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O rosto da inocência
encarnada |
Após dois anos de uma inexplicável renúncia à indignação, e concomitantemente à defesa dos seus legítimos interesses - com as consequências danosas que se conhecem -, o FCPorto lembrou-se de quebrar o silêncio para voltar à sua génese combativa, denunciando a situação indecente de impunidade e proteccionismo intolerável de que aproveita o seu principal rival de Lisboa.
Ainda assim, fê-lo tardiamente, numa fase já avançada da temporada em que esse mesmo clube voltou a amealhar pontos, com a cumplicidade das arbitragens, patenteada em benefício próprio, ou indirectamente em prejuízo do FCPorto. Quanto a isto, só gente estruturalmente desonesta terá estofo para o negar (em Portugal é o que mais há, infelizmente).
O programa do Porto Canal, Universo Porto da Bancada, foi o meio de defesa escolhido, e quanto a mim, bem, porque é sem dúvida o mais indicado para atalhar caminho, poupando tempo, comprovando e compilando factos das acusações que apresenta. Pessoalmente, gostaria de saber de quem partiu a iniciativa, ou quem influenciou os dirigentes do FCPorto/Porto Canal, a avançar com o programa e porque não o fizeram mais cedo. Mas isso, são outras questões que poderemos abordar noutra altura só por uma questão de transparência e rigor analítico...
Como era de prever, os resultados falam por si. Aqueles para quem tudo estava impecável, enquanto eram protegidos jornada após jornada, e o FCPorto altamente lesado, com esta pedrada no charco chamada Universo Porto da Bancada, os emissários do "fair play e da verdade desportiva", passaram, num ápice, de "pacificadores" a "revoltados", usando a manha e a hipocrisia muito próprias dos marginais, para se metamorfosearem em vítimas.
É claro que estes estrategemas só têm resultado, porque a classe política, por culpa própria, se deixou tomar pelos votos maioritários de uma comunidade clubista que, através do seu presidente - cadastrado recidivo -, usa e abusa da chantagem eleitoral junto do poder político para conquistar títulos que não consegue de forma legal. E os governantes, tendo perfeito conhecimento do
buraco financeiro que o Benfica deixou no BES, e da sua ligação a actos criminosos, pactuam com esta pouca vergonha e permitem-lhe tudo. Até um dia.
O jogo que se avizinha, sem ser decisivo, pode comprometer as aspirações de ambas as equipas, em caso de derrota. Por isso, e tendo em consideração os sucessivos golpes de teatro que o antecedem, não me surpreenderei se acontecer alguma desgraça. O ambiente, está criado pelos mesmos de sempre. Aqui chegados, é à classe política, em primeira instância, que devemos atribuir a responsabilidade de qualquer eventual tragédia que possa acontecer. Pela experiência que temos, aos governantes da época não bastaram a morte de um adepto leonino, nem as agressões graves a um hoquista do FCPorto, ou o autocarro portista incendiado por benfiquistas, para se imporem como autoridade. Preferiram deixar às "autoridades" desportivas, cumplíces dos infractores, a responsabilidade e fazerem de conta que nada se passou.
Dados os factos, não deixa de estranhar um pouco que o responsável pela comunicação do FCPorto, Francisco J. Marques, depois de ter afirmado (e bem) que a comunicação social foi capturada pelo Benfica, tenha excluído o Jornal de Notícias e o desportivo O Jogo dessa condição, porque também eles foram já enclausurados, ou "seduzidos" pelo sistema.
Este assunto, dava aliás um excelente programa temático para debater no Porto Canal. Assim o queiram as partes (FCPorto/Porto Canal)... É que o Jornal de Notícias, para já, ainda não deixou cair totalmente a máscara, porque quem lá manda sabe como há-de fazer as coisas. Por enquanto, vai-nos fazendo o "favor" de nos dedicar algum espaço local, genérica e desportivamente. Com o passar do tempo, e se entretanto nada fizermos para o evitar, será apenas mais um jornal de Lisboa publicado e sediado no Porto (como o Público).
Portanto, senhores jornalistas do Porto Canal, não tenham medo de dizer tudo o que pensam, porque o panorama é bem mais negro e abrangente do que julgam. O Porto, só depende dos portuenses legítimos, daqueles que se ofendem quando os aqui nascidos em vez de se juntarem a nós fazem coro com os que tudo fazem para nos prejudicar e humilhar. Por muitos argumentos que tenham, nunca, mas nunca mesmo, podem ser considerados tripeiros.
São antes uma espécie de cancro no corpo de uma cidade.