02 agosto, 2019

Jornalismo terrorista, e Regionalização venenosa...


É já longo o hábito adquirido de ler diariamente jornais . Iniciou-se no Porto, na minha cidade natal, com o "JN", depois o "Primeiro de Janeiro", o "Comércio do Porto", e por fim o "Norte Desportivo". Mais tarde, já em Lisboa, no princípio dos anos 70, pouco antes do 25 de Abril de 1974, seleccionei o "República", a seguir o "Diário de Lisboa", e por fim "O Jornal" e "O Jornal Novo". Era uma época rica nesta matéria, surgiam jornais, uns atrás dos outros. A democracia dava os primeiros passos, despontava a discussão política, e a imprensa proliferava como nunca, particularmente em Lisboa. 

Liam-se artigos de diferentes tendências políticas, e a credibilidade do jornalismo ainda respirava alguma saúde, à excepção de um pasquim chamado "O Diabo", fundado por Maria Armanda Falcão, mais conhecida por Vera Lagoa, uma reaccionária extremista que só a tolerância de uma democracia incipiente tolerava. Havia jornais para todos os gostos e tendências, uma fartura que com o avançar do tempo se foi degradando, tal como a actividade política, e com ela a democracia que julgávamos finalmente conquistada. Os partidos abandonaram as ideologias, passando a defender as suas teses através de promessas que sabiam nunca cumprir, até chegarmos ao deboche político que hoje conhecemos.

Foi assim que se foi perdendo a ilusão de algum dia chegarmos a ver um Portugal próspero e civilizado, económica e socialmente justo. Naturalmente dir-me-ão que é mentira, que agora o país está "muito" melhor, que os pobres do interior já não se limitam a comer um naco de pão com sardinha, que há auto-estradas, enfim, um paraíso. Claro que para os que enriqueceram corruptamente (e continuam a enriquecer assim), tudo foi conquistado a pulso, com o suor do trabalho, mas isso é música em que já ninguém acredita, ou quer ouvir. Todos sabemos que a falta de vergonha impera, e nos mais poderosos, naqueles que deviam estar na cadeia em vez de desafiar o próprio poder judicial, provando definitivamente o  grau de libertinagem a que chegou o próprio Estado.

Andam a iludir o povo com Comissões pró Regionalistas, procurando mais uma vez enganá-lo. Há ainda quem acredite que agora alguma coisa será feita. Desde já começam mal, ou seja, deixam a nu o rabinho da ratoeira, outra vez com o veneno do referendo. Claro que o primeiro foi mal explicado, que as regiões quadro foram confusas, divisionistas de per si, que nunca devia ter sido aprovadas. Mas, foi preciso tantos anos para chegarem a essa conclusão? Ou dói-lhes a consciência saber que nos andam a roubar, a tratar com desprezo? Ou será que o Sr. Costa quer apenas garantir uma maioria absoluta? Que "esperto" que é o rapaz. Vem vender-nos o patuá, para saberes como acreditamos em ti e na tua legião de serviçais. 

E agora, que garantias nos dão de tudo o que vier a ser decidido se mesmo pouco antes das próximas legislativas continuam a discriminar o resto do país, económica e socialmente?   Serão porventura gente habituada a respeitar a Constituição? A Lei? Serão mesmo?  Então, porque é que a alteraram, se nela nada constava sobre o referendo para avançar com a Regionalização? Quem nos diz que não voltam a fazer o mesmo? A Lei? O que é que significa um documento constitucional para suas Exas."? Mas o que vale a Lei para os políticos? E para a própria Justiça, o que vale? Valerá a prisão de Rui Pinto, ou a liberdade de Vieira? Serão estas jogadas meliantes, a justiça nacional? Que vergonha.

Seria mais indicado que gozassem a família, não nós. Que respeitassem quem é respeitável, que não brincassem com gente séria. Qualquer dia acordam, e quando forem ao espelho deparam com um verme pela frente. Era bom que se assustassem.

Pois se ainda acreditasse na palavra dos políticos, esta seria uma boa razão para regressar ao hábito de votar, mas primeiro quero ver para crer. Lamento, mas eu não arrisco. Se me enganar, cá estarei para me redimir.

28 julho, 2019

Ana Gomes, a única referência ética da política portuguesa?


A ex-eurodeputada e ativista Ana Gomes divulgou um relatório da Comissão Europeia sobre os riscos de branqueamento de capitais no futebol
A ex-deputada do Parlamento Europeu, Ana Gomes, divulgou este domingo, na rede social Twitter, um relatório elaborado pela Comissão Europeia sobre os "riscos de captura e 'lavandaria' por máfias via clubes de futebol", que entre outros refere um esquema russo em Portugal, detetado pela Polícia Judiciária e a Europol, a conhecia Operação Matrioskas,
Ana Gomes refere que na página 235 do relatório, "a Comissão Europeia aponta o uso de "membros de família, advogados, consultores e contabilistas" em transferências de jogadores de futebol para criar estruturas para branquear e transferir fundos e investimentos mafiosos em negócios legítimos, via contratos de imagem, publicidade e patrocínio". Neste segundo tweet, a socialista refere-se a Carlos César, presidente do PS, quando diz: "Para ilustração de César e de todos que fecham olhos: relatório da CE sobre riscos de captura e "lavandaria" por mafias via clubes de futebol"
o/files/supranational_risk_assessment_of_the_money_laundering_and_terrorist_financing_risks_affecting_the_union_-_annex.pdf 
Recorde-se que Carlos César (presidente do PS) respondeu ao Benfica, que enviara uma carta ao Partido Socialista de forma a esclarecer a posição do partido sobre a acusação da eurodeputada Ana Gomes em relação à transferência de João Félix para o Atlético de Madrid. Uma resposta a que O JOGO teve acesso e na qual o Partido Socialista demarca-se das acusações feitas por Ana Gomes, ex-eurodeputada do partido, em relação à transferência de João Félix. Sobre isso, Ana Gomes reagiu também no Twitter: "Agradeço ao presidente Carlos César o afã de esclarecer o óbvio: não represento o PS e o que digo e escrevo só me vincula. Sendo socialista, e não apparatchik, não abdico de dar uso à minha cabeça... Já César, usa o que pode face a [Luís Filipe] Vieira: a César, o que é de César", escreveu, na sexta-feira de manhã.

De recordar que Ana Gomes questionou na rede social Twitter se a venda do avançado português não seria um "negócio de lavandaria", em resposta a um outro tweet e levantando a possibilidade de um crime de branqueamento de capitais a envolver as negociações.