15 dezembro, 2017

Ditadura antiga, e ditadura moderna. Qual é que prefere?

Descubra as diferenças!

Vamos supor que ainda há gente honesta em Portugal. Que entre os 10 milhões de portugueses espalhados pelo mundo,  há meia dúzia dispostos a inverter a desproporção entre os honestos e os desonestos, e que desse pequeno grupo exista alguém com capacidade e coragem para o fazer. Tudo isso, partindo do princípio que essa figura não era silenciada, ou  mesmo abatida, como fazem as ditaduras.

Que destino seria reservado ao magote incalculável de biltres que dominam o país? Deixá-los em liberdade, quando está provado que não merecem viver em liberdade? Deixá-los viver tranquilamente, depois de andarem, anos e anos a minar os valores fundamentais da sociedade, impedindo que uma minoria decente tenha o merecido prémio por saber viver em sociedade sem a conspurcar, nem optar  pela via fácil do crime? Devíamos continuar espectadores passivos desse filme de terror, deixando escancaradas as portas do paraíso a quem nos anda literalmente a chular? 

Que se saiba, ainda não foi constitucionalmente decretada a inversão dos princípios éticos, e dos bons costumes. Não se riam se vos parecer muito púdico, se vos convencer que me imagino no século XIX, porque não quero regressar a esse tempo. Só não me parece normal nem decente que sejam os maus cidadãos a decidir o destino dos melhores, dos mais civilizados. Foi baseado nessa premissa, tão natural como respirar, que questionei mais atrás o que podemos fazer com quem anda a dar cabo do país, e da nossa vida. Apenas isso.

Sem querer pôr-me em bicos de pés, com loas aos meus parcos méritos, far-me-ão justiça se reconhecerem alguma razão naquilo que aqui venho escrevendo dos políticos, e da nossa democracia. Podia-vos parecer algo exagerado, radical até. Como podem agora confirmar, as coisas ainda estão piores do que pressentia. Muito piores, e mais graves! Não se tratava de pressentimentos intuitivos, eram convicções baseadas e consolidadas pelo comportamento leviano da classe política, com responsabilidades acrescidas dos que governaram o país e destruíram o motor da Democracia, que como aqui tenho reiterado, é a Liberdade regrada.

Infelizmente, houve quem andasse anos a fio a defender ideias antagónicas. Nunca me esquecerei dos que andaram durante anos a apregoar que a Liberdade não tem limites. Tudo tem limites! Só para dar um exemplo, recordo uma figura pública relevante como  foi o falecido Mário Soares. Figura que admirei nos primeiros anos de democracia, e que deixei de admirar quando desautorizou publicamente um agente da autoridade que procurava ordenar uma confusão numa estrada. Na altura, dei comigo a pensar  que se estivesse no lugar do agente, talvez o Dr. Mário Soares não saisse de cena sem lhe entregar a farda e lhe pedir para me substituir, mas isso é outra história...

Hão-de observar, se é que ainda não observaram, que é a classe política, e outras que vivem de os bajular, quem repete sempre o mesmo tipo de discurso, os mesmos chavões, de forma a torná-los verdades indiscutíveis e assim desmotivar concepções diferentes das que estão estabelecidas. A espaços, gostam de citar a célebre frase de Churchill sobre a Democracia, como se fosse comparável a época e o contexto em que foram ditas, com a nossa, e a experiência que temos da mesma. Isto, não é mais do que oportunismo político-intelectual. 

Outra dessas "verdades", que pelos vistos dispensam «manutenção», das quais discordo absolutamente, é a questão polémica sobre a Liberdade. Quem é que não gosta da Liberdade? Haverá alguém com carácter e ideias próprias  que se recuse a viver em Liberdade? Só um louco. Maior  loucura é acreditar que um regime realmente democrático sobreviva a uma liberdade despojada do respeito pela Lei. Estas duas vertentes, são almas gémeas que, ao contrário do que certos «democratas» apregoam, só robustecem a saúde de qualquer sociedade livre, não a adultera. O que mata, e corrompe moralmente uma democracia, é o desprezo pela ordem e pelo cumprimento da Lei.  Portugal, deixou-se de práticas legais benéficas, preferiu sempre a solução teórica que sustenta o mal. 

Nada é garantido. Se é prudente acautelar-mo-nos com apelos populistas à ordem e ao excesso de obrigações de certos oportunistas, não é menos importante desconfiarmos da Liberdade sem ética  que temos,  porque foi esta mesma que nos levou ao pântano gigante em que se tornou o país. Que diferença haverá entre a hipocrisia do Estado Novo, e a deste regime? Será preciso vivermos mais tempo para concluirmos, que ambos são ditaduras? Se o primeiro tinha a PIDE, este tem a Comunicação Social. Assim, nem precisam de nos mandar prender (ou assassinar). e sempre podem fingir que são bons democratas.  Talvez agora, aqueles que discordavam de mim por ter deixado de votar reconheçam que a razão estava do meu lado.  


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