21 fevereiro, 2015

Um enigma chamado Pinto da Costa

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O Senhor Enigma

Ainda ontem ficamos agradados com a homenagem que a Casa de Espanha dedicou a Pinto da Costa, mas uma vez mais o presidente portista limitou-se a lançar umas inofensivas bicadas ao rival de Lisboa, sem qualquer objectividade. O que se passa? Que metamorfose é esta que transformou Pinto da Costa numa espécie de corta-fitas do tempo da outra senhora?

Estranha-se mais, sabendo que agora a organização do FCPorto é constituída pela SAD, um grupo de pessoas que podiam muito bem alertá-lo para os prejuízos que a sua nova conduta podem trazer para o bom funcionamento do clube. Que influência, ou grau de amizade, terão Fernando Gomes e Adelino Caldeira para aconselhar o presidente a tomar uma atitude face ao que se está a passar com a pouca vergonha das arbitragens?  Terão alguma influência, e não estão interessados em usá-la, ou será o contrário, sabem o que se está a passar e decidiram unanimamente não reagir?  Com que fim? Estarão todos doidos? Terão todos MEDO? Estarão comprometidos com algo obscuro, ou viverão noutro planeta? Mas, o que é isto?  Que modo é este de mostrar respeito e consideração pelos sócios e a grande massa de adeptos que noutras ocasiões tanto gosta de evocar? Será senilidade, ou soberba?

Sinceramente, já não sei o que dizer. O que sei, é que não foi assim que o FCPorto de Pinto da Costa se desenvolveu e bateu o pé aos clubes de Lisboa que agora tudo corrompem e manipulam na cara de todos.

Não auguro nada de bom para o FCPorto. Veremos no que isto vai dar. 

18 fevereiro, 2015

Carta aberta ao director do Jornal de Notícias



Exmo. Sr. Afonso Camões
Director do Jornal de Notícias
                                                                                                                                  
                                                                                                                                
                                                                                                                                  Porto, 18 de Fevereiro de 2015


É com um sentimento, misto de revolta e ingenuidade, que lhe dirijo esta carta. De revolta, por  verificar há já algum tempo que o Jornal de Notícias, do qual V. Exa. é Director, vem optando por uma política de comunicação de duas caras, ou seja, democrática à semana, e centralista ao sábado e domingo. E de ingenuidade, por recear que da vossa parte haja humildade para reconhecer que o JN está ainda longe de ser o jornal que os nortenhos precisam. Peço-lhe que não veja nisto nada de pessoal, porque não o conheço, mas o que conheço, são as vossas limitações para se imporem no mercado nacional sem o recurso à publicação de edições para o Sul, e outras para o Norte do país.  Mesmo admitindo que tal opção seja determinada pelo mercado (sempre ele), é no mínimo preocupante para o futuro do JN, saber que este jornal sobreviveu durante décadas à humilhação de publicar edições especiais para o Sul, no tempo de Salazar e Caetano, e abdicou dessa liberdade agora, em democracia... O mesmo se aplica ao jornal O Jogo. De mais a mais, quando nenhum jornal de Lisboa  tem esse tipo de "atenções" editoriais com os nortenhos. A Global Notícias, grupo a que esses dois jornais pertencem já tem o Diário de Notícias para cobrir a zona de Lisboa e de todo o país, por que razão só o JN tomou essa opção?

Se lhe disser que o Jornal de Notícias é o único jornal que leio há muitos anos, não pela Net, mas em papel, e pago, e que o faço pela platónica razão de se tratar do único jornal ainda sediado no Porto, corro o risco que interprete isso como uma forma subtil de apelar à sua consideração, como se lhe quisesse pedir um grande favor. A intenção não é essa. Pretendo apenas ser uma pequena luz que ousa intrometer-se num mundo reservado a iluminados [os media] , onde a liberdade, as ideias e o serviço público claudicaram às regras do materialismo, para sugerir um outro caminho. Só isso.

Se continuo a ler o Jornal de Notícias não é, como atrás referi,  pela razão de ainda ser o único diário sediado no Porto, detalhe tanto menos relevante, quanto decisiva e elucidativa  é a constituição do respectivo Conselho de Administração, presidido pelo famoso advogado (beirão) de Lisboa Proença de Carvalho, sem afinidades ao Norte ou, que se saiba, à causa da regionalização, contra a qual espero que o senhor Director  nada tenha a opôr.  

Sou um leitor esquisito, sabe. Rabujento, não alinhado. Uma espécie de ovelha negra no imenso universo de leitores do JN. E foi por ser ovelha negra que suprimi dos meus hábitos de leitura o jornal desportivo O JOGO, já lá vão alguns anos, desde que, num assomo de "notável" altruísmo, a administração de então decidiu publicar uma edição para o Sul, para agradar a essa clientela, notoriamente, abdicando da sua independência para se juntar ao côro dos dois pasquins de Lisboa, facciosos e indiscutivelmente desonestos. Resultado: o jornal O JOGO perdeu leitores, credibilidade e identidade. 

Vale isto para dizer o seguinte, senhor Director: que, não sendo o JN o jornal que pessoalmente ambicionava para o Norte, mas que a nível regional vai satisfazendo [é sempre uma alternativa menor ao desdém da imprensa centralista], continuo assim mesmo a comprá-lo, por conseguinte a contribuir modestamenta para a sua sobrevivência. Mas, já não estou disponível para continuar a pagar 0,40 cêntimos a mais pela revista Notícias Magazine, que sai aos domingos com o jornal, cujo conteúdo habitual é 99,9% de promoção ao que acontece em Lisboa. 

E, antes que pondere replicar (se decidir responder-me) o aqui exposto com o discurso do provincianismo [uma manifestação bairrista e divisionista que só favorece os centralistas”], o que se me oferece dizer é isto: estou-me nas tintas para respostas esteriotipadas, com coesões e nacionalismos velhacos, que em nada me impressionam. Porque foi com essa mesma conversa que muitos regionalistas "assumidos", aniquilaram a regionalização, excluindo os nortenhos da lista cidadãos de direito deste miserável país. E isso, é despudoradamente perceptível nos media da capital. Como tal, não é pelo que se faz no Terreiro do Paço, ou pelo que se diz, que me sinto mais português. Bem pelo contrário, a minha pátria é cada vez mais o Porto e o Norte de Portugal.


Como referi inicialmente, duvido que as minhas inquietações o comovam - não por razões pessoais -, que não as tenho como já expliquei, mas porque sei que as orientações dos media são ditadas por interesses superiores ao interesse público, e o senhor sabe muito bem quais são. Mas como parte integrante desse público, ainda me cabe a mim decidir se devo continuar a comprar o JN ao domingo, durante a semana, ou mesmo nunca. É pouco, mas só depende de mim. E não necessito de apregoar  solidariedade ao Charlie Hebdo para provar que amo a Liberdade.


Com os melhores cumprimentos, 

Rui Valente

Obs.:
Remeti hoje mesmo para o Director do JN, Sr. Afonso Camões, por correio azul,  esta carta. Aguentei quanto a minha paciência o permitiu (e foi muita) a imposição de pagar mais 0,40 cêntimos por uma revista de propaganda a Lisboa que nada me diz, chamada Notícias Magazine, só para ler o jornal que custa um euro... 
Como se trata de um caso de interesse público, principalmente para os regionalistas, entendi publicar esta carta. Se houver resposta do director (o que não é impossível, mas duvido), publicá-la-ei igualmente. Quem não deve, não teme.