deixar a ideia que o FCPorto é prejudicado. Pelo contrário, se puderem procuram de todas as maneiras possíveis e imagináveis lançar a imagem de que é sempre beneficiado.

Não sei se algum dos visados chegará a ler o que atrás escrevi, mas não acredito que qualquer deles tenha coragem para negar que não sabem que o jogo em que decidiram entrar está mesmo viciado e que participam nele sabendo que os árbitros são caseiros, e que por mais golos que marquem na baliza adversária, eles serão sempre anulados, mesmo que sejam marcados com a transparência e a elegância do 2ª golo do Brahimi contra o Victória de Guimarães. O FCPorto ganhou de facto esse jogo porque não foi Brahimi quem errou. Errou, e roubou, sim, a equipa de arbitragem. Será que vai arbitrar na próxima jornada?

Por tudo isto, preferia não ver nenhum portista em programas desta natureza. Por que não seguem o exemplo de Rui Moreira? O dinheirinho faz falta? Então, não se lembrem de um dia destes abrir a boca ou escrever sobre a história recente de Marinho e Pinto... Haja coerência e um pouco de desprendimento pelos euros...   

15 setembro, 2014

RTP indecorosa, o Porto Canal a dormir e o FCPorto a permitir...


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Como adepto do FCPorto estou preocupado com o que poderá acontecer nos campos de futebol caso as autoridades do Estado continuem a assobiar para o lado ignorando os sinais de manipulação que já se fazem notar, e deixar para os organismos desportivos a resolução de assuntos que lhes cabem, mas que manifestamente nunca mostraram competência e probidade para levar a cabo. 

Não me chamo Cavaco Silva, nem posso exercer a magistratura de influência que o cargo de Presidente da República legitima, pelo que só me é permitido sugerir que reserve um pouco mais de tempo (se é que reserva algum) ao que está a acontecer em vários programas de televisão dedicados ao futebol com especial enfoque para a RTP, cujos funcionários não estão à altura de desempenhar os respectivos cargos com a imparcialidade que é exigida a um funcionário do Estado. 

O frustante em tudo isto, é não podermos esperar que Cavaco tome iniciativas relativamente simples - ainda que importantes -, quando também ele não tem mostrado capacidade para exercer a contento as próprias obrigações de PR. Contudo, nada me impede que diga o que penso. Se fosse PR,  não permitia que programas como o Trio da Ataque, e outros de teor semelhante, fossem para o ar com o perfil sectário, manipulador e conspirativo que  apresentam. Chamava a administração da RTP e respectivo corpo directivo, e procurava sensibilizá-la, como se impõe, para os seu deveres de representante do Estado, lembrando a taxa de audiovisual que cada português - de todas as latitudes -paga para a manutenção de muitos postos de trabalho da empresa e para o DEVER de prestarem um verdadeiro serviço público, isento e criterioso. Antes porém, passava-lhes uma grande reprimenda pelo trabalho indecoroso que têm estado a realizar com a notificação de propor a quem de direito a exoneração dos responsáveis (sem direito a indemnização) caso não fossem seguidas as minhas recomendações ...

Lamentavelmente, as coisas não são assim tão simples. É que as decisões simples requerem acção, não é... Há leis, e sindicatos, que não distinguem o funcionário crápula, do funcionário honesto, que logo colocariam um monte de entraves, de direitos e burocracias jurídicas para boicotar a "minha" magistratura de influência.  Mas isto é a democracia que temos, e que os oportunistas deste país não querem ver alterada, embora se queixem dela...  

Prevejo por isso grandes polémicas para esta época, com os mesmos do costume, os homensinhos dos túneis, dos sistemas, dos apitos, dos programas intriguistas (de resto facilmente identificáveis), a tentarem minar o caminho do FCPorto na conquista de novos êxitos desportivos, sem que o facto de agora dispor de um canal de televisão me sirva de consolo. É que o Porto Canal continua à deriva, com o nome e o prestígio do FCPorto a ele associados.


14 setembro, 2014

Também tu Marinho?!

O que fazer quando queremos ser equilibrados, olhar para as pessoas com alguma boa vontade, respeitá-las, acreditar que nem tudo é mau,  que ainda há gente válida, e depois chegar à conclusão que o melhor é duvidar para não nos sentirmos defraudados? Tantas decepções, senhores!

Eu que até admirava a coragem e frontalidade de Marinho e Pinto, porque sei que muito do que ele diz é realmente verdade, fiquei completamente decepcionado com as últimas declarações do ex-bastonário da O.A. Quando alguém como ele diz que ficou escandalizado com o que viu no Parlamento Europeu, com os ordenados auferidos pelos deputados (incluindo o seu) e depois não se demite, alegando que precisa do dinheiro por razões domésticas, corre o risco de hipotecar para sempre a credibilidade que conseguiu granjear junto de muitos portugueses, entre os quais me incluo. Há erros e erros!

Não me interpretem mal, porque nem esta decisão fará mudar a minha opinião sobre aqueles que o acusam de populismo porque são tão ou mais populistas que ele, e ainda mais hipócritas. Populismo não é tanto o que se diz, mas o que se faz. Entre um demagogo politicamente correcto e alguém que não renega os erros de um sistema judicial caduco como o nosso, não aprovo nenhum, mas prefiro o último. Marinho foi demagogo, sim, mas agora. E infantil,diga-se.

Mas o que Marinho e Pinto acaba de fazer, além do abandono abrupto do Partido da Terra que o catapultou para o Parlamento Europeu, não deixa de ser um acto de baixa política semelhante ao que Costa cometeu com Seguro, independentemente das razões evocadas. Já não há respeito por nada nem por ninguém, é o que é.

A propósito, o artigo de José Mendes diz o resto.




O triplo salto de Marinho

Os números gordos aguçam a ambição. É assim na vida e não são poucos aqueles que, bafejados por um qualquer jackpot, se desgraçam na aventura dos passos mais longos que a perna. Marinho e Pinto (MeP), com os seus 240 mil votos, é um desses personagens. Não satisfeito com o primeiro salto, exige a Lua e, qual aspirante a campeão olímpico, ensaia o triplo salto de sonho: Bruxelas, São Bento e Belém.
O problema do triplo salto, e aqui reivindico a minha experiência de ex-praticante, é que se exige equilíbrio em cada um dos passos (designados hop, step & jump), de forma a não comprometer o resultado conjunto. E o erro mais comum do principiante é arriscar tudo no hop (o primeiro), o que significa que a perna pode não aguentar o impacto para voltar a levantar o peso do corpo para os dois passos sucessivos. Ora MeP fez justamente isso. E arrisca-se a que o mundo o esmague, muito embora seja provável que os seus truques de marketing lhe possam ainda render dividendos por algum tempo.
Quando, logo no primeiro mês de deputado europeu, MeP acordou chocado com o seu salário, de que no entanto não admite abdicar pois a vida custa a todos, ficou claro ao que vinha. O triplo salto é assim mesmo, vive da velocidade e brevidade do contato com o solo. Vai daí, apraza o seu abandono de Bruxelas, que acredito não ficará especialmente triste ou pobre pela sua deserção. No mesmo movimento, deserta também do seu affaire com o MPT, assim, de repente, sem um telefonema, nem uma carta manchada de lágrimas, nem mesmo um post-it no vidro do carro.
John Baker, o líder do MPT, está destroçado, classificando mesmo a situação de "maçadora". Então o homem, a quem emprestou o prestigiado nome do partido para representar a nação na distante Bruxelas, não ia ser presidente do partido, cabeça de lista às legislativas, quiçá ministro (pode ser mesmo da Saúde porque a Justiça entrou em estado de Citius) e, por fim, candidato às presidenciais?
MeP, homem de justiça e de consensos, já avisou que não é seu costume alimentar peixeiradas. "Como advogado fiz dezenas de divórcios e sempre defendi que os casamentos devem terminar com elevação", terá dito, pelo que li no "Expresso". O problema é que há quem pense que esta história está mais perto do conto do vigário do que do divórcio.
Vamos então ao passo seguinte do triplo salto olímpico de MeP. A súbita criação de um novo partido. Para princípio de conversa, o novel político deixa claro que sai porque na sua barriga de aluguer se defendiam interesses pessoais e familiares. Ora, justamente por repudiar este tipo de agendas, bate com a porta e lança um novo projeto político, esse sim, democrático, abrangente e plural. E rasga horizontes com os inovadores princípios da "liberdade, solidariedade e justiça", prometendo defender "idosos, crianças e deficientes". Espantoso!
Aqui está, preto no branco, a delimitação do público que MeP endereça: os mais vulneráveis e, entre estes, seguramente os menos letrados. É um clássico dos nossos tempos. Por essa Europa, face às insuficiências das respostas dos partidos tradicionais, surgem os movimentos que capitalizam sobre o descontentamento do exército de descamisados. E são de dois tipos, ambos perigosos: aqueles que têm base ideológica mas que são extremistas e aqueles que são apologistas do "Eu", mais comummente designados por oportunistas. E aqui convém recordar que MeP não descurou a corrida de balanço do seu triplo salto, pois desdobra-se, desde há muito, nos programas televisivos do horário da manhã, justamente a faixa que congrega em frente ao pequeno ecrã os não ativos, muitos dos quais anseiam alguém que lhes fale ao coração, seja verdade ou mentira.
É um regalo ver MeP por estes dias na televisão, entre o surpreendido e o indignado, queixando-se dos críticos e, sobretudo, dos jornalistas. De um homem que passou os últimos anos a criticar tantos, com a legitimidade que o Estado democrático lhe confere, esperar-se-ia, no mínimo, algum poder de encaixe quando é ele o objeto da crítica.
Sabem os atletas que um saltador em comprimento dificilmente tem sucesso no triplo salto. É outra a exigência. Requer um certo golpe de asa quando se encadeia a sequência hop, step & jump. A energia de um passo tem de ser catapultada para o seguinte. Assim, a minha sugestão é que MeP não desperdice os tempos do MPT e batize o seu novo partido justamente com a mesma sigla. O novo MPT seria agora o Marinho Pinto Total, já que não há cargo a que não ambicione