04 fevereiro, 2016

TAL-Transportes Aéreos de Lisboa




Rafael Barbosa
(JN)
1 Cerca de 190 mil passageiros e uma taxa de ocupação média dos aviões de 90%. São os números que resumem o êxito das ligações aéreas da TAP entre o Porto e as cidades de Bruxelas, Milão, Roma e Barcelona, durante o ano passado. Números que confirmam a importância da TAP no bom desempenho dos negócios e do turismo na Área Metropolitana e na Região Norte. E um indicador de que talvez valesse a pena a TAP aumentar o número de ligações a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro. À semelhança, aliás, do que vêm fazendo várias companhias aéreas, nem todas "low cost". Acontece que nem tudo o que parece é. Pelo menos para os novos donos da TAP. Não só não vão reforçar a presença a Norte, como já anunciaram que, no final de março, as quatro ligações à Europa (só entre o Porto e Bruxelas voaram 53 mil pessoas) vão acabar. As rotas são deficitárias, diz a companhia. Acredite quem quiser. Os presidentes da Câmara e da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira e Nuno Botelho, vieram a público lavrar o seu protesto. Mas é uma denúncia que arrisca ser inócua e gera evidentes embaraços. Por uma simples razão: a TAP é agora uma companhia privada, que toma "decisões apenas em função dos seus interesses". E pelos vistos é do interesse da TAP levar os passageiros do Porto para Lisboa, e só daí para a Europa e o Mundo. Como é do interesse da TAP - agora que a sua presença se reduz a quase nada - desviar do Aeroporto do Porto as suas centenas de milhares de clientes galegos, com uma ligação entre Vigo e Lisboa. Suponho que alguns defensores nortenhos da privatização da TAP (nem que seja por omissão) já estejam a morder os lábios. Porque, como sempre, num país dramaticamente centralista, serão o Porto e o Norte os primeiros a pagar a fatura.
2 Não há muito a dizer sobre o facto de o Governo PSD/CDS ter permitido um aumento de salário de seis para 16 mil euros mensais ao indivíduo que nomeou presidente da Autoridade Nacional de Aviação Civil. É bastante dizer que é um insulto que alguém num cargo público leve para casa o mesmo que 30 portugueses que ganham o salário mínimo. Como não há muito a dizer sobre o facto de o mesmo indivíduo ter sacado um aumento com retroativos, ou seja, um "prémio" extra de 30 mil euros. Basta acrescentar que é um truque manhoso. Já se percebeu, também, que está toda a gente contra. Até o PSD e o CDS, uma vez que a culpa, segundo dizem, é da troika. O que é uma aldrabice. Não havendo muito que dizer, há uma pergunta que vale a pena fazer: quando é que os deputados do PS, BE e PCP (não vale a pena contar com os do PSD e CDS, que pelos vistos só fazem o que a troika manda) produzem uma lei que ponha fim a este triste espetáculo? De preferência, com retroativos.

Nota de RoP:
Talvez esteja na hora de António Costa avançar com a promessa de intervir neste negócio da TAP, antes que seja tarde. É uma boa oportunidade para provar que a descentralização que prometeu não fique outra vez pela intenção. E é bom também que o bloco PC/BE apoiem o governa nesta decisão. Os privados, são isso mesmo: privados. Não querem saber do interesse público. O senhor dinheiro é o primeiro e único valor que levam em conta. O resto, é conversa da treta, uma "nunomelada", ou uma "pauloportada", vai dar ao mesmo.

03 fevereiro, 2016

Gratidão de engraxar, é para oportunistas

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Diácono Remédios
Não havia nechexidade,  diria o diácono Remédios, interpretado pelo inefável Herman José... A inspiradora casual desta engraçada frase foi sua mãe, que lhe telefonou no intervalo de um programa, justificando-a por considerá-lo "um bom artista".  É para outros "bons artistas", mas sem a piada, nem a inteligência do Herman, que pretendo dirigir-me, quando digo não havia nechexidade. De facto, preferia não ter de dar explicações tão básicas.

Comentar com educação e fundamento, mesmo que discordando da opinião de terceiros, fica bem a qualquer pessoa, ainda que essa suposta pessoa a dê a coberto do anonimato. Agora fazê-lo, aproveitando o anonimato para insultar, e impôr, à custa de insinuações torpes e cínicas, as suas ideias, torna tal pessoa em pouco mais que nada, numa espécie de parasita social, invisível e inútil. Eu próprio, frequentemente, não me furto de comentar acintosamente temas e decisões com as quais discordo sobretudo quando lesam a dignidade pública. Desde políticos, e  jornalistas, a agentes desportivos. Mas faço-o, explicando porquê, através dos meus textos, dando a cara e o nome. Também já tenho louvado outras pessoas, embora algumas delas posteriormente me tivessem decepcionado...

Não é segredo para ninguém que detesto párias e gente desonesta, sobretudo quando desempenham cargos de alta responsabilidade. É por isso que às vezes digo que não servia para juíz, de acordo com os preceitos labirinticos da Justiça tradicional. Nunca aplicaria para um mesmo crime, a mesma pena a um criminoso poderoso, que a um criminoso pobre em casos de furto e corrupção. A pena maior ia naturalmente para o mais poderoso, e nem vou perder tempo a explicar porquê, até porque na justiça convencional o rico é sempre beneficiado. Logo: uma justiça arbitrária, que protege os mais fortes, é uma justiça suspeita.

Mas, não foi para falar de justiça que evoquei a frase do Herman. É para explicar a certos anónimos que a crítica, como o louvor, são opções opinativas que variam de pessoa para pessoa consoante os critérios de análise de cada indivíduo. O que devemos evitar dizer, quando não gostámos da opinião de alguém acerca de quem quer que seja, é contra-argumentar dizendo coisas do género: por que não vai você fazer melhor? Além de redutora, esta resposta traduz da parte de quem a dá um baixo sentido de cidadania, e uma total incapacidade para sustentar com argumentos idóneos o seu pensamento.

Dou-vos o caso de Pinto da Costa. Todos os que me visitam regularmente, sabem o que escrevi e denunciei, sobre a pouca vergonha que a comunicação social fez ao presidente portista. Tive o cuidado de escrever, que se houvesse algo de objectivo nas acusações que lhe imputavam, que devia pagar por isso, mas ao mesmo tempo também exigia que as investigações se estendessem a dirigentes de outros clubes, pois aquilo que vinha a público, das "frutas" e dos árbitros, era tão pueril no mundo do futebol, que não podia crer que só Pinto da Costa pudesse ser o único "envolvido". O certo, é que ninguém o condenou, a não ser o grupo vergonhoso de capangas da Comissão de Disciplina da Liga, descarados benfiquistas, e em contraste, hoje vemos dirigentes próximos de Luís Filipe Vieira ligados ao tráfico de estupefacientes e o Benfica a oferecer calmamente vouchers de refeições e camisolas como se fosse a coisa mais transparente do mundo... Mas, para a comunidade portista tudo isto é sabido, por isso passo adiante.

Estas chamadas de atenção do que fiz no passado, associadas ao apreço que sempre tive pela liderança forte e competitiva de Pinto da Costa, fez de mim um fervoroso admirador das suas qualidades. Nunca o escondi, nunca me poupei a elogiá-lo. Fí-lo, porque o merecia. Ponto. Esse mérito podia ser intemporal, e era assim que gostava sempre de o recordar. Mas... Mas, lamentavelmente, Pinto da Costa assim não quis, mudou, mudou muito, e para pior. Essa mudança, está a traduzir-se na pior fase do FCPorto dos últimos 30 anos, e ele pensa que os adeptos, só porque o admiravam antes, lhe permitem tudo, até a pior das coisas: a indiferença patenteada num silêncio nunca visto antes.

Sobre este assunto, já disse o que tinha a dizer,  não preciso de escrever um livro. Mas, foi esta desconsideração, a par de atitudes inimagináveis há uns anos atrás - como abrir as portas na festa dos Dragões de Ouro a gente que ODEIA o FCPorto - que entornou o caldo e me fez colocar um ponto final na consideração que tinha por ele. Não me conhece pessoalmente, e que importa isso? Pessoalmente também não o conheço a ele. Agora, o que quero que entendam, é que ninguém está acima dos meus próprios padrões de valores. Nem Pinto da Costa, nem ninguém. Penso pela minha cabeça e não me importo de estar só nessa "empreitada". Por isso, não me chateiem com lições de portismo, porque não vejo grandes exemplos porque me conduzir, ou mudar.  


02 fevereiro, 2016

Miguel Relvas, diz-lhe alguma coisa?





Mariana Mortágua
Banco Efisa, diz-lhe alguma coisa? Era o antigo banco de investimentos do BPN e que está parado desde 2009. Está longe de ser um banco relevante no sistema, mas tem uma mais-valia: uma licença bancária para operar em Portugal, Moçambique, Angola e na América Latina, que foi mantida à custa da injeção de dinheiros públicos, cerca de 52 milhões desde 2014.
Em julho de 2015, já depois de ter vendido o BPN, o Estado decide vender também o Banco Efisa, que até aí se encontrava dentro da Parvalorem, o veículo criado para gerir os restos do BPN. O Efisa é assim entregue à Pivot por 38 milhões de euros.
Na altura pouco se sabia da Pivot, a não ser que congregava investidores angolanos, norte-americanos e portugueses. Ficámos, no entanto, na semana passada, a conhecer um pouco mais desta história.
Miguel Relvas, diz-lhe alguma coisa? Foi secretário de Estado da Administração Local em 2004, altura em que ajudou a Tecnoforma - em que esteve Passos Coelho como administrador - a montar a fraude dos aeródromos. Mais tarde tornou-se número dois do primeiro-ministro Passos, e ministro dos Assuntos Parlamentares até abril de 2013.
Miguel Relvas já tinha sido consultor do banco de investimento do BPN antes da nacionalização. Na altura, o deputado e administrador da Kapaconsult (que tinha como único cliente o Efisa) era crucial para abrir as portas da política e dos negócios no Brasil .
Em 2012, foi o seu Governo a nomear Francisco Nogueira Leite, ex-administrador da Tecnoforma com Passos Coelho, para presidente da Parvalorem. Para além de chamar outros quadros próximos da Tecnoforma, Nogueira Leite manteve homens da confiança de Oliveira e Costa em lugares críticos da empresa. E foi ele, enquanto responsável máximo da Parvalorem, a conduzir a venda do Efisa à Pivot em 2015.
Já fora do Governo, é Miguel Relvas quem aparece, mais uma vez, a prestar serviços de consultoria à Pivot. Mas na semana passada o consultor Relvas foi promovido a acionista, e pede agora ao Banco de Portugal que ateste a sua idoneidade para ser dono de um banco, o Efisa.
Miguel Relvas e idoneidade, uma contradição nos termos capaz de arrancar uma boa gargalhada a qualquer um se não corresse o risco de vir mesmo a ser declarada.
(JN)









Nota de RoP: Em Portugal, seja em que regime fôr, o chico-espertismo não dignifica, mas promove, protege, faz enriquecer. Exactamente o que não faz a quem só sabe viver honestamente, e se arrisca a passar por burro, não o sendo.




31 janeiro, 2016

"Charme" do Porto conquista jornal dos EUA

"Charme" do Porto conquista jornal dos EUA

A estação de S. Bento é o ponto de partida para a rubrica "36 horas em", do jornal norte-americano "New York Times" (NYT), sexta-feira centrada na cidade do Porto.
O jornal elogia os "estonteantes edifícios dos século XVIII e XIX" do centro histórico do Porto, os bares alternativos e as boas vibrações da cidade, "facilitadas pelo excelente vinho", para concluir que "é difícil encontrar algo que não se goste na cidade do Porto".
A nova vaga de restaurantes, alojamentos modernos, o design dos novos estabelecimentos e a comida são elogiados pelo NYT. "Um dia ideal no Porto combina a grandeza da sua história com uma descontração a tempo inteiro", escreve Nell McShane Wulfhart.
Da estação de S. Bento, encantado com os azulejos característicos de Portugal, o autor desceu em direção ao rio, para comprar vinho do Porto ou experimentar a restauração local, da típica à moderna, com elogios a José Avillez, em Mouzinho da Silveira, e Pedro Lemos, na Foz, mas também à "miríade de confeitarias" da cidade e aos muitos locais para petiscar.
Segundo o NYT, "a fantástica amálgama de detalhes de arquitetura" da Sé do Porto resulta num edifício que vale a pena fotografar, por dentro e por fora.

O Centro Português de Fotografia, na antiga cadeia de Relação, e a Torre dos Clérigos fazem, também, parte do percurso.


(Fonte:JN)



Nota de RoP: