Pior do que os políticos, é o modo conformista, e muitas vezes até, lisonjeiro, como alguns de nós reagem à forma como eles desempenham a política.
Posso dar-vos um exemplo, com algumas frases do jornalista Jorge Fiel, extraídas da coluna de opinião do JN de hoje. Escreve ele, entre parênteses, acerca dos políticos, que "um dos atributos essenciais a um bom político, para além da hipocrisia, são as omissões". Isto, a propósito da polémica nomeação de Franquelim Alves para Secretário de Estado, como é bom de entender. Mais adiante, Fiel faz uma citação a Maquiavel, para dizer que "apenas um mentiroso ousado e muito capaz pode aspirar a singrar na política e garantir o poder".
Posso dar-vos um exemplo, com algumas frases do jornalista Jorge Fiel, extraídas da coluna de opinião do JN de hoje. Escreve ele, entre parênteses, acerca dos políticos, que "um dos atributos essenciais a um bom político, para além da hipocrisia, são as omissões". Isto, a propósito da polémica nomeação de Franquelim Alves para Secretário de Estado, como é bom de entender. Mais adiante, Fiel faz uma citação a Maquiavel, para dizer que "apenas um mentiroso ousado e muito capaz pode aspirar a singrar na política e garantir o poder".
Antes de prosseguir, devo dizer que até gosto do estilo brincalhão e bem humorado de Jorge Fiel de escrever sobre coisas sérias, mas como em tudo na vida, é conveniente não abusar. Sendo certo que ninguém duvida do que ele diz, não me parece lá muito pedagógico para a avaliação de uma actividade pública, tão importante como é [ou devia ser] a política, que se misturem adjectivos com qualificativos tão opostos. Dizendo que um bom político, para ser "bom", tem de ser hipócrita, mesmo fazendo-o com sarcasmo, estamos inconscientemente a alimentar uma ideia completamente contrária à mais sagrada regra exigível a um bom político, que é a seriedade, associada à competência e ao bom senso. É precisamente na falta de seriedade dos políticos que muitos cidadãos se inspiram para contornar as leis, e vencer na vida, e não é continuando a dar lastro a este tipo de discurso que as coisas podem mudar.
É verdade o que diz Jorge Fiel, todos sabemos, mas é uma verdade muito triste, vergonhosa mesmo, que urge inverter, sob pena de não termos moral para nos continuarmos a queixar dos exércitos de jotas e jotinhas que enxameiam os partidos políticos do arco do poder, e que [como constatamos], chegam aos partidos com a "escola" da hipocrisia toda feita. E não me parece ser isso que precisamos, nem nós, nem o Jorge Fiel [acho eu].