11 outubro, 2007

Não se esperem milagres de Luis Filipe Menezes

Por aquilo que tenho lido, parece reinar uma certa euforia entre os adversários do super-centralismo, após a vitória de Luis Filipe Menezes. Sente-se que existe um sentimento de que a eleição de um homem do Norte irá remover miraculosamente todos os escolhos rumo à desejada quebra do monopólio centralista do Terreiro do Paço, com a consequente partilha do Poder e com todos os benefícios que daí resultarão para situação económica da nossa região e, por conseguinte, para o bem estar e prosperidade das nossas gentes.

Creio que é uma euforia perigosa, suceptível de vir a originar fortes desilusões, com a resultante carga negativa.

Não quero com isto duvidar das capacidades de Luis Filipe Menezes, nem insinuar que a sua ida para Lisboa o transformará num "assimilado", na feliz designação do Eng.Belmiro de Azevedo. Trata-se apenas de compreender que Luis Filipe Menezes se vai inserir num sistema de democracia onde existe uma lógica política que favorece um reduzido núcleo duro constituído pelos "notáveis" do partido, em detrimento das pessoas que são exteriores a esse círculo. Acresce que ele vai encontrar um ambiente ainda mais hostil, sobretudo por parte dos media lisboetas, precisamente porque é um homem do Norte.

Eu sei que depois da derrota sofrida, parece que a única actividade que tem restado à desolada nomenklatura do PSD, é fazer previsões catastróficas quanto ao futuro do partido, mas convém ter cuidado porque acredito que a grande maioria dos agora derrotados vai certamente querer recuperar as posições perdidas, e para isso usará todas as armas de que possa dispor.

A vida de Luis Filipe Menezes não vai ser fácil, e é por isso que, embora lhe fazendo toda confiança, deveremos ser moderados nas nossas expectativas.



Rectificação

No post datado de 09 de Outubro intitulado "Até quando o Centralismo?" surge uma gralha na expressão "think tank", que apareceu grafada "think thank". As minhas sinceras desculpas.

09 outubro, 2007

ATÉ QUANDO O CENTRALISMO?

Colóquios, debates, artigos, comentários. A exposição pública dos problemas do Porto e do Norte têm conhecido um aumento de actividade, similar ao das manchas solares. Há no entanto uma diferença: nestas últimas, o aumento de actividade tem repercuções na Terra. No outro caso, a influência na nossa "terra" (o Porto e o Norte) tem sido nula.



O figurino habitual dos debates é imutável. De um lado, uma série de personagens mais ou menos conhecidas, normalmente de valor firmado nas suas respectivas áreas, que desfiam o rol das queixas que temos, queixas estas que normalmente não trazem nada de novo. Como contra-ponto, um personagem oficial ou então um representante do partido no poder, que, qual caixa de ressonância do governo, tenta explicar que não é bem assim, que o governo de modo algum favorece Lisboa e Vale do Tejo, antes pelo contrário, que se preocupa com as assimetrias do país, que não quer um país a duas velocidades, blá, blá, blá... pelo que os queixumes, dizem eles, são infundados. Segue-se um diálogo de surdos e depois ... bem, depois o debate ou o colóquio acaba, cada um dos participantes vai a sua vidinha, e tudo continua rigorosamente na mesma, na santa paz do Senhor. Uma completa inutilidade.



Esta fase de "queixas e lamúrias" não nos tem levado - e não levará - a lado nenhum. Por isso é chegada a altura de compreender que uma nova estratégia é indispensável, sob pena de caminharmos de mal a pior. Qual será então, a solução? Honestamente, não sei.



Reconheço apenas - o que não é novidade - que o grande problema se chama centralização excessiva do poder, e que a solução tem de passar por um qualquer tipo de descentralização, simultaneamente com uma mudança de atitude, que nos faça deixar de aceitar como normal a atitude colonialista do Terreiro do Paço (falar de "colonialismo" não é excessivo.Grande parte dos aspectos que o caracterizam, está presente no relacionamento entre Lisboa e o resto do País).



Mas quando se fala de "descentralização" não se deve esquecer que, na realidade, se fala de distribuição de PODER. Ora só por excepção o poder é partilhado voluntariamente por quem o detém, o que significa que se queremos uma parte dele, temos de conquistá-lo. Não será fácil, porque do outro lado está gente decidida a mantê-lo na totalidade e que mostra ter uma organização poderosa. Esta não é pois uma batalha para franco-atiradores nem para esforços isolados.



Por tudo isto, penso que a definição de uma estratégia adequada que acabe com o centralismo exagerado, passará provavelmente pela criação de um " think thank" que, com entusiasmo, persistência e talvez com ajuda especializada externa, seja capaz de elaborar um plano de marketing político coerente e viável que, na realidade, terá de acabar por nos conduzir à regionalização. Indispensável será a aparição de alguém que, como dizia o Prof. Alberto Castro em recente artigo no JN, "ouse tentar", e que consiga "congregar forças e vontades", para que seja dado o pontapé de saída. Haverá alguém?



O êxito da luta anti-centralismo passa também pelo sistema de funcionamento da nossa democracia representativa, tema que me proponho abordar em próximo post neste blogue.

"A última oportunidade de Rui Rio"

Tanto pontapé tem dado Rui Rio a cada oportunidade que se lhe depara para contrariar a opinião negativa do eleitorado que nunca nele votou (como é o meu caso), que a esta hora, até aqueles simpatizantes que lhe deram a maioria, não devem deixar de sentir um profundo amargo de boca pela escolha que (em má hora) fizeram.

Pelo contrário, o seu colega de partido, Luís Filipe Menezes, desde que tomou assento na cadeira da autarquia gaiense, percebeu que estava ali para trabalhar antes de caprichar, para conciliar em vez de conflituar,e sobretudo, para mostrar serviço sem preocupações pseudo-populistas.

Com esta atitude e com obra feita, sem exagerar nem puxar pelos galões da seriedade, Luís Filipe Menezes ainda não completou a "corrida", mas já ultrapassou claramente Rui Rio e venceu uma etapa de extraordinária importância para o seu currículo político, como foi chegar à Presidência do PSD.

Apesar de não dispôr de grandes mecanismos democráticos para intervir em tempo útil, o povo, não é tão estúpido como alguns pensam e sabe bem distinguir o "populismo oportunista" usado entre galos do mesmo capoeiro (os adversários políticos), do populismo demagogo muito praticado em mercados e feiras do país, com beijinhos ternurentos a tudo quanto é peixeira e feirante.

A população exige dos políticos acções e empreendimentos que possam beneficiar o quotidiano das suas vidas. É tudo. De resto, dispensa gente ressabiada e sem garra.

Continuo a seguir aquela velha máxima do futebol que aconselha a dar prognósticos só no fim dos jogos. Por isso, não estou com esta opinião a significar que me deixei embalar pelos "lindos olhos" de Luís Filipe Menezes. O que digo, é que entre Marques Mendes e ele, parece-me ser mais do que justa a escolha dos militantes do PSD. O primeiro, em termos públicos nada fez de relevante, e era como toda a gente sabia um "líder" com caráceter provisório a descartar num conveniente futuro. O segundo, sempre fez alguma coisa - e não foi tão pouco como isso - deu uma volta de 90º a Vila Nova de Gaia. Puxou pelo Porto, mas o edil da outra margem não aproveitou a embalagem, preferiu o "orgulhosamente só" do tempo da outra senhora (a ditadura) e condenou-se a ficar pelo caminho.

Rui Rio, continua a destacar-se por atitudes quixotescas inconsequentes, semeando guerrinhas por todo o lado, mas sem o humor nem a paródia romântica de Cervantes. Rui Rio é um D. Quixote baço, sem presente nem futuro. Rui Rio não pertence aqui.

08 outubro, 2007

"Os exemplos de Cavaco"

Ao artigo de Domingos Andrade (chefe de redacção do JN) desta manhâ intitulado "Sabedoria", por dever à complementaridade tenho de acrescentar o seguinte:

Enquanto 1º. Ministro, Cavaco Silva não só, não teve unhas para dar um novo rumo ao sistema de Educação do país, como também nunca teve a humildade de o assumir publicamente. Nem durante, nem depois.

Com as avultadas verbas provenientes dos fundos europeus disponíveis na época, não só, não teve 'sabedoria' para lhes dar o melhor destino, como ainda nos quis sempre convencer da bondade das suas decisões. A memória às vezes é curta, mas em homenagem às centenas de pessoas que entretanto perderam a vida na ex-IP 5 - vergonhosamente conhecida por estrada da morte - não será despropositado recordar as nauseabundas loas dedicadas ao Ministro das Obras Públicas de então, Ferreira do Amaral, que chegaram a considerar (propaganda política oblige) o Marquês de Pombal do século XX, apesar da avisada oposição crítica de vários movimentos cívicos que veementemente contestaram o traçado e as características daquela estrada.

Ontem, como hoje, a reacção do Govêrno pouco teve de sensata ou previdente, preferindo desvalorizar e mesmo ridicularizar as vozes de quem, afinal, sabia bem melhor do que ele o que estava a dizer, a impedir o avanço de uma obra que viria a ser fatal para a vida de muitos portugueses.

É passado, é verdade. Mas, é também certo, que uma das maiores virtudes do passado é a de servir de "alerta" para se evitarem erros parecidos no presente e sobretudo para o futuro.

Conclusão:

a) O Sr. Presidente da República é também um dos grandes responsáveis pelo atraso do sistema educadivo em Portugal, que agora pretende ver corrigido com outros protagonistas ao serviço do Govêrno.

b) Afinal, o Sr. Presidente, ex-antigo 1º.Ministro, Cavaco Silva, contrariamente ao que (com alguma arrogância) afirmou no passado, deve ter muitas dúvidas e engana-se demais.

c) O Sr. Presidente da República, apesar de democraticamente eleito, para tão nobre cargo, não está ilibado desses e de outros erros, entre os quais consta aquele que explica e motiva a existência deste (e de outros) blogues: uma centralização injusta e desenfreada do país, muito em particular o Norte do país e o grande Porto.

Nota humorística vínico-futebolista :-)

A influente revista norte-americana Wine & Spirits coloca 4 vinhos portugueses nos 100 melhores do ano no mundo. Os vinhos portugueses escolhidos são Quinta do Feital Vinho Verde Dourado Alvarinho 2005, Quinta do Crato 2004 Douro Reserve, Taylor Fladgate Porto Vargellas 2004 e Taylor Fladgate Porto Vargellas Vinha Velha 2004.

A mesma revista escolheu, também, seis vinhos portugueses para a sua lista das «100 melhores compras», elaborada com base na relação preço/qualidade. São eles o Portal do Fidalgo Vinho Verde Monção Alvarinho 2006 (91 pontos. 15 dólares, 10,60 euros), Muros Antigos Vinho Verde Escolha Loureiro 2006 (90 pontos,12 dólares, 8,5 euros), Fuzelo Vinho Verde Monção (90 pontos, 7 dólares, 5 euros), Aveleda Vinho Verde Quinta da Aveleda 2006 (90 pontos, 8 dólares, 5,65 euros), J&F Lurton Douro Pinheiros 2004 (90 pontos, 18 dólares, 12,70 euros) e Croft Porto Quinta da Roeda 2004 (92 pontos, 45 dólares, 31,80 euros).

Uma esmagadora maioria de minhotos alvarinhos e maduros do Douro, que são aliás os meus vinhos preferidos. O que me espanta é que os vinhos alentejanos (que ainda têm boas casas como a Herdade do Esporão) sejam ainda os mais vendidos em Portugal. Talvez seja pelas mesmas razões que, segundo dizem, o Benfica ser o clube com mais adeptos ou se vote no PS e/ou PSD por inércia. Em Demografia chama-se a isto "efeito de geração". Mas, como o nome indica, isso passa. As gerações desaparecem e são substituidas.

De qualquer maneira, esta notícia, somada à recente constatação do crescimento exponencial do turismo de qualidade no Norte de Portugal, é exemplificativa do enorme potencial desta região e daquilo que nos tem sido sonegado nas últimas décadas.

Notícia à moda da RTP, Correio da Manhã e outros

Notícia redigida segundo os critérios jornalísticos em vigor em numerosos órgãos de comunicação social:


Mário Machado, membro da claque Juve Leo, a mais aguerrida das claques do Sporting, conhecido skinhead e militante de extrema direita ameaçou uma Procuradora do Ministério Público através da Internet.