18 outubro, 2013

As chulas EDP/RTP

Observando superficialmente o gráfico, tendo em conta o contraste do nível de vida dos respectivos países, torna-se mais simples compreender por que é que alguns portugueses se agarram, como macaco  a banana, a Mourinhos e Ronaldos, para exaltarem o seu orgulho pátrio. Compreende-se, mas não é para aplaudir, porque espelha o comportamento de um povo submisso, habituado à mediocridade, e sem motivações sociais progressitas.  

Num país a sério, este quadro, seria razão para a demissão em bloco de muitos governos. Mas este país nunca foi para gente séria, e continua impunemente apostado a seguir pelo mesmo caminho. 

Há uns Tsunamis um pouco por todo o Mundo que assolam e vitimizam crianças, gente indefesa e pobre. Mas, por que raio a Mãe Natureza não se lembra da zona de S. Bento e faz uma visitinha a Belém? 

PS - A administração proxeneta  da RTP prepara-se para, em 2014, voltar a meter-nos a mão no bolso na factura da madrinha EDP, com mais um aumento da taxa audiovisual. Não tarda muito, estes parasitas obrigam-nos a pagar uma taxa de oxigénio para podermos respirar...e nós pagamos. Jovens: emigrem! Saiam deste inferno e deixem o vosso dinheirinho lá fora. Não depositem um cêntimo nestes gangs de mafiosos, porque não há polícia nem Justiça que vos valha. 

Grande PR!


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Nota de RoP:

Cavaco Silva não deve gostar que o tratem por mentiroso, mas que está a pôr-se a jeito, está. Nos tempos que correm, digamos que é normal, porque o grau de exigência para cargos como o dele anda pelas ruas da amargura.

17 outubro, 2013

Mário Soares errou, envelheceu, mas não está senil

Não sou dos que vê na figura de Mário Soares um ícone notável da democracia nacional, nem dos que alinharam no côro lançado pela chamada "boa imprensa", que um dia o baptizou de dinossauro político sem nunca explicar muito bem a relevância da alcunha...

Estou à vontade para falar, porque foi nele e no seu partido, que votei nas primeiras eleições constituintes de 1976 que conferiu ao PS a victória final [com 35% dos votos]. Portanto, dei assim o meu contributo pessoal para reforçar o PS e para Mário Soares ser quem é. 
Mário Soares



Se Soares teve fortes responsabilidades pela entrada de Portugal na então Comunidade Económica Europeia [hoje já não é opinião unânime que tenha sido boa ideia], também não soube dar o melhor rumo ao país, sobretudo na consolidação da democracia. Lembro-me dele a desautorizar, perante as câmeras de televisão, um agente da autoridade que procurava pacificamente fazer o seu trabalho de ordenar a multidão numa rua [ó sr. guarda, desapareça!], e de produzir declarações mais polémicas que sensatas, como quando afirmou que a tolerância não tinha limites... Se a estes episódios juntarmos o processo de descolonização, perceberemos que não foi propriamente um sucesso o serviço público prestado pelo Dr. Mário Soares. 

Longe de querer privá-lo de virtudes próprias, do seu passado de lutador anti-fascista, e do seu ar bonacheirão [que engana, mas também conta], penso que Mário Soares é talvez um homem secretamente frustrado por saber que não é a grande referência nacional que sempre almejou ser. Digamos que Soares olhou para a política como um hobby de burguês antigo, completamente desenquadrado da realidade do seu tempo. Fascinava-se pelos jogos da política, mas nunca a soube usar para servir o povo a contento. A vaidade toldou-lhe os objectivos mais sérios.

Hoje, com o cansaço dos seus quase 90 anos, já liberto de cumplicidades políticas e sociais, Soares profere afirmações públicas que sendo sempre polémicas, não deixam por isso de ser menos respeitáveis e pertinentes. Duvido que, enquanto cidadão, Mário Soares seja mais integro que eu, mas sei que para a opinião pública tem mais peso a opinião de um famoso [bom, ou mau] do que a de um discreto cidadão, mesmo que diga exactamente o mesmo e com mais antecedência. Para o caso isso agora não interessa. O que importa, é que, não seria agora, que Soares está na fase de gozar da tolerância generalizada que ia tratá-lo como um senil, porque nunca como hoje, Soares disse coisas tão lúcidas, frontais e pragmáticas: o governo de Passos Coelho está efectivamente cheio de delinquentes, e Cavaco Silva já não devia ser Presidente da República, pelo menos,  desde que rebentou o escândalo do BPN/SLN. Já devia ter sido julgado. Acontece, é que Mário Soares não é nenhum exemplo de coerência.

Mário Soares, errou ao não perceber que Democracia desregrada e sem Justiça, é uma democracia doente, e que a autoridade efectiva pressupõe o respeito integral pelas Leis. Mário Soares foi um facilitista, faltou-lhe pulso em certos momentos, e nesse aspecto, influenciou negativamente as regras do jogo democrático. Talvez hoje esteja arrependido [não sei] de dizer a frase quiçá mais demagógica que pude ouvir: a tolerância, não tem limites. Tem sim, senhor Mário. A tolerância ilimitada, tem um nome: anarquia.

16 outubro, 2013

CRÁPULAS! JUSTIÇA CORRUPTA!


Oliveira Costa admite empréstimo a Duarte Lima

Oliveira Costa disse desconhecer que, na altura em que o BPN concedeu o empréstimo para o fundo Homeland, Duarte Lima tinha uma conta negativa de 250 mil euros.
 
O ex-presidente do BPN admitiu esta quarta-feira ter autorizado um empréstimo de 50 milhões de euros ao antigo deputado Duarte Lima e a outros arguidos, no caso Homeland, ao ser confrontado com documentos que tinham a sua assinatura.
Oliveira Costa foi esta quarta-feira ouvido como testemunha no julgamento do caso Homeland, relacionado com a aquisição de terrenos em Oeiras para a alegada construção da nova sede do IPO e que senta no banco dos réus o antigo líder parlamentar do PSD Duarte Lima, o seu filho Pedro Lima, e o empresário Vítor Raposo, entre outros.

Numa inquirição em que evidenciou constantes falhas de memória, traduzida em expressões como "não sei", "não me recordo" e "não faço a mínima ideia", não causou surpresa quando Oliveira Costa respondeu ao procurador José Niza que "não se recordava" de ter concedido o crédito (até 60 milhões) para o projeto Homeland, um fundo destinado à aquisição de terrenos em Oeiras.

As falhas de lembrança de Oliveira e Costa levaram o procurador a exibir vários documentos com a assinatura do presidente do BPN, designadamente aquele em que o fundador do Banco Português de Negócios decide a entrada do Fundo de Pensões do BPN no projeto Homeland, numa quota a rondar os 15 por cento.

Oliveira Costa justificou o empréstimo do BPN alegando que os terrenos tinham "potencialidades" para a construção de um polo tecnológico, apesar de garantir que nada sabia sobre a intenção de aí ser construída a nova sede do IPO.

Quanto ao facto de o empréstimo abranger Pedro Lima e Vítor Raposo, Oliveira e Costa desvalorizou a questão, dizendo que para o BPN o Fundo Homeland era um "projeto de Duarte Lima.

13 outubro, 2013

A ditadura da austeridade






As notícias desta semana sobre as bases do Orçamento do Estado para 2014 são o corolário de uma apaixonada adesão do Governo português à ditadura da austeridade. Na sua azáfama de cortar em tudo o que mexe, Passos e Portas subestimam o facto de terem já cumprido duas das três etapas do ciclo de vida de uma ditadura: a ideologia e a tortura. Falta mesmo só a revolução.

Começando pela ideologia. Dizem os livros que a austeridade é a política de cortar nos orçamentos do Estado para promover o crescimento. Um conceito demasiado complexo para ser vertido nesta simples definição. Na verdade, o presente e a história demonstram bem que a austeridade extrema, ao invés de estimular a economia e elevar os níveis de confiança, tem frequentemente o efeito contrário. Assim aconteceu nos anos 30 nos EUA e assim acontece atualmente numa Europa anémica.

Não há nada de errado na reforma do Estado e na racionalização dos gastos públicos. Simplesmente, tal deve ser feito no conhecimento dos limites de aplicabilidade de programas de austeridade, de forma a não comprometer os mecanismos de criação de riqueza e de consumo. Os pecados da austeridade fundamentalista adotada por Passos Coelho são simples de enunciar. Desde logo, a perceção de que uma quebra generalizada no consumo imobilizou a economia. Depois, a certeza de que o impacto das medidas de austeridade é sempre brutal nos pobres e na classe média e quase não afeta os ricos. Por fim, aquilo que se designa por "falácia da composição", isto é, a crença - errada - de que o que é bom para o todo é bom para as partes. Tudo isto aconteceu em Portugal nos últimos anos, com um Governo manietado por uma troika apostada em limitar o risco sistémico, protegendo justamente os sistemas de interesses que estiveram na origem da crise, encabeçados pelo omnipresente sistema bancário.

A seguir à ideologia vem a tortura. Passado o "período de instalação", onde a narrativa assentou nos muito convenientes inimigo (Sócrates) e contexto (resgate), o Governo apontou o seu arsenal de soluções às vítimas óbvias e fáceis: pensionistas e funcionários públicos. Poupou os verdadeiros responsáveis pela crise da dívida, o sistema bancário e os interesses privados que cresceram à sombra do Estado, ajudados por políticos incompetentes e corruptos, que hoje têm as suas fortunas escondidas em offshores e bem protegidas da tributação. Optou por montar uma máquina de ataque aos desprotegidos, adotando técnicas de tortura inqualificáveis. Aos invés de apresentar ao país um plano global de reforma, onde todos e cada um soubessem qual seria o seu contributo e as metas a alcançar, atira numa base quase diária intenções de cortes generalizados nos rendimentos daqueles que, no passado ou no presente, trabalham para garantir não mais que o suficiente para pagar despesas e alimentação. E não falo apenas daqueles que ganham 500 euros. Falo também dos que ganham dois ou três mil, mas que têm três ou quatro filhos e são tão pobres como os outros.

Não há dia em que não venha de São Bento uma nova ameaça, numa prática brutal indigna de um governo democrático. Como é possível que na semana em que se descobre o corte das pensões de sobrevivência, que cinicamente Paulo Portas escondeu, se acene com o aumento da taxa de audiovisual? Perceberá o Governo o impacto psicológico sobre os idosos quando se ataca, ainda que marginalmente, um dos poucos prazeres que podem ainda suportar, a televisão em canal aberto? A isto chama-se tortura.

O grande final de toda a ditadura é a revolução. Passos Coelho acredita firmemente na brandura dos portugueses. Eu acredito que os subestima. Sobretudo o grupo dos reformados e dos funcionários públicos, que têm sido estigmatizados com base em mentiras redondas vendidas aos restantes portugueses. Pode ser que a revolução chegue apenas pela via formal, derrotando Passos num ato eleitoral ordinário ou antecipado. Mas também pode ser que as vítimas da tortura decidam diferentemente. Que faria Passos se os funcionários públicos imobilizassem o Estado? Que faria Passos se os idosos pensionistas entrassem numa greve de fome coletiva? Que faria Passos se uma boa parte dos portugueses decidisse apresentar-se esta segunda-feira à porta do seu banco e gerar, logo pela manhã, extensas filas para levantar todas as suas poupanças? Como diria um funcionário público, daqueles que o primeiro-ministro tanto odeia, deixo estas notas "à consideração superior".