Os resultados das eleições não foram brilhantes para os partidos com tradição governativa. A coligação PSD/CDS já anda a cantar de galo como se tivesse obtido uma maioria. Confesso que, tendo-me tornado um abstencionista militante por imperativo de consciência, quero ver até que ponto a esquerda saberá, ou não, explorar a almofada de conforto que a maioria conjunta dos 40,65% de votos conseguidos entre PS (32,38%) e PCP (8,27%), lhes permitirá apertar o governo e deixar Cavaco a fazer contas de cabeça.
Não alinho pela conversa catastrofista dos que já andam preocupados com a hipótese de os dois partidos de esquerda se coligarem para derrubar o governo, e eventualmente ganharem novas eleições. E não alinho, justamente pelas mesmas razões que apontei no post anterior, porque não gosto de ser aldrabado nem de verdades impostas a martelo pelos que menos legitimidade têm para as impôr. Este, como o governo anterior, já deram provas ao país do que valem, nunca foram capazes de o governar satisfatoriamente. Bem pelo contrário, limitaram-se a sacrificar o povo obrigando-o a pagar dívidas que nunca soube como, quando, onde e com quem as contraiu.
A globalização e a crise económico/financeira tiveram o "dom" de fazer esquecer o povo que a Banca Nacional e Internacional e os países têm a governá-los pessoas, gestores pagos a peso de ouro para controlarem as oscilações dos mercados. Logo, são esses e apenas esses, que devem responder pela crise, não as populações que nunca foram tidas nem achadas para lidar com mercados monetários ou dívidas públicas, nem foram pagas para tal.
A globalização e a crise económico/financeira tiveram o "dom" de fazer esquecer o povo que a Banca Nacional e Internacional e os países têm a governá-los pessoas, gestores pagos a peso de ouro para controlarem as oscilações dos mercados. Logo, são esses e apenas esses, que devem responder pela crise, não as populações que nunca foram tidas nem achadas para lidar com mercados monetários ou dívidas públicas, nem foram pagas para tal.
Portanto, isto de pagarmos uma crise, com a qual nunca tivemos a menor noção de cumplicidade, são reles abusos de vários poderes políticos e económicos, internos e externos. Os supostos financiamentos para pagar dívida, são a trapaça do século. Quem quiser dar-lhe crédito político que lhe dê, eu ainda não vi qualquer sentido para tão macabra e abusiva colecta. De mais a mais, quando as instituições da finança mundiais têm pessoas com nome próprio a dirigí-las, e não uma abstractacção chamada crise. A crise, não é mais que o resultado de uma situação muito mal gerida, não uma calamidade natural. A crise, não é uma entidade, nem pessoa colectiva, é a consequência de incompetências conjuntas de banqueiros e Chefes de Governo.
Voltando atrás, à hipótese de um eventual, mas improvável acordo político, entre PS e PCP, resta-nos saber em que pé ficarão as negociações (se as houver) com o Bloco de Esquerda. É que a percentagem de 10,22% corresponde 549.838 de eleitores somada aos 40,65% do PS e PCP, perfazem a bonita taxa de 50,87%, Como irá o PS lidar com este labirinto político-partidário, com as contradições ideológicas que o separam do PC e do BE?
Terão os políticos dos partidos à esquerda do PSD coragem e sentido de Estado para se unirem e provarem aos respectivos eleitores que o país está em primeiro lugar? Antes dos caprichinhos interesseiros dos aparelhos?
Provem-nos que vale a pena acreditar nessa hipótese.
Provem-nos que vale a pena acreditar nessa hipótese.