28 junho, 2018

O provincianismo é isto*

Sofia Rocha (de o SOL)
Uma saloia da província
de Lisboa
Rui Rio foi eleito em Janeiro de 2018. Desde então passaram quatro meses, o tempo suficiente para que se possam analisar as medidas mais emblemáticas e ensaiar um breve balanço.
Rio arranjou uma nova sede no Porto onde passou a trabalhar – uma vez que, segundo se noticiou, não pretendia passar a semana em Lisboa. Assim, o PSD tem agora duas sedes. 
Quanto aos conselhos nacionais, órgão máximo do partido entre congressos, também diversificou: o primeiro teve lugar no Porto e o segundo em Leiria. 
Além disso, o aniversário do partido foi comemorado em Beja e as recentes jornadas parlamentares foram na Guarda. 
Ou seja, é evidente uma vontade de tirar o PSD de Lisboa, da sua sede na S. Caetano à Lapa. E constata-se que Rui Rio não teve nenhum encontro com os militantes da capital desde que é presidente do partido, pese embora já ter ido duas vezes a Beja – uma por ocasião da Ovibeja e outra, como se disse, no aniversário do PSD. 
Rui Rio tem uma estratégia bem definida de descentralizar o partido, de o levar para a província, sobretudo para o interior desertificado. Tem sobretudo a óbvia estratégia de não ter um partido sulista, elitista e liberal… Aliás, nunca escondeu que não gosta da capital, dos políticos da capital e dos media, que acha perniciosos. 
Acontece que esta estratégia de tornar o PSD um partido provinciano me parece francamente errada, porque não adianta ao PSD querer ser rural quando as pessoas querem ser urbanas e viver nas cidades -- em Lisboa, em Loures, em Odivelas, em Mafra, em Vila Franca de Xira, em Sintra, na Amadora, em Cascais.
Outra vertente da liderança de Rui Rio teve a ver com os acordos celebrados com o PS. Creio que foram positivos, pois correspondem a necessidades do país -- e os cidadãos (e eleitores) querem que os partidos se entendam. Foram passos no sentido certo. 
Outra medida emblemática foi a criação do Conselho Nacional Estratégico, uma espécie de Governo-sombra. A ideia é muito boa, mas a operacionalização tem sido difícil. Como foram escolhidos muitos porta-vozes de fora de Lisboa, que não conhecem a imprensa nem são por ela conhecidos, torna-se problemático passarem a mensagem e as posições do PSD. 
E tem havido atropelos notórios. Ainda agora Silva Peneda, que é coordenador da área de ‘solidariedade, sociedade e bem-estar’, e nem sequer é porta-voz, deu uma entrevista a um jornal diário a admitir a votação favorável do Orçamento do Estado. Ora, isto não é assunto da competência exclusiva da direção?
O PSD deve aproveitar este tempo em que o Governo e o PS vão estar a braços com o caos na saúde e na educação para corrigir estes aspetos: apostar na proximidade aos militantes e potenciais eleitores dos grandes centros urbanos, e melhorar a comunicação, passando melhor a mensagem.

Nota de RoP:
* O título é meu, e é obviamente dirigido à autora do artigo do jornal o Sol. Uma verdadeira pérola de parolice e provavelmente de inveja. Curiosamente, algumas das câmaras das cidades consideradas "urbanas" pela jornalista, à cabeça das quais consta Lisboa, estão sob a alçada da PJ por suspeita de corrupção e financiamento. Não são apenas as do Norte e rurais...

27 junho, 2018

Estou baralhado...

«Ética personalizada»


Vou fingir que sou político, ou jornalista (dos mais básicos, como a grande maioria).  Podia também fingir que era Presidente da República, que vai dar ao mesmo, apesar de não ter  jeito nenhum para distribuir ternura a eito pela populaça. Tanto faz. 

O que importa é  ter capacidade para olhar para  a democracia com o mesmo olhar de "respeito" e a mesma abrangência cívica que esse estilo de gente.

E por que raio me lembrei agora de armar em clone de figuras que nem sequer aprecio? É que, anseio por saber qual será o lado pedagógico do hábito de dar palco (e ouvidos) a indivíduos cadastrados por roubo,  actualmente investigados por suspeita de corrupção e tráfico de influências, e não consigo descobrir. 

Bem vistas as coisas, com o nível de desemprego a subir, e o emprego precário a virar rotina, é muito provável que a ideia seja banalizar o mundo do crime para as novas gerações se safarem na vida. 

Deve ser esse o lado pedagógico da coisa, presumo.