Como qualquer portista que se preza, não fiquei a dar pinchos de alegria pela derrota do FCPorto com o Barcelona; fiquei chateado, sim. Mas, longe de mim pretender voltar por isso ao revivalismo fadista das victórias morais, ou de querer justificar a derrota com o choradinho dos clubes da capital do império com os erros [que aconteceram de facto] dos árbitros.
A verdade, é que este troféu disputado, não [com alguns dizem], com uma das melhores equipas da Europa, mas sem exagero, e de facto, com a melhor equipa do Mundo de sempre, o FCPorto soube estar à altura do estatuto que com toda a justiça já conquistou, literalmente, contra tudo e contra todos, como um dos melhores clubes de futebol do Mundo da actualidade.
Considerando as condicionantes impostas por um mercado de transferências com prazos estupidamente largos e desajustados, lesivos para clubes como o FCPorto, que não têm capital bastante para manter os seus melhores atletas a salvo dos grandes predadores, Victor Pereira soube gizar uma estratégia quase perfeita para, durante meia-hora neutralizar completamente o tricotado futebol catalão, mantendo abertas as expectativas dos portistas. Só aquele erro infantil de Guarín conseguiu reduzí-las, e apenas as expulsões de Rolando e depois Guarín, acabaram com elas de vez.
Erros e resultados à parte, não pude deixar de pensar até onde poderia chegar este FCPorto, soberbamente pilotado pelo Comandante Pinto da Costa e respectiva tripulação, se dispusesse dos petrodólares do Chelsea, ou do Manchester City, para, com tempo e dinheiro, poder criar e maturar uma equipa de futebol como só alguns clubes ingleses e espanhóis [e agora também alguns russos] se podem dar ao luxo de fazer.
Curiosamente, são também estas colossais assimetrias de recursos que tornam hoje Pinto da Costa o dirigente de clubes mais astuto e prestigiado do futebol mundial. Tenho sérias razões para duvidar que outros dirigentes desses tais clubes bilionários soubessem fazer desportivamente melhor que PdC, se vivessem num pobre país como Portugal, e com os mesmos meios.
Por isso, pus-me a pensar se - depois de arrumada a "casa", ou seja, depois de sabermos quem são os jogadores que ficam no plantel e os que vão sair -, no que Victor Pereira poderá fazer de jogadores com as capacidades de James Rodriguez, Iturbe, Danilo, Alex Sandro, Defour, Mangala e Kelvin, só para falar nos mais promissores. Conjuntamente com os mais antigos, e o tal ponta de lança maduro que falta, e com tempo suficiente, não será possível criar uma equipa tecnicamente mais próxima do Barcelona? Estrategicamente, nada temos a recear, mas em termos técnicos, não será possível extrair destes jovens jogadores com tanto potencial a mesma perfeição dos jogadores do Barcelona?
Apetece-me adiantar a resposta: ser possível, é, mas sem dinheiro [e muito] para conservar os melhores jogadores e lhes saciar a conta bancária, não! A "perfeição" do Barcelona, consegue-se com muito trabalho, talento, e principalmente com muito tempo! E tempo sem dinheiro, no futebol, não faz milagres. E é pena, porque o FCPorto tinha tudo, para ultrapassar o Barcelona e muitos outros grandes clubes europeus de top. Mesmo assim, com a bolsa mais pobre, conseguimos pela segunda vez, ser considerados o 3º. melhor clube do Mundo pela IFFHS [Federação Internacional de História e Estatística de Futebol].
É por estas e por outras, que me custa aceitar, sobretudo num país onde abundam mais oportunistas do que líderes ou grandes governantes, apareçam por aí certos vaidosos a criticar as decisões do Presidente PdC extemporaneamente e por dá cá aquela palha. Raramente acertam no prognóstico, mas não desistem. A vaidade é superior ao realismo e à capacidade de análise. Mas, que havemos de fazer? Os pavões, serão sempre pavões.