17 maio, 2016

Carta aberta a um destinatário improvável


Pinto da Costa festejou aniversário no museu


Senhor Pinto da Costa,


Depois de tomar conhecimento de própria voz, que não lê, nem quer saber de blogues, gostava mesmo assim, de lhe colocar algumas questões, não cara a cara, porque o senhor agora se esconde, mas como se estivesse a falar a Deus, que segundo a fé cristã está em toda a parte. Talvez seja essa a via indicada para comunicar a seu gosto. Pretendo questioná-lo sem esperar que me responda, até porque segundo os seus critérios informativos, sendo eu autor de um blogue, não mereço a respeitabilidade de jornais íntegros, como a Bola, o Record e do JN à moda do Bairro Alto.

Quem sabe resida nessa sua superioridade divina a explicação para a compra de um canal que devia servir para comunicar com os nossos, mas que em vez disso, optou por se transformar num pobre estúdio de gravações, candidato a copiar o pior da saloíce lisboeta. Não imagina, como fico impressionado e altamente confiante no futuro do FCPorto, quando vejo os colaboradores do Porto Canal, a começar pelo seu Director Geral, sempre muito empenhados em tranquilizar os lisboetas jurando a pés juntos que o Porto Canal não é, nem será um canal só para o Porto e para o Norte... Não calcula o quando me orgulham estas manifestações de cosmopolitismo, e de carácter...

Até a Maria Cerqueira Gomes, sr. presidente, aquela miúda gira e divertida que tanto prometia e a quem em tempos aconselhei alguns cuidados com o sucesso, já assimilou a cultura do beija-mão à capital. Sabia que até naquela página do jornal Dica da semana do Lidl dedicada às meninas "famosas", a Maria repetiu aquilo que o chefe Juca decidiu enfatizar para que em Lisboa não pensem mal de nós? Cautelosa, Maria afirmou: " desengane-se quem espera ver um programa sobre o norte do pais. Não é centrado na região. É feito no Porto, mas isso não significa que seja apenas sobre o Porto, pelo contrário"... Claro Maria, só do Norte? Credo! Que horror, nem pensar! O Porto Canal seria incapaz de fazer uma desfeita dessas ao Sul, sobretudo à capital, que sempre nos tratou com tanto carinho e consideração, na politica como no desporto! Aliás os lisboetas estão sempre preocupados com o Norte, até nem desviam verbas que nos são devidas para Lisboa, nem nos rapam fundos europeus. A TAP, e o aeroporto Sá Carneiro são alguns exemplos, e o Metro do Porto também, que como se sabe, não pára de crescer... Por que havíamos nós então de ter uma televisão exclusivamente para a província? Lisboa tem para aí uns dez ou doze canais, hiper-centralistas, mas que mal tem isso? O que é preciso é ajudar Lisboa sem complexos provincianos, mesmo que continue a ostentar a coroa da capital do país mais centralista da Europa!

Finalmente, senhor Pinto da Costa, vamos às perguntas. Diga lá, sem me responder:

  • o que acha que os nossos amigos lisboetas (dos clubes locais e não só) pensarão da sua actual política de comunicação para defender o FCPorto? Acha que ainda o temem? Que olham para si e para o FCPorto com o respeito e a dôr de cotovelo do passado? 

  • dado que só tem olhos e ouvidos para os super-dragões, qual é a sua opinião sobre o estado de espírito da restante maioria dos adeptos quanto ao momento actual do FCPorto? Acha que foi só um mau ano, um acidente de percurso? E os três anteriores? Também foram obra de factores estranhos à sua gestão?

  • uma vez que concordou com o Júlio Magalhães quando afirmou que o FCPorto esta época não tinha razão de queixa das arbitragens, deseja que a próxima seja igual, que eles apitem com a mesma isenção? E já agora, vai continuar corajosamente mudo e teimosamente alérgico aos blogues portistas?

  • irá despedir Bernardino Barros por ter falado no colinho do Benfica, e promover a benfiquista Sónia Balieiro a Directora Geral do Porto Canal, já que o Júlio Magalhães é o que se (não) vê? Olhe que ainda lá está outra irmã (gémea), sabia? 

  • consciente da sua equidistância com as coisas importantes do clube, posso saber (sem mo dizer) de que assuntos fala com os restantes elementos da SAD, além de negócios? Precisando: será que alguma vez admitiu gizar um plano, uma estratégia, para o FCPorto não ser humilhado dentro e fora do campo, como foi este ano? Ou isso nem lhe passou pela cabeça?

  • por último, pergunto-lhe: sente-se bem, confortável com os portistas em geral (são imensos), além dos super-dragões?
É tudo, senhor presidente. Do lugar em que agora decidiu colocar-se, não espero que me responda, isso é lá mais para as pessoas, não para intocáveis. Mas não exagere, faça um esforço.

Diga-me: nem a si próprio se digna responder? Ou, não sabe?


15 maio, 2016

Introspecção

Nem sempre somos como gostaríamos de ser.  Só alguém descomedido, com overdoses de egocentrismo, incapaz de uma introspeção, pode sentir-se plenamente bem na sua pele. Quando assim é, só mesmo estas pessoas acreditam nessa possibilidade. Ou fingem que acreditam.

Pelo menos, é assim que penso. Há quem goste de viver no mundo da ribalta e quem prefira a mais absoluta discrição. Tanto uma como outra tendência, passam a deformidades, "a pratos mal cozinhados", se abusarmos nos condimentos. O melhor, é procurarmos manter-nos o mais tempo possível entre estes dois pólos. Mas, reconheçamos: no mundo em que vivemos, é muito difícil evitar os extremos. E sabem por quê? Porque para nos conseguirmos manter no meio, faz sempre falta o melhor dos moderadores: a JUSTIÇA. Com maiúsculas, entenda-se, e essa, não existe.

Após rebuscada pesquisa aos posts mais antigos do Renovar o Porto (já cá cantam 3.624, desde Maio de 2007), verifiquei que os temas preponderantes dividiam-se entre política e futebol, tipificando-se de per si em centralismo e portismo, o que é significativo... Foi por ser demasiado "perigosa" a simbiose para os adeptos da lisboetização que se inventou a palavra "portocentrismo", para criar a imagem falsa de rivalidade e desintegração. Ora, a negação da Regionalização só tem um responsável: o governo central de Lisboa. Só ele, e os deputados da Assembleia Nacional podem (se quiserem) recuperar o tema da Constituição e pô-lo em andamento. Por essa razão, não admira que 99,9% dos temas tenham andado à volta do mesmo, o que não será estranho, visto serem essas duas causas juntas que inspiraram a criação deste blogue.

Mas, apesar dos sucessivos governos viverem em "estado de graça" desde 1976 por efeito da revisão constitucional de 1997, que propositadamente lhe cravou a obrigatoriedade ao referendo, podendo assim ganhar tempo e manipular o zé-povo com a estupidificação nacional-benfiquista, foram os nortenhos, não apenas do Porto, mas de toda a região, que comeram o isco e preferiram sacrificar as suas gentes do direito a tratamento igual, a separar as águas entre os seus gostos clubistas  dos interesses primeiros no bem estar da região de origem.  Passados estes anos todos, ainda há quem não vislumbre o ardil em que caíram, vivendo com a sua região e famílias a serem discriminadas, só pela velha e salazarenta patranha do benfiquismo sempre colada aos "bons chefes de família"... Isso já não é amor a um clube, é traição aos próprios ascendentes e filhos. É tacanhês cívica!

Houve ainda um terceiro tema preferencial ligado aos outros que atrás apontei: o Porto Canal. Muita esperança acalentei na exploração dessa poderosa ferramenta, que tanta falta nos podia fazer chamada comunicação. E vejam bem, paradoxalmente, agora que mo surriparam da NOS, sem me pedirem licença, nem lhe sinto a falta. Em vez de nos fortalecer, enfraqueceu-nos. Alguém compreende tanta indigência cívica, depois de andarmos a falar sozinhos anos a fio?

Desculpem-me, mas pela minha parte não vou perder tempo com os nossos inimigos. Esses, e os que a eles se curvam, há muito que estão identificados, todos nós os conhecemos... Só quero é saber até onde estarão os "nossos" dispostos a continuar baixando-lhes as calças.

Não por masoquismo, mas para ver se consigo vomitar de uma vez tanta baixeza de carácter. É que isto, não se ganha com jogadores e treinadores. Isto, é outra coisa bem mais séria.  

PS-Hoje, seja qual fôr o vencedor, não vou ver nem ouvir nada que cheire a Lisboa.  O meu país chama-se Portugal e nele está inevitavelmente incluído o nome que lhe deu origem. No falso "país" Lisboa, não há democracia, nem honestidade. Os jornalistas são do pior que há nesta amostra de pátria.

Hoje, como aliás já faz muito tempo, o meu canal vai ser o ARTE e o TV5 Monde, com os quais me identifico como cidadão e pessoa. Hoje não estou para aturar fanáticos e corruptos com véus de primas-donas.