Não sei se é do meu pessimismo, mas, ou muito me engano, ou o Porto Canal vai ser apenas mais um canal. Para já, ainda não se nota qualquer evolução nos timings dos noticiários e na qualidade/quantidade da programação. A repetição de programas gravados mantém-se, e no desporto não se está a tirar o melhor partido do canal, mais que não seja para defender o FCPorto das deturpações e falsidadades que sobre ele, os canais generalistas públicos e privados, continuam a anunciar. Neste capítulo no Porto Canal, verifica-se uma apatia mortificante, um silêncio de impotência face a estes ataques que contrasta com a propalada defesa do Norte, que a nova direcção prometera ser ainda mais enérgica que a anterior.
Ainda ontem, o parvalhão do José Rodrigues dos Santos apresentou no telejornal, desta maneira a sua versão da queixa movida pelo pai de uma criança contra o Jardim Escola: "O FCPorto não quer que crianças de um infantário cantem uma canção infantil com o nome do Benfica." Como toda a gente que leu a notícia original sabe, não foi o FCPorto, mas sim o pai da criança, que é adepto do FCPorto, quem apresentou queixa ao Ministério da Educação, aliás com fundamentos perfeitamente razoáveis. Não contente com a desvirtuação da notícia, a RTP, imbuída do espírito anti-portista que se lhe conhece - que aliás já nem consegue esconder -, decidiu entrevistar a funcionária do Jardim Escola, rodeada dos pais das crianças adeptos do Benfica para opinar sobre o assunto. Como era de esperar, todos dispararam contra o queixoso e aplaudiram a "inocente" ideia da direcção do infantário por ter levado a clubite aguda para um local onde seria suposto e.d.u.c.a. r, e não tentar fanatizar crianças.
Obviamente, não é apenas por esta ocorrência que digo que o Porto Canal está a falhar com o prometido, mas se agora dispõe de um canal de televisão, não tendo de momento muita matéria para encher a programação, não se percebe por que é que não aproveitou para denunciar o comportamento da RTP, pela forma incorrecta e maliciosa como comunicou a notícia. Sempre teria outra visibilidade e muito mais impacto que um simples comunicado no site do clube, que muita gente nem lê. Estou certo que todos os adeptos portistas, sem excepção, gostariam de ver o clube melhor defendido, na hora, e no momento certo, com a veemência que tão torpe comportamento impunha. Mas, nada.
Politicamente, a programação também pouco ou nada está a trazer de novo ao público. Pelo contrário, os debates são cada vez mais parecidos com os dos canais lisboetas, com os mesmos protagonistas também, e o tema da regionalização parece dar sinais nítidos de abrandamento.
Sinceramente, por mim, não estava à espera de uma revolução no Porto Canal, mas apenas de um pouco mais de originalidade e afirmação em matéria política. Não estou optimista, mas espero enganar-me, e que rapidamente comecemos a sentir o Porto Canal mais próximo do Porto [e do Norte] e bem mais distante de tentações centralistas.