18 dezembro, 2014

E o enigma prossegue

Quando uma liderança cai na apatia, quando não reage às adversidades e se afasta da realidade, arrisca-se a perder-se. E se essa liderança tem a ver com a gestão de um clube como o FCPorto, se esse afastamento da realidade traduz indiferença pelos sentimentos dos adeptos, pode estar a dar os primeiros passos para um período regressivo da sua história, de ciclo imprevisível. 

Ontem, assisti ao jogo de hóquei em patins do FCPorto com o Benfica, no Dragão-Caixa. A classificação geral apontava para um grande equilibrio entre as duas equipas, o que fazia adivinhar um jogo renhido, de resultado incerto, mas com ligeira preponderância para o FCPorto, por jogar em casa.

Quando o jogo começou ainda tive a ilusão que o FCPorto acabaria por vencer a partida, porque com o pavilhão cheio, a presença de Pinto da Costa e o apoio das claques, tudo parecia reunido para um final feliz. Pura ilusão. O FCPorto sofreu o 1º.golo, a seguir o 2º. e a partir daí nunca mais se encontrou. Resumindo: nova victória do Benfica na nossa casa, agora no hóquei.  

Normalmente, a explicação para estas situações é delegar responsabilidades nos treinadores, e a bem da verdade, há que dizê-lo, já não é a primeira vez que Tó Neves falha em jogos decisivos. O ano passado claudicou contra o Barcelona, não por incompetência, mas por notória desmotivação mental. O mesmo não se pode concluir do caso de ontem, porque ainda há muito campeonato a disputar, mas o facto é que os jogadores não estiveram à altura daquilo que podiam fazer. Mas esse não é o único problema, porque se a fragilidade mental revelada pela equipa de futebol com os principais concorrentes na própria casa se pode dever à juventude do plantel, não será também desprezível a influência das arbitragens na tabela classificativa, aspecto a que a direcção do FCPorto de agora parece estar esquiva. E isso, é tudo o que os simpatizantes e os próprios atletas, não querem que aconteça. Tem de se admitir (por que não) que os jogadores estejam a reagir a uma crise de liderança, como os adeptos, que já nem se manifestam.

Os portistas, nestes últimos anos, mesmo os mais afoitos, andam preocupados com a gestão do clube em termos desportivos, e penso que só não explodiram, porque o capital de confiança no presidente ainda é muito forte. Mas, Pinto da Costa parece não estar a perceber o que se passa,  não está a sentí-los, a compreendê-los, porque a sua postura não é aquela a que estavam habituados, um homem resiliente, dedicado ao clube, pragmático e de objectivos bem definidos. Se não voltar a 180º, se não encontrar rapidamente o antídoto para este estado letárgico, num ápice, pode hipotecar todo o prestígio que tanto  lhe custou ganhar.

Fui daqueles que me insurgi, não vai muito tempo - talvez uns 3 anos - contra os que papagueavam o discurso de fim de ciclo do FCPorto usado pelos nossos adversários, que davam como "finito" Pinto da Costa. Naquela altura não via motivos para lhes dar razão, porque a margem de confiança tinha um currículo forte e brilhante a que se segurar. Agora, já não sei bem o que pensar. Pinto da Costa anda demasiado calmo e ocupado com assuntos de outra natureza que não os que o clube precisa. Fazer de cicerone do museu do clube não é censurável, se comedidamente, apoiar um ex-1º Ministro em apuros, tolera-se, embora se compreenda mal, agora ignorar as manigancias que os clubes da 2ª. circular andam a tramar, sem fazer um único comentário, é indesculpável, quase suicidário.

A liderança do FCPorto de agora, cheira a orfandade. Que tristeza.


17 dezembro, 2014

Solidariedade ou masoquismo?

Pinto da Costa

Pode até compreender-se a atitude solidária de Pinto da Costa com Sócrates, levando em consideração o que ele mesmo passou, quando a máquina centralista* o tratou abaixo de cão no célebre processo Apito Dourado. A semelhança dos casos começa, e acaba aí, com o folclore da violação do segredo de justiça.

De resto, durante todo esse longo processo iniciado em 2004 e que só foi definitivamente encerrado em 23 de Setembro deste ano, realizaram-se dezenas de programas e escreveram-se centenas de artigos tendo como alvos a abater Pinto da Costa e o FCPorto. Tiveram mesmo tempo e total liberdade para realizar um filme baseado no processo Apito Dourado com o nome "Corrupção".

Apesar da devassa pública, da macabra exposição a que foi sujeito, da mais infame conspiração que há memória movida a um dirigente desportivo, não me recordo de ter visto Santana Lopes, José Sócrates, Jorge Sampaio ou Cavaco Silva, alternadamente no poder todos esses anos, saírem a terreiro, repudiando tudo o que se estava a passar, e muito menos a solidarizarem-se com Pinto da Costa. Ainda hoje, há políticos, e outras figuras públicas, que  falam em vários programas desportivos de Pinto da Costa como se ele não tivesse sido absolvido, usando a má língua como argumentos de defesa clubista com toda a naturalidade. 

Por tudo isto, e porque nunca vi Sócrates a corporizar publicamente a mesma solidariedade que Pinto da Costa agora lhe deu, não entendo e lastimo esta sua iniciativa. Além de que, a amizade que Pinto da Costa poderá ter por Sócrates só pode ser circunstancial, porque sendo o presidente portista um anti-centralista (como faz constar), é estranho que preze muito um homem que, tal como Passos Coelho e os primeiros ministros que os precederam, cuspiram não só na regionalização como acentuaram o centralismo.

De resto, se alguém ainda tiver dúvidas sobre esta hipocrisia que acorde, abra bem os olhos e veja como está o país. E já agora, que veja com está o futebol...

*«Pinto da Costa diz que a única coisa que o centralismo não conseguiu tirar ao Porto foram os campeonatos». 

Olhe que não, Presidente, olhe que não.

Ler o resto aqui, era então Sócrates 1º. Ministro...


Mais: o vídeo do filme Corrupção ainda não foi desactivado do YouTube.


16 dezembro, 2014

Não reconheço este Presidente!


Não  tenho memória de ver,  ou ouvir, José Sócrates apelar ao bom senso  e  à moderação  da comunicação social quando Pinto da Costa  foi  perseguido  e caluniado no forjado  processo Apito Dourado.  Pelo contrário. Tanto ele, como a maioria  dos  políticos, encolheram-se,  foram  muito  tímidos, e parcos em palavras,  em matéria de  solidariedade, e alguns até fizeram coro com o floclore dos media. Eu lembro-me!

Por isso,  pasmei ao saber há momentos, que Pinto da Costa  tinha ido  visitar Sócrates à prisão. Se agora a amizade é partilhada desta maneira, então  prefiro ter inimigos. Ficava bem mais animado se visse Pinto da Costa a gastar as  energias em casos  mais  pragmáticos para os interesses do clube, como por  exemplo, o colo que a  Comissão de Arbitragem  vem mimando  o Benfica.   Além disso, está  a pôr-se  a jeito  para os amiguinhos  de Lisboa gozarem a bandeiras despregadas com esta nobre acção.

Sobre a temática, adivinham-se  para os próximos tempos"lindos" programas de televisão, mas não vão ser no Porto Canal...

14 dezembro, 2014

Espero que Pinto da Costa não tenha ido jantar com o "Orelhas"

«Pois bem. Se é esta a linha de conduta que a Direcção do FCPorto decidiu escolher para levar até ao fim do campeonato, se não ousa dar um murro na mesa para dizer basta, garanto-vos desde já que o campeão já está decidido, e nem preciso de vos dizer quem é. O FCPorto não será campeão, nem dentro, nem fora do campo.». 

Escrevi aqui este parágrafo a propósito da remissão ao silêncio da parte dos responsáveis do FCPorto face à forma vergonhosa como são nomeados os árbitros para os jogos do FCPorto, ao contrário do que acontece com o Benfica, que nos jogos mais difíceis tem tido todo o tipo de ajudas da parte dos mesmos, facto que tem contribuido significativamente para a diferença pontual com as restantes equipas e o tem mantido na frente do campeonato.   

Com isto, não quero dizer que o FCPorto perdeu o jogo desta noite absolutamente por causa do árbitro, mas que contribuiu outra vez para o insucesso da equipa azul e branca, também contribuiu. Fê-lo com subtileza, mas não resistiu como tem sido habitual a mostrar o cartão amarelo a um jogador do FCPorto (Danilo) e depois disso a poupá-lo aos jogadores* do Benfica que não se cansaram de dar porrada em Jackson Martinez e Brahimi. Esta dualidade de critérios é exercida com uma precisão cirúrgica. Este é um ponto.    O outro, que lhe está associado, é o contributo de cumplicidade patenteada na permissividade que atrás citei, pela Direcção do FCPorto com estas situações, incluindo o próprio Presidente.

Uma outra questão é a forma de jogar do FCPorto. E não me refiro apenas à equipa principal. Como acompanho os jogos da formação, verifico que o modelo de jogo é praticamente o mesmo, em todos os escalões, ou seja, muita posse de bola, para o  lado, para trás e até para o guarda-redes, mas sem grande profundidade no desenvolvimento das jogadas de ataque, quando os adversários se fecham muito no seu meio campo, o que torna o jogo muito aborrecido para quem gosta de bom futebol. Só quando a equipa contrária se abre, é que os nossos jogadores decidem aproveitar para trocar a bola entre si, e a partir daí procurar o golo. 

De uma forma menos evidente, isto acontece também no escalão principal. Os defesas, e mesmos os médios, usam e abusam dos passes para trás e para o guarda redes - o que é um risco, porque não raro a bola é interceptada pelos adversários, em vez de olharem para a frente para colocar a bola no compalheiro melhor colocado, e se desmarcar para romper a defesa contrária.  Na equipa de Lopetegui estes movimentos pouco dinâmicos são disfarçados pela mais valia técnica dos jogadores, mas são muito semelhantes aos escalões mais baixos. Salta à vista. 

Mas esta noite aconteceream outros azares - além das bolas no poste e dos golos falhados -, Brahimi, mais uma vez, não existiu. Já lá vão 3 ou 4 jogos... O que se passará com o rapaz? Não  faço a mínima ideia, mas o treinador terá de lhe perguntar, porque até pode estar a precisar da sua ajuda. Portanto, além dos falhanços de golos cantados, sobretudo nos primeiros 15 minutos, jogamos com menos um jogador (aquele a quem reconheço a melhor qualidade). Depois, vieram os erros defensivos. Se devido à pobre exibição de Maicon no último jogo nas Champions até concordei com a opção de Marcano, é contudo imperdoável que se sofra um golo proveniente de um lançamento de linha lateral permitindo a passagem livre da bola por toda a defesa até Lima a empurrar com a barriga para o fundo das redes. E Fabiano também não foi competente a agarrar a bola no primeiro remate que não levava muita força deixando para Lima recarregar e fazer o 2º golo.

Por conseguinte, não me interessa muito falar da posse de bola quando ela não chega à baliza adversária em condições para marcar, porque me lembra o choradinho típico dos nossos adversários da 2ª- circular. Este FCPorto não pode continuar a permitir que uma equipa qualquer jogue no Dragão alegremente, circulando a bola até chegar à nossa área com a frequência que temos observado. Isto só acontece porque o FCPorto nem sempre imprime uma intensidade de jogo constante, esmagadora. Vimos isso acontecer com várias equipas de segunda linha, com planteis muito mais baratos que o FCPorto, que se movimentavam com toda a naturalidade no Dragão como se estivessem a jogar em casa.

Tudo isto me parece assentar no mesmo problema de base: a comunicação.

Se o FCPorto nem com o Porto Canal consegue transmitir para o exterior as mensagens importantes, como a relação de hostilidade da comunicação social para com o clube, como denunciar as arbitrariedades que já referi, e a nível interno, não sabe incutir no espírito de jogadores [e treinadores] estrangeiros a realidade do clube, como e quando será que o vai conseguir?

É no que dá o aburguesamento, o excesso de vedetismo. Por isso contrariei sempre quem nos acusava de bairrismo, quem achava que devíamos ser mais moderados. O bairrismo é uma fonte precisosa para beber a garra, a vontade de ser melhor. Ora, se a maioria do plantel é constituída por jogadores estrangeiros e se a política de comunicação do FCPorto é a pobreza que sabemos, como é que podemos ter jogadores formatados para vencer?

Talvez o senhor Pinto da Costa saiba responder. Só espero é que no fim do jogo de ontem não tenha ido felicitar o Filipe Vieira...  

Será que ainda vamos ganhar alguma coisa este ano?

É verdade que André Almeida do Benfica foi o 1º. a  ver o cartão amarelo, antes de Danilo, mas não é menos verdade que a quantidade de faltas poupadas aos jogadores do Benfica foi bem evidente. A dualidade de critérios existiu porque o rigor do árbitro não foi o mesmo para as duas equipas.