12 novembro, 2015

Os velhos medos da direita reaccionária...

Não foi por acaso que optei por diversificar os tópicos do Renovar o Porto. Numa primeira fase, procurei destacar as injustiças do centralismo e o reflexo que tinham na vida social, económica, cultural e desportiva do Porto, e de toda a região Norte.

Denunciei também a degradação social e urbana da cidade e o seu consequente despovoamento, criando um blogue (As Casas do Porto), expressamente para provar, com imagens, essa realidade. Resistiu até 2013. Por indisponibilidades pessoais várias, fui constrangido a interromper esse projecto. Tal como o Renovar o Porto, era um trabalho meramente voluntário, de um cidadão para outros cidadãos, que visava abordar os assuntos com seriedade, e sem os condicionalismos tradicionais dos órgãos de comunicação social. 

Desde então, dediquei parte do meu tempo ao Renovar o Porto, deambulando entre a porca da política e o futebol (clube do Porto). Como disse atrás, não o fiz por acaso. Fí-lo, essencialmente por ver muitas semelhanças entre um mundo e o outro.

Na política não tenho filiação partidária, mas sempre estive muito próximo das ideias de esquerda e muito longe das ideias mercantilistas da direita. Já não dou qualquer crédito às questões económicas sabendo que quem as defende, antes de olhar para as causas sociais, procura relacionar uma coisa com a outra, na tentativa de eternizar uma mentira que faz escola desde o 25 de Abril. As questões económicas só podem merecer crédito, no dia em que se conseguir provar, com factos, em tempo útil, e com seriedade, a razão causa efeito entre o desenvolvimento económico e a qualidade de vida da população. Ora, em Portugal nunca nenhum governo conseguiu tal desiderato, simplesmente porque os mercados só conhecem uma ideologia: o dinheiro. E é bom lembrar que em 41 anos de democracia fomos quase sempre governados por um partido socialista com frequentes inclinações direitistas, e por partidos assumidamente de direita (PSD e CDS). E contudo, havendo ricos cada vez mais ricos, continuamos sendo, a par da Grécia, o país mais pobre da Europa.

Quando a economia cresce, o destino do dinheiro é sempre o mesmo, ou seja, vai sempre para as contas bancárias dos mais ricos, e nunca distribuído para os bolsos dos mais pobres. Tudo o que negue esta realidade é uma provocação, é desonestidade mental. Não há retorno. À direita, só resta o descaramento, a eterna aliança com a mentira, com a vil arte de ludibriar. E é assim que vai sobrevivendo. E é por isso, que acho graça aos profetas da desgraça que pululam um pouco por toda a comunicação social com o acordo democrático entre PS/PCP/BE. Procedem como se fossem exemplos para levar a sério, e a  seguir. A mudança, assusta-os porque os afastou da zona de conforto (e Poder) a que já estavam habituados. As negociatas entre o Estado e o privado ficaram provavelmente comprometidas...

Mas, há uma coisa chamada Constituição que fala mais alto. Só há que respeitá-la. A não ser que queiram regressar ao tempo do Salazar e Caetano...




11 novembro, 2015

Morreu Paulo Cunha e Silva



Paulo Cunha e Silva não resistiu a um enfarte de miocárdio, na madrugada desta quarta-feira. O vereador da Cultura da Câmara do Porto tinha 53 anos. Autarquia decretou três dias de luto.

Nota de RoP:
Como portuense, a melhor homenagem que posso prestar a Paulo Cunha e Silva, é reconhecer-lhe a competência (muita) com que desempenhou o cargo de vereador da Cultura.  
Como ele, há poucos. Rui Moreira perdeu um dos seus melhores vereadores, quiça o mais querido e consensual. Oxalá saiba escolher com o mesmo critério o seu sucessor.

10 novembro, 2015

A propósito do circunstancial Assis

Rui Sá
(JN)
Nos tempos que correm, a Direita anda desesperada, macilenta, espumando ódio e profetizando desgraças, como se a nova data do apocalipse fosse 10 de novembro, dia em que este arremedo de Governo será chumbado (curiosamente, e para alimentar ainda mais os seus pesadelos, a data em que Álvaro Cunhal faria 102 anos...).
Mas, nas últimas semanas, a Direita arranjou um novo ídolo ao qual se agarra como uma espécie de "tábua de salvação" para que a coligação PSD/CDS se consiga perpetuar no poder. Basta estar atento às redes sociais, aos comentários às notícias da comunicação social, aos comentadores, para ver como, para a Direita, Francisco Assis se tornou esse ídolo e expoente da "responsabilidade" e da "inteligência" nacional. Bem sei que, nestes tempos de naufrágio da Direita, qualquer "tábua de salvação" parece boa... Mas a verdade é que Francisco Assis se pôs a jeito, disponível para o frete (?).
Naturalmente que Francisco Assis tem todo o direito de declarar: "(...) sou frontal e absolutamente contra a ideia de constituição de um qualquer Governo assente numa hipotética maioria de Esquerda (...)". Ou que "a representação binária do Parlamento configurada na oposição Direita/Esquerda é destituída de qualquer tipo de solidez doutrinária ou política".
A questão é que, ao contrário do que Francisco Assis pensa, o problema não é o seu pensamento. O problema é a sua incoerência. Porque há quem tenha memória. E eu, em particular, não esqueço o que se passou em 2005, no Porto. Nesse ano, Assis foi o candidato do PS à presidência da Câmara Municipal do Porto, tal como eu o fui pelas listas da CDU. E lá veio Assis "propor" uma coligação de Esquerda para derrubar a coligação PSD/CDS (personalizada por Rui Rio). Sabendo que essa coligação não se faria (até porque o PS tinha definido, em congresso, que as mesmas não se fariam), o objetivo era claro, ou seja, poder dizer: "Nós até queríamos, mas eles é que o inviabilizaram!"... E andou toda a campanha eleitoral a clamar que a CDU era a "muleta da Direita", sabendo que, não obstante a aceitação de pelouros delegados por Rio, a CDU tinha sido a mais consequente oposição às políticas de Direita na Câmara Municipal do Porto. Clamor que teve muito eco em alguns jornalistas comentadores da nossa praça, que, curiosamente e tal como Assis, agora temem a possibilidade de um Governo apoiado à Esquerda! Será que envelheceram e se aburguesaram ou que lhes caiu a máscara

09 novembro, 2015

Antes da política, o meu FCPorto

Layún, um dos melhores em campo


Não precisava de dizer isto. Mas para que não fiquem dúvidas na memória de alguns, vou repetir-me: sou portista, portuense, nascido e criado na freguesia de Santo Ildefonso. Hoje em dia, sinto-me, assumida e orgulhosamente mais portuense que português (que querem, são os efeitos colaterais de 40 anos de centralismo). Já fui sócio do FCPorto por várias vezes. Actualmente, não sou sócio de clube nenhum. Nem o meu portismo, nem a minha condição de sócio, me impediram de me inscrever sócio do Boavista, e mais tarde do Estrela Vigorosa e Sport, unicamente para jogar ténis, como amador, claro. Fossem os  boavisteiros, portuenses assim...

Também gostava que o Porto Canal fosse mais portuense, que conveniente. Só que isso não depende de mim, depende de quem o administra e gere. Não é nesse espírito "mesmista" que me revejo. Ser portista, não é dizer que somos os maiores, que jogamos bem, quando estivemos 70 minutos para marcar um golo a uma equipa com um orçamento muito inferior ao FCPorto. Como mais uma vez se pôde constatar, a bipolaridade exibicional entre a Champions e a Liga é um facto. Ontem conseguimos ganhar. Na jornada anterior, com o Braga, deixámos 2 pontos em casa, perdemos a liderança e não marcamos um único golo. 

Pela enésima vez, Lopetegui ofereceu 45 (+25) minutos ao adversário, e isto não devia repetir-se, mas repete-se. É taxativo.

Lado positivo de Lopetegui: a capacidade de corrigir erros próprios durante os jogos. Lado negativo: hipotecar a ideia da rotatividade, com riscos desnecessários, como sucedeu ontem, ao meter dois medios defensivos e um criativo recém-lesionado (Brahimi) com características pouco indicadas para aprofundar o jogo. Brahimi é um jogador talentoso, mas prende demasiado a bola e ontem percebia-se que não estava na melhor forma. Não surpreende pois que os passes para trás e para o lado voltassem a estimular os assobiadores de serviço do Dragão. Sou completamente contra os assobios indiferenciados, como sabem, mas será este modelo de jogo irritante e perigoso a melhor maneira de os calar?

Resumindo, e para concluir: não gostei nada da 1ª. parte, pelas razões já referidas e também pela lentidão imprimida, pela fraca pressão, principais responsáveis pelos maus passes e pelas descontrações. Gostei do resultado, claro. Mas em vez de ter sentido gosto pelo futebol praticado (como com o Maccabi Tel Aviv), sofri, irritei-me, desatinei. Não quero ver futebol para ter menos prazer que arrelias. Portanto, apesar da victória, continuo pouco optimista.