Não fosse o assunto sério, quase dava para rir a desilusão patenteada por alguns portugueses por Manuela Ferreira Leite ter ganho a corrida à liderança do PSD. Ela, ou qualquer outro (ou outra), vai dar ao mesmo, porque os pressupostos de confiança dos eleitores com os eleitos são uma perfeita anedota. Patética, mas sem grande piada.
Trinta e quatro anos de vivência democrática para um país, pode nem ser indicador de antiguidade, mas são suficientes para se aprender alguma coisa. E se alguma coisa os portugueses deviam ter aprendido durante todos estes anos (pelo menos, os que têm idade para isso), era a não confiar no que dizem os políticos, porque eles já lhes deram provas que cheguem para não merecerem mais créditos.
O que, de hora em avante, devia mobilizar os portugueses, não é colaborar nestas repetitivas e gastas campanhas pela conquista dos mesquinhos poderes pessoais da nossa classe política, mas sim a procura de novas soluções para restaurar os mecanismos democráticos que definitivamente não servem os seus interesses.
Os eleitores sabem criticar (com razão) os governantes, mas acabam sempre por se deixar levar na sua conversa, nas suas verdades inconsequentes e entrar no seu jôgo de interesses. Sem darem por isso, alimentam-nos, restauram-lhes créditos sucessivos, dão-lhes vida, e atribuem-lhes uma importância que ainda não foram capazes de merecer. Durante 34 anos! Os eleitores são portanto, também responsáveis por não saberem pôr um travão a estes abusos.
A comunicação social tem uma enorme responsabilidade em toda esta encenação. Opostamente ao que afirma, está sempre mais próxima dos políticos do que do povo. Interroga-os, é verdade, provoca-os até, mas acaba sempre por estar do seu lado. O contrário, já não acontece. Para as televisões, o povo só existe para o futebol, para assistir e aplaudir programas recreativos de gosto duvidoso. É tudo. Para ter um pouco mais de protagonismo, só nas eleições,de 4 em 4 anos, com os resultados que se conhecem.
Os políticos estão tão desqualificados que já nem se dão conta do que dizem. Para eles não é grave dizerem disparates. De ministros a Presidentes da República o nivelamento é cada vez mais feito por baixo. Ouvimos um Ministro das Obras Públicas a exclamar, "OTA, jamais!", e depois a ter que engolir a OTA com o jamais incluído, e um Presidente da República (Cavaco) a ter o desplante de dizer sentir-se orgulhoso com os emigrantes numa visita ao estrangeiro, sem sequer lhe ocorrer pensar, da razão que os levou a emigrar... São assim os pragmáticos do nosso mundo político.
O que interessa então, o que disseram MFLeite, ou PPCoelho, e logo depois contra-disseram? Se fulano no discurso A (de alienação política) falou sobre a Regionalização, e depois de ser eleito, deixou de falar, qual é o espanto, meus senhores? Afinal, quando anos mais serão precisos, para concluirem que estão a lidar com impostores? É pelas setinhas classificativas do JN? E os nossos miolos não servem para nada?
Não se impressionem com quem fique "chocado" com o meu discurso, porque de populista e demagogo nada tem, ao contrário do dircurso hipócrita do politicamente correcto usado pelos governantes que em bom português quer dizer, deitar areia para os olhos do povão. E muito menos tem de insultuoso, porque não se insulta quem é sério. O que digo e afirmo aqui, rearfirmá-lo-ia em tribunal, as vezes que fossem precisas. Mesmo dentro de uma cadeia.
PS-Aos adeptos do FCPorto, recomendo calma, a procissão ainda vai no adro. Eu sei que isto que estão a fazer-nos é revoltante, que nos deixa tristes, mas continuo a confiar que o FCPorto vai sair (como sempre esteve) limpo deste processo. Para desenjoar, recomendo esta receita: pensem num pavão vaidoso que vive numa gaiola chamada Liga, a quem todos gostariam de pôr os c. . . . . .s, imaginem o seu rosto e a seguir vão a correr para o WC, vomitar. Se tiverem uma fotografia, vomitem-lhe em cima. Depois, digam lá se não ficaram mais animados.