02 dezembro, 2011
Rui Rio, já tem perfil de líder? Ou, mudaram-se os "ventos"?
Face ao currículo de Rui Rio, avaliado à distância de quem nada lhe deve, tanto no sentido lato como de portuense, acredito mais depressa nas opiniões dos seus opositores camarários do que nas dele. E não é por uma questão de má fé, é porque o que leio e oiço das vozes do ex-vereador Rui Sá, e do Arqº. Gomes Fernandes [por exemplo], sobre os muitos problemas que envolvem a cidade, são argumentos mais condizentes com a realidade do que os apresentados pelo Presidente da Câmara.
Se tivesse que inventar um adjectivo curto e sintético para qualificar Rui Rio, chamar-lhe-ia o presidente Nim. Nunca conheci homem tão inseguro àcerca de tudo e de nada como Rui Rio. Se prestarmos bem atenção ao seu discurso depressa descobriremos essa faceta do seu carácter. Aliás, pode estar aí a explicação para nunca dar andamento às tarefas sob sua responsabilidade. O Mercado do Bolhão não ata nem desata, o do Bom Sucesso, idem aspas. Com a piscina do Fluvial tudo se encaminha para ter o mesmo fim. Não se lhe descortina uma ideia, um plano para tirar a cidade do marasmo em que se atolou desde que é Presidente. Tudo para ele é uma dúvida. A desconfiança é a sua imagem de marca.
Não admira pois que sobre a Regionalização, ele que foi, e continua a ser, um tímido centralista, se mantenha "dividido" na matéria. Surpreendentemente, ou talvez não, descobriu agora a peregrina ideia de lançar mais confusão para a já polémica divisão territorial com a criação de uma região para o Porto e outra para Lisboa. Mas, como não podia deixar de ser, também sobre isto não está muito seguro...
Mais estranha do que as hesitações de Rui Rio, foi a ideia do semanário Grande Porto convidar Rui Rio para a tertúlia no café Astória, dadas as suas conhecidas posições pró-centralistas e a sua inconfessável ambição noutras cadeiras de poder. Acresce, que o actual Presidente da CMPorto, além de não ser homem de grandes convicções, não gosta muito de ser convencido, razão pela qual me parece um tanto oportunista esta aproximação de um jornal que tanto o tem criticado. Estas mudanças súbitas de comportamento costumam ser um mau sinal para o público, porque normalmente trazem consigo uma viragem na linha editorial, ou, na pior das hipóteses, uma intenção velada de colagem ao poder local. Se a ideia fôr preparar o terreno para a candidatura de Rui Rio a líder de uma eventual região do Norte [ou do Porto], o mínimo que me ocorre dizer é que muito mal acerta quem tão mal escolhe. Rui Rio, é co-responsável pelo processo de aceleração de empobrecimento e da redução de protagonismo da cidade do Porto. Votar nele para líderar uma região, seja ela do Norte ou do Porto, é engrossar a fileira de cidadãos responsáveis pela discriminação a que a cidade tem sido sujeita, esses sim [e não todos] cumplíces por más decisões eleitorais.
Por este caminho o jornal Grande Porto vai acabar por perder leitores, e eu serei seguramente dos primeiros.
30 novembro, 2011
Lusíadas, versão século XXI
I
As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo aquilo que lhes dá na gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se de quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!
II
E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas.
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!
III
Falem da crise grega todo o ano!
E das aflições que à Europa deram;
Calem-se aqueles que por engano.
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta.
IV
E vós, ninfas do Douro onde eu nado
Por quem sempre senti carinho ardente
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já têm no seu gene
A besta horrível do poder perene!
As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo aquilo que lhes dá na gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se de quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!
II
E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas.
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!
III
Falem da crise grega todo o ano!
E das aflições que à Europa deram;
Calem-se aqueles que por engano.
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta.
IV
E vós, ninfas do Douro onde eu nado
Por quem sempre senti carinho ardente
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já têm no seu gene
A besta horrível do poder perene!
[IN ]JUSTIÇA
[IN] JUSTIÇA |
Nunca como agora, houve tanta abundância de assuntos para debater na blogosfera. Desde a corrupção de políticos e empresários, de homicídas políticos, desemprego, países com economias falidas, discriminação política, social, e regional, até o aumento da criminalidade de rua, a oferta é fértil. É só escolher.
Na perspectiva dos media, que preferem as más notícias às boas, esta devia ser uma época de "ouro". Esta tese não fui eu quem a inventou, foram os próprios media que, durante anos, tentaram vender a ideia que só as más notícias eram dignas desse nome, e que até podiam, se quisessem, eleger, ou depôr, Presidentes da República. Sinceramente, nunca percebi muito bem tamanha presunção, excepto do ponto de vista desviante - seja na ética, seja na deontologia -, pela simples razão, de que, quem semeia ventos acaba por colher tempestades. Ora, as tempestades aí estão a bater-lhes à porta: já se anunciam [na RTP e no Público] despedimentos de jornalistas [seus canídeos serventuários]. A arrogância acaba sempre nisto...
Sucede que, muitos de nós, na blogosfera, trabalhámos de borla, e somos, em muitos casos, mais rigorosos e respeitadores do que a própria comunicação social. Por isso, temos reacções mais naturais e saudáveis, como é o cansaço que eu próprio sinto por viver num país quase anárquico, onde pouco se aproveita e tudo anda à deriva. A política de per si, repugna-me bem menos que os políticos. Aos políticos, já não tenho paciência para os ouvir. E isso é pior para eles do que para mim, porque no dia em que decidirem fazer aquilo que dizem, eu vou pensar que eles vão continuar a fazer o que sempre têm feito, isto é, faltar ao prometido, e essa, é a única bitola pela qual os devo avaliar se não quiser perpetuar o embuste.
Antes de qualquer revolução económica e social, aquilo que mais gostaria de ver realizado, era o bom saneamento da Justiça. É impossível construir uma democracia credível com um sistema de justiça minado. Marinho e Pinto está sob a mira de muitos [juristas,magistrados e advogados], que anseiam pelo fim do seu mandato como bastonário para lá colocarem um outro, mais "dócil", para os beneficiários do status quo.
A Justiça portuguesa, os seus principais representantes, deviam sentir vergonha de ter um falsificador vigarista como Vale e Azevedo*, foragido há anos a gozar na sua cara, e principalmente, na cara dos portugueses. Mas não tem, porque não dispõe de gente suficientemente digna e inconformada para corrigir esta falha inaceitável que mais não serve que para dar razão ao povo quando diz que há uma justiça para ricos e outra para pobres. Aqui, de facto, é o povo o único soberano, é o povo quem fala verdade, os juízes não têm desculpa. Os juízes deviam demitir-se em bloco. Mas quem imagina que isso possa acontecer?
Enquanto a Justiça continuar como está, Portugal não tem futuro. Assim, eu não acredito.
*Vale e Azevedo é o exemplo mais caricato, provocador e chocante para a imagem da Justiça. Mas não faltam outros exemplos, alguns dos quais tenho vindo a abordar neste blogue.
29 novembro, 2011
Alteração ao contrato para projecto da avenida Nun’ Álvares foi aprovada
Via vai ligar Praça do Império à Avenida da Boavista.
A Câmara do Porto aprovou esta terça-feira, com a abstenção do PS, a alteração do contrato para o desenvolvimento e conclusão do projecto para o loteamento urbano e projectos de Urbanização da avenida Nun´Álvares.
A proposta surgiu no seguimento de uma recomendação do Tribunal de Contas sobre a concretização das datas do acordo.
De acordo com o documento agora aprovado, o prazo de execução das obras de urbanização “não poderá, em circunstância alguma, ser superior a 3 anos”, contados a partir da data da respectiva licença ou aprovação.
Caso a obra não seja iniciada nos 3 anos seguintes à aprovação dos projectos, o prestador de serviços fica “liberado da acessória técnica em fase de execução das obras”, acrescenta-se no documento.
A alteração feita ao contrato, celebrado em Agosto de 2011, determina ainda que António Marques, a que o serviço foi adjudicado, passe a ter 135 dias para a conclusão do ante-projecto e elaboração do Estudo de Impacte Ambiental.
Para a elaboração do projecto de loteamento, o adjudicatário fica com 45 dias a contar da data da comunicação da aprovação da fase anterior, seguindo-se o prazo de 120 dias para elaboração dos projectos e obras de urbanização.
A câmara aprovou, a 24 de Maio de 2011, a adjudicação e aquisição de serviços com vista à construção da Via Nun’Álvares.
O processo foi remetido para o Tribunal de Contas, que, “em sede de pedido de esclarecimentos”, solicitou que se fizesse “constar do clausulado, ainda que por adenda, e de forma concreta, a data de início e termo do contrato”.
Na proposta, a autarquia explica que “o conteúdo da adenda solicitada por aquele Tribunal não é mais do que a transcrição da cláusula 9.ª do Caderno de Encargos conjugada com a proposta adjudicada”, em nada alterando, por isso, “o conteúdo dos documentos aprovados”.
Cronologia
Em Maio, a autarquia decidiu entregar o projecto de loteamento e urbanização da futura Via Nun’ Álvares ao arquitecto António Marques, numa adjudicação por 552,5 mil euros e prazo de execução de 10 meses.
António Marques apresentou uma das 5 propostas finalistas do concurso público (selecionadas de um lote de 12 propostas) e terá sido o candidato que melhor se adequou às sugestões do júri.
Foi em Dezembro de 2009 que a Câmara do Porto decidiu abrir um “Concurso de Concepção para a Elaboração do Projecto do Loteamento Urbano e dos Projetos das Obras de Urbanização da Avenida Nun´Álvares”.
O projecto da Via Nun’Álvares e da envolvente abrange uma área superior a 30 hectares nas freguesias de Nevogilde e da Foz.
[Fonte: Porto24]
28 novembro, 2011
Fado, o meu desorgulho*
Há coisas, pelas quais não sinto qualquer tipo de afinidade nacional, como é o caso do fado. Nunca gostei de fado.
Desde miúdo que sempre associei este tipo de canção, choramingas e piegas, à boémia dos miseráveis e prostitutas dos bairros de Lisboa, e nunca consegui digerir essa imposição centralista de o querer nacionalizar a qualquer preço, como um bom motivo para me orgulhar. Pelo contrário, o fado para mim, representa um passado do que pior [ainda] tem o português: fatalista, arruaceiro e madraço. Esse sentimento de repulsa, hoje em dia, está muito mais vincado no meu ADN do que no tempo da outra senhora, onde reinando embora a repressão silenciosa de uma ditadura, a coesão nacional era bem mais equilibrada e respeitável do que a actual, em que, "democraticamente", a discriminação regional faz gala em tratar os nortenhos como autênticos filhos de fadistas que só os centralistas são capazes de parir.
Desde miúdo que sempre associei este tipo de canção, choramingas e piegas, à boémia dos miseráveis e prostitutas dos bairros de Lisboa, e nunca consegui digerir essa imposição centralista de o querer nacionalizar a qualquer preço, como um bom motivo para me orgulhar. Pelo contrário, o fado para mim, representa um passado do que pior [ainda] tem o português: fatalista, arruaceiro e madraço. Esse sentimento de repulsa, hoje em dia, está muito mais vincado no meu ADN do que no tempo da outra senhora, onde reinando embora a repressão silenciosa de uma ditadura, a coesão nacional era bem mais equilibrada e respeitável do que a actual, em que, "democraticamente", a discriminação regional faz gala em tratar os nortenhos como autênticos filhos de fadistas que só os centralistas são capazes de parir.
Com a ascensão do fado à escala planetária como património imaterial da humanidade pela UNESCO, aumenta em flecha o meu desprezo pela causa da "honraria". Não sei porquê, mas ela faz-me lembrar "doces" como as Scuts, os BPN's, e os muitos DL's [ Duartes Limas e Dias Loureiros] que por aí pululam e abrilhantam o dito fado "nacional".
Que me desculpe a falha, o senhor Presidente da República, mas eu não possuo a sua dimensão estadista.
*Expressão de minha autoria que traduz: indignidade, ausência de brio, bandalhice, desonra, humildade decadente.
Que me desculpe a falha, o senhor Presidente da República, mas eu não possuo a sua dimensão estadista.
*Expressão de minha autoria que traduz: indignidade, ausência de brio, bandalhice, desonra, humildade decadente.
27 novembro, 2011
O FCPorto ganhou mas não me acalmou...
Considero perigoso confiar demasiado no rifão que diz que "tudo está bem quando acaba bem", pela simples razão de que, em futebol, o conceito "tudo" só é para levar a sério no fim de cada época. Ora, como a época de futebol ainda nem sequer chegou a meio, não considero que a victória desta noite do FCPorto contra o Sporting de Braga, possa dar sólidas razões aos adeptos portistas para levar ao espírito da letra o velho adágio popular.
Terminado o jogo, e ainda mal refeito dos 2 golos consentidos praticamente nos descontos do término do jogo, confesso que só os 3 pontos da victória conseguiram atenuar o meu desagrado pela partida que tinha acabado de ver. Na primeira parte continuei a ver sinais muito preocupantes de falta de concentração em alguns jogadores que só não teve consequências desagradáveis porque o Braga não foi a equipa aguerrida do costume. Foi com um Braga abaixo do habitual rendimento que o FCPorto se defrontou em casa, mas o que seria se tivéssemos jogado com uma equipa mais forte e dinâmica? Pois... Reconheço, que aqui já estou a entrar no condicional e muito relativo mundo dos "ses", mas se pensarmos bem o raciocínio não é assim tão descabido nem insensato.
O que quero dizer é que Victor Pereira continua a ser muito lento a recuperar as performances da equipa. Espero vivamente que atalhe caminho, caso contrário, nem o reforçar de confiança que Pinto da Costa lhe transmitiu o pode salvar. A atitude dos jogadores mudou um pouco, é verdade, já não ficam paralisados, mas os movimentos e as desmarcações continuam atabalhoados. Os passes longos e curtos, continuam a levar força a mais, ou a menos e os passes para o adversário ainda não acabaram.
Na primeira parte, as jogadas principiavam na defesa com os jogadores a lateralizar muito o jogo, mais pela esquerda que pela direita, com o Álvaro Pereira a despachar a bola para a frente onde ninguém estava para a receber, criando um futebol demasiado feio e previsível que arrasava com os nervos a qualquer um.
Na primeira parte, as jogadas principiavam na defesa com os jogadores a lateralizar muito o jogo, mais pela esquerda que pela direita, com o Álvaro Pereira a despachar a bola para a frente onde ninguém estava para a receber, criando um futebol demasiado feio e previsível que arrasava com os nervos a qualquer um.
Sem querer meter a foice em seara alheia, como espectador, ninguém me pode impedir de pensar que um grande jogador como é Hulk tenha já esgotado a sua margem de progressão. Insisto em pensar que ele não está a ser devidamente instruído no sentido de dosear as suas enormes qualidades individuais com o colectivo, o que é uma pena. Já na época passada, houve 2 ou 3 jogos apenas, em que tive a esperança de ver Hulk transformado num jogador mais completo, mas sem sucesso. Paradoxalmente, é ele quem tem resolvido alguns jogos, mas também é por ele que se têm perdido outros lances que podiam dar golo se tivesse a inteligência de entregar a bola a jogadores melhor colocados para finalizar [como foi ontem a jogada em que ofereceu o golo a Kléber].
Isto é recorrente, mas eu não estou certo que Victor Pereira o tenha preparado mentalmente para mudar um pouco a sua forma de jogar, porque Hulk só muito pontualmente é que joga para a equipa, embora teime em jogar pela equipa. E o curioso, é que ficámos com a sensação de não ser difícil convencer o jogador a alterar a sua forma de jogar, até porque Hulk brilha, e marca muitos mais golos, quando dá golos a marcar. A equipa solta-se, aumenta os indíces de confiança e os adversários deixam-no mais liberto de marcações.
Podia ir por aí fora e falar de outros jogadores que precisam urgentemente de ser corrigidos, mas fico-me só pelo mais preponderante, exactamente porque tudo leva a crer que Hulk já interiorizou demais a responsabilidade de carregar a equipa às costas, o que em certos casos tem sido negativo e o leva a exagerar. Apesar de tudo, ontem, foi o melhor jogador em campo, juntamente com Defour, James, Fernando e Maicon.
Resumindo: não gostei do jogo, apenas do resultado. É imperioso que o treinador trabalhe mais célere e melhore a qualidade de jogo, da qual são indissociáveis o bom passe, o controle de bola, o poder de antecipação, a sintonia dos movimentos de desmarcação, a concentração e a garra. Podia colocar este item [o da garra] em primeiro lugar, mas sinceramente não acredito que uns tolinhos a correr atrás de uma bola, sem saber o que fazer com ela do princípio ao fim do jogo, seja suficiente para fazer deles campeões. Além disso, gosto de bom futebol num estádio, porque para ver ópera o recinto chama-se teatro, e porque é só mesmo no teatro que a ópera existe.
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