17 setembro, 2015

Um FCPorto para portista crer, ou sofrer?

Não gostei do jogo produzido pelo FCPorto, sobretudo na 1ª. parte.  Mais uma vez, foi o individual que levou a melhor sobre o colectivo, que é coisa (como já disse no post anterior) que não me agrada. O futebol não é o ténis, onde cada jogador é responsável pelas próprias decisões, o futebol vive do entendimento entre onze jogadores com umas pinceladas de génio individual pelo meio. Do jogo, salvou-se o resultado e a postura mais agressiva da 2ª. parte.  Mesmo assim, continuo algo céptico em relação aos progressos deste sistema de jogo de Lopetegui, demasiado refém da contenção de bola lateralizada e atrasada, sem lhe extrair os resultados que o justifiquem. 

Não sou de fazer diagnósticos apressados, mas um ano parece-me suficiente para perceber se uma equipa nova, com as limitações próprias dessa juventude, evoluiu consideravelmente naquilo em que estava pior, e o que se continua a verificar, é a manutenção de um modelo de jogo tímido, sem movimentações estudadas, de triangulações monótonas, com os jogadores mais preocupados em não perder a bola do que enfiá-la na baliza dos adversários. Bem sei que esta época entraram novos jogadores e saíram outros, o que não sei, é se uma época é tempo suficiente para estabilizar um modelo de jogo, e se não o fôr, quantas épocas teremos de esperar para termos uma equipa preparada para lutar pelo título sem desculpas. Isto, levando em linha de conta a filosofia de contratações com jogadores emprestados. Este ano, valha-nos isso, o problema não se porá, pelo que já não há margem de desculpa para a época vindoura.

Tenho ainda na retina a humilhante derrota com o Bayern de Munique, no jogo da 2ª volta, onde ficaram plasmados no resultado (6-1) todos os defeitos da equipa do FCPorto, não obstante o poderio da equipa alemã, onde a falta de hábito em jogar rápido e de objectividade do sector avançado foram os que mais se notaram. Aquela mesma equipa, com outra velocidade e outras rotinas, podia perder o jogo, mas nunca  por tamanha diferença, sobretudo depois de ter conseguido um inesperado 3-1 no jogo do Dragão.  

Pois, são os mesmos defeitos, as mesmas desconcentrações que continuo a ver no FCPorto. E não digo isto por ter empatado, que em tese, até pode ter sido um resultado positivo, diria exactamente a mesma coisa se tivesse regressado com o 1-2. O que é preciso, é ganhar, dir-me-ão, mas que diabo, é preciso também ganhar com categoria (não confundam com balet).

O próximo jogo no Dragão tem de ser para ganhar. Se tal não acontecer, não creio que o futuro próximo do FCPorto seja sorridente. Mas, acabo como sempre: contrariem-me, provem-me que isto é tudo pessimismo. 


15 setembro, 2015

Coisas da campanha...ou

...é preciso ter mesmo muita lata
Paula Ferreira

O cabeça de lista da PaF tirou um coelho da cartola. Apertado pelos lesados do BES, quis fazer boa figura dialogando com quem o insultava e lançou a ideia, tosca, de abrir uma subscrição pública para que os que ficaram sem as poupanças de uma vida possam recorrer à Justiça. Parece brincadeira de mau gosto. E a prudência ou as boas maneiras não recomendam humor com quem está desesperado.
Revelando mais bom senso do que o homem que governa o país, os lesados do BES ignoraram as palavras do candidato da coligação PSD-CDS. Consideram a proposta "indigna de um estadista", palavras do advogado que representa os lesados. E ontem fizeram uma contraproposta: pedem a isenção de taxas e custos judiciais nos processos que vão acionar para tentar recuperar o investimento.
O candidato Pedro Passos Coelho tem agora de voltar a vestir a pele de primeiro-ministro e decidir a resposta a dar a estas pessoas. Uma coisa é lançar ideias na refrega da campanha, outra é decidir perante uma proposta concreta de gente que se diz enganada pelos reguladores, precisamente aqueles que deviam garantir a confiança. Gente que já pouco ou nada tem a perder e que não hesita chamar, olhos nos olhos, mentiroso ao primeiro-ministro.
Tudo parecia correr bem enquanto o governante estava no recato de S. Bento, com as notícias da retoma. Mas Passos Coelho teve de sair à rua, dar a cara pelas políticas que fizeram Portugal sair da crise. E mostrar porquê. Enfim, é a campanha dia a dia, que se encarregará de lembrar a Passos e a Portas que por trás dos números estão pessoas. As que deixaram de integrar a estatística do desemprego, não porque estejam empregadas, mas porque simplesmente esgotaram o prazo para receber o subsídio; os pais que viram os filhos emigrar em busca de emprego, após anos de sacrifício para lhes pagar o curso superior; os reformados que sentiram os cortes brutais; os professores sem escola...
Eles vão andar aí até 4 de outubro. Mais ou menos organizados. E não bastará à dupla Passos/Portas recorrer a Sócrates para justificar todo o mal que aconteceu aos portugueses. Como lhe dizia ontem uma idosa durante uma ação de campanha em Paço d"Arcos, "agora o engenheiro José Sócrates paga por tudo e mais alguma coisa". "Quer que pague eu?", replicou Passos. Apenas pelos quatro anos.

14 setembro, 2015

Uma cidade com vocação empreendedora

E hoje o Porto continua a ser uma cidade com capacidade empresarial, gosto pelo trabalho e vocação empreendedora. Veja-se como o Porto se multiplicou em negócios para aproveitar o atual boom turístico. Ou como o seu tecido produtivo está a evoluir para uma economia do conhecimento, em boa medida devido às startups inovadoras criadas nos ecossistemas de empreendedorismo da cidade.
Relativamente a este último ponto, importa sublinhar que o Porto dispõe de excelentes ecossistemas de empreendedorismo, mercê do número apreciável de instituições do ensino superior, unidades de I&D+i, incubadoras de base tecnológica e associações empresariais sediadas na cidade, como a ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários. Esta massa crítica alimentou um núcleo de empresas intensivas em conhecimento e com perfil tecnológico.
Mas o Porto tem potencial para desenvolver e atrair mais empresas inovadoras. Para além do conhecimento proveniente das universidades e do apoio das muitas infraestruturas de incubação, a cidade garante qualidade de vida. O Porto oferece um clima moderado, beleza patrimonial e paisagística, equipamentos culturais, mobilidade urbana, ambiente cosmopolita, boa gastronomia, segurança e baixo custo de vida.
Há, pois, um conjunto de fatores estruturais que o Porto possui e que fazem da cidade um polo de atração de capital humano, nomeadamente de empreendedores, gestores e investidores com capacidade para dinamizarem a economia local. Resta, agora, potenciar cabalmente esse conjunto de fatores.
Shark TankEste artigo foi escrito por João Rafael Koehler, presidente da ANJE, a convite do P24.

13 setembro, 2015

Arouca, 1 - F.C. PORTO, 3 - Melhor o resultado que a exibição

Image de FC Porto passa teste em Arouca (3-1)
Adeptos do FCPorto em Arouca

O facto de o FCPorto ter vencido este jogo com uma margem confortável não me fez esquecer as dificuldades do costume. Lentidão, demasiados passes para trás e para o lado, enfim, uma tremideira em progredir com a bola que não se compreende. Não creio que por reconhecer a manutenção deste tipo de futebol, me possam acusar de qualquer exagero, até porque duvido que muitos adeptos não tenham sentido o mesmo que eu, embora essa desagradável sensação tenha sido muito  atenuada pelo resultado vitorioso. 

De positivo, e contrariamente ao que mais valorizo no futebol, que é o jogo de equipa e a sincronização de movimentos entre jogadores, devo destacar a estreia auspiciosa de Jesús Corona, com dois golos oportuníssimos, a entrega de Aboubakar, de André André, a classe de Rúben Neves e finalmente o (ainda) tímido perfume de Imbula. Na minha opinião de mero espectador, foram eles que coloriram a exibição e contribuíram para que o resultado não fosse outro. Não porque o Arouca merecesse outro resultado - porque o FCPorto foi superior -, mas porque a equipa ainda mostra fragilidades a assimilar este sistema de jogo e se perde num vai-vem de monotonia que lhe pode custar caro quando tiver de aproveitar as poucas oportunidades que terá para marcar. 

De resto, como esperava, o árbitro, já conhecido dos portistas por não perder oportunidade para prejudicar o FCPorto, mostrou ao que ia. Exibiu cartões amarelos com a discriminação que se lhe conhece, uma série deles para os jogadores do FCPorto, alguns patéticos, intimidou o nosso treinador e só não foi mais longe porque não pôde. Já com os jogadores do Arouca assobiou para o lado a alguns deles que mereciam um apito bem sonoro...

Resumido: tudo está bem, quando acaba bem. Mas, fica o aviso: se a máquina não fôr definitivamente oleada, se os jogadores não perderem o medo de ter bola (às vezes é isso que me parece), se não tiverem fome de baliza, não pressionarem mais à frente e forem um bocadinho mais expeditos, podemos ter de replicar filmes já vistos... Se isto coincidir com a apatia do ano passado da Direcção portista em relação ao colinho dado ao Benfica, podemos vir a arrepender-nos.