18 março, 2011

Autoridade contra a mediocridade

Vão pensar que sou um puritano, que sou demasiado intransigente com a mediocridade, mas estão redondamente enganados. Estou longe de ser puritano e de ser intransigente que chegue com a mediocridade. O meu 'drama' consiste em querer continuar a acreditar que, apesar da aridez verificada em matéria de líderes no panorama internacional , ainda deve haver algures, nalgum canto do planeta gente com coragem, dimensão intelectual e ideológica q.b. para propor novos caminhos à governabilidade dos povos.

A Democracia tem sido tão maltratada nestes últimos anos, que se tornou no melhor aliado dos medíocres. Não creio que - tal como está actualmente - haja quem a defenda mais  do que eles.. E por quê? Porque são todos esses figurões que por razões óbvias não estão interessados em torná-la mais eficaz em termos legais. Quanto mais fácil for contornar a Lei, mais fácil se consegue fugir às responsabilidades. Mas para que o respeito pela Lei comece a ser um hábito natural dos cidadãos é imperioso que os representantes do Estado sejam os primeiros a dar o exemplo. A autoridade não deve ser mais do que o permanente zelador do cumprimento da Lei.

Quando a Lei não funciona, não vale a pena  criar outras, porque ela já existe no papel, mas não sendo levada à letra pouco ou nenhum efeito produz. A Lei, contemplando direitos, obriga também a deveres, e é por aí que ela se fragiliza. É por estar profundamente convencido dessa fragilidade, por vê-la cada vez mais apetecível a potenciais ditadores, que defendo urgentemente o reforço, ou melhor, a implementação efectiva da autoridade. Não vejo [ao contrário dessa clã medíocre], que a autoridade passe a ser autoritarismo apenas por passar a ser respeitada. 

Nesta perspectiva, não seria eu que me atrevia a criticar o líder de um futuro Governo que começasse por impor alguns condicionalismos aos seus colaboradores [Ministros, Secretários de Estado, etc.]. Três simples exemplos relacionados com o futebol:
  •  Distanciamento físico das manifestações de índole desportiva com qualquer clube, excepto para homenagear a comemoração de troféus nacionais ou internacionais.     
  • Inibição na participação de programas de índole desportiva ou quaisquer outros que pudessem transmitir a ideia de preferências ou proteccionismos em relação a determinado[s] clube[s].
  • Limitação de participação em debates mediáticos a situações de comprovada excelência governativa, de forma a promover a competência.
Estas "barreiras" estratégicas não seriam impingidas, seriram colocadas. Quem não concordasse só tinha que recusar. Ponto. Quem aceitasse, tinha de obedecer, ou correria o risco de ser demitido. Ponto.

Condições, regras - chamem-lhes o que quiserem -, que obviamente seriam para respeitar. Mesmo.

Dentro do respectivo contexto, medidas similares seriam aplicáveis a Ministérios e demais organismos públicos. Talvez assim deixássemos de ouvir o senhor Procurador da República queixar-se da falta de condições ou de suspeitas de violação do segredo de justiça. As direcções servem para dirigir e controlar, se existem e falham, é porque não cumprem eficazmente a sua função, logo, devem ser demitidas e substituídas.

A responsabilidade bem sucedida pressupõe competência e seriedade, mas contempla a exoneração, em caso de falhanço. Como não é assim que ela é encarada, os incompetentes mantêem-se agarrados aos lugares, disponíveis para corromper ou serem corrompidos. O caso do Procurador Geral é paradigmático: é ele próprio que não sabe exercer os Poderes que tem, simplesmente porque não tem a coragem necessária para o efeito. E aqui a mediocridade começa mesmo pelo topo da pirâmide do Poder. O resto, vem por acréscimo.

Por acréscimo, surgem também outros sinais de défice de autoridade e excesso de folclore institucional. Tornou-se comezinho vermos os advogados defenderem as suas causas [ou clientelas] publicamente frente às câmeras da Televisão, quando deviam, por obediência à probidade deontológica, cingí-las às salas dos Tribunais. Depois, seguem-se os senhores Juízes que, por dever de honra à Justiça se deviam resguardar dos holofotes e da boatice da comunicação social, também esta a abusar do muito poder que já goza, sem qualquer regulação...

Se me disserem que tudo o que acabo de explanar nada tem a ver com a falta de autoridade, eu não acredito. Porque é neste ponto preciso que nasce a bandalheira do actual regime. Havendo dinheiro, há advogados, logo, o crime compensa.

A autoridade nunca foi por natureza uma coisa simpática para ninguém, e é verdade. Não devemos é continuar a pensar que ela só é importante para os outros. O autoritarismo não é mais do que a palavra de ordem que alguém inventou para abortar o efeito inibidor da autoridade e tornar as sociedades de hoje sem valores, e quase insuportáveis.


F.C. Porto é o melhor líder do campeonato desde há 38 anos

O actual F.C. Porto, de André Villas-Boas, é o melhor líder do campeonato português de futebol dos últimos 38 anos, desde que o Benfica, de Jimmy Hagan, chegou à 23.ª jornada da Liga 1972/73 só com vitórias.

Para o mesmo número de jogos é preciso recuar quase 40 anos para assistir a uma "performance" tão elevada. Na época, sob a orientação do inglês Jimmy Hagan, o Benfica chegou à 23.ª jornada com um pleno de vitórias e até ao final dessa temporada viria a ceder dois empates - o primeiro na jornada seguinte, com o F.C. Porto -, terminando a prova invicto, com 28 triunfos.

Esta época, o F.C. Porto - que até se pode sagrar campeão dentro de duas jornadas no Estádio da Luz -, cumpre o melhor percurso desde há longos anos, com 21 triunfos e dois empates (com Vitória Guimarães e Sporting, ambos fora).

Na sua primeira época ao serviço dos "dragões" e em tão curta carreira de treinador - foi observador de José Mourinho no F.C. Porto, Chelsea e Inter Milão e treinou a selecção das Ilhas Virgens Britânicas -, Villas-Boas quer também fazer história.

Já esta semana o médio portista João Moutinho disse que um dos objectivos dos "dragões", cada vez mais perto do título, é chegarem ao final da época sem qualquer derrota, igualando a proeza do Benfica em 1972/73.

Em toda a história da Liga de futebol apenas o Benfica conseguiu terminar o campeonato sem derrotas e não só nessa época.


Pinto da Costa volta a atacar Sócrates por causa da Regionalização

José Sócrates voltou a estar na mira de Pinto da Costa. Depois de há pouco menos de um ano, em entrevista ao GRANDE PORTO, o ter acusado de ter tentado transformar o Benfica no clube do regime, por ter desejado a vitória do Benfica na final da edição da Taça da Liga do ano passado frente aos azuis e brancos, o presidente do FC Porto voltou criticar o Primeiro-Ministro, agora por causa de mais um adiamento da reforma da Regionalização.

“Todos aqueles que não têm cumprido as promessas eleitorais, prometendo a Regionalização e metendo-a depois na gaveta, deviam ter vergonha da situação em que nos colocaram”, afirmou o líder portista, naquilo que pareceu uma alusão à decisão de José Sócrates, plasmada na moção estratégica que levará ao congresso nacional, de travar a reforma político-administrativa do País na actual legislatura.

As palavras de Pinto da Costa ouviram-se em Rio Tinto, no salão nobre da junta de freguesia, curiosamente liderada pelo PS, que também é cidade. Cidade que, corria o ano de 824, tomou o nome do rio que foi tingido de sangue após uma batalha vencida pelos cristãos aos mouros. Inspirado pelo episódio, Pinto da Costa não perdeu a oportunidade para disparar em vários sentidos e abordar a actualidade, no dia em que a geração à rasca saía à rua para se manifestar: “O País está à rasca, as pessoas estão à rasca, os jovens estão à rasca, os reformados estão à rasca e tudo isso acontece porque os que estão bem na capital mantêm a decisão de teimosamente não querer a Regionalização que lhes permitiria deixar de estar à rasca. Somos tão portugueses como aqueles que deviam estar no rio tinto”, defendeu o dirigente, lembrando que o FC Porto “é dos poucos que ainda resistem à tentativa de conquista do poder da capital”.



Voltar para celebrar

Pinto da Costa não poupou críticas ao poder central e “centralizador”, mas enalteceu a “briosa” missão do poder local, das autarquias e freguesias, no esforço de melhor servir as populações. Ao seu lado estava, para além de Marco Martins e Nuno Coelho, respectivamente presidentes da freguesias vizinhas de Rio Tinto e Baguim do Monte, Valentim Loureiro, que fez questão de sublinhar a amizade que nutre pelo presidente portista, a quem lançou o repto para avançar para a construção de uma casa do FC Porto no centro da cidade para toda a população. “Eu sou presidente de todos os gondomarenses, portistas, benfiquistas ou sportinguistas, mas reconheço que os adeptos do FC Porto estão em maioria no concelho e que já há muito tempo merecem uma casa”, desafiou o presidente da câmara de Gondomar.

No dia em que o clube azul e branco inaugurou a sua 135.ª delegação, a primeira em Gondomar, o mais antigo dirigente do futebol português teve honras de Estado em Rio Tinto, sendo efusivamente recebido por mais de três centenas de simpatizantes portistas da cidade onde prometeu voltar para festejar a conquista do 25.º campeonato.

15 março, 2011

Portugal à rasca, ou é rasca?


A mim não me importa que o slogan escolhido para a manifestação soe mal aos ouvidos, o que realmente importa é que tenha sido funcional. E foi. Se foi a Geração à Rasca, os Homens da Luta, os Deolinda ou os três ao mesmo tempo que funcionaram como dinamizadores para o sucesso da grande manifestação nacional de 12 de Março de sábado passado, é quase irrelevante. O que é relevante e triste, é identificar as fontes que a inspiraram: Governo e classe política em geral.  

O Governo desgoverna com competência rara, mas a oposição não consegue dar sinais de poder fazer melhor. O drama maior de Portugal é esse. Temos maus governantes e políticos sem novas ideias. As crises dão-lhes muito jeito. Quando se é incompetente, não há melhor álibi do que uma boa crise, ou então lançar as culpas para o antecessor.

Dos partidos com hipóteses de formar governo, é notória a desorientação própria de quem não está preparado para tomar conta do fardo que é governar o país neste momento ou até noutro qualquer. Porque não há ninguém com coragem e saber para reformular a política e a forma de a exercer. Para que isso acontecesse seria preciso encontrar alguém com uma invulgar capacidade de liderança capaz de apresentar ao país um novo plano reorganizativo da sociedade e uma outra forma de administrar a economia sem fazer muitas ondas, o que é praticamente impossível, devido aos obstáculos que uma classe hiper-conservadora habituada a influenciar o Poder sempre tende a criar. O comunismo faliu. O capitalismo sempre esteve falido mas a espaços, tem a "arte" de criar no povo as ilusões de um futuro melhor. A economia serve-lhe de barómetro: se está em linha ascendente o futuro "existe", se cai é por causa das crises, pouco mais há para dizer. O cículo vicioso não passa disto. Até aos dias de hoje que é assim. Bastaria lançarmos um olhar atento sobre o que é a vida na maior potência Mundial, como são os Estados Unidos da América, para percebermos que os americanos estão longe de constituir uma sociedade equilibrada, independentemente dos seus pontos positivos. As aberrações sociais, são do que há de pior. Não é por acaso que os carros de polícia circulam por todo o lado...

Analistas e politólogos repetem-se nos comentários. Não há vontade de experimentar fazer diferente. Ou se faz ['governa'] como sempre se fez, ou então não se faz. Eu gostava de dizer a essas pessoas que devem passar a ser mais moderados quando tiverem de falar dos maus governos e dos respectivos culpados. É que já cansa ouví-los incluir no lote dos culpados pessoas [como é o meu caso e o de outros] que nunca deram o voto de confiança a esta gente que tem destruído o país, pela simples razão de não lhes reconhecerem méritos para o conduzir. Há sempre que ter em conta aqueles [poucos, talvez] que tiveram a lucidez ou mesmo o instinto suficiente para perceber a mediocridade dos candidatos ao trono. Aliás o próprio sistema eleitoral nos impossibilita de conhecer profundamente os candidatos aos órgãos do poder. Ninguém pode votar em consciência. 

Os salários precários como os pluri-empregos e os recibos verdes, são outras das palavras mais ouvidas nos últimos tempos por gente tida como responsável. Coisas ditas como a mesma naturalidade que o sedento bebe um copo de água. Não oiço porém estas sumidades opinantes aplicarem o pardigma  à prole, ou a eles próprios. Só acredito quando vir o Durão Barroso a guarda de noite, ou o Sócrates a caixa de super-mercado. Antes disso não há paradigma para ninguém...pelo menos eu não o engulo. Além disso é uma vergonha e uma falta de ambição ideológica chocante insistir neste discurso miserabilista. Revela conformismo e uma total falta de solidariedade cívica. Revela também que os muitos anos de estudos "superiores" não bastaram para lhes ensinar que o Mundo é um bocadinho maior que o raio que dista dos próprios olhos ao umbigo.  Com protagonistas ideologicamente tão ambiciosos não é apenas a geração que está à rasca, é Portugal inteiro.   

14 março, 2011

INFORMAÇÃO SOBRE A PETIÇÃO

Na sequência das alterações já anunciadas pela comunicação social sobre uma nova nomeação para o cargo de Director de Informação na RTP, procedeu-se  a uma pequena actualização do texto da petição em: *post-scriptum [PS]. 

Petição Contra a discriminação ao Futebol Clube do Porto e pela demissão dos Directores de Informação da RTP Para:Assembleia da República

Considerando o acentuado descontentamento de uma expressiva parte da população portuguesa, de Norte a Sul do país, simpatizante, adepta e sócia do Futebol Clube do Porto, com a forma sectária e desrespeitadora como a RTP tem vindo a eleger e a promover a programação e informação desportiva, tentando denegrir e desvalorizar, directa ou veladamente, não só a sua imagem de cidadãos, como a imagem do próprio clube, vêm os signatários apresentar junto da Assembleia da República esta petição no sentido de pedir a demissão imediata do seu Director de Informação, José Alberto Carvalho, bem como da estrutura directiva da RTPN, José Alberto Lemos [Director], Carlos Daniel e Dinis Sottomayor [Directores Adjuntos].

O sentido da presente petição é tanto mais pertinente quanto profunda e incontrolável é a revolta da população local perante outros factores similares de discriminação a que vem sendo submetida por total insensibilidade governativa, quer sejam de ordem política, económica, como social.

Sendo os colaboradores da Rádio Televisão Portuguesa, funcionários do Estado, como tal, obrigados a uma isenção acrescida em relação aos media privados, é legítimo que os adeptos do FCPorto de todo o país, cujos impostos contribuem para lhes pagar os vencimentos, exijam para as Direcções dos canais públicos gente da sua confiança e não se revejam na actual.

Como tal, exigem a imediata demissão dos directores supra-citados e a respectiva substituição por gente competente e com uma noção profunda e rigorosa do que é um verdadeiro serviço público.

*Ps. Por coincidência, ou não, decorridos dois mêses da data deste documento, o Director de Informação da RTP, José Alberto Carvalho, abandonou esse cargo para ocupar outro de similar responsabilidade na TVI. Este facto, obriga os signatários a adaptarem o texto desta Petição sem prejuízo de posterior responsabilização do Ex-Director da RTP. Assim, mantem-se o pressuposto de exclusão dos directores adjuntos que constam desta petição bem como o desejo manifesto dos peticionários de que o novo Director de Informação reformule uma nova equipa com quadros mais qualificados.

Respeitosamente,
Os signatários

13 março, 2011

Sobre a origem do político Rui Gomes da Silva

Rui Manuel Lobo Gomes da SilvaOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Ministro de Portugal
Mandato: XVI Governo Constitucional
Ministro dos Assuntos Parlamentares
Ministro-Adjunto do Primeiro-Ministro


Nascimento: 23 de Agosto de 1958 (52 anos)
Lisboa, Portugal
Partido: Partido Social Democrata

Rui Manuel Lobo Gomes da Silva (Lisboa, 23 de Agosto de 1958) é um advogado e político português.

Licenciado em Direito (1981), é senior partner da firma Legalworks, em Lisboa. Na política foi deputado à Assembleia da República nas V (1987-1991), VI (1991-1995), VII (1998), VIII (1999-2002), IX (2002-2004) e X (2005-2009) Legislaturas, tendo presidido à Delegação Portuguesa da Assembleia Parlamentar da OTAN (2002-2004). Foi membro das Assembleias Municipais de Lisboa (1990-1994 e 2002-2005) e Cascais (1998-2002). Foi membro do XVI Governo Constitucional, chefiado por Pedro Santana Lopes. No desporto é, hoje, vice-presidente da Direcção do Sport Lisboa e Benfica e vogal do Conselho de Administração da respectiva SAD. Integrou o Conselho Superior do Ministério Público (1994-1999).

[editar] Funções governamentais exercidasXVI Governo Constitucional
Ministro dos Assuntos Parlamentares
Ministro-adjunto do Primeiro-Ministro

Fonte: Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rui_Manuel_Lobo_Gomes_da_Silva

As manifestações da "geração à rasca"

Gostaria que as manifestações de ontem marcassem o início de uma nova época em Portugal. Uma época em que os portugueses abandonassem a sua inércia indiferente e comodista, com a consequente convicção que as "coisas " só mudam se "eles" quiserem, porque "nós" somos impotentes, e que portanto não vale a pena "nós" nos mexermos.

É só por isso, pela criação duma consciência cívica que origine uma mentalidade nacional mais interventiva, que as manifestações de ontem podem constituir um marco. Quanto à finalidade anunciada, isto é, a resolução dos problemas de emprego da "geração à rasca" (e não só! ) elas não resolverão nada de nada. Empregos "para a vida" como antigamente, só muito dificilmente voltarão. Empregos decentemente pagos e com um mínimo de estabilidade, infelizmente não se criam por decreto e serão crescentemente mais difíceis numa economia cada vez mais anémica como a nossa.

Gostaria que pelo menos houvesse uma (improvável) consequência do dia de ontem : a erradicação dos famigerados recibos verdes, que são uma vergonhosa exploração do trabalho, com o oportunismo de empresários sem consciência e a cumplicidade culposa dos governos, incluindo um que se auto-intitula de "socialista".

Outro aspecto em evidência no dia de ontem, foi a condenação dos "políticos" tal como os conhecemos. Acompanho a opinião de todos aqueles que têm clamado que o actual sistema político português, aquilo a que chamam uma democracia representativa, está esgotado, já deu o que tinha a dar, e que só se mantém porque perpetua os interesses dos partidos políticos, dos seus dirigentes e respectivos serventuários, e das clientelas que vivem à sua custa, tudo isto perante o olhar bovinamente abúlico das populações. Receio que no imediato nada mudará e que à sua condenação pública, os políticos profissionais farão o equivalente das vítimas das inundações, que procuram os lugares mais altos para escapar às águas, na certeza que elas acabarão por baixar e tudo voltará ao mesmo.

Os nossos políticos são uns desavergonhados incorrigiveis. Só à força serão corridos. Será possível que das manifestações surja uma nova classe de gente jovem com outra mentalidade, capaz de iniciar uma nova época? Ou será necessário uma revolução? Ou a União Europeia considera-nos inimputáveis e nos quer transformar num protectorado?

Os oito séculos de História que Sócrates invocou em Bruxelas, serão suficientes para evitar que nos despenhemos no buraco negro que se abre na nossa frente?

O PSD não tem vergonha deste homem? E o Dr. Rui Rio, também não?


Fosse a previsibilidade a mesma coisa que a sorte, a crise económico-financeira teria passado ao lado dos portugueses e Sócrates teria conseguido um feito impar na história universal: gerar riqueza no país, sem governar. Mal comparando, se Rui Gomes da Silva não fosse um aldrabão compulsivo, um homem sem escrúpulos e uma das várias fontes de humilhação do Partido Social Democrata cujo comportamento tem, estranhamente, merecido a complacência aos pregaminhos de Rui Rio, talvez ainda houvesse alguém capaz de o levar a sério.

O Benfica tudo tem feito para fazer a vida negra ao FCPorto. Qualquer pessoa séria o percebe. Tudo lhe serve para tentar infernizar a vida ao clube azul e branco. Considero que já nem vale a pena recordar o miserável histórico de actos de terrorismo e de perseguição perpretados contra o clube do Porto, só para falar dos últimos anos. Toda a gente já percebeu que, independentemente das performances desportivas, o Benfica, vergonhosamente apoiado por uma comunicação social desonesta e sectária, acha que nenhum outro clube nacional tem o direito de se lhe atravessar no caminho e de conquistar troféus. Tem exactamente a mesma noção obessessiva do fair play desportivo como o centralismo tem da democracia com o resto do território, onde Lisboa desempenha sempre o papel de actor principal e o restante  de secundários e resignados figurantes.

Todo este comportamento da clã benfiquista nos faz recordar os mais pérfidos processos nazis de perseguição e de intimidação e, no entanto, ainda não mereceu da parte das autoridades nacionais, desde o Presidente da República ao 1º Ministro e à Procuradoria Geral um único reparo. Para estas entidades não é importante exercer uma acção de pedagogia preventiva contra este permanente clima de crispação. Isso dá trabalho e compromete. Preferem manter-se num cobarde e cumplíce silêncio e intervir apenas quando a violência se extremar. Então, nessa altura, sem deixar cair a máscara da incompetência e do cinismo, lá aparecem a pregar-nos discursos moralistas sem qualquer efeito prático, excepto o de potenciar a nossa indignação.

Ontem, finalmente, o povo saiu à rua numa manifestação geral de repúdio não só contra a inoperância do Governo como contra toda a classe política. Esperemos que surta algum efeito e que continue para não lhes revigorar o folego. Seria útil que aqueles que ainda têm alguma autoridade institucional pusessem os olhos no que está a acontecer noutros países e soubessem transferir para o futebol alguma autoridade de forma elevada e isenta. O futebol pode ser o rastilho que tem faltado na sociedade civil para, a exemplo do que aconteceu na Grécia, a violência ganhar outras proporções que não as de um tabefe merecido e...tardio*.

*Sobre este assunto, da suposta agressão ao incendiário Rui Gomes da Silva só tenho a dizer que duvido dos seus depoimentos, porque tamanho trafulha é bem capaz de ter simulado a agressão. Mas, se foi verdade, e se foi só um bom par de tabefes, acho que os estava a pedir. Quem não quer ser lobo... 
Ah, que ninguém se atreva a vir para aqui dar-me lições de urbanidade, porque nem do Presidente da República as aceito. Também ele é responsável, por inacção, pelo clima crispado que se está a instalar no futebol.

Para quem desconheça a peça ou viver noutro planeta aqui vai uma amostra: