12 março, 2016

Qual garra, qual carapuça!!

Como "bom" portista, o meu dever era ficar muito satisfeito com a victória desta noite no Dragão sobre essa temível equipa que dá pelo nome de União da Madeira.  Até porque os jogadores tiveram garra, como alguns dizem, pensando que a garra tudo resolve. A verdade é que não resolve, porque o golo da salvação surgiu ironicamente  de um dos jogadores que pior jogou (Corona).

Quando a famosa garra é acompanhada de uma sucessão de passes e cruzamentos errados, quando os jogadores têm medo de rematar à baliza, e dão todo o tempo do mundo aos adversários para reorganizarem a defesa, quando a opção inteligente era rematar rapidamente, não há garra que nos valha. Às vezes, só às vezes, o que pode  haver é sorte, como foi o caso desta noite. Tanto assim é, que mesmo quando ganhávamos por 2-0,  tinha dúvidas da victória do FCPorto, tal era a anarquia do futebol portista. Como tal, custa-me muito dizer que esta foi uma victória merecida. Não foi. A posse de bola mal gerida. é uma posse irrelevante.

Já disse o que pensava sobre este assunto. O problema já é antigo, e começou com o flop da contratação de Lopetegui e a potencialização do seu futebol medroso, que pouco a pouco, foi perdendo a noção da indispensável componente ofensiva, transformando os jogadores em meninos acabados de sair da formação, inseguros e inexperientes. Na minha vida já algo avançada, não me lembro de ver um FCPorto tão descaracterizado e frágil no seu próprio estádio. Isto é a regressão mais humilhante a que jamais assisti. Se Pinto da Costa dorme tranquilo depois disto, era bom que abandonasse o clube e promovesse eleições, porque agora só está a estragar a sua famosa folha de serviços.

Estando o problema principal há muito definido, torna-se inútil falar dos secundários, mas mesmo assim não consigo perceber como é que (é só um exemplo, entre muitos) nem Lopetegui, nem Peseiro, não tiveram arte nem engenho,para convencer Brahimi a jogar para a equipa. Isto, porque ele insiste em agarrar-se à bola até a perder, mostrando-se  incapaz de aproveitar o factor surpresa para a passar ao colega melhor colocado. Persistindo em jogar para ele próprio é um jogador a menos no FCPorto, e o que é pior, é que não se limita a bloquear o jogo do Porto, faz passes sucessivos aos adversários. Isto,é inaceitável continuar a acontecer no nosso clube, mas parece que não se  passa nada. O dinheiro em caixa dá cá uma tranquilidade...

A victória,é o mais importante, é isso que conta para muitos. Com victórias destas o desprestígio do clube, esse sim, será galopante, e a culpa tem um nome: Jorge Nuno Pinto da Costa. O resto, é folclore.


Quem esteve melhor? O Presidente, ou os tripeiros?

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Marcelo Rebêlo de Sousa e Rui Moreira
A minha resposta: ambos!

Como qualquer pessoa normal, tenho a minha sensibilidade humanista, emociono-me com a bondade, com as atitudes que distinguem um homem extraordinário (ou mulher) de uma pessoa vulgar. Comovo-me com tudo que promova o bem, sem demagogias. Mas a experiência da vida ensinou-me a esperar, antes de retirar ilações sobre a coerência do carácter das pessoas, sabendo embora, que não há ninguém perfeito (eu incluído, como é óbvio). 

Vem isto a propósito do recém-eleito Presidente da República, Marcelo Rebêlo de Sousa, e da recepção calorosa que o povo lhe ofereceu no bairro do Cerco do Porto. Digam o que disserem, ninguém pode condenar Marcelo pela extasiante aproximação ao povo do Porto, do mais importante magistrado da nação. De mais a mais, quando nunca outros, antes dele, se disponibilizaram a fazer algo de semelhante. Marcelo foi inteligente. Claro que, num país onde o escárnio e maldizer faz escola, não vão faltar os perfeccionistas do costume. Vão acusá-lo de populismo, que é o adjectivo mais traiçoeiro para quem dele abusa - porque são quase sempre eles próprios os mais populistas -, e arranjar um sem número de argumentos para criticar este novo estilo de fazer política.  Aliás, ainda que possa contradizer-me, populistas, uns mais, outros menos, são quase todos os políticos. Isto é uma realidade. E se a estes juntarmos os jornalistas, nunca mais saíamos daqui, até completar a lista.  

Portanto, gostaria muito que Marcelo soubesse aliar à sua arte de comunicar com o povo, uma verdadeira preocupação com as suas condições de vida, e mostrasse coragem e vontade institucional, para intervir junto do governo (este, ou outro qualquer) sempre que tal se justificar. De outra maneira, ninguém vai acreditar na política do beijo e do abraço com que habilmente venceu as eleições. Correrá o risco de passar por impostor. Como quer que seja, gostei que se tivesse despido de preconceitos, de não se ralar com a infinidade de beijos e abraços oferecidos por mulheres e homens visivelmente carenciados de alguém que saiba (e queira) liderar ou influenciar, os seus proprios destinos.

Devo acrescentar, que aquela gente tripeira, sem papas na língua e exemplar na autenticidade, me emocionou também a mim, pela forma calorosa como recebeu o novo Presidente da República. Ele, soube para já, merecê-lo, e espero que nunca mais esqueça esta fantástica recepção. Agora, só tem de continuar. 

Por sua vez, Rui Moreira, também esteve muito bem, assim como Manuel Pizarro. O discurso do nosso autarca foi assertivo e eloquente quante baste. Discursou curto, mas disse o mais importante. A tentativa de cumplicidade com o PR na luta contra o centralismo, foi a mais relevante para os portuenses,   e para todos os que não vivem em Lisboa.

PS-Não gostei nada da atitude do BE e do PC, na cerimónia de posse do Presidente na ARepública, de não aplaudirem unanimemente Marcelo. Que diabo, era uma questão de cortesia protocolar. Talvez no futuro venham a ter motivos para o criticar, mas numa altura daquelas, pareceu-me feio. Só coloco a seguinte pergunta: se o eleito, fosse um simpatizante comunista, o que diriam os comunistas? Não me revejo nas políticas direitistas, mas há coisas que não decidem nada e caem muito mal, como foi o caso. 

11 março, 2016

Marcelo diz que o Porto é "berço da liberdade e da democracia"


O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou hoje que o Porto é "de algum modo o berço da liberdade e da democracia", afirmando que terminar as cerimónias de posse na cidade é "uma homenagem ao Porto".
"Aqui vir e aqui estar hoje a terminar as cerimónias de posse iniciadas em Lisboa é, a dois títulos, simbólico. É simbólico como homenagem ao Porto, ao seu passado, ao seu presente e ao seu futuro. É simbólico como sublinhado de virtudes nacionais num tempo atreito eadesânimos, desilusões e desavenças", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, nos Paços do Concelho.
Para o Chefe de Estado, a história da cidade "enche o Porto de glória", mas "o presente continua a fazê-lo como terra de gente de carácter, de liberdade, de convivência aquém e além-fronteiras".
"O Porto é terra geradora de elites em todos os domínios", designadamente no mundo da economia como na Universidade, na cultura como nas artes e no desporto, disse, apontando os nomes de Manoel de Oliveira, Agustina Bessa-Luis, Souro Moura, Pedro Abrunhosa, Siza Vieira, Vasco Graça Moura e Daniel Serrão como exemplos desse "património imperecível".
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "a expressão ou matriz de uma maneira de ser" dos cidadãos do Porto "não se esbateu com o tempo, antes se reforçou ganhando as camadas da nobre pátina que só o tempo sabe conceber".

CRÓNICA DE UMA CERTA CIDADE À PROCURA DE UM EQUILÍBRIO

O Porto, cidade de históricos pergaminhos, conhecida também pelos valores da sua gente – essa espécie de “alma de muralha” como Agustina lhe chamou – vive presentemente tempos desiquilibrados. Se por um lado está num momento de reconhecimento internacional, por outro sente-se uma desigualdade entre a oferta de novos serviços e bens trazidos pelo turismo e as ânsias da sua população.
A cidade nunca esteve como agora, com um sentimento tão pujante com os turistas que enchem as suas ruas. Os portuenses orgulham-se com o reconhecimento que internacionalmente a Invicta tem tido, seja como primeiro destino turístico de muitas revistas da especialidade, ou até em artigos de importantes jornais como o New York Times. O Porto, de facto, está na moda. Há lojas novas com novos conceitos. Novas ideias de exploração turística nunca até agora pensadas. Até a nível cultural as coisas mudaram. O próprio orgulho na cidade parece florescer entre as populações mais jovens.
Ora, toda esta euforia que anda à volta da cidade, apesar de louvável, pode, num futuro não muito distante, trazer problemas ao Porto, com situações que ocorrem já noutras cidades como Barcelona ou até, mais próximo de nós, Lisboa. De facto, uma massiva exploração turística, aliada a uma ganância de transformar o centro da cidade num gigantesco hotel, pode fazer com que a Invicta perca a sua alma: os seus habitantes de sempre. Aqueles que fazem as estórias da História milenar da cidade. Uma população envelhecida não está a ser substituída. A voragem turística leva a que os portuenses se sintam expulsos da cidade. Moradores de uma vida inteira no centro histórico são pressionados pelos senhorios para abandonarem as suas casas. Além disso, casas que eram apenas de habitação passam a estar desordenadamente ocupadas por hostels e pensões. Os ainda moradores do centro histórico até dizem que estão proibidos de terem vista para o rio, como a comunicação social tem assinalado, exprimindo que a cidade onde nasceram começa a ser pequena demais para eles.
Há uma população que está a desaparecer. Grave também é que quem quer voltar a habitar o centro histórico, perpetuando a memória de ser portuense, está a sentir-se expulso. Em certos aspectos os portuenses começam a sentir que não têm poder de compra para usufruir da sua própria cidade: nem na visita a certos locais como Museus ou monumentos, nem no andar nos eléctricos ou no funicular dos Guindais que se destinam, pelo preço, a turistas deixando de ser meios de transporte comuns (e pense-se no declive que o eléctrico vence nas linhas 18 e 22, que fazem dele um meio de locomoção essencial para as populações mais idosas). Perde-se assim uma espécie de alma que é o Porto: os seus moradores, esse lado inexplicável e secreto que também caracteriza as cidades com História. E essa perda traz como que uma sensação de vazio.
Verdadeiramente, o que pode interessar a um turista comum uma nova cidade como o Porto? Não apenas os seus monumentos e História. Interessa-lhe também a vida dessa cidade, as experiências dos seus habitantes. O seu lado mais íntimo, que lhe permite viver a cidade o mais próximo da forma como os seus habitantes a vivem/experimentam. Ora, o Porto atravessa o perigo de isso perder. Querendo aproximar a cidade de padrões mais europeus, locais outrora típicos, de todos e para todos, como certos cafés ou restaurantes, tornam-se “lounge” ou “gourmet” – sítios que há em todo o lado – e até um dos mais famosos pratos, a francesinha, tem alterações que a fazem ser tudo menos… francesinha. Tudo isto traz uma sensação de plasticidade, de falso, que antes não existia no Porto. Antes podia haver menos oferta, mas não faltava genuinidade.
João Sousa Dias. Foto: DR
João Sousa Dias. Foto: DR
Concluindo. Sentimos que o Porto parece estar a viver como no fio de uma navalha. Muito do que é intrinsecamente tripeiro se perde com a invasão turística sem plano. Muito do que fez o Porto ser o que é pode estar à beira de desaparecer, perdendo a cidade a sua alma, as suas peculiaridades. Queremos nós, portuenses, ter uma cidade típica, com uma identidade forte, ou uma cidade essencialmente turística, sem habitantes no seu centro histórico, uma cidade como já tantas outras?
João Sousa Dias

09 março, 2016

O paradoxo deste FCPorto

Mal comparando, associo a passividade de alguns portistas com a metamorfose de Pinto da Costa, com o baixo grau de exigência dos portugueses na hora de eleger governantes. É um facto, que o presidente do FCPorto ganha na comparação, devido a um currículo acumulado fabuloso que lhe grangeou um enorme capital de confiança, e sem paralelo no dirigismo desportivo, coisa que nenhum governante ousou imitar em 42 anos de democracia*. São áreas e graus de responsabilidade diferentes? São! Mas em 42 anos de democracia, era obrigatório termos um país melhor, mais simétrico e justo. Nunca tivemos homens para isso. Na sua área, Pinto da Costa foi um vencedor, contra tudo, e contra todos, a sério. Agora, brinca com o centralismo, e dá-lhe palmadinhas nas costas (espero que ninguém me processe)... Não é o mesmo homem.

Seria mais ajustada a comparação, se Pinto da Costa continuasse nessa onda de lutador, de competência e sucessos, ou se, pelo menos, soubesse reconhecer as suas actuais limitações e as consequências daí inerentes para o FCPorto. Assim não o entendeu, e agora arrisca-se a desbaratar esse currículo colocando os portistas divididos entre a expectativa da incerteza, e a certeza da decepção. Pior, arrisca-se a perder o respeito dos adeptos. 

Eu, estou no grupo dos portistas decepcionados. E já não tenho dúvidas que o FCPorto, a continuar nesta torrente de arrogância silenciosa com os adeptos, e de submissão fraterna com os inimigos (e do clube), está a destruir um passado de honrarias difícil de recuperar nos anos que se avizinham. A menos que, haja alguém (não vejo quem) disposto a investir muito dinheiro no clube, e que a gestão comece reduzindo, em vez de aumentar o elenco administrativo, como mesmo agora aconteceu (pasme-se), antes  das eleições. E, já que a austeridade terá de ser a regra, que procurem emprego para os familiares de preferência longe do clube, para poderem ter alguma moral quando quiserem falar dos males do centralismo.

Há outros recursos dispensáveis. Pelo menos, na minha óptica. O Porto Canal. Que utilidade teve até agora, em termos práticos? A transmisão de jogos das modalidades, e do futebol da formação? Okey, era importante! E o resto? E que respeito houve da parte do FCPorto com os milhares de adeptos clientes da NOS na negociação abrupta com a MEO, que agora se viram privados desses conteúdos? Quem lhes paga o prejuízo? A NOS? O FCPorto? Nada!

No âmbito desportivo, para que nos serviu o Porto Canal, se os convidados e colaboradores, se abstinham de denunciar as poucas vergonhas das arbitragens em sintonia com a voz do dono? Ninguém lhes pedia que imitassem o lixo dos canais de Lisboa, mas daí a transformarem debates que se impunham sérios, e pro-activos, em autênticos coros de monges beneditinos, onde o politicamente correcto (hipocrisia) era a palavra de ordem, vai uma grande distância. Júlio Magalhães já não se importou de copiar (para pior) o pior das televisões lisboetas, como as Grandes Manhãs e as entrevistas meladas aos socialites da capital. Até nisso, o FCPorto deste Pinto da Costa falhou! O Daniel Deusdado (actual Director de Programas da RTP3) podia ser uma solução interessante, até porque já tinha dado provas de empreendedor criativo com programas como a Liga do Últimos e outros. O que é aquilo no Porto Canal, senão um centro de empregos para os amigos dos amigos?

Todo este emaranhado de barretes, não podem ser simples concidências, são antes a explicação factual do desnorte que assolou o Dragão. São muitos, mas todos encolhidos na mesma concha de interesses. Neste FCPorto não me revejo.

Viva o FCPorto regenerado! Viva! 
Vivam os adeptos! Vivam!


*Entenda-se, liberdade eleitoral.Só!

08 março, 2016

Adeptos/Opiniões


Esqueçamos, por momentos, as nossas opiniões pessoais sobre os adeptos portistas acima plasmados, e levantemos algumas questões:

  1. Mesmo não levando a sério as declarações de Pinto da Costa quando disse (no Porto Canal) que não lia blogues, a pergunta que se impõe, é: também não lê jornais? Este retalho, foi cortado do JN, onde Pinto da Costa faz questão de conservar o seu nome no Conselho Editorial, apesar de agora ser mais um jornal a fazer coro com os jornais de Lisboa na campanha de branqueamento e promoção do clube do regime.  
  2. Se não lê blogues nem jornais, quais são as suas fontes de informação de referência? A Bola? O Record? O Correio da Manhã?
  3. No universo distante e hermético da SAD, não haverá ninguém que leia por ele, e o informe do que se passa fora dos gabinetes? 
  4. É com silêncio, com uma política de altivez face aos adeptos, e a aproximação fraterna aos símbolos do centralismo que pensa combatê-lo? 
  5. Será que o Presidente portista acha a grande massa adepta do FCPorto uma cambada de parvos sem voto na matéria? Se acha, está enganado, porque ainda há quem não se sinta obrigado a engolir sapos com os juros do que fez no passado.
  6. Por último, há uma coisa, a qual Pinto da Costa já não pode obstar: a liberdade de opinião. E, estes depoimentos de 4 colunáveis portistas, não são propriamente manifestos de solidariedade.  

07 março, 2016

O Xistrema é isto. Haverá dúvidas?

A Coisa
Não quero falar do jogo em pormenor. Apenas direi que os jogadores deram o seu melhor na 1ª.parte. Correram, pressionaram, e nem sequer os vi praticar aquele futebol de bola para trás e para o lado que Lopetegui tanto gostava.

Estou revoltadíssimo com o que se passou ontem, mas mesmo assim não consigo criticar os jogadores porque tenho memória. E a memória diz-me que, quando uma equipa, ou melhor, um conjunto de jogadores, andaram época e meia a serem castrados na sua componente criativa, para obedecerem a critérios de jogo de contenção, sem terem uma estratégia bem definida de ataque, é um disparate quererem que a reviravolta técnica e anímica aconteça em poucas semanas.

É que, a reviravolta que era preciso fazer, é também de ordem psicológica. Por quê? Bem, só não vê  mesmo, quem não quer. Acham que, porventura, estes atletas se sentiram - ao longo destas 2/3 épocas -, alguma vez protegidos, desta praga de «árbitros», pelo Presidente, como o que ontem esteve na Pedreira? Acham que, com a sua já longa experiência de vigarista, este gajo não fez tudo o que podia, e sabia, para condicionar a equipa do FCPorto?

Acham que o responsável por estes abusos, é o porteiro, a senhora da limpeza, ou jogador A, ou B, do FCPorto? Querem exigir garra, aos jogadores nestas condições humilhantes? Pensam que Pinto da Costa é o mesmo, que está ali para defender o clube destas provocações? É uma heresia, nestas circunstâncias, nesta anarquia directiva, pretender que os jogadores se transcendam, como antigamente, para ganhar também à equipa de arbitragem. Não sejam líricos, esse tempo já passou.

Uma coisa lhes digo. Nestas circunstâncias, em que tudo vale para discriminar o FCPorto, até acho que os jogadores mereciam uma estátua. Sabem por quê? Porque se fosse comigo, cagava-me para a disciplina, e partia os queixos com um enorme prazer a esta besta que está aqui vestida de amarelo. E nem sei se conseguia parar.

Era despedido? Paciência. Mas ficava dado o recado. Já que não há liderança, outros terão de a fazer lembrar.
  

06 março, 2016

Centralismo/benfiquismo

Sou do Porto, sou nortenho e portista. Vivi grande parte da minha vida convencido que pertencia a uma cidade e região onde, historicamente, os homens gozavam de uma reputação especial. O tripeiro, era tido como homem solidário, franco, amigo do trabalho e da liberdade. As semelhanças entre os portuenses e a generalidade dos nortenhos era grande, só sendo desvirtuada pela porcaria da clubite aguda, fruto das políticas centralistas que uma democracia bastarda só veio aprofundar. Quando me desloco a Braga, ou a Bragança, continuo a ver muitas afinidades, entre nós. Aliás, eu próprio sou o resultado do casamento entre um transmontano e uma minhota, que muito cedo vieram viver para o Porto e adoptaram a cidade como sua, em todos os aspectos.

Infelizmente, para muita gente, esses laços em comum não resistiram às multifacetadas propagandas do centralismo, que não hesitou em dividir os nortenhos, através do futebol. A benfiquização dos media é o braço armado do centralismo futebolístico. Hoje, é impensável convencer um benfiquista nortenho dos malefícios desse centralismo para a sua terra/região, mesmo que tudo o indique, ou prove que é por essa via da clubite doente, que o poder de Lisboa lhes adultera a alma, e  enfraquece as raízes. O mesmo podemos dizer de alguns portistas, que preferem ignorar o casamento de interesses entre o futebol e a política, a aceitar que os problemas antigos do FCPorto sempre tiveram a ver com o centralismo. É complicado destruir a barreira da emocionalidade clubista para deixar implantar a racionalidade política e cultural. 

Em boa verdade, acho que os nortenhos já não são o que eram. Aliás, tenho a certeza que as características dos povos se têm degradado em ritmo acelerado, cá, e mesmo noutros países por processos diferenciados. Se a benfiquização do país é a forma interna de descaracterização/desmobilização do povo português, a americanização do mundo (globalização) foi a via encontrada para dominar e adulterar as culturas nativas. As ferramentas usadas são as mesmas: os media. Ninguém terá dúvidas se lembrarmos que 90% dos conteúdos programáticos e culturais das televisões por cabo são de origem anglo-saxónica, predominantemente, americanos. Também não haverá dúvidas, quero crer, da preponderação do benfiquismo, nos media nacionais. Em resumo: ambos constituem graves atentados ao pluralismo, à democracia e à paz social.    

A juntar a isto, o Norte não tem líderes.Tem alguns homens ricos, que não é a mesma coisa. Outrora, o Norte também teve os seus milionários, mas que conseguiram impor-se, em regimes nada liberais, à prepotência do centralismo. Hoje, os Américos Amorins e os Belmiros tiveram de abdicar da sua autonomia ideológica (se é que alguma vez a tiveram), para prosseguir, sem entraves, as suas carreiras de negócios. Não será pois de estranhar, que entre esses negócios, não conste um único, na área da comunicação social, implantado no Norte... Belmiro de Azevedo, ainda ensaiou o jornal Público e a Rádio Nova, mas não teve coragem para se afirmar, renunciando à autonomia do Norte, porque outros valores falaram mais alto. O jornal Público, já não tem sede no Porto, e hoje passou para a toda sagrada Lisboa, e a Rádio Nova, é apenas um resquício de rádio para manter no activo meia-dúzia de jornalistas. 

Lamentavelmente, Pinto da Costa entendeu enveredar pelo mesmo caminho. Actualmente, salta aos olhos, que o seu objectivo, a sua meta principal, já não é o FCPorto, são outras coisas, entre as quais o corte comunicacional com os portistas. É outro homem do norte frouxo, rendido ao regime que ele diz combater, ainda que se esforce por lançar bitaites contra o centralismo, por razões de circunstância.

Resumindo: o homem do Norte, não é, nem era apenas, uma designação de homem valente do Porto. É mais abrangente: o homem do Norte não mora no Porto, nem em qualquer parte do Norte. A rendição é geral, e explica a discriminação que sofremos e que continuará a fazer escola. o que em nada nos enobrece.