17 julho, 2015

Assalto a Serralves








David Pontes
(JN)
Escusam de imaginar mascarados de arma com os quadros debaixo do braço fugindo pelos corredores desenhados por Álvaro Siza para o Museu de Arte Contemporânea. Este é um assalto de colarinho branco, há muito tempo desejado e que, pelas notícias mais recentes, só foi evitado à última hora.
A segunda cidade do país tem muita atividade cultural de relevo nacional e internacional, mas não tem muitas instituições culturais de relevo nacional. Serralves, Casa da Música, São João e Soares dos Reis são aquelas que mais prontamente saltam à memória.
As duas delas que têm "Nacional" no nome, o Museu Nacional Soares dos Reis e o Teatro Nacional de São João, vão gerindo a asfixia orçamental que é a marca dos dias que correm. O teatro, pelas suas características programáticas, ainda consegue disfarçar a frugalidade, mas o Soares dos Reis há muito que praticamente não é mais do que um bom conservador do seu acervo.
Casa da Música e Serralves, que têm participação do Estado e de privados, são sem sombra para dúvidas os maiores motivos de atração e de atenção, por um público que ultrapassa largamente as suas fronteiras regionais e por uma dinâmica que tantas vezes faz os amigos de Lisboa dizerem "um dia deste tenho de lá ir".
São instituições ímpares no todo nacional e, por isso, não só motivo de admiração mas também de cobiça e o episódio que culminou com a demissão do diretor do Museu do Chiado é uma marca dessa tensão.
Serralves é, por decisão do Estado português, o Museu Nacional de Arte Contemporânea por excelência, a instituição nacional que concentra a sua coleção a partir da década de 1960, enquanto ao Chiado e a Soares dos Reis cabe o período anterior. De acordo com esta divisão, o Estado depositou o acervo de obras artísticas que foi adquirindo.
A recente tentativa desastrada do secretário de Estado de deslocar para a tutela do Museu do Chiado um conjunto de obras da Coleção SEC mostra como é difícil à capital pensar o país como um todo e não como um "tudo cá". Dessa incapacidade sofreu o Centro Português de Fotografia, pensado como uma instituição autónoma, dinâmica, e não uma dependência da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas.
Lisboa até pode achar que este é o momento de ter um museu de arte contemporânea à imagem de Serralves, mas que o faça à custa da violação do que está protocolado só mostra a má raiz da decisão. Ainda bem que, desta vez, os assaltantes foram apanhados à porta do museu.
Nota de RoP:


David Pontes é dos poucos jornalistas do JN que critica com frequência as habilidades dos serviçais do centralismo. É pena que o alinhamento editorial do jornal não tenha a mesma coerência e tenha optado por imitar o mediatismo pasquineiro do Correio da Manhã. 
David Pontes foi moderador do único programa sério do Porto Canal onde, juntamente com o jornalista Manuel Carvalho e o vice-reitor da Universidade do Minho José Mendes, discutiam temas relacionados com o centralismo e a regionalização (Pólo Norte), que, vá-se lá saber porquê, acabou, ao contrário de outros, sem o mínimo interesse que ainda são transmitidos. 


15 julho, 2015

Xavi Hernández: "Tranquilo, Luis, está Iker"


Xavi Hernández:



 



El exjugador del Barça describe en una carta abierta en 'La Vanguardia' su relación con Casillas desde que se conocieron en la adolescencia

Conocí a Iker en el Mundial de Egipto sub-17 y congeniamos enseguida. Éramos unos críos, 



pero ya nos parecíamos. Nos gustaba vacilarnos y yo siempre he tenido debilidad por la 



gente rápida de mente. El paso de los años no ha cambiado a Iker, siempre que me 


preguntan por él contesto lo mismo: "Este es muy buena gente"



Por eso me sabe mal lo que está pasando con él. En los últimos años he visto que no 

disfrutaba como antes, lo veía incluso amargado y creo que deberíamos hacer una reflexión 

entre todos en este país al respecto. No puede ser que los deportistas en España no puedan 

hacerse mayores sin que se les falte al respeto, sin que se deje de valorar todo lo que han 

hecho por su deporte, al contrario, buscando sus defectos, a veces con mala leche. Está 

ocurriendo también con Rafa Nadal, el mejor deportista español de todos los tiempos. Veo a 

Buffon, que tiene 37 años, y lo veo disfrutar en la portería. Veo a Iker y tengo la sensación 

de que últimamente jugaba bajo presión, como si tuviera que demostrar lo gran portero que 

es en cada partido, sin esa felicidad con la que siempre jugó. Ahora se va al Oporto y estoy 

seguro de que será recibido como un héroe. Alucinará. Fuera de aquí le valorarán más. Yo, 

por todo lo que me ha pasado en el Barça este año, me considero la excepción, un 

afortunado, pero Iker merecía el trato que él siempre tuvo con los demás.


¿Cómo no se puede valorar a Iker? ¡Si me ha puesto de los nervios jugando contra él! Para 



mí es el portero más decisivo de la historia. Qué paradas. Quizás no tenía las mejores 



condiciones, el mejor juego con los pies como se ha puesto de moda ahora, pero no he visto 

un tipo más intuitivo que él bajo palos. Cambió la historia de la selección con aquella tanda 

de penaltis contra Italia. "Tranquilo Luis, que está Iker, este tiene flor", le dije a 

Aragonés. Pero no era sólo flor. Era algo especial. Las paradas contra Robben en la final del 

Mundial, una a Perotti contra el Sevilla que parecía imposible... Tantas. Lo que más me 

alegra es que hemos mantenido nuestra amistad por encima de nuestros colores. Iker es del 

Madrid cerrado y yo del Barça a tope pero logramos superar una crisis como lo hacen los 

matrimonios. Me acuerdo de aquella temporada en que los clásicos eran como batallas. Me 

llamó y nos dijimos de todo. Empezamos la conversación con la bufanda puesta, como 

fanáticos, pero para cuando colgamos el teléfono ya éramos nosotros mismos, dos personas 

que se aprecian por encima de los colores. No se valora que Iker salvó la selección con aquel 

gesto. En fin, qué más puedo decir. Me sabe muy mal su salida del Real Madrid. Me da 

pena. 


Me parece descafeinada. No hace falta que le diga que es un grande y que lo aprecio mucho. 

Te deseo mucha suerte en tu nueva etapa en el Oporto, amigo.

Nota de RoP:

As declarações deste artigo do jornal Lavanguardia,  produzidas por um adversário 
de peso, nada mais, nada menos, Xavi. esse fantástico jogador do Barcelona são o que 
melhor atestam o grande carácter de Iker Casillas, que é uma coisa que certos 
jogadores do FCPorto, precisam de saber o que é... Um deles, já foi embora. E ainda bem, 
digo eu. 

14 julho, 2015

Acalmem-se, não se orgulhem de vacuidades

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SARA SAMPAIO é portista de do Porto...
Espero, mas espero sinceramente, que todo o folclore mediático gerado com a contratação de Casillas não sirva para camuflar outras coisas. Nem quero aqui discutir se o FCPorto irá retirar dividendos económicos ou desportivos com essa contratação, porque isso, dou de barato que até venha a acontecer. O que quero, é saber o que é que o Presidente do FCPorto tenciona fazer se a equipa que agora está a ser construída - com os custos decorrentes das novas aquisições - será devidamente blindada e protegida do famoso "colinho" dado pelo Presidente do Conselho de Arbitragem da FPF ao clube de todos os centralistas, caso essa continue a ser  (outra vez)  a imagem de marca para a época que se avizinha...

Compreendo a euforia que gravita à volta do ex-guarda redes do Real Madrid e até me espanto com a infantilidade de certos adeptos revelada nos blogs e nas redes sociais, quando às expectativas do seu rendimento que vão muito para lá dos resultados desportivos. Alguns, até já dizem que a Sara Carbonero pode mexer com a pasmaceira do Porto Canal... É inquestionável que o prestígio do Real Madrid e as relações de proximidade com o FCPorto podem ser uma coisa positiva. Mas o FCPorto tem de se acautelar com o excesso de euforia, porque não é um guarda-redes, por melhor que ele seja, que pode (como já li) ganhar campeonatos, nem é a sombra do Real Madrid que nos dará mais visibilidade. Eu sou acima de tudo portista, o Real Madrid, bem como qualquer outro clube do Mundo, estarão sempre na fila de trás, e alguns, muito atrás mesmo.

Não me admiraria pois, que tendo o director do Porto Canal uma pérola internacional para "explorar" mediaticamente, que além de mais, é portuense e portista, e que por acaso também se chama Sara (Sampaio), convidasse para um programa e em primeira mão a outra Sara para uma entrevista. É típico do alinhamento beija-mão do canal. Se o faz com os betinhos e betinhas de Lisboa, por que não havia de fazer com a belíssima "bomba" Sara Carbonero? Mas isso não chega, é preciso mais, é preciso pensar a sério num projecto de televisão, que é coisa que Júlio Magalhães ainda não foi capaz de realizar.  O Porto Canal está pior do que nunca...e (consta) que é parte importante do património portista.

Portanto, cautelas e caldos de galinha, recomendam-se. Nunca fizeram mal a ninguém, nem às paranóias mediáticas, ao folclore rasca e patrioteiro muito comum nos lisboetas.

Político, e atrasado mental?


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«Primeiro-ministro comparou a vitória portuguesa sobre a Troika com a "vitória" dos portugueses contra os castelhanos na Batalha dos Atoleiros. Espanhóis parecem não ter gostado.» Ler o relatório clínico aqui.

O homem deve estar completamente passado da cabeça. Mas não terá ele ninguém na família, no ciclo de amigos, ou mesmo no partido (aqui será mais difícil), que lhe digam, que por declarações bem menos graves, está muita gente internada em hospícios para doentes mentais? 

Estarão todos a fechar mal a porta, ou será pandemia europeia? 

Cada vez admiro mais o povo grego.

13 julho, 2015

O pasquim do JN e o novo filão chamado Iker Casillas


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Dadas as relações de proximidade entre o Jornal de Notícias - agora mais pasquim que nunca - , e Jorge Nuno Pinto da Costa, conselheiro editorial do mesmo, só falta entregar o Dragão de Ouro a toda a administração do JN e respectivo corpo directivo pelo excelente trabalho ao serviço do FCPorto: aqui, aqui, e aqui.

A isto, chama-se solidariedade à moda do Porto. Como, as tripas...

12 julho, 2015

Rui Moreira: “Devíamos falar menos sobre a Grécia porque também vivemos na rua dos pobres”


ENTREVISTA


Rui Moreira critica o Governo e o Presidente por “falarem de mais” sobre a situação da Grécia, assumindo o papel do “pobre-sério” que se procura destacar do “pobre-ladrão” sem se aperceberem que, no final, ambos podem estar ligados pelo mesmo destino.
A poucos meses da primeira metade do seu mandato na Câmara do Porto, Rui Moreira sente-se bem na pele de presidente e congratula-se com as transformações que conseguiu em matéria de cultura e de coesão social. Em parte, ancora o seu sucesso numa boa herança de Rui Rio, mas opõe ao seu antecessor um estilo de governação mais aberto e dialogante, no qual a vontade de “dessacralizar” a imagem do presidente, aproximando-a dos cidadãos, é primordial.
Moreira vai manter-se neutro nas legislativas e nas presidenciais, garante que se se recandidatar será novamente como independente e considera que Portugal só poderá recuperar parte da soberania perdida com a entrada no euro e com a “abdicação” ao memorando da troika se a Europa caminhar no sentido do federalismo. Até lá, quem determina o grau de austeridade não serão nem os eleitores nem o próximo Governo
Sente-se bem na pele de presidente-rei?
Não acho que seja um presidente-rei, mas gosto imenso de ser presidente de câmara.
Presidente-rei no sentido de quem cultiva uma faceta popular, que gosta de eventos com muita gente, que não limita ao gabinete.
Nesse sentido, acho que sim. Nós dissemos várias vezes que íamos tentar dessacralizar a visão que a cidade tinha dos anteriores presidentes de câmara, e não apenas do meu antecessor. Queríamos ter pelo contrário um modelo mais nórdico, mais anglo-saxónico em que o presidente da câmara é apenas ‘mais um de nós’. E nesse sentido acho que temos feito um pouco isso, quer eu, quer os vereadores.
A vontade de manter esse contacto com a população resulta da constatação que vive em estado de graça?
Não sei se é um estado de graça. Espero que seja um estado normal em que o presidente de câmara, que tenta interpretar a cidade, consegue viver. Se não for assim, não faz sentido. No dia em que eu tiver medo de sair à rua, nesse dia tenho de me ir embora.
Está coligado com o PS e, teve o apoio do CDS e a sua candidatura foi impulsionada por destacados militantes do PSD. Como vai gerir este saco de gatos nas legislativas?
Nas legislativas não vou gerir coisa nenhuma. Já disse que o presidente da Câmara do Porto não apoiará nenhuma candidatura, não é isso que me preocupa no dia-a-dia.
Mas, pessoalmente, qual é o programa político para o país que mais o atrai?
Nem sequer vou responder a isso. Se não estaria a fazer o que disse que não faria.
Esse distanciamento não torna a relação com o seu parceiro de coligação PS mais difícil? 
Não, isso ficou claro a partir da primeira hora. Fui eu quem ganhou as eleições e convidou o PS, não foi o PS quem ganhou as eleições e me convidou a mim.
Em relação à austeridade: acha que Portugal vai ter condições nos próximos anos para a aliviar significativamente?
Vai depender do que suceder na Europa. Isso não vai ser decidido pelo Governo português. Tudo aquilo que tem sido dito pelos vários partidos, e não apenas por aqueles que são candidatos à vitória, pressupõe sempre que nós temos hoje uma soberania total. Mas os países europeus, principalmente os que têm a nossa dimensão, perderam e abdicaram dessa soberania quando entraram para o euro e ao mesmo tempo não construíram uma outra soberania, que seria a soberania federal. A Europa dos directórios, que eu temi e sobre a qual eu escrevi mutas vezes no PÚBLICO, é que vai determinar se vai haver mais austeridade ou não. O Governo português, qualquer que ele seja, pode determinar onde é que vai aplicar a austeridade: se é aqui ou se é ali.
Actualmente temos em Portugal dois discursos políticos em confronto: um que aceita a austeridade como uma coisa natural e outro que promete luta contra essa austeridade, dizendo que é possível criar condições mais suaves para o país. Qual destas teses lhe parece mais consistente?
Eu creio que essas narrativas podem ser atractivas para as eleições importantes que aí vêm. Mas enquanto não percebermos o que vai acontecer à Grécia – e o que vai acontecer com a Grécia é algo que nós não conseguimos determinar -, eu entendo que os portugueses não devem fazer a sua escolha em função de que se vai ou não vai aliviar a austeridade. Eu pelo menos não o vou fazer. Pela simples razão de que isso não é determinado pelo eleitorado português. Não vão ser os nossos eleitores nem os nossos governantes que vão sair das próximas eleições que vão determinar isso.
Portanto, para si a Grécia é o mais importante assunto da política interna portuguesa?
Com certeza. Em que nós temos muito pouca intervenção. Não vamos ser ouvidos nem achados sobre a Grécia, mas o que vai suceder na Grécia e as consequências que virão a ter na Europa e na futura soberania da Europa é que vai determinar o caminho que o próximo governo português vai ter que seguir.