Cristina Azevedo |
"O Norte, a região de menor rendimento por habitante do país, foi a que mais contribuiu para o aumento da produtividade do trabalho em Portugal entre 2000 e 2017. Circunstância única na União Europeia (UE), onde as regiões mais desenvolvidas dos diferentes estados-membros (regiões-fronteira), maioritariamente as das suas capitais, foram as grandes impulsionadoras desse crescimento".
Um dia depois a TAP informa que vai retomar a sua operação em junho e julho com apenas três voos a partir do Porto. Ao mesmo tempo espera uma injeção de capital de cerca de 1000 milhões de euros a voar do bolso de todos os contribuintes nacionais.
É certo que este anúncio se refere apenas aos meses de junho e julho e que uma linha perdida no comunicado afirma que o plano se alterará logo que as condições o justifiquem.
Mas é um sinal muito preocupante de uma postura reativa, estreita e, sobretudo, eternamente predadora de fundos públicos sem garantia de contrapartidas.
Por isso reagiram de imediato os autarcas do Norte, indisponíveis para aceitarem a cegueira estratégica e a espoliação despudorada.
Rui Moreira foi particularmente assertivo ao dar profundidade histórica a um comportamento que nunca deixou de ser "colonial" e oportunista, arrojado ao sugerir a incorporação da TAP na Carris se for para servir só os interesses de Lisboa, abrangente ao colocar o desequilíbrio num plano nacional (também perdem o Algarve, o Centro e as RA da Madeira e dos Açores) e racional ao impor um distanciamento obrigatório das decisões de figurinos ideológicos.
Veremos (escrevo logo a seguir à reação dos autarcas do Norte) se o Governo reage apostando em factos ou na farsa da inevitabilidade de uma bandeira que só se desfralda por alguns.
Cristina Azevedo
Analista financeira
A postura da TAP com o aeroporto de Pedras Rubras, e o Norte, já vem sendo um hábito, mas os exemplos que o governo tem dado em matéria de rigor e de cumprimento da lei, é uma vergonha.
Se permitiu que o próprio sistema judicial fosse invadido pela corrupção, tornando-o numa espécie de Estado dentro de outros Estados, não me surpreende nada o que está a acontecer com a TAP. Os administrados privados lá concluiram: se os "outros" fazem o que querem e andam a provocar e discriminar a gente do Norte, por que não tentarmos fazer o mesmo?
Se a TAP não tem dinheiro, não pode ter vícios. Ora, é precisamente de vícios que a TAP mais se tem alimentado, que é viver do dinheiro dos contribuintes.
Se a TAP não tem dinheiro, não pode ter vícios. Ora, é precisamente de vícios que a TAP mais se tem alimentado, que é viver do dinheiro dos contribuintes.