Quando o presidente do FCPorto afirma que não lê blogues, em sintonia com Júlio Magalhães (que já o disse a mim mesmo depois de lhe ter dirigido uma carta), pergunto-me, o que é que ambos costumam fazer para avaliar o feedback dos adeptos e das audiências televisivas? A resposta, não me parece difícil de intuir, embora gostasse de a conhecer pela voz dos protagonistas, para ter uma ideia cabal do que cada um pensa das respectivas responsabilidades, se é que pensam alguma coisa. Como nem um, nem outro, dão quaisquer explicações sobre a opção do silêncio, só nos resta especular, o que não creio ser a melhor solução.
Seja como fôr, fazer este tipo de declarações, é de per si, uma manifestação de enorme arrogância, e de alheamento com a realidade dos novos tempos, incompatível com o produto que ambos, cada um na sua área, deviam procurar vender. Hostilizar o mercado, que somos todos nós, é hostilizar o negócio. Assim sendo, no dia em que a altivez se virar contra eles, estarão esgotadas todas as desculpas e a tolerância também.
O FCPorto, particularmente os seus administradores, possuem hoje responsabilidades acrescidas em relação ao passado. Tendo optado pela compra do Porto Canal, e por uma política editorial mista (generalista e desportiva), o empenho pela sua rentabilidade devia ser explícito e rigoroso, até pelos altos custos de manutenção que um negócio de televisão sempre implica. Uma vez decidida a parceria FCPorto/Porto Canal, deviam caminhar juntos e sempre bem sintonizados num projecto comum. Ora, não é isso que acontece. Quando vemos os noticiários generalistas do Porto Canal passarem imagens (e pareceres) sobre os clubes rivais, muito semelhantes aos canais generalistas de Lisboa, enaltecendo jogadores e promovendo esses clubes, quando eles tudo fazem para nos ignorar, ou então para nos desvalorizar, é impossível acreditar na existência de uma estratégia séria ou de um projecto patilhado. É uma aberração, um flop anedótico.
No Porto Canal não há liberdade de opinião. Por mais que me queiram convencer do contrário, os comentadores e jornalistas que habitualmente intervêm nos programas desportivos não se sentem completamente à vontade para dizer o que pensam. O próprio Bernardino Barros, que na minha opinião é o único que vai dando alguns sinais de inconformismo com o que se está a passar no FCPorto, só vai até onde acha que pode ir, porque seguramente não se sente apoiado por quem manda. Ali, todos têm medo de ir longe demais com as palavras, mesmo sentindo vontade de o fazer. Compreendo isto (tento pelo menos), mas no lugar deles faria o que a minha consciência me mandasse. Se insinuassem sequer que a lei da rolha era a filosofia da casa, despedia-me, mas punha a boca no trombone.
O problema do FCPorto de agora já foi definido por mim há largos mêses: está no Presidente e naqueles que o rodeiam. É um facto, não vale a pena manter duvidas. O outro, consiste apenas - mas cada vez com menor intensidade - na "hibernação" dos associados com a gestão do clube, fruto de uma longa carreira de sucessos nas mãos de Pinto da Costa. Muitos (cada vez menos, note-se), ainda se acanham de o criticar, porque lhes resta um pouco de respeito. Continuando expectantes a ver o clube ser humilhado por árbitros, pelos media de Lisboa e com a (quase) cumplicidade do Porto Canal e do próprio Presidente Pinto da Costa, vão acabar por expulsá-lo do clube, e essa seria a pior forma de resolver o problema.
Nota:
Por mais que tentem negá-lo, o Porto Canal não tem surpervisão, tudo é feito com o maior amadorismo. Há coisa de meia-hora amunciava o próximo jogo do FCPorto da seguinte forma:
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Por mais que tentem negá-lo, o Porto Canal não tem surpervisão, tudo é feito com o maior amadorismo. Há coisa de meia-hora amunciava o próximo jogo do FCPorto da seguinte forma:
F.C.PORTO TONDELA