21 abril, 2012

Presidente da APDL renuncia ao cargo

O presidente da Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL), Matos Fernandes, renunciou ao cargo na quinta-feira e lamentou “profundamente” a “ausência de decisões nas restantes empresas do sector”.

“A ambição de Leixões não é compatível com a indefinição de mandatos e a minha saída, voluntária, tem como objectivo garantir a nomeação de um novo conselho de administração a 21 de Maio”, afirma o gestor, já depois de a sua saída se ter tornado pública em notícia avançada pelo semanário Grande Porto.

No texto enviado à agência Lusa, Matos Fernandes manifesta-se “profundamente” preocupado com “a ausência de decisões nas restantes empresas do sector” e sustentou não ser “razoável que aqui não haja uma decisão”.
“Esta cabe ao accionista [Estado], que tem ainda um mês para a ponderar”, refere.
Com efeitos a partir de 30 de Maio, a renúncia de Matos Fernandes acontece a um mês da realização da assembleia-geral da APDL, que deverá nomear um novo conselho de administração para a gestora portuária.
O gestor diz, por isso, manter “a forte expectativa” de que a renúncia “não necessite de concretização”, em consequência da sua “normal substituição” naquela reunião magna de accionistas.

O ainda presidente da APDL destaca ter já enviado ao accionista Estado os elementos de prestação de contas relativas ao ano de 2011, “que confirmaram um resultado positivo de 10,3 milhões de euros”.

“Os 7 anos que passei na APDL, 4 dos quais como presidente, foram os mais gratificantes da minha vida profissional, tendo liderado uma excepcional equipa, com a qual partilho o sucesso de Leixões”, remata Matos Fernandes.

A saída de João Pedro Matos Fernandes acontece num contexto de indefinição em torno do modelo de gestão dos portos portugueses, no âmbito do qual o Governo pretenderá fundir as administrações portuárias do país.

Esta decisão tem vindo a gerar grande polémica a Norte, dados os bons resultados operacionais do porto de Leixões comparativamente com as restantes estruturas portuárias do país.
Rui Moreira lamenta saída
O presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), Rui Moreira, lamenta, esta sexta-feira, ”profundamente” a renúncia de Matos Fernandes à presidência do Porto de Leixões e critica a “indefinição” do actual Governo “em todo o sector dos transportes”.

“Lamento profundamente a saída do engenheiro Matos Fernandes. Foi um extraordinário presidente da APDL [Administração dos Portos do Douro e Leixões], que soube modernizar e continuar o trabalho do seu antecessor”, sustenta Rui Moreira.

Para Rui Moreira, a saída do presidente da APDL “é um péssimo sintoma”, porque, “se sai, é porque não lhe foram dadas condições para continuar”.

“Se uma pessoa não percebe se vai ser ou não reconduzida, se a APDL vai ser ou não extinta, se vai haver ou não fusão [entre os portos portugueses], tudo isto são coisas que deixam marcas e que não contribuem para que aqueles que querem fazer investimento e definir as suas estratégias de desenvolvimento o possam fazer”, afirmou.

A este propósito, Rui Moreira manifestou-se também “muito preocupado” com a “indefinição por parte do Governo”, quer a nível da estratégia portuária, quer “em todo o sector dos transportes”.
SE adia decisões
“Este secretário de Estado tem vindo a adiar progressivamente as definições nas políticas nos transportes. Na questão dos portos, o secretário de Estado anunciou há algum tempo a intenção de avançar com a fusão, mas continuamos a não saber o que é que sucede”, referiu.

Na sua opinião, o mais “preocupante” é que “estas indefinições levam à saída dos melhores” e, sendo Leixões e os portos portugueses no seu todo “muito importantes para a economia nacional, tem que haver alguma coisa mais concreta que permita que as pessoas se possam concentrar e ter uma estratégia definida”.
Relativamente à intenção, reiterada pelo atual Governo, de avançar com a fusão dos portos portugueses, Rui Moreira considera que é “absolutamente inaceitável”:

“Não conheço nenhum argumento favorável, não há, ao contrário do que o senhor secretário de Estado vai para aí dizendo, nenhum modelo europeu de fusão de portos e vai ao arrepio das indicações da Comissão Europeia, que se preocupa, exactamente, com a criação de concorrência saudável entre os portos”.

Para Rui Moreira, não vinga o argumento da necessidade de coordenação entre as várias infra-estruturas portuárias, pois “para isso é que existe o IPTM [Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos] como instrumento regulador”.

“Tenho a certeza que isto não vai poder ser concretizado. Já existiram estes propósitos nos 2 Governos anteriores e nunca conseguiram levar isto a cabo. O que é pena é que estas indefinições levem ao desapontamento, à saída dos melhores e a um ambiente de incerteza para o qual lamento que seja o próprio Governo a contribuir”, rematou o presidente da ACP.

Nota de RoP:
Cada vez me convenço mais que a ideia de governo que se apossou da classe política dos últimos anos, é destruir o pouco que funciona bem no país, e numa segunda fase, ocupar o tempo na televisão para branquear a incapacidade própria para construir qualquer coisa de jeito e consistente. E eu que pensava que em democracia "rotinas" destas eram impossíveis...

19 abril, 2012

De Rui Rio só podemos esperar isto

  • Fontainha

"Nos países desenvolvidos"





É conhecida a anedota da singular noção de causalidade daquele investigador que cortou as patas a uma rã e lhe disse: "Salta!"; e que, como a rã não saltasse, concluiu que, quando se cortam as patas às rãs, elas deixam de ouvir.

Ocorreu-me essa história ao saber do estudo que sustenta mais uma nova redução das indemnizações por despedimento que o ministro Álvaro (quem haveria de ser?) anunciou que levará à Concertação Social, estudo que conclui que... nos países desenvolvidos indemnizar trabalhadores despedidos não é obrigatório. Assim, acabam-se com as indemnizações por despedimento e, zás!, passamos a "país desenvolvido". E poder-se-ia ainda aumentar também os salários para os níveis praticados nos países desenvolvidos e então é que ficaríamos tão desenvolvidos, ou mais, que os países desenvolvidos. A ideia, no entanto, não ocorreu ao ministro Álvaro, como não lhe ocorreu a ideia de se demitir, pois nos países desenvolvidos ninguém salta da blogosfera para ministro...

A mesma provinciana lógica causal foi recentemente invocada pelo secretário de Estado da Saúde para justificar uma nova cruzada antitabagista: nos países desenvolvidos - mais um esforço, portugueses, se quereis ser nova-iorquinos! - é proibido fumar na rua, no automóvel, na própria casa de cada um.

E, já agora, por que não restaurar também a pena de morte, seguindo esse exemplo extremo de país desenvolvido que são os Estados Unidos?

18 abril, 2012

escritores famosos





Ao contrário do que muita gente erradamente pensa, o futebol não é a mãe da tensa rivalidade entre Lisboa e o Porto, que é bastante anterior à fundação do Futebol Clube do Porto e do Benfica.
Para fazer a prova dos nove do que acabo de escrever, partilho com as preclaras e preclaros uma pequena antologia de frases a este propósito, da autoria de três escritores famosos.

"Lisboa inveja ao Porto a sua riqueza, o seu comércio, as suas belas ruas novas, o conforto das suas casas, a solidez das suas fortunas, a seriedade do seu bem-estar. O Porto inveja a Lisboa a Corte, o Rei, as Câmaras, S.Carlos e o Martinho, Detestam-se"
Eça de Queiroz 
"O portuense é o homem mais delicado, mais serviçal, mais bom homem. Somente há três coisas de que ele não gosta - e nesse ponto é mau brincar com ele. Não gosta de Lisboa. Não gosta da polícia. Não gosta da autoridade. Da autoridade vinga-se, desprezando-a. Da polícia vinga-se, resistindo-lhe. De Lisboa vinga-se, recebendo os lisboetas com a mais amável hospitalidade e com a mais obsequiada bizarria"
Ramalho Ortigão
"Lisboa é um mostruário colorido e barroco de uma parte aventureira do nosso sangue. è, sobretudo, simultaneamente, uma cais de embarque e desembarque da pressa que corre o mundo. Cidade de muitas e desvairadas gentes, já lhe chamava o outro. ora o Porto lembra-me antes uma séria e pacata cidade lusitana, murada da nossa altivez de cavadores.Se de resto Garrett pode nascer do calor do seu coração, se António Nobre pode morar em paz dentro das suas portas, e se mesmo numa das suas cadeias pode ser escrito o Amor de Perdição, que demónio é preciso mais para honrar os pergaminhos de alguém?"
Miguel Torga

Europa das Regiões - Dinamarca

A Dinamarca criou em Janeiro de 2007 cinco novas regiões 
[Capital, Jutlândia Central, Jutlândia do Norte, Zelândia e Dinamarca do Sul], no âmbito da reforma municipal para substituir os 13 tradicionais condados, substituindo os 270 municípios por 98.

Essas regiões, não sendo politicamente autónomas, têm no serviço nacional de saúde a principal competência. Contrariamente ao que acontecia nos antigos condados, as novas regiões não podem cobrar impostos, sendo o serviço de saúde financiado por fundos dos governos nacional e municipais. Cada um dos Conselhos Regionais é formado por 41 políticos eleitos.

O país tem dois territórios de grande importância geográfica e política - Gronelândia - parte do continente americano -,  ilhas Faroé, que possuem  autonomia interna e uma ampla margem de governo autónomo. São representados por dois membros cada no Parlamento Dinamarquês.

  • Área:                 43.094 Km2
  • População:         5.475.791 habitantes
  • PIB:                   US$ 198, 5 biliões


Vídeo sobre a regionalização...



... de António Almeida Felizes - do blogue "Regionalização" - com algum atraso [Abril de 2011], mas sempre actual

Qual é a ponte mais bonita?



 

Qual é o melhor disco dos Beatles? O Sgt Peppers ou o White Album? Saramago ou Lobo Antunes? O Porto 87 de Artur Jorge ou o Porto 04 de Mourinho? Paris ou Londres? Vinho branco jovem e frutado ou com madeira? Pelé ou Maradona? Antas ou Foz? Ronaldo ou Messi? Braga ou Guimarães? Tawny ou ruby?

Há milhares de questões tão fraturantes como estas que dividem colegas, amigos e familiares, proporcionando discussões intermináveis, em que os argumentos se vão desbobinando como cerejas.
Vem este introito a propósito da minha incapacidade em estabilizar uma opinião sobre qual é a mais bonita das pontes do Porto.
Tem dias em que me deixo comover pela extraordinária leveza da D. Maria Pia, uma das obras maiores de Eiffel, uma ponte "toda em renda de Bruxelas" (Teixeira de Pascoaes).
Mas o meu coração balança quando, seguindo em direção à Foz, deparo com o gigantesco arcaboiço dos dois tabuleiros da formosa ponte Luiz I, riscada por Teófilo Seyrig , que une o morro granítico da Sé com a escarpa da Serra e a Ribeira com o Cais de Gaia.
E fico baralhado em definitivo quando, após o Douro vencer a última curva antes de chegar ao seu destino, surge a ponte da Arrábida e o audacioso e elegante arco com que Edgar Cardoso deixou de boca aberta o mundo da engenharia no dealbar dos anos 60.

Não tenho dúvidas sobre a composição do pódio, mas sim sobre o lugar que cada uma destas três pontes ocupa. Se tivesse de escolher agora mesmo, era capaz de colocar a da Arrábida no lugar mais alto.
A par da Torre dos Clérigos, de Nasoni, e da Casa da Música, de Rem Koolhaas, e do Museu de Serralves, de Álvaro Siza, as pontes são um emblema do Porto e também um barómetro revelador da importância relativa da cidade e da região no conjunto do país.

As duas mais antigas foram inauguradas com nove anos de intervalo - Maria Pia em 1877 e Luiz I em 1886 - no final de um século XIX, que foi um dos períodos mais prósperos da nossa região.
Os 77 anos que foi preciso esperar até à inauguração, em 1963, da terceira ponte, a da Arrábida, dizem tudo sobre a incapacidade da I República, o atrofiamento a que o Estado Novo submeteu o país, e a importância (praticamente nenhuma) que o centralismo lisboeta atribuía ao Porto.

As três pontes (S. João, Freixo e Infante) abertas em dez anos (95-05), retratam um período dourado de uma cidade orgulhosa de ter finalmente o seu sistema de metro, ser Capital Europeia da Cultura, ver o Centro Histórico proclamado Património da Humanidade e assistir à glória europeia do clube que leva o seu nome.

O novo esplendor do Porto e do Norte, que o ressurgimento cultural e das exportações prenuncia, ficará assinalado na História pela construção de mais pontes, em sentido literal e figurado, a coserem as duas margens do nosso rio, o Douro, que vai deixar de dividir - e passará a unir.

Nota de RoP:

Gosto de ler as crónicas de Jorge Fiel, e por isso é que as reproduzo aqui. A razão é muito simples: fala de coisas sérias de modo informal, e com um salutar sentido de humor. Apesar disso, tenho reparado que alguns dos seus artigos revelam uma mal disfarçada confiança no actual governo, coisa que eu, por mais vontade que tenha, ainda não descobri  a causa. Mas faz-me bem o seu estilo bem disposto e brincalhão, até porque de más notícias e de desgraças político-sociais, já estou enojado.

17 abril, 2012

Parabéns Presidente!

Pinto da Costa, trinta anos de presidência no FCPorto e 50 de dedicação

Num momento em que o Sporting perdeu a virgindade e a auto-proclamada reputação de clube mais sério do futebol português, dizendo assim ao mundo que, até prova em contrário, ninguém é absolutamente inocente, Pinto da Costa faz trinta anos [hoje] de presidente do FCPorto, e cinquenta de dedicada ligação à estrutura que ele próprio transformou no melhor clube nacional da actualidade.

Pinto da Costa só tem inimigos e suscita ódios aos clubes rivais de Lisboa, porque estamos no país mais centralista da Europa, e porque o sucesso do FCPorto gera a inveja de quem não é capaz de o conseguir lealmente dentro do campo e sem a ajuda da comunicação social e dos próprios governantes.

Pena é que a vocação e competência de Pinto da Costa se tenha notabilizado apenas na área do desporto e que nunca tenha querido enveredar pelo mundo da política, caso contrário, talvez hoje não andássemos a carpir lamentos pela falta de liderança a Norte, e no próprio país. Pinto da Costa é a prova viva de que um líder não tem de ser forçosamente confundido com um D. Sebastião, como alguns por inveja ou medos próprios, gostam de dizer...

Pinto da Costa é um lutador como poucos, é um resistente. Não é qualquer um que aguentava o que ele tem aguentado. Desde calúnias, armadilhas, devassa de privacidade, intrigas, suspeições, processos jurídicos, tudo fizeram para o destruir, e tudo ele suportou de forma estóica, devolvendo à procedência todos os ataques com victórias estrondosas, tanto no terreno de jogo, como nas barras dos tribunais, deixando os seus inimigos de estimação - alguns deles com responsabilidades políticas e jurídicas -, a espumar de raiva e de despeito.

Por tudo o que ele representa para o Norte e para o Porto em particular,  os meus parabéns, e o meu muito obrigado ao Homem a quem um dia, por alguma razão, os inimigos baptizaram de Papa...