17 abril, 2015

Do El País . "El Porto sorprende al Bayern

Um toque para controlar a bola enviado a 50 metros por Alexandro, a manobra fugaz entre Dante y Boateng, e a culminação, demolidora, elegante, coroaram Jackson Martínez à frente de um magnífico Porto. O colombiano recebeu a ovação vulcânica do estádio do Dragão em reconhecimento ao seu trabalho, e a esse 3-1 definitivo, quiçá o mais visível de uma partida colossal que deixou  o  Bayern desorientado. O grande estádio do rio Douro já constitui um dos melhores encontros da temporada europeia. Não é por acaso que Lopetegui e Guardiola partilham escola e princípios. Não foi casual tão pouco que estiveram até 12 jogadores espanhóis implicados de alguma maneira. O jogo foi uma verdadeira homenagem  da contribuição de Espanha no futebol contemporâneo. 

A noite foi abundante em contradições. Não há centrais menos adequados para jogar como gosta Guardiola. Mas o Bayern joga com Boateng y Dante. Lentos e vacilantes, parecem expostos a um drama que resistem a representar. Mostram-se preocupados ante a exigência de pensar a partida, fazer o primeiro passe, adiantar linhas, governar o latifúndio. O medo reflecte-se na sua expressão corporal. O público que assiste ao espectáculo sabe-o. Sabem-no os  seus companheiros. Sabe-o  Xabi Alonso, que pareceu nervoso quando se baixou para receber a bola, controlou e duvidou. Foi num segundo. Jackson Martínez lançou-se como uma pantera. No vértice do sistema de pressão do FCPorto, essa máquina que se liga quando o adversário dá mostras de insegurança com a bola o dianteiro colombiano faz de bisturi. Astuto, ágil, elástico, veloz, roubou a bola ao médio-centro espanhol e ficou só  ante Neuer. O guarda-redes desvalorizou-o, houve um contacto, Jackson caiu e o árbitro marcou penalti. Eram decorridos dois minutos de jogo quando Quaresma celebrou a execução, abrindo as portas de um jogo que concentrou desde o principio toda a problemática deste Bayern onde que se chocam duas culturas.
Não se tinha o Bayern ainda recomposto da surpresa,  quando Rafinha passou a bola a Dante e Quaresma lha tirou dos pés. O extremo português, que, contrariando a sua inclinação para a displicência, jogou concentrado, batendo  Neuer sem lhe dar tempo para reagir. O 2-0 aos dez minutos de jogo submeteu  o Bayern a uma prova de resistência psicológica. A situação colocava várias questões pondo em causa algumas das máximas inculcadas pelo treinador . Foi um bom momento para descobrir quem está,  e quem não está para trabalhar. Guardiola já sabe que pode contar com Lahm, com Lewandowski, e, sobretudo, com Thiago Alcántara. As suspeitas estendem-se a outros, especialmente sobre o lânguido Götze.
Thiago apresentou-se em todas as partes para solucionar todos los problemas do Bayern. Não eram poucos. Las dificuldades inundavam a jacto o campo numa corrente que partia desde a linha defensiva estendendo-se até à área contrária. Nessa conjuntura, a pior imaginável, destacou-se Thiago. O médio espanhol fez uma exibição de pundonor e classe. Tentou resolver o grande dilema da sua equipa: sair limpo desde trás, clarificar as jogadas, conectar com os atacantes até driblar para romper linhas. Thiago  apenas encontrou colaboração. Chamou a atenção o caso de Götze, que andava desaparecido. E o de Müller, cujo carácter expressionista contrasta com a lógica cartesiana que o seu técnico tenta transmitir nas manobras de ataque. Sem as fintas de Robben, que está lesionado, a equipa desgastou-se . 

O golo do Bayern chegou depois de um canto. Boateng surpreendeu o seu marcador, fugiu-lhe e centrou.   Thiago aproveitou o descuido da defesa   para marcar à vontade.  Foi o único erro do FCPorto, elevado centímetro a centímetro sobre o seu gigantesco oponente, graças ao contributo impecável de todos os seus jogadores. Todos estiveram à altura. Comportaram-se como fanáticos para fechar as linhas de passe do Bayern, pressionaram, e uma vez que roubavam a bola jogaram-na com serenidade. Casemiro é um medio-centro maduro, Brahimi um extremo formidável, Quaresma um temerário, Oliver o sócio de todos, e Herrera um interior valente, dinâmico e hábil.
O Bayern não conseguiu penetrar com clarividência nas linhas que encontrou pela frente. Não se refez da perplexidade. Tão pouco Alonso, substituído no fim da partida, símbolo da claudicação, de das confusões do Bayern e do ímpeto de um FCPorto desafiador.

Nota do RoP:
Não é que seja difícil para nós portugueses entender o castelhano, mas como estamos num país divisionista, que anda a retalhar o solo pátrio através do futebol, e dos media (por mesquinhez e inveja ao FCPorto), entendi traduzir para a nossa língua este excelente artigo do El País, porque acho que vale a pena, e precisamente para destacar o facto de a voz da mouraria não entrar na consideração do país vizinho... Eles só piam cá dentro. Lá fora, rendem-se à sua menoridade intelectual... 

O original pode ler-se aqui.

15 abril, 2015

FCPorto 3 - Bayern de Munique 1, e o David venceu Golias



Ainda é cedo para lançar foguetes, mas a primeira parte foi cumprida. Com 20 valores! Jogo soberbo!

Queremos um FCPorto à David!

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  O troféu que tornou Lisboa a capital mais invejosa e centralista da Europa

Para o jogo desta noite [o mais importante a nível internacional] , com o FCPorto, como vem sendo habitual, a ser a única equipa portuguesa a representar o país, não espero milagres. O que espero, é a mesma abnegação, a mesma força mental, a mesma concentração que levou o FCPorto em 1987 a trazer para o museu do clube o primeiro e mais importante troféu europeu. 

Já por essa altura era dado todo o favoritismo ao Bayern de Munique, um colosso do futebol mundial. Para além disso, tratava-se de uma final que ainda por cima foi disputada "democraticamente" em Viena de Austria, país irmão da equipa adversária, portanto, com todos os condimentos teoricamente adversos ao FCPorto. 

Como país pequenino que somos - na acepção mesquinha do termo -  e que alguns teimam em preservar, e com os media da capital a rangerem os dentes de inveja, ansiando por uma derrota humilhante da equipa portista, mais uma razão para os jogadores do FCPorto se encherem de brios, e fazerem da inveja lisbonária e dos seus vassalos, um elixir de garra e ambição.  

Força FCPorto, a Europa tem os olhos em ti!

13 abril, 2015

As novas tecnologias de comunicação

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Inspirado neste artigo publicado no JN de hoje e assinado por José Manuel Diogo, cuja leitura aconselho para melhor entendimento do que escrevo, quero desde logo declarar a minha simpatia pelo progresso, no qual se incluem as novas tecnologias de comunicação, que para mim só não é total, pelas razões que adiante enunciarei. Antes porém, faço questão de reiterar aquilo que já tive oportunidade de dizer sobre a ideia que tenho do progresso, ou seja: tudo o que possa contribuir para melhorar a qualidade de vida humana, de preferência sem efeitos colaterais negativos... Utopia? Admito que sim. Mas então, progresso que não contemple a segurança da humanidade, também não é progresso, antes um modo utópico de definir o progresso.

O autor, avisa-nos para a necessidade de nos habituarmos à época da comunicação (como ele diz) desmaterializada, o que por outras palavras, significa não corporalizada, com um menor contacto físico entre pessoas (ou empresas), para realizarmos um sem número de serviços e negócios. 

Sem querer contestar a ideia de "matéria" do articulista, começo logo por discordar com este seu ponto de vista, porque do meu, tanto o que ele prevê para daqui a dez anos, como o que já acontece agora, está mais materializado que nunca. São cada vez mais os computadores pessoais e as impressoras que tanto jeito nos dão, os responsáveis pela perda de emprego de muita gente, para proveito das grandes empresas.

Em Portugal, raramente, ou nunca, beneficiamos destas evoluções tecnológicas. Por exemplo: se o leitor aderir à factura electrónica para pagar diversos serviços (Electricidade, gás, TVCabo, etc.), está com isso a reduzir os custos dos fornecedores em sêlos de correio, envelopes, impressão e a passá-los para si, sem contudo ser recompensado por isso, bem pelo contrário, os preços estão sempre a subir, por isto ou por aquilo. Logo, não me fascinam as tecnologias que aparecem inicialmente na forma de brinquedo, para logo se tornarem em mais um encargo para o consumidor, apesar das vantagens que nos aportam. 

Hoje, já há muita gente a usar os computadores e seus derivados (Tablets, Ipad's, Smartphones), que reagem invariavelmente de forma acrítica e demasiado entusiasta às novas tecnologias. Mas tal como os fabricantes, deixam para mais tarde (ou para nunca), as questões relacionadas com os efeitos no meio ambiente de milhares de milhões de pilhas e adaptadores que depois de usadas vão para as lixeiras poluir terras e águas de cujos produtos nos alimentámos. A isto, recuso-me a chamar progresso, embora também tenha o meu PC e Telemóvel, porque, como a grande maioria dos cidadãos, fui coagido pelo mercado a participar num estilo de vida para o qual nem sequer fui consultado.

Por isso, é fácil, mas não menos cínico, para os defensores e fanáticos destas modernidades, argumentarem que ninguém nos "obriga" a adquirir estes produtos, mas eles sabem bem como somos empurrados para "conviver" com elas, correndo o risco de nos desenquadrarmos da realidade, com os custos que tal importa...

Por conseguinte, não auguro nada de esplendoroso para as gerações vindouras quando descobrirem, ou sofrerem na pele, as consequências dos efeitos secundários das tão idolatradas novas tecnologias.