Um tanto farto de lamuriar, em vão, o estado deste pedaço de terra baldia a que alguns "neo-colonialistas" eufemisticamente chamam país - apesar de continuarem a confiná-lo geograficamente à zona da grande Lisboa -, hoje, decidi falar sobre coisas práticas que podem, se assim os respectivos responsáveis o quiserem, mudar radicalmente o rumo da comunicação social. Trata-se do Porto Canal.
Aqueles que acompanham o Renovar o Porto há mais tempo, sabem que o tema da comunicação social é talvez aquele a que tenho dedicado mais atenção, considerando o peso e a capacidade de influência que continua a ter na sociedade [apesar da relevância das redes sociais].
Não faço ideia se o FCPorto, actual proprietário do canal da Senhora da Hora, terá já gizada uma estratégia, de modo a diferenciar-se da política programática seguidista dos canais centralistas, mas é importante que o faça, sem demoras.
A tacanhez do espírito centralista patente nas televisões lisboetas, abre um precioso "nicho" de oportunidade para o negócio televisão que não pode [nem deve] ser desperdiçado pelo Porto Canal. Urge aproveitar tudo o que tem sido desaproveitado, em termos de cobertura regional, pelos canais tradicionais que só começarão verdadeiramente a perceber o erro que cometeram por terem desprezado o Norte, quando toda a sua população se sentir bem representada pelo Porto Canal. Começam,aliás, já a notar-se alguns indícios de manifesta satisfação nas populações nortenhas pela presença desta estação que, reconheça-se, tem vindo a fazer um trabalho ainda incipiente, mas notável, tanto a nível da etnologia, como da cultura e da lavoura.
Muito mais e melhor, haverá para fazer, mas nunca como agora foi possível ouvir a voz dos durienses, dos minhotos e dos transmontanos. Mas, cuidado. Apesar dos centralistas pautarem a sua conduta pela fossilidade e pela discriminação, não desprezam o dinheiro, e por dinheiro estarão disponíveis para se converterem ao "regionalismo" se tiverem tempo e oportunidade para tal. Aliás, se estivermos atentos, verificaremos que tanto a RTP, a SIC como a TVI, andam, inusitadamente, há uns meses a esta parte a cirandar por terras do Norte, a descobrir os seus encantos. Não será por acaso...
Cabe pois, ao FCPorto, e sobretudo à Direcção de Programas do Porto Canal, "barrar-lhes" o caminho no sentido de aproveitar o que de bom já foi feito em termos de descentralização, e não permitir, através de um apoio empenhado [e sempre inovador], às regiões, que o seu mercado possa ser ocupado por quem nunca delas quis verdadeiramente saber e, pelo contrário, por quem politicamente a elas se opôs.
No entanto, todo esse esforço será inútil e dispendioso se a Direcção do Porto Canal cair no disparate muito portuga de copiar o lixo que já se faz e supostamente vende. Criar aquele tipo de programação básica, os reality-Shows que ficcionam e pervertem a realidade em vez de a retratar e instruir, será um déjà vu requentado sem qualquer futuro.
A propósito, aproveito para dizer que considero dispensáveis programas como o "À conversa com Ricardo" [creio chamar-se assim], onde o moderador Ricardo Couto, que estabelece conversa com figuras públicas da esfera artística e desportiva, em pouco tempo esgotou o portefólio regional, e logo elegeu quase em regime de exclusividade, gente de Lisboa para convidar para o programa. Estes resquícios centralistas não devem ter lugar no futuro Porto Canal, nem muito menos perturbar a sua linha programática. Foi por cedências pseudo-cosmopolitas como estas que abortaram a NTV e que o Norte perdeu alguma da sua identidade. Isto, é tudo aquilo que não se deve fazer num canal regional. Pelo menos, até que nos provem não existirem no Norte litoral e profundo [que é grande e populoso], pessoas suficientemente interessantes e ainda mal conhecidas para entrevistar. Chamar de Lisboa, pessoas que já toda a gente conhece, quando há tanta gente ilustre e bizarra por cá, mais do que um manifesto sinal de inferioridade, é uma inutilidade, um atestado de carência criativa.
Há que perceber uma coisa, de uma vez por todas: os nortenhos não passarão a ser mais "civilizados" por afagarem o ego aos lisboetas, nem deixarão de o ser por darem preferência aos da região. Afinal de contas, reside na indiferença dos lisboetas [e não me venham com o fado do costume, que os lisboetas não têm culpa nenhuma, porque são os cidadãos que fazem as cidades], a importância de uma estação de âmbito regional. Só falámos hoje na Regionalização porque o país, ao contrário das promessas de sucessivos governos com veia para a vigarice, foi sendo cada vez mais centralizado na capital, com toda a carga de facciosismo e injustiça que isso comporta, inclusivé no seio da própria comunicação social.
Portanto, já chega de politicamente correcto, é tempo de atalhar caminho e tentar recuperar aquele que nos foi roubado. Lisboa pode esperar.
Portanto, já chega de politicamente correcto, é tempo de atalhar caminho e tentar recuperar aquele que nos foi roubado. Lisboa pode esperar.
Perfeitamente de acordo.
ResponderEliminarE já agora e na sequencia penso que certos programas do PORTOCANAL ( incluindo os desportivos) precisam de mantendo o nivel um pouco mais de acutilancia...
Rui, hoje no meu blog e em resposta ao Portista de Cascais, que me perguntou se sabia alguma coisa acerca das audiências do Porto Canal, disse-lhe o seguinte:
ResponderEliminar«Portista de Cascais, a informação que recolhi, agora mesmo, foi que as audiências estão a subir, claramente. Não sei números, não mos deram, mas acho que nos basta saber que estamos no bom caminho. Um caminho que não é fácil, pois os meios, técnicos e humanos, ao dispor do Porto Canal são limitados e quando é assim, mais que colocar no ar grandes coisas, por muitas e boas ideias que se tenham, é preciso primeiro arranjar meios, arrumar a casa, criar condições para a partir de Janeiro, do próximo ano, já se ver o que vai ser o Canal. Se todos ajudarem e porque quando nos metemos nas coisas é para fazer bem, acredito que vai ter futuro.»
Quanto ao que diz, concordo e acredito que vamos conseguir.
Abraço
Vila,
ResponderEliminartalvez lá para Janeiro possámos ter uma ideia do que vai acontecer.
A minha dúvida, é que o receio de fazer a diferença da Direcção de Programas e Informação, se submeta ao mais do mesmo da praxe, a uma simples mudança de "moscas" e cenários.
Mas, bem vistas as coisas, não estou a ver o PdC a meter-se numa empreitada desta envergadura par copiar modelos de televisão falidos.
Um abraço
Há um programa do Porto Canal que não perco, desde há alguns anos a esta parte. Refiro-me aos históricos de Joel Cleto. Com mais meios ao dispôr pode ombrear com os do Hermano Saraiva.
ResponderEliminarO que espero é nunca ver o recurso às Cinhas, às Mayas, aos Castelos Brancos e outras figurinhas do anedotário nacional que parece que dão audiências, infelizmente, mas que as acho repugnantes.
De acordo, esse é um dos programas que a nova Direccção deveria manter, e que acho que irá manter. É excelente.
ResponderEliminarHá alguns outros programas que também deviam ser aproveitados, como Sentido Norte, Territórios, etc.
Esperemos que haja bom senso [e bom gosto] e saibam aproveitar tudo o que há de positivo e rejeitar o [pouco] lixo que se produz à moda de Lisboa.