01 junho, 2017

FCPorto, uma família de barões e súbditos?

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É difícil encontrar uma única explicação para a forma como os adeptos do FCPorto sentem e vivem o clube.

A situação deprimente que se instalou de há quatro anos a esta parte, não é a mais indicada para a concórdia. A vertente gregária do futebol, por vezes é volátil e enganadora. Quando as coisas correm bem durante longo tempo, instala-se o optimismo, o espírito de confraria, a comunhão de afinidades de que falei há uns dias atrás. Mas quando os momentos de tormenta se instalam, deixam de ser momentos para se contarem por anos. Aí, ninguém tem autoridade para negar aos adeptos o direito de questionarem o que aconteceu. Nem mesmo o presidente!

E questionar, é isso mesmo, procurar saber através das fontes possíveis, as causas que podem estar por detrás destas repetidas crises. Saber o que se passa através das fontes possíveis, não é o mesmo que saber de fonte segura.

Para evitar problemas, devia ser o presidente a explicar o porquê de tantas falhas, mas como ele pensa que não tem de o fazer, deixa o terreno livre à especulação. Pergunto: de quem será a culpa, se amanhã lhe chegarem informações falsas? Confundirá o senhor Pinto da Costa o FCPorto com uma empresa familiar? Se confunde, tem de haver alguém que o esclareça, porque os sócios pagantes têm direito a saber como anda a ser gerido o clube!

O FCPorto é uma sociedade anónima desportiva, com responsabilidades de gestão e organização, mas inclui outro tipo de sócios com objectivos distintos não menos relevantes, como apoiar as equipas e dar mais voz ao clube. Merecem pois mais respeito.

Não adianta, e cai muito mal, andarmo-nos a enganar uns aos outros. Nestes momentos (anos) menos bons, é natural que se criem clivagens e preconceitos. O Porto Canal é propriedade do FCPorto, e os colaboradores da área desportiva são seus assalariados. Daí compreender-se que preservem uma certa moderação crítica no que toca a gestão do clube. Mas já não se aceita que se dirijam aos adeptos para lhes sugerir como devem, ou não devem apoiar o clube, que blogues, ou que rádios devem seguir. Porque antes de serem adeptos são cidadãos livres. Pela minha parte, e sem falsas modéstias, posso mesmo garantir, sem risco de me enganar, que sou bem mais criterioso e exigente nas minhas escolhas do que muita gente que serve o FCPorto e o Porto Canal.

A blogosfera portista é mais antiga e diversificada do que Francisco J. Marques imagina. Por muito bem intencionadas que sejam as recomendações, como foi a de José Cruz no último programa do Universo Porto da Bancada, ela podem soar a "encomenda" nos espectadores mais atentos, e até nos adversários. Pode mesmo passar a ideia de cartilha com cores azuis e brancas... É preciso pensar melhor... 

Confesso que este desencontro entre gente que devia estar unida no que é essencial, por partilharem os mesmos gostos (já não digo interesses), tanto pelo clube como pela cidade, me deixa algo decepcionado. Tudo por uma tremenda falta de sensatez, e uma mal disfarçada soberba.

O FCPorto e o Porto Canal, não estão tão bem como se  imagina, marcam passo e estão a vulgarizar-se. O patrão é o mesmo, e isso explica tudo, ou quase tudo o que vem acontecendo.   

31 maio, 2017

O que me preocupa para lá dos bastidores do FCPorto


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Uma questão de Justiça

O que me preocupa e também muito me desgosta tem um nome, chama-se Portugal.

Um país, cujos representantes máximos teimam em perpetuar o clima de mediocridade cívica e intelectual de onde nunca chegou a sair, e que ainda por cima se gaba disso, nunca será um país evoluído.

Nem o 25 de Abril de 1974 serviu para aprendermos a valorizar a liberdade e a perceber a vulnerabilidade de uma democracia pobre de valores. Não soubemos robustecer a coesão nacional, nem tão pouco soubemos eliminar os fragmentos da sociedade pidesca que precedeu a revolução.

Portugal é um país habituado a auto-elogiar-se quase sempre à sombra do êxito individual de terceiros, talvez para encobrir as suas vulnerabilidades enquanto comunidade. O pior de Portugal não é a pequenez territorial, é a pequenez da mentalidade dos governantes e do consequente contágio popular. Da política, o composto que melhor souberam absorver foi a hipocrisia.  Não querem desistir dele...

Compreendo que, ditas assim, estas palavras possam transmitir a quem as lê sentimentos pouco simpáticos, mas a intenção não é essa. Não podemos avaliar um país movidos por rasgos de nacionalismo infantis, na maior parte das vezes forjados e veiculados pela classe política. A par disso, temos os media, os principais artífices, os veios transmissores de toda a demagogia. Ser patriota, não pode ser o que eles querem que seja, mas sim um conjunto idóneo de valores e percepções que depois de bem pesado, só a cada um de nós compete avaliar. 

Importa portanto reter, que quando falamos da trilogia dos três éfes (fado, futebol e fátima) não estamos simplesmente a citar rifãos do passado, estamos a afirmar uma prática de métodos pidescos que ainda hoje são postos em prática pelos governantes. Do segundo éfe da trilogia, ainda é no Benfica, que os regimes lançam âncora para alienarem parte considerável da população de forma a manterem-na devidamente embrutecida e controlada. É precisamente isso que ainda acontece hoje, e que a extraordinária visibilidade do futebol não pode mais encobrir. Que o diga o FCPorto...

Há uma agravante em relação ao passado fascisante no actual regime. A trilogia adquiriu um novo e poderoso parceiro. Não tem éfe, mas tem um C e um S e chama-se comunicação social. Quadrilha, assenta-lhe que nem uma luva. É outro monstro a combater, mas em democracia, democracia mesmo, é combatível. Assim queiramos nós.

Regressemos agora aos bastidores do FCPorto. Sendo o que atrás foi descrito pura realidade, grave, e facilmente comprovável com factos, continuo a pensar que o nosso clube não deve condicionar os seus legítimos protestos a uma denúncia pública num programa televisivo, por mais pertinente que ela seja (e, é). O FCPorto pode fazer a revolução sem revolucionar, desde que esteja disposto a tal e leve o caso às instâncias mais dignas da Justiça. Cá dentro, ou na comunidade europeia se preciso fôr, pois é a Democracia e os padrões elementares da ética que estão em causa.

Convém também tornar claro, que o FCPorto na sequência do logro em que se transformou o futebol português,  foi assaltado também na sua tesouraria como empresa e local de trabalho para muita gente.

Pessoalmente, encaro este caso como um crime de lesa-majestade praticado a céu aberto. Mantê-lo apenas enquadrado num programa televisivo arriscamos a banalizá-lo e a esvaziá-lo da muita razão que tem.  

30 maio, 2017

Mais do mesmo na próxima época, ou o sangue na guelra vai ressuscitar?

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Não batemos no fundo, pois não?
Escrevi aqui,  e  reiterei várias vezes,   que  a falta de liderança no FCPorto era um  facto consumado, e que o presidente Pinto da Costa já não era a mesma pessoa enquanto líder. Não o fiz de supetão,  mantive  a  moderação que entendi  adequada durante as duas primeiras épocas falhadas, na expectativa que  tudo  não  passasse de um mau momento, de uma fase menos feliz. Enganei-me.

Nos últimos anos, e em função do que pude observar, como contratações de treinadores sem perfil (nem currículo) para treinar o FCPorto, como a aquisição cara de alguns jogadores que nunca chegaram a provar qualidade que justificasse o seu preço, comecei a reforçar a ideia de que o problema estava no homem do leme. Finda esta época, não só reforcei essa convicção, como a tomei como dado adquirido indiscutível. Que me desculpe o homem que tão bem soube gerir o FCPorto, mas parafraseando as suas próprias palavras, o clube está primeiro.

Também falei de algo relacionado com as consequências da perda de líderança num grande clube como FCPorto. Uma delas, foi recear que o efeito dominó contagiasse as modalidades e a formação, e foi isso mesmo que acabou por acontecer. Tivemos resultados decepcionantes nos juvenis. O contrário, é que seria de admirar. Curiosamente, a equipa B só se sentiu confortável fora de portas, a ponto de conquistar um troféu europeu, e não foi pela falta de qualidade dos adversários, foi porque em Inglaterra os árbitros, arbitram mesmo... 

Ninguém me convence que um líder passivo e sombrio, como é hoje Pinto da Costa - com 4 campeonatos seguidos falhados -, possa ser uma boa fonte de inspiração "guerreira" para atletas e treinadores. De mais a mais quando as estruturas federativas e disciplinares do futebol profissional (e não apenas) foram ocupadas de forma ostensiva e provocadora, por membros afectos ao Benfica que nem sequer se deram ao cuidado de dissimular ao que iam. Em quem se podiam os jogadores inspirar, se viam o clube a ser prejudicado em todas as modalidades e escalões, jornada pós jornada, se o comandante da "fortaleza" não abria a boca para a defender?

É isto que muitos adeptos parecem ainda não ter entendido, o que pode ser muito negativo para o FCPorto. Há ainda alguns portistas, que lá no fundo preservam a réstea esperança de na próxima época as coisas poderem voltar à normalidade, e às victórias. Mesmo com o presidente alheado da liderança efectiva...

Os portistas esquecem-se, que os slogans não se inventam porque sim, tem de haver um líder a alimentá-los, a dar-lhes pragmatismo. Num passado relativamente próximo, a expressão "contra tudo e contra todos", só ganhou alma porque o líder tratava de a transmitir, mas isso agora acabou. Percebo a tese de alguns que dizem, que mesmo assim, com os árbitros contra nós, podíamos ganhar. Eu corroboro nisso, mas só em parte. Para tal acontecer, devíamos pelo menos ter tido a sorte de ter um bom treinador, e nem isso tivemos. E também, porque não se pode considerar bom treinador um homem que falhou repetidamente  quando era fundamental ganhar, e quando o adversário directo perdia pontos. Um treinador que, com razão para protestar muitas arbitragens, consentiu-as com o seu silêncio. Se a tudo isto juntarmos o principal problema (a falta de liderança no tôpo da pirâmide), convenhamos que é profundamente irrealista esperar dos jogadores a força e a determinação que o líder desistiu de transmitir.

Salvo uma súbita volta de 180º, palpita-me que nada irá mudar. Nem mesmo o programa Universo Porto da Bancada terá qualquer utilidade se continuar no registo que sabemos, que é constatar factos de gravidade extrema para o FCPorto sem os apresentar a quem de direito, que é a Justiça civil. Às vezes, deixa-nos a impressão que aquilo não é para levar a sério. Hoje à noite, talvez tenhamos a confirmação.

OBS-
No início da época, achei que todas as modalidades, à excepção do Basquete, tinham bons planteis e treinadores, incluindo Moncho Lopez que admiro particularmente. Mantive essa opinião até há pouco tempo. O basquete que me parecia pior apetrechado de jogadores, foi sempre em subindo e está qualificado para a final. Tanto o andebol, que para mim tem o melhor plantel nacional, bem como o hóquei, pareciam-me sérios candidatos ao título, no entanto as coisas parece terem-se complicado. Será tudo azar?


29 maio, 2017

Os bons conselhos do Presidente da República pecam por defeito e demora

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Sorrir não chega senhor Presidente 

Foi sem grande surpresa, mas com algum desapontamento, que há poucos dias ouvi o senhor Presidente da República, proferir estas palavras àcerca do assassinato (leu bem, assassinato) de um adepto do Sporting:  "o futebol tem de ser um palco de civismo!". 

Foi lindo, sim senhor, mas não chega. Pessoalmente, considero demasiado supérfluas estas palavras, sobretudo tratando-se de (mais) uma morte provocada por um adepto benfiquista.

Se Marcelo Rebelo de Sousa tem surpreendido pela positiva grande número de portugueses, não se pode dizer que neste caso tenha sido feliz. Aliás, acho mesmo que, tanto ele, como o próprio primeiro-ministro António Costa, já tiveram muitas oportunidades para exercer a chamada magistratura de influência e pôr côbro à pouca vergonha que grassa no futebol português, mas infelizmente, nenhum a quis aproveitar.

Por quê, excelências? Nem a morte de um ser humano vos desperta para a realidade do país? Apelar ao civismo chega a ser provocatório em determinadas situações, como me parece ser o caso. Meus senhores, neste caso concreto para V. Exas. dou nota zero! Se a morte tivesse sido causada por um adepto portista o comportamento seria o mesmo? Pergunto.

Quantas pessoas mais terão de morrer para V.Exas. finalmente começarem a encarar estes casos com a gravidade que eles justificam? E o que têm a dizer sobre a prostituição que invadiu os órgãos de comunicação social, onde, entre outras coisas, se promove a insídia que conduz à violência? Estarão aí os palcos de civismo que o senhor Presidente reclama? Ou já terá falado com Pinto Balsemão e demais congéneres, no sentido de reverter a situação? Algo me diz para não acreditar nesta hipótese... Por que será? Eu respondo: é que, a ambos falta coragem, e verdadeiro sentido de Estado, para tanto. 

Valem, o que valem, consoante o gosto, e grau de exigência dos avaliadores. Os meus, no que aos atrás citados protagonistas respeita, anda cada vez mais por baixo.

Por que será que ninguém consegue convencer-me que o país onde nasci se chame Lisboa?