03 abril, 2015

Manoel de Oliveira, um tripeiro de gema, um Homem autêntico, partiu...

MANOEL DE OLIVEIRA
Há quem tenha da cultura conceitos antagonistas. Uns, olham-na com snobismo, como uma coisa hermética, reservada a mentes intelectualmente superiores... Esta classe de pessoas, é normalmente a que menos absorve da cultura. Para outros, não menos preconceituosos, tudo é cultura, partindo do princípio que nada é inexplicável. Estou a lembrar-me daqueles mamarrachos que os emigrantes (e não só) construiram por esse país fora, feios e inestéticos, que constrastavam pela negativa com as características das regiões onde eram implantadas,  em perfeito conflito com a paisagem envolvente. Esses, explicavam a teoria com o facto daquele tipo de construções assinalar uma época histórica (o processo de emigração), que não devia ser ignorada, defendendo portanto a sua manutenção. Pessoalmente, não acredito que as piores causas, mesmo que históricas, justifiquem classificações culturais quando não têm qualquer ligação com a arte. 

Com Manoel de Oliveira, penso que sucedeu o mesmo. Muitos, diziam que não compreendiam os filmes dele e que por isso não gostavam. É a mesma teoria que  à partida negava o talento de Salvador Dali e de Pablo Picasso, só porque os seus quadros não possuíam o bucolismo de uma máquina fotográfica. 

A cultura é arte, e a arte sem criatividade é arte postiça, morre. Manoel de Oliveira era sobretudo um cineasta documentarista, ligado à cidade, ao Douro e às gentes do Porto. Os seus filmes eram para ver segundo o homem que estava por detrás da câmara. Eu, também não acho que o cinema tenha que ter obrigatoriamente sexo, violência, rodas a chiar, e carros a capotar, e contudo parece ser o que as pessoas mais gostam. Eu também abomino os Big Brothers das televisões, mas o povo, segundo as estatísticas audiovisuais, parece adorar... A arte é tudo menos aquilo que nos é imposto como bom. 

Morreu uma pessoa da minha cidade, talentosa, de uma dignidade rara e de quem gostava muito. Lamento-o, mas a vida é assim mesmo. Teve uma vida longa, e suponho que muito feliz, porque gostava do que fazia.

Fica para a história do Porto e do resto...   


02 abril, 2015

Agora, só nos resta a utopia

Podem dizer o que quiserem. Que os jogadores não se empenharam, que o Lopetegui armou mal a equipa, que devia lançar o jogador A, em vez do B, que a relva não ajudou, que o árbitro fez (como de costume), "as coisas pelo outro lado", como marcar um penalti duvidoso contra o FCPorto e perdoar outro claro à equipa adversária. 

Mais que previsível, é certo, que desportivamente falando, este ano dificilmente teremos razões para nos congratularmos. No que diz respeito ao futebol sénior, já se foram dois troféus: a Taça de Portugal, e hoje mesmo, a da Liga. E deixemo-nos de alinhar pela demagogia barata de Pinto da Costa que sempre mostrou desprezo pela Taça da Liga (hoje perdida), porque se fosse verdade  mais valia recusar disputar o troféu. Ponto. Mesmo admitindo que o FCPorto  estava obrigado a participar, então, podiam ter dado oportunidade aos júniores A, ou à equipa B, para rodarem, e mais que não fosse para vincar a coerência no discurso. Assim, nem houve troféu, nem coerência no discurso...

Venho dizendo há uns tempos a esta parte, que com esta política de medo, de submissão humilhante às mais torpes discriminações a que o clube tem sido sujeito, isto só pode acabar mal. Qualquer pessoa minimamente experiente sabe a influência que tem para os colaboradores de uma organização empresarial, militar ou desportiva, o sentimento da falta de liderança, sobretudo quando se sentem prejudicados por ocorrências externas que não podem controlar. Se os adeptos, que são quem mais ama o clube, andam aborrecidos e pouco confiantes com o que se está a passar, e que sendo sócios têm mais a perder que a ganhar, ao contrário de quem trabalha para o clube, o mínimo que lhes era devido, era uma palavra de consideração, acompanhada com mais algumas que explicassem o porquê desta "política" de comunicação fratricida.

O Campeonato ainda não está perdido, é verdade, mas é verdade também que não se vislumbra alma, determinação, para o ganhar, sobretudo no topo da pirâmide da SAD e do Presidente. A Champions, não é impossível, mas é quase uma utopia se tivermos bem a noção das diferenças com o nosso próximo adversário.

Caso não consigamos vencer nada esta época, então sim, talvez seja o início do fim de um ciclo indesejável, mas que o senhor Pinto da Costa consciente, ou inconscientemente, ajudou a cavar,


   

01 abril, 2015

Porto Canal, outra vez distraído

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Se bem conheço Júlio Magalhães - que não é propriamente um homem humilde - não sei que desculpa poderá ele apresentar, quando colocado perante determinadas situações (factuais) ocorridas no Porto Canal que não abonam nada a seu favor, tais como:
  • Por que é que sendo - ou estando para ser -,  o FCPorto sócio maioritário, ou se preferirem, o principal proprietário do Porto Canal [é prudente não dar já como certo...], portanto com acesso privilegiado a informações relacionadas com o clube, a estação não foi capaz de se antecipar à concorrência para dar a notícia sobre a venda de Danilo ao Real Madrid devidamente autenticada pela CMVM?  Tenho a minha resposta: logo após ter lido essa notícia de "última hora" em rodapé, na SIC e na TVI, pulei imediatamente para o Porto Canal para saber se também diziam alguma coisa sobre o assunto, mas "nicles", no seu lugar estava, devidamente gravado, a retransmissão do programa "Consultório"... 
  • Já hoje, no noticiário da hora do almoço, quando o locutor anunciava a pouca vergonha* do dia, isto é, a habilidade de António Costa para contornar o impedimento camarário de cobrar directamente a taxa de turismo, transferindo-o para a ANA (gestora dos aeroportos portugueses), e se preparava para nos dar imagens da reportagem, eis senão quando nos impingem em segunda dose uma reportagem completa sobre o caso da Igreja de Nossa Sra.dos Navegantes, em Vila do Conde... Finda a reprise, o pivot optou por ignorar a ocorrência sem sequer apresentar um pedido de desculpas, e o tema da ANA morreu ali mesmo.
Se tudo isto é  competência, então,  serei eu que  não  faço ideia do  que é ser competente,  e o problema  estará em mim.   Mas,  se fôr  incompetência, ou desleixo  - como  me parece  que é -, então, é porque a entidade patronal ( FCPorto & Compa.)  não  acompanha   com  o  cuidado devido o trabalho desenvolvido pela régie (controladores técnicos das emissões)  e demais  colaboradores (dirigentes incluídos) ? E  se fôr verdade  que  é  o  FCPorto  quem  paga  os salários   do   director geral,  o assunto  fia mais fininho, porque os associados do clube têm uma palavra a dizer.

Mais uma vez, estou a falar de factos. Isto não pode acontecer, nem deve ser encoberto, sob pena de nos tornarmos uns imbecis, só porque não ousamos pôr em causa a imagem de Pinto da Costa. Se disso se tratar, descansem, porque essa imagem já pertence ao passado.

* Pouca vergonha se o privilégio turístico não fôr extensível a outras autarquias...


PS-Que me desculpe o leitor o preciosismo da observação. É que, não sei se repararam, já há alguns tempos alguém decidiu pintar a preto e branco o logótipo do Porto Canal que detinha o azul no lugar do preto, nos microfones... Não me digam que foi por razões "estratégicas", que ainda me dá um AVC. 


31 março, 2015

A verdadeira lista VIP

Mariana Mortágua

Faz agora um ano. Foi no dia 16 de abril que o ministro da Defesa saiu do seu gabinete para se deslocar à base naval do Alfeite. O dia estava cinzento, mas não era o conforto do Sol ou a brisa do Tejo que Aguiar-Branco procurava. Estava em causa a apresentação do primeiro drone português. O momento foi tratado com a pompa que merece uma visita ministerial, dada a circunstância ser o apadrinhamento de uma empresa nacional pelo Governo. Lembram-se deste momento? O vídeo circulou por todo o lado, não tanto pelo extraordinário fulgor do engenho nacional, mas porque a maquineta tinha aspirações a submarino, e não chegou a voar mais de dois metros antes de se afundar no Tejo.
O vídeo tornou-se imparável, até porque tem piada. O que verdadeiramente levou o ministro ao Alfeite é que não tem graça nenhuma. A revista "Sábado" levantou um pouco o véu. A empresa em causa, Tekever, é gerida por um antigo assessor de Aguiar-Branco chamado Adão da Fonseca, que já que antes tinha estado na Empordef, nomeado por Aguiar-Branco.
Este é apenas um pequeno, pequeníssimo, exemplo da dança de cadeiras que compõe a verdadeira lista VIP que governa o país. Nestas nomeações, nestas empresas, escolhidas a dedo para viajar com o ministro certo, há negócios de milhões. Negócios que passam quase sempre pelos grandes escritórios de advocacia. Como o do advogado Aguiar-Branco, cujas operações, revela a mesma revista, seguem demasiado atentamente a agenda do ministro Aguiar-Branco.
Em outubro de 2014, o ministro foi à Colômbia. Uma semana antes, o seu escritório tinha promovido um seminário sobre oportunidades de investimento na Colômbia. Em janeiro de 2015, o ministro deslocou-se ao Peru. Três meses mais tarde, o escritório anunciava um parceiro peruano.
O labirinto de ligações e nomes cruzados entre os interesses do escritório de advogados e a promoção empresarial efetuada pelo ministro só não provocam mais escândalo porque neste país a constante porta giratória entre interesses privados e governantes já nos habituou ao pior. Há casos para todos os gostos, do BES à EDP.
Esta lista VIP adora criticar o Estado. Chama gorduras aos serviços públicos, enquanto proclama a libertação da economia da regulação estatal. Nos entretantos, lá vai assinando mais um contratozinho e capturando mais uma nomeação para levantar mais uma carreira.
Por tudo isto, quando ouvir dizer que a lista VIP tem apenas quatro nomes, não acredite. A verdadeira lista VIP de Portugal tem quase 40 anos e muito mais linhas.

(do JN)






                                                                                                                                    



         
    Nota: 

 o sombreado do texto é de responsabilidade do Renovar o Porto

30 março, 2015

O princípio de Peter chegou a Pinto da Costa?

Se antecipar um quadro de consequências nefastas para o FCPorto, resultantes de uma crise de liderança, fosse o mesmo que jogar na lotaria, garanto que já estaria rico, e por várias vezes... Portanto, prever o que pode acontecer, segundo parâmetros comportamentais,  não é o mesmo que lançar dados à toa para uma mesa de casino, ou, como diz o povo, com a presunção de alguém com a mania que é bom. A falta de liderança, ou tão só a quebra dela, mesmo que episodicamente, sempre custou caro a quem a perde e aos que dela dependem. Muitas e boas empresas faliram por causa disso, e com os clubes, actualmente organizados em SAD's pode acontecer o mesmo.

A pior coisa que podia acontecer ao FCPorto era perder o seu líder. Por muito que custe admití-lo, eu que fui sempre seu admirador, começo a ter poucas dúvidas que Pinto da Costa atingiu o princípio de Peter, ou seja, chegou ao ponto em que já não consegue fazer o que tão bem fazia até um determinado momento, e em determinadas circunstâncias. Mas o que mais custa, é que ele próprio pareça não se aperceber disso, nem as consequências que daí podem advir para si e para o próprio FCPorto. Custa igualmente admitir que não haja ninguém dentro do seu quadro de amigos, ou da própria SAD, que não tenha a frontalidade de lhe transmitir a gravidade que esta situação pode constituir para o bom funcionamento do clube. Não há qualquer catastrofismo nestas apreciações, porque contra factos não há argumentos.

Primeiro facto - remissão ao silêncio de Pinto da Costa perante situações óbvias de discriminação relativamente simples para justificar protestos categóricos, que contribuíram, de forma directa e indirecta, para o Benfica (principal adversário) se manter com 6, depois com 4, e agora 3 pontos na frente do campeonato. Mas atenção, porque este aproximar do FCPorto, não tem qualquer relação com a melhoria das arbitragens, mas sim com a incompetência do Benfica... 

Segundo facto - todas as situações já referidas (arbitragens tendenciosas), que foram sucessivamente acentuadas em discriminação e descaramento, jornada após jornada, premiando os infractores e o clube beneficiado. 

Terceiro facto - o distanciamento do Presidente no que concerne o desenvolvimento do Porto Canal bem como a qualidade de produção, a par da manifesta inabilidade para o cargo do Director Geral.

Quarto facto - os timings escolhidos para falar, em flagrante contraste com o silêncio ensurdecedor imposto sobre temas da maior importância: os que citei nos factos anteriores, mais a confirmação da inexistência de um plano bem concebido para o Porto Canal. Ora, foi justamente na escolha dos momentos certos para agir que Pinto da Costa mais se destacou. Sabíamos todos que nunca falava por falar, havia sempre um alvo. Agora, fala e decepciona, porque não acrescenta nada de novo. 

Por último, não acredito que nestas circunstâncias as prestações desportivas das equipas técnicas e dos próprios jogadores sejam imunes a desconcentrações, a um certo desânimo mesmo. Considerar uma casualidade o facto de todas as modalidades em que o FCPorto compete estarem a perder o fõlego de outros tempos, é não querer ver o que está à vista. O FCPorto parece uma criancinha a quem lhe tiraram os pais: órfã, e triste. Há paradigmas demais esta época. O mais recente, foi ontem, na disputa da final da Taça em Andebol. Independentemente dos aspectos técnicos e tácticos e anímicos, que estiveram manifestamente mal, com algumas culpas para o treinador Obradovic, e  de o FCPorto ter falhado um livre de 7 metros nos últimos segundos, o árbitro tudo fez para impedir o nosso clube de vencer o troféu, expulsando incompreensivelmente o Ricardo Moreira num momento crucial e sem que se vislumbrasse falta.

Quando uma equipa é ultrajada da forma como foi ontem a de andebol, e não tem um líder capaz de dizer basta, de fazer o que tão bem sabia fazer, tenham paciência, mas não há amor à camisola que resista, porque o líder murchou de vez, e os nossos rivais agradecem. Por este andar, ainda lhe erguem uma estátua...

PS-Do passado recente de Pinto da Costa guardo boa memória, mas pelos vistos ele não. Do primeiro nunca me esquecerei. Deste, sinceramente, prefiro acreditar que é um momento mau. Mas, será que consigo?