O
meu consumo de televisão em directo resume-se a alguns jogos de futebol
e a umas espreitadelas ao que vai passando ao longo do dia de trabalho
nos canais de notícias.
Os filmes prefiro vê-los no Arrábida
Shopping, que tem as melhores salas do país e onde não fazem intervalos.
Mas estou cada vez mais freguês de séries, que ponho a gravar para ver
nos tempos livres das minhas folgas.
Agora, enquanto espero pelas
novas temporadas de "Lie to Me" e "The Body of Proof" (desde que fez de
enfermeira McMurphy, na Praia da China, tenho um fraquinho pela Dana
Delany), a minha série dramática preferida é "The Good Wife", que
recomendo vivamente.
Apesar de não passar muitas horas por dia em
frente ao ecrã, chamou-me a atenção a notícia de um estudo de
investigadores universidade de Queensland (Austrália) que concluíram que
ver televisão faz mal à saúde.
Estes especialistas quantificaram
os perigos de uma forma alarmante: por cada hora em frente a televisão
estaríamos a sacrificar 22 minutos de esperança de vida.
Atendendo
ao facto de, segundo a Marktest, cada português passar em média
3h29m40s a pastar em frente à televisão, a conjugação destas duas
estatísticas seria terrível ,em termos da nossa esperança de vida, mas
animadora do ponto de vista da sustentabilidade futura da Segurança
Social, que assim evitaria o risco de ruptura face ao previsível
crescimento exponencial do contingente de reformados.
Só não
fiquei assustado por duas razões. O estudo australiano parte do
princípio que o pessoal que vê muita televisão leva um estilo de vida
sedentário, o que não é obrigatório. Mais. Não acredito muito nas
estatísticas da Marktest, desconfiança partilhada pelos canais de
televisão, anunciantes e agências de publicidade que decidiram entregar,
a partir de Janeiro, o estudo das audiências à GfK, que vai usar uma
metodologia nova e mais fiável.
Mas pensando melhor, conclui que mesmo vendo-a muito pouco, a RTP tem sido muito prejudicial à minha saúde.
Faz-me
subir a tensão arterial saber que um administrador da RTP gasta 700
euros/mês em telemóvel, ou seja mais ou menos o salário médio mensal dos
contribuintes portugueses que lhe pagam o salário.
Chateia-me
saber que o salário anual médio dos trabalhadores da RTP é superior a 40
mil euros, ou seja cada um ganha em média dois mil euros limpos por
mês.
Até sinto um aperto no peito ao saber que em oito anos, entre
indemnizações compensatórias, dotações de capital e contribuição
audovisual, a RTP já nos custou dois mil milhões de euros*, dinheiro que
chegava para fazer o TGV para Vigo, e ainda sobravam 500 milhões.
Dói-me
na alma saber que este Governo, que prometeu privatizar a RTP, nos vai
pôr a abater 520 milhões do passivo desta empresa. Sai a 52 euros por
cabeça, bebés de colo incluídos.
A RTP faz -nos mal a saúde e ao bolso. Quanto mais depressa nos livrarmos dela, melhor.
* Nota de RoP
É claro que, na óptica da anafada prole da RTP, tudo isto não passa de demagogia do autor, todos eles merecem a boa vidinha que levam, mesmo que à custa do proxenetismo infligido sobre os nortenhos, a quem continuam a tratar abaixo de cão... É tudo gente de bem. E nota-se... Setecentos euros em chamadas telefónicas bate certo com o discurso de contenção e sacrifício, que ouvimos 24 sobre 24 horas.
Mas que mania esta, de nos quererem dar permanentementes provas de coerência!