06 abril, 2017

Quem supervisiona o Porto Canal?

Entretenimento
Haja paciência, às vezes penso não pertencer a este planeta!

Já não tenho a certeza se o defeito é meu, se terei
noções bizarras de coerência, ou se são os outros.

Após ter assistido com agrado ao programa  Nas 4 Linhas, moderado pelo Director do Porto Canal, e de ouvir as palavras sensatas dos convidados residentes, Henrique Calisto, Aníbal Styliano e  Rui Cerqueira, relacionadas com os casos de violência de um jogador do Canelas a um árbitro, fiquei com dúvidas se Júlio Magalhães percebeu as mensagens que os convidados, comedida e inteligentemente, procuraram transmitir.  

Um dos convidados, Aníbal Styliano, foi bem explícito sobre o tema, quando afirmou que o problema da violência se combatia com prevenção e antecipação, e que devia ser a Liga e a FPFutebol a fazê-lo. Mas adiantou também que os órgãos de comunicação social, particularmente as televisões, deviam evitar transmitir cenas de violência, tal como está estipulado nas televisões de muitos países, porque está provado que em vez de inibir emitações, estimulam-nas. Pelo que me diz respeito, estou absolutamente de acordo com esta opinião. 

Ora, o que nunca esperava, é que depois de ouvir pareceres tão atinados, fosse rever no Porto Canal essas imagens de violência, uma vez antes do Jornal Diário, no programa Desporto Directo, e a outra no fim do telejornal. E não se limitaram a passar as imagens do Canelas, foram repassar uma outra em que se vê um tipo com um pau a tentar agredir um suposto árbitro junto de um carro. Fará algum sentido esta contradição, ou as normas das televisões são incompatíveis com a coerência?

É isto que não tenho capacidade para compreender. Ou seja, quando tudo levava a crer que o director do Porto Canal tinha assimilado as palavras sensatas do Aníbal Styliano como um exemplo a seguir, não, repetiu hoje as imagens que tinham sido alvo de crítica preferindo dar corda à violência...

O problema, deve estar comigo... 

PS-Sugiro que oiçam aqui as referidas palavras de A. Styliano a partir do minuto 56, até ao 58.

05 abril, 2017

Os puritanos portugas


Photo published for Dijsselbloem acusa países do sul de gastarem o seu dinheiro em “álcool e mulheres”
Jeroen Dijsselbloem (o monstrinho)

É muito dúbia a reacção dos políticos portugueses às palavras infelizes do presidente do Eurogrupo... Dava um tema interessantíssimo para estudo da psicologia humana e suas contradições.

Pessoalmente, nem foi tanto a deselegância do que disse sobre os países do sul que me desgradou, mas mais a assiduidade com que (como é o caso) pessoas desempenhando cargos relevantes na política fazem afirmações tão imprudentes. Primeiro, porque não é nenhuma mentira que os povos latinos são mais entusiastas do sexo e da balbúrdia que os nórdicos, e depois, porque os políticos portugueses não são exemplo para ninguém, basta ver o que dizem de outros portugueses com gostos diferentes, para terem de fechar a boquinha de vergonha antes de censurarem o ministro das Finanças holandês. Não estou a defendê-lo, estou apenas a dizer que não são os políticos portugueses que podem falar de ética.

É isso mesmo, subitamente deu-me para chamar à liça o futebol, esse vil desporto cujo maior dão é fazer cair a máscara dos nossos governantes e de quem vive à sombra deles. Aqui chegados, a tese da hipocrisia perde eficácia se comparada com as expressões repulsivas dirigidas a Dijsselbloem, acusando-o de xenófobo, racista e sexista.  Agora pergunto: não será algo muito semelhante ao racismo e à xenofobia aquilo que se está a passar no futebol e na comunicação social portuguesa, permitir que um clube do mesmo país continue a ser perseguido, discriminado e prejudicado em benefício de outro? Não será esse, um acto de cumplicidade por omissão, senhores deputados?

Onde páram esses princípios, a deontologia, essas palavras pomposas que tanto nos emocionam? Tudo espremido, qual é a diferença entre as declarações do político holandês, e as (in)acções miseráveis dos nossos políticos? Tanto alarido, tanta indignação, e cá dentro até se dão ao desplante de participarem em programas desportivos com afirmações mil vezes mais ordinárias que as Dijsselbloem? Tenham juízo!

Alô! Alô! Está alguém desse lado? Haverá por aí (Terreiro do Paço) quem me explique onde está a diferença?

Haver não há, diferença, reconhecê-lo é que é mais complicado.  


04 abril, 2017

Recado à turbe anónima vermelha

Se todos os anónimos que aqui entram para comentar com insultos pensam que o anomimato lhes dá o direito de plasmarem o fel de uma cobardia assumida, ficam a saber que o saco do lixo é o seu destino.

Não quero saber da vossa opinião para nada, porque nada sois. Zero!Entendido? Pensando bem, acho que não entendem nada, porque a burrice é a composição básica dos vossos neurónios (se é que os têm).

03 abril, 2017

Bernardino Barros, um comentador à Porto

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Bernardino Barros
Se deixei de acreditar na rectidão dos jornalistas e generalizo demais essa ideia, foi porque eles se puseram a jeito, anos e anos a fio. E com isto, não quero repetir-me, porque já exemplifiquei o que os bons jornalistas podiam ter feito, e não fizeram, para se demarcarem do lixo fétido produzido por alguns (muitos) dos seus colegas de profissão. É assim, na permissividade, que se "destroi" a reputação de uma classe. Tal, como os políticos...

No que compete o acesso à comunicação, se há profissão privilegiada, é evidentemente, a de jornalista. Usá-lo para o mal é o que os oportunistas fazem, mas para o bem, só depende da vontade de cada um, porque meios é coisa que não lhes falta.

Da televisão à rádio e aos jornais, é por aí que eles passam a mensagem das suas ideias, e até hoje ainda não vi um único* a opôr-se claramente ao trabalho soez e anti-democrático que esses seus companheiros de profissão vêm públicando, sobretudo em Lisboa... E não é de agora, acontece há muitos anos. Daí que, por mais que tente compreender a costela corporativista, é difícil acreditar numa classe que vivendo da informação a coberto dos valores da democracia e da liberdade, pactue com esta situação que só pode ser explicada numa palavra:  medo. Um medo que ultrapassa a minha compreensão, por não ver nele algo que possa perigar a sua integridade física. A outra versão, pode atribuir-se ao comodismo, à remissão, ao deixar correr o marfim, de molde a assegurar a manutenção do posto de trabalho, mesmo que num clima de paz pôdre. Enfim, algum dia terão de mudar as coisas, é insuportável "respirar" a plenos pulmões a vida inteira num ambiente tóxico. Esperemos que esse dia esteja a chegar. 

Vale isto por dizer que no mundo do jornalismo desportivo, e dos comentadores de futebol, um oásis parece estar florir, tráz o nome de um jornalista: Bernardino Barros. Dos comentadores desportivos portistas da actualidade é o único que corresponde àquilo que se espera de um comentador sério, acutilante e corajoso. Ontem, mais uma vez deixou o filho do freteiro de pareceres jurídicos, Domingos do Amaral, a fazer aquela figurinha de parvo, muito típica dos benfiquistas, com réplicas e argumentos impossíveis de contrariar, sem o recurso à táctica da perfídia.

Caro Bernardino, só espero que não seja o FCPorto a coartar-lhe a liberdade, porque neste momento está a ser preponderante o seu papel de portista num covil dos abutres. Bravo! Considere-se uma execepção à regra da opinião que mantenho sobre muitos da sua profissão. E, sem exagero, sinta-se honrado com isso. Mostre-lhes o que é a fibra de transmontano.

*   Só a partir da emissão do Porto Canal, através do programa Universo Porto da Bancada, é que começamos a ver jornalistas [Tiago Girão (moderador), Francisco J.Marques, e José Cruz e Bernardino Barros (comentadores)] a censurar o trabalho de jornalistas publicado n' A Bola, no Record e Correio da Manhã. Antes, não se disse nada, além de frases evasivas.

02 abril, 2017

Dar a outra face não é a solução

Ainda há no universo portista adeptos muito ingénuos. A continuarem neste registo complacente, qualquer dia só vão considerar más arbitragens quando forem os árbitros a marcar golos contra o FCPorto pelos próprios pés.

A pior coisa que pode haver numa sociedade - e o desporto faz parte dela -, é os cidadãos habituarem-se à sua degradação, qualquer que seja o sector onde está instalada.

Uma parte considerável dos árbitros portugueses são mesmo desonestos, mas não propriamente burros. A esperteza deles, diga-se, é do tipo saloio, mas em Portugal, pela tradição permissiva das suas gentes na coisa pública, é suficiente para serem bem sucedidos. Se há coisa que eles sabem fazer, é olhar pela sua vidinha, é agradarem de preferência aos poderes instalados ainda que isso lhes custe a má reputação que hoje têm. O lema instalado é: o que conta é o pilim... E assim é, porque quem devia dar o exemplo, faz precisamente o mesmo.

Dizem  os portistas mansos que o árbitro de ontem (Carlos Xistra)  não foi dos piores, mas falta-lhes explicar em que aspecto específico, porque discordo completamente se a referência tiver a ver com a arbitragem propriamente dita. A arbitragem foi má, porque não diferiu de muitas outras em que independentemente da evidência da falta, o árbitro não hesitou em apontar para a marca de grande penalidade (foi categórico) a uma simulação de Jonas. Agora, se se referiam à componente teatral, aí sim, podemos dizer que o árbitro foi um grande artista, sem que isso justifique os cartões amarelos mostrados exclusivamente a jogadores do FCPorto quando os batoteiros se fartaram de dar porrada. A isso não se chama boa arbitragem em país nenhum.

Se abomino a mentalidade vigarista e trauliteira dos benfiquistas e da turba que lhes dá corpo, não sou eu que vai pedir para os emitarmos, mas também não precisamos de fazer de passarinhos. O que gostaria de ver no Porto Canal, para além das reclamações legítimas que têm feito das arbitragens (já lá vão 3 anos de malfeitorias), era ver mover aos infractores as respectivas acções jurídicas daí decorrentes. Como é?  Vamos ficar-nos pela constatação de factos? De que provas mais precisaremos para além das imagens para metermos em tribunal esta gente?

Fico estupefacto quando vejo alguns comentadores do FCPorto lamentando-se, por exemplo, do tratamento dado aos adeptos portistas em certos estádios com as entradas tardias de uma, ou mais horas, e ficarem-se pelo lamento. Mas que raio de solidariedade é a do FCPorto que se basta em confirmar ocorrências, em vez de as contestar a quem de direito? Pergunto: se algum de nós, em vez de ir ao futebol, fôr ao teatro, ou ao cinema, pagar o bilhete, e nos fecharem as luzes a meio do espectáculo dando-o como terminado, não existirão leis neste "Estado de Direito" que contemplem a indemnização devida? Então, por que é que aceitamos ser tratados desta maneira? Acham porventura que é assim que nos vão respeitar?

Sinceramente não aprecio mesmo nada esta nova maneira  do FCPorto estar no desporto! Creio mesmo que este papel manso e vulnerável só nos tem trazido dissabores, que se reflecte até na forma de jogar dos nossos jovens atletas. Parece que lhe falta ambição, força física mesmo no sentido lato, ainda que o discurso pareça forte. Detesto a conversa politicamente correcta, a linguagem do dizer as coisas, e o seu contrário, para manter a reputação intocável e disponível para outros palcos (clubes, e estações media)... Não soa a nada, ou melhor, soa a oportunismo.