18 outubro, 2008

Nota de imprensa: 2ª Reunião da Associação de Cidadãos do Porto

Arqº. Alexandre Ferreira
Realizou-se no passado dia 17 de Outubro, pelas 21h30, no Clube Literário do Porto, a segunda reunião da Associação de Cidadãos do Porto. A reunião, moderada por Alexandre Ferreira, assumiu a forma de uma tertúlia, com um elevado grau de informalidade.

Neste segundo encontro, o movimento que pretende constituir-se como a Associação de Cidadãos do Porto, viu alargado o grupo de aderentes, relativamente à primeira reunião realizada em Setembro.

O serão contou com uma agenda que incidiu fundamentalmente sobre dois pontos: uma análise da Região Norte tendo em conta o contexto nacional e um debate sobre soluções e instrumentos de futuro para a Região.

Na primeira parte foi traçado um diagnóstico, que teve como aperitivo uma apresentação de factos e números ilustrativos do potencial da Região e das desigualdades no tratamento relativamente a outras áreas do País, quando se fala de investimento público.

Na análise colectiva que seguiu esta apresentação, foram abordadas questões como o empreendedorismo e investimento, factores de competitividade no contexto nacional e internacional, a captação e retenção de massa crítica ou características do tecido empresarial, tendo sido denotado, de uma forma geral, um descrédito na capacidade política do poder local e central para dar resposta às questões que mais preocupam as populações do Norte do País.

Na segunda parte foram abordados temas considerados fundamentais para o futuro da Região,
Tendo-se verificado unanimidade relativamente à necessidade de a sociedade civil ter uma voz activa e do movimento que está a ser formado poder vir a desempenhar um papel fundamental na defesa dos seus interesses.

Tendo sido identificados diversos temas relevantes para a Região, a discussão centrou-se num dos temas mais actuais: o modelo de gestão do Aeroporto Sá Carneiro.

Tal como já se verificou uma convergência de opiniões de diferentes actores institucionais como a Associação Comercial do Porto, AEP, Associação Industrial do Minho ou Associação Industrial do Distrito de Aveiro, bem como de empresas privadas, também na plateia houve unanimidade relativamente à importância e urgência deste tema para a Região.

A consciencialização para a importância do ASC na economia e da convicção de que não se pode permitir que discussões fulcrais para o desenvolvimento regional possam ser tomadas à revelia da sociedade civil, levou à decisão de haver uma associação clara ao movimento que defende a gestão autónoma do ASC, procurando-se criar uma voz até agora inexistente: a dos cidadãos.

Esta tomada de posição será acompanhada de um conjunto de acções com o duplo objectivo de consciencializar a população para o problema e de criar um elemento de pressão na defesa dos seus interesses.

Caixa:

Tendo em vista uma preparação conjunta da terceira reunião e da sua agenda, foi criada uma mailing list, podendo os interessados inscrever-se enviando uma mensagem para o endereço porto.agora@gmail.com

Alguns blogers presentes, como o Tiago Azevedo Fernandes (“A Baixa do Porto” - porto.taf.net), Pedro Menezes Simões (“Norteamos” - http://norteamos.blogspot.com), ou Rui Farinas (“Renovar o Porto” - http://renovaroporto.blogspot.com/) propuseram também os seus espaços online para catalisadores de ideias e opiniões relativas a este movimento em geral e à tomada de posição relativa ao Aeroporto em particular. Todos os interessados terão assim à sua disposição um espaço onde poderão encontrar as mais recentes informações relativas a estes temas e contribuir online para esta discussão.
Nota:
Como tive o cuidado de informar aqui, não compareci a esta 2ª. reunião pelos motivos que citei.
(Rui Valente)

O meu avô e um Sr. Presidente da Câmara

A propósito do link plasmado logo aqui abaixo, vão-me perdoar a vaidade, mas não resisto a contar uma pequena história do meu avô com um antigo Presidente da Câmara do Porto.
Por uma questão de respeito a quem já não está entre nós (e a seus familiares) não citarei o nome do autarca, mas posso adiantar-vos que até foi um Presidente bem cotado e com alguns méritos reconhecidos.
Acontece que, como o povo costuma dizer, "no melhor pano cai a nódoa", e o referido senhor Presidente da Câmara recebeu uma notificação do Tribunal Militar do Porto (do qual meu avô era Presidente) por alegadamente estar envolvido em negociações pouco claras com terrenos camarários.
Tendo conhecimento da convocatória, o edil logo diligenciou a enviar um mensageiro ao Tribunal de forma a convencer o meu avô a evitar que "Sua Exa. se sentasse nos desconfortáveis bancos de madeira da sala de juízo". O meu avô, homem austero e exigente com os próprios filhos, disse ao mensageiro: diga lá ao Sr. Presidente para estar descansado, que sempre lhe arranjarei um bom sofá para se sentar! E o senhor Presidente da Câmara, lá teve o prometido sofá... mas, foi mesmo a Tribunal e julgado.
Moral da história: ontem como hoje, o tráfico de influências sempre se praticou, só não estou bem certo quantos homens hoje em Portugal teriam a inteligência e a frontalidade para tomar a decisão que o meu avô tomou.

Diz-me com quem andas

Autarcas criticam salários principescos e autarquia diz que Rui Sá continua "despeitado" por deixar SMAS
Como depreenderão do post anterior ao Concerto No.1 para Piano e Orquestra Op.23 de Tchaikovsky, é também a este tipo de habilidades políticas que me refiro, quando faço apelo a uma nova forma de selecção das lideranças. Estes exemplos têm deixar de ser "normalizados" e passar a ser severamente condenados, para depois podermos levar a sério a caça às bruxas aos meninos feios do futebol e aos Apitos de todas as cores. Isto, é tráfico de influências, e oportunismo, mais ou menos encapuzado.
Com a fama de homem rigoroso que Rui Rio soube vender aos seus apaniguados, é caso para lhes perguntar se acham que ele sabe escolher os seus amigos, e homens de confiança...

17 outubro, 2008

Tchaikovsky Concerto No. 1 - David Fung

Cepticismo

Estou tão certo, tanto quanto é possível ter-se a certeza de algo, que se for dada uma única oportunidade a um criminoso, ao mais sórdido e abominável que a história já conheceu para apresentar uma explicação justificativa dos seus horrorosos actos, ele não terá grande dificuldade para a encontrar. Mais. Se quiser, poderá mesmo, apresentar várias "razões" para justificar os seus crimes, mas com uma diferença, em relação aos Governantes do Planeta Terra e aos seus infindáveis erros: é que não necessitaram do Poder, nem das «respectivas benesses» para se desculpabilizarem. Valha-lhes isso. Os políticos, nem dessa "litle" dignidade se podem gabar.
A Humanidade, habituou-se (mal), a enfatizar a importância de homens frequentemente medíocres, a aceitar as suas mordomias estatutárias e a sua autoridade como um dever inerente à condição do líder, sem se precaver previamente dos méritos exigíveis a tais lideranças. E aqui, reside também a grande confusão sobre lideranças e a explicação para a corrida louca ao Poder de tanta gente desqualificada. Não é, portanto, de espantar a aparente indiferença com que essas singulares pessoas "digerem" os baixíssimos indíces de reputação positiva de que gozam junto da opinião pública.

A necessidade é intemporal, mas hoje, os verdadeiros líderes, precisam de ser analisados e seleccionados à lupa pelos que deles dependem, como se de diamantes se tratasse, porque, tal como as pedras preciosas, os verdadeiros líderes não abundam por aí. E a pesquisa terá forçosamente de ser feita de forma semelhante à das pedras raras. Cuidadosa, mas metódicamente. Anulando à partida os medíocres, pré-seleccionando os melhores, priveligiando o Poder aos efectivamente mais aptos. Aparentemente, dir-se-ia, que já é isso que se faz, mas é-o só na aparência, porque os «exames» são muito mal feitos, se é que lhe podemos chamar assim.
Os processos dos aparelhos partidários que costumam encarregar-se dessas escolhas, são máquinas contaminadas, cada vez menos confiáveis. Senão vejamos: o que sabem os cidadãos dos homens que são lançados pelos partidos para os governar? Que são advogados, economistas, engenheiros ou médicos? E o que é que isso interessa? O que nos assegura? Dá-nos porventura, garantias das suas valências futuras, quando, alguns desses "doutores" amiúde, nem nas suas profissões de formação conseguem fazer a diferença? Será então prudente continuarmos a aceitar estes códigos de conduta só por que nos dizem que são democráticos ? Democracia, nunca foi nem será sinónimo de competência, é apenas um meio para a alcançar, e se a democracia estiver doente (como está), então a tarefa complica-se.
A Humanidade atingiu um tal estado de deteriorização social e económica que para lhe sobreviver, os valores, em vez de se constituirem numa linha de orientação pedagógica para a sociedade, tornam-se um estorvo para os mais gananciosos «singrarem» na vida . Hoje, para muita gente, ser feliz, é ter dinheiro para se ter o que se quer e muitas vezes o que não se pode, sem perder grande tempo com as coisas importantes da vida. Viver alienado pelo consumismo, pelo status, pelo exibicionismo, pelos sinais exteriores de riqueza, é tudo o que conta. Estes, são os novos «optimistas» dos regimes, os que pensam para hoje sem cuidar do amanhã.
A Ciência já anunciou há muito aos senhores do Mundo que a Terra está moribunda, que à parte do seu ciclo natural de vida, se nada for feito de verdadeiramente determinante, ela sucumbirá muito antes do "prazo de validade"(de morte natural). E o que fazem os Governantes? Empenham-se seriamente a trabalhar para evitar o colapso? É evidente que não. Por detrás dos pretextos mais cínicos (como o receio do desemprego massivo, crises económicas, etc.) que se possa imaginar, vão protelando as decisões, enquanto a terra agoniza e se revolta nas suas cruéis manifestações de "desconforto", arrastando com elas a vida de pessoas, bens e animais.
Ser consciente, num Mundo governado por inconscientes, é a maior das utopias e dos sofrimentos. Por isso, aconselho aos leitores, que ainda prezam a sua saúde física e psicológica, a verem os programas "divertidos" que a SIC do ex-primeiro Ministro Pinto Balsemão costuma oferecer, "magnificamente" conduzidos pela colunável Teresa Guilherme.
E se um dia, quando a «diversão» chegar ao fim , o cretinismo se esgotar e a vida já não fizer sentido, por nem ar termos para respirar, talvez sintamos também a ilusão de imaginar que até na morte, somos idiotas, mas idiotas «felizes».

16 outubro, 2008

Links com "bocas"

Funcionário da Câmara do Porto detido por extorsão

E nós todos convencidos que isto só acontecia no tempo do Fernado Gomes...

Galegos queixam-se de "tratamento vexatório" no aeroporto do Porto

Se queremos atrair turistas para o Porto, não me parece que esta seja a "estratégia" indicada...

Rio diz que só discute metro com Governo

Não dá "uma para a caixa" este projecto de Presidente. Pior do que ele, só mesmo os seus eleitores, com todo o (des)respeito...

Portugal visto de Espanha (Vergonhoso)

LISBOA, 21 sep (IPS) -
Indicadores económicos y sociales periódicamente divulgados por la Unión Europea (UE) colocan a Portugal en niveles de pobreza e injusticia social inadmisibles para un país que integra desde 1986 el 'club de los ricos' del continente. Pero el golpe de gracia lo dio la evaluación de la Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económicos (OCDE): en los próximos años Portugal se distanciará aún más de los países avanzados.
La productividad más baja de la UE, la escasa innovación y vitalidad del sector empresarial, educación y formación profesional deficientes, mal uso de fondos públicos, con gastos excesivos y resultados magros son los datos señalados por el informe anual sobre Portugal de la OCDE, que reúne a 30 países industriales. A diferencia de España, Grecia e Irlanda (que hicieron también parte del'grupo de los pobres' de la UE), Portugal no supo aprovechar para su desarrollo los cuantiosos fondos comunitarios que fluyeron sin cesar desde Bruselas durante casi dos décadas, coinciden analistas políticos yeconómicos.
En 1986, Madrid y Lisboa ingresaron a la entonces Comunidad EconómicaEuropea con índices similares de desarrollo relativo, y sólo una década atrás, Portugal ocupaba un lugar superior al de Grecia e Irlanda en el ranking de la UE. Pero en 2001, fue cómodamente superado por esos dos países, mientras España ya se ubica a poca distancia del promedio del bloque.'La convergencia de la economía portuguesa con las más avanzadas de la OCE pareció detenerse en los últimos años, dejando una brecha significativa en los ingresos por persona', afirma la organización. En el sector privado, 'los bienes de capital no siempre se utilizan o se ubican con eficacia y las nuevas tecnologías no son rápidamente adoptadas', afirma la OCDE. 'La fuerza laboral portuguesa cuenta con menos educación formal que los trabajadores de otros países de la UE, inclusive los de los nuevos miembrosde Europa central y oriental', señala el documento.
Todos los análisis sobre las cifras invertidas coinciden en que el problema central no está en los montos, sino en los métodos para distribuirlos. Portugal gasta más que la gran mayoría de los países de la UE en remuneración de empleados públicos respecto de su producto interno bruto, pero no logra mejorar significativamente la calidad y eficiencia de los servicios. Con más profesores por cantidad de alumnos que la mayor parte de los miembros de la OCDE, tampoco consigue dar una educación y formación profesional competitivas con el resto de los países industrializados.
En los últimos 18 años, Portugal fue el país que recibió más beneficios por habitante en asistencia comunitaria. Sin embargo, tras nueve años de acercarse a los niveles de la UE, en 1995 comenzó a caer y las perspectivas hoy indican mayor distancia. Dónde fueron a parar los fondos comunitarios?, es la pregunta insistente en debates televisados y en columnas de opinión de los principales periódicos del país. La respuesta más frecuente es que el dinero engordó la billeterade quien es ya tenían más. Los números indican que Portugal es el país de la UE con mayor desigualdad social y con los salarios mínimos y medios más bajos del bloque, al menos hasta el 1 de mayo, cuando éste se amplió de 15 a 25 naciones. También es el país del bloque en el que los administradores de empresas públicas tienen los sueldos más altos. El argumento más frecuente de los ejecutivos indica que 'el mercado decidelos salarios'. Consultado por IPS, el ex ministro de Obras Públicas(1995-2002) y actual diputado socialista João Cravinho desmintió esta teoría. 'Son los propios administradores quienes fijan sus salarios, cargando las culpas al mercado', dijo.
En las empresas privadas con participación estatal o en las estatales conaccionistas minoritarios privados, 'los ejecutivos fijan sus sueldos astronómicos (algunos llegan a los 90.000 dólares mensuales, incluyendo bonos y regalías) con la complicidad de los accionistas de referencia', explicó Cravinho. Estos mismos grandes accionistas, 'son a la vez altos ejecutivos, y todo este sistema, en el fondo, es en desmedro del pequeño accionista, que ve como una gruesa tajada de los lucros va a parar a cuentas bancarias de los directivos', lamentó el ex ministro.
La crisis económica que estancó el crecimiento portugués en los últimos dos años 'está siendo pagada por las clases menos favorecidas', dijo. Esta situación de desigualdad aflora cada día con los ejemplos más variados. El último es el de la crisis del sector automotriz. Los comerciantes se quejan de una caída de casi 20 por ciento en las ventasde automóviles de baja cilindrada, con precios de entre 15.000 y 20.000dólares. Pero los representantes de marcas de lujo como Ferrari, Porsche,Lamborghini, Maserati y Lotus (vehículos que valen más de 200.000 dólares), lamentan no dar abasto a todos los pedidos, ante un aumento de 36 por ciento en la demanda.
Estudios sobre la tradicional industria textil lusa, que fue una de las más modernas y de más calidad del mundo, demuestran su estancamiento, pues sus empresarios no realizaron los necesarios ajustes para actualizarla. Pero la zona norte donde se concentra el sector textil, tiene más autosFerrari por metro cuadrado que Italia. Un ejecutivo español de la informática, Javier Felipe, dijo a IPS que según su experiencia con empresarios portugueses, éstos 'están más interesados en la imagen que proyectan que en el resultado de su trabajo'. Para muchos 'es más importante el automóvil que conducen, el tipo de tarjetade crédito que pueden lucir al pagar una cuenta o el modelo del teléfonocelular, que la eficiencia de su gestión', dijo Felipe, aclarando que hay excepciones.
Todo esto va modelando una mentalidad que, a fin de cuentas, afecta al desarrollo de un país', opinó. La evasión fiscal impune es otro aspecto que ha castrado inversiones del sector público con potenciales efectos positivos en la superación de lacrisis económica y el desempleo, que este año llegó a 7,3 por ciento de lapoblación económicamente activa. Los únicos contribuyentes a cabalidad de las arcas del Estado son los trabajadores contratados, que descuentan en la fuente laboral. En los últimos dos años, el gobierno decidió cargar la mano fiscal sobre esas cabezas, manteniendo situaciones 'obscenas' y 'escandalosas', según el economista y comentarista de televisión Antonio Pérez Metello.
'En lugar de anunciar progresos en la recuperación de los impuestos deaquellos que continúan riéndose en la cara del fisco, el gobierno (conservador) sacar una tajada aun mayor de esos que ya pagan lo que es debido, y deja incólume la nebulosa de los fugitivos fiscales, sin coherencia ideológica, sin visión de futuro', criticó Metello. La prueba está explicada en una columna de opinión de José Vitor Malheiros, aparecida este martes en el diario Público de Lisboa, que fustiga la falta de honestidad en la declaración de impuestos de los lamados profesionales liberales.
Según esos documentos entregados al fisco, médicos y dentistas declararons), los arquitectos dingresos anuales promedio de 17.680 euros (21.750 dólares), los abogados de 10.864 (13.365 dólaree 9.277 (11.410 dólares) y los ingenieros de 8.382 (10.310 dólares). Estos números indican que por cada seis euros que pagan al fisco, 'le roban nueve a la comunidad', pues estos profesionales no dependientes deberían contribuir con 15 por ciento del total del impuesto al ingreso por trabajo singular y sólo tributan seis por ciento, dijo Malheiros. Con la devolución de impuestos al cerrar un ejercicio fiscal, éstos 'roban más de lo que pagan, como si un carnicero nos vendiese 400 gramos de bife y nos hiciese pagar un kilogramo, y existen 180.000 de estos profesionales liberales que, en pro medio, nos roban 600 gramos por kilo', comentó consarcasmo.
Si un país 'permite que un profesional liberal con dos casas y dos automóviles de lujo declare ingresos de 600 euros (738 dólares) por mes, añotras año, sin ser cuestionado en lo más mínimo por el fisco, y encima recibe un subsidio del Estado para ayudar a pagar el colegio privado de sus hijos, significa que el sistema no tiene ninguna moralidad', sentenció.
(Comentário via Dragão VilaPouca)
NOTA: O negrito é da responsabilidade do RoP

15 outubro, 2008

A problemática regionalização

Perante um copo com água até meio, alguém que diga que o copo está meio vazio é um pessimista. E se o copo não tiver nada, a pessoa que diga que está vazio, é também um pessimista? Não será antes um realista?

Vem isto a propósito da regionalização que, nesta metáfora, considero um copo vazio, e penso que estou simplesmente a ser realista. O meu cepticismo apoia-se em vários e fortes motivos que me parecem constituir um conjunto de obstáculos que não pode ser menosprezado. Vejamos.

- O governo não quer regionalizar. Ao longo dos anos, vários têm sido os pretextos para adiar o referendo. Será que agora vai mudar de ideias? Também os funcionários públicos que estão em Lisboa e cujas funções os obrigassem a mudar de região, vão opor toda a resistência que puderem.

- Para que o voto do SIM fosse vinculativo, teriam de votar, no total, 50% + 1 dos eleitores inscritos, meta que não é fácil de atingir pois teria de dizer respeito ao conjunto do país, dado a Constituição obrigar a que a regionalização seja implementada simultaneamente em todo o país. Em 1998 a abstenção foi de 52%.

- A divisão geográfica proposta, baseada nas cinco regiões-plano, suscita fortíssimos anti-corpos. Muitos dos votantes votarão NÃO a "esta regionalização", por muito regionalistas que sejam. Um consenso é virtualmente impossível de conseguir, mas haverá mapas que concitem mais consenso do que outros. Pessoalmente considero as cinco regiões-plano como um fortíssimo factor negativo para o êxito do SIM, e chego mesmo ao ponto de suspeitar que a força exercida pelo governo para essa solução, não é mais do que uma manobra de má-fé destinada a inviabilizar a vitória do SIM. Um governo que estivesse de boa-fé, teria fomentado uma ampla discussão do tema para o desenho do mapa, solicitando sugestões, mobilizando a sociedade civil, auscultando o seu sentir. Em suma, criando as condições para que pudesse ser atingida a situação que mais se aproximasse do consenso.

- Resta um factor crucial que é o sentir dos eleitores. Na generalidade dos casos estes não estão preparados para uma correcta apreciação do que está em jogo. Muitas ideias falsas e temores injustificados circulam por aí. Estou convencido de que nenhuns progressos se fizeram relativamente ao referendo de 1998, quando o NÃO atingiu perto de 75% no conjunto das regiões Trás-os-Montes e Alto Douro + Beira Litoral + Beira Interior + Estremadura e Ribatejo. Haverá razões para admitir que imensa maioria dos que votaram NÃO, mudou de campo?
Objectivamente não há provas, na ausência de inquéritos à opinião pública. Subjectivamente, tudo leva a crer que as convicções se mantêm sem maciças transferências de um campo para outro, até porque a doutrinação e o esclarecimento continuam por fazer. O governo, por óbvias razões estratégicas visando a derrota do SIM, não está interessado em esclarecer ninguém. Os partidos políticos não se mexem, além de vagas e platónicas declarações, acrescendo que o PSD é oficialmente contra. A Imprensa está alheada porque aos patrões dos grandes grupos não interessa fazer ondas, evitando desagradar ao governo e consequentemente pôr em risco as benesses de que usufruem. Resta a sociedade civil. Houve notícias de iniciativas no Algarve e Coimbra (é lamentável a passividade do Porto) no sentido de criar movimentos aglomeradores de vontades, preparados para esclarecer os cidadãos e lutar pelo êxito das suas ideias regionalistas. Nada se tem ouvido ultimamente. Fica a dúvida de saber se os movimentos se esvaziaram ou se foram boicotados pelos média, mas em qualquer dos casos o efeito nocivo é o mesmo.
Com este triste panorama não se vêem razões para optimismo. Só é de esperar que daqui até à desconhecida data de novo referendo, a situação possa mudar drasticamente e a esperança possa voltar aos nossos espíritos.

Sobre o Aeroporto Sá Carneiro

Porto com subida de tráfego em Setembro
O tráfego de passageiros nos aeroportos da ANA, no período de Janeiro a Setembro de 2008, revela um crescimento acumulado de 4,2% em relação ao período homólogo do ano transacto. Em 2007, crescera 9.2%. Neste período o aeroporto de Lisboa cresceu 3%, o Francisco Sá Carneiro subiu 16%, Faro teve uma quebra de -0,4% e Ponta Delgada uma ligeira subida de 0.2% de tráfego de passageiros.
Em Setembro último, os aeroportos geridos pela ANA tiveram uma descida de -1,3%. Um ano antes, a subida era de 10.8%. Lisboa caiu -1,7%, o Francisco Sá Carneiro subiu 8%, Faro desceu -4.9% e Ponta Delgada teve um decréscimo
de -5.6%.


por Sérgio Bastos

Inquérito no "As Casas do Porto"

Está activo, a partir de hoje, um novo mini-inquérito no blog "As Casas do Porto". Quem estiver interessado em participar, é só clicar aqui.

Associações e Inquietações

Há uma questão que paira na mente de muitos portuenses que nenhum órgão de comunicação ainda se lembrou de levantar, de forma explícita e pública, que é: qual o limite de confiança disponível para os portuenses continuarem a "investir" nos partidos e na classe política? Até onde, poderá chegar esse limite? Quantos mais anos de asneiras, de falsas promessas, de pouca seriedade, precisam de decorrer, para os portuenses se disporem a dizer basta, de forma autoritária?
O Porto neste momento é uma cidade claramente diabolizada pelo centralismo (não se espantem que apareça daí a nada um comentador hipócrita a negá-lo). Ser do Porto, sem estar rendido aos muitos "encantos" da capital, é como ser uma espécie de judeu no meio de nazis. Está na «moda» desprezar o Porto, até os políticos (de cá) a seguem sem se incomodarem com a consequente exposição da sua baixeza de carácter, da sua absoluta e total cobardia. Estão lá, no Poder, governam-se, e pelo menos, até às próximas eleições, o seu lugar está garantido. Por outro lado, esta gentinha desqualificada, pela-se, só de pensar em levantar a voz ao big boss, com um medo horrível de desestabilizar a paz podre que vai reinando na aparelho (agência de emprego para cordeiros).
Claro que, aos órgãos de comunicação, genericamente, não lhes interessa muito auscultar a opinião popular, e a dos portuenses ainda menos, pelas razões atrás referidas. Todos têm medo de ficar "mal na fotografia", de falarem demais sobre os problemas do Porto com receio de se identificarem com as suas causas ou com a s suas "cores". O Porto, é um assunto quase tabu. A televisão (RTP) extasia-se com a produção de debates do tipo "Prós e Contras", porque ainda vive do feedback voyerista dos shares e das audiências, o que a induz a leituras de identificação erróneas quanto aos objectivos de verdadeiro serviço público. Os debates públicos para serem democráticos, deviam ter uma componente pública entre os participantes e menos a de meros espectadores de plateia, como agora têm. Os debates tal como são concebidos desvirtuam a génese democrática, são uma fraude, são apenas um espelho narcisista das elites. E eu não gosto de elites. Para ser elite basta muitas vezes o dinheiro, e o dinheiro não confere, nem inteligência, nem humanismo. O dinheiro compra, só.
Comecei este post com uma dúvida, mas vou terminá-lo com uma certeza. A dúvida, é uma espécie de "enigma" que é levantado à nossa capacidade de sofrimento e tolerância. A certeza - a pretexto de algum messianismo latente no espírito de muitos portuenses -, é que não haverá partido, associação ou movimento satisfatório, se não for capaz de implantar o rigor e restaurar o respeito nos seus hábitos e ideários. Primeiro dentro de si mesmos, depois cá para fora, para os cidadãos.
É que, sabem, enquanto cidadão elemento de uma Democracia, ainda não consegui descobrir qual é o artigo constitucional que me faculta o direito de punir seriamente (sem mariquices) a traição, e por esta altura posso garantir-vos que a Lista dos políticos é a mais numerosa.

Links e bocas (Fonte JN)

MP quer livrar Pinto da Costa de ir a julgamento

Que chatice! E agora, Dona Mizé? Que mais vamos inventar?

"A expansão da rede do metro: a verdade dos factos"

Pois é, o tiro no pé foi aproveitar o "rebuçado" e alongar, sem pudor, os prazos de execução das obras. Não gozem mais connôsco por favor.

Metro e PS acusam Rio de criar obstáculos

Obstáculos por obstáculos, aonde é que ficam o bom senso, e os interesses da população?

Ministra admite apoiar "Porto Feliz"

Bem senhora Ministra, apoie, apoie. É capaz de conquistar mais uns votinhos para o Partido.

14 outubro, 2008

Linha bi-bitola?

No Relatório e Contas da RAVE referente ao ano de 2006 pode ler-se, na página 19, o seguinte:

“Numa primeira fase, será construído de raiz um novo troço Braga-Valença, executado em bitola ibérica com travessas polivalentes, acautelando a posterior mudança de bitola que venha a ser decidido realizar conjuntamente com as autoridades espanholas, completado com a actual infra-estrutura Porto-Nine-Braga, valorizada ainda por intervenções a empreender no troço Contumil-Ermesinde e em Trofa;
Esta primeira fase deverá ter um horizonte de concretização compatível com o das restantes linhas prioritárias, devendo estar concluída até ao final de 2013;
Numa segunda fase e dependendo da evolução da procura e da taxa de utilização da capacidade da via existente, será concretizado o novo traçado entre o Aeroporto Sá Carneiro e Braga – cuja reserva do espaço canal estará garantida.”

O relatório de 2007 nada acrescenta nem retira ao anterior no que respeita à Linha Porto-Vigo. No entanto, hoje, no Público, podemos ler o seguinte:

“Em 2013, a viagem Porto-Braga, utilizando a linha actual com remodelações, demorará 33 minutos, enquanto o troço Braga-Valença-Vigo, em linha nova, será cumprido em 34 minutos, garantiu à Lusa Paulo Gomes, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, notando que é preciso ainda contar com "três ou quatro minutos" para a mudança de bitola em Braga, já que a linha nova não terá a mesma bitola que tem a actual linha.”

Ora é aqui que a bota não bate com a perdigota. A RAVE diz-nos que a linha é na fase inicial em bitola ibérica (mais larga) assente em travessas polivalentes e só depois, em sincronia com os espanhóis, será mudada para a bitola europeia (mais estreita). O vice da CCDRN diz-nos que não. Diz-nos que afinal o troço Braga-Vigo é logo em bitola europeia e que até vai haver em Braga um intercambiador de eixos para os comboios mudarem de bitola, daí a perda de “três ou quatro minutos”. Ou a RAVE mudou de ideias, ou então a RAVE e a CCDRN não estão a falar do mesmo projecto. Eu não sei. Mas gostava que uma delas, ou ambas, me esclarecessem. O que eu sei é que não ouvi dizer que os espanhóis tivessem mudado de ideias. Esclareça-me quem saiba.

Agora, o que eu também sei é que, caso seja como diz o vice da CCDRN, está provavelmente posta em causa a intenção da via ser mista, prevista para uma operação conjunta de passageiros e mercadorias, pelo menos durante a fase em que terá duas bitolas diferentes. Não estou a ver serem comprados dezenas, ou até centenas, de caríssimos vagões de eixos telescópicos para transporte de mercadorias, tanto por nós como pelos espanhóis, para serem utilizados durante a fase bi-bitola. Pior ainda, a operação de mudança de bitola de um longo comboio de mercadorias, aí com uns 500 metros, não levará apenas cerca de “três ou quatro minutos”. Consumirá bastante mais tempo, o que trará alguns problemas operacionais de conjugação de tráfego de passageiros e mercadorias. Mas enfim, manda quem pode. Mas eu gostava que me esclarecessem, lá isso gostava. Talvez o doutor Rio Fernandes, que nos momentos estratégicos cá vem informar-nos das excelsas intenções do governo, seja capaz de nos esclarecer.

Correio do Leitor /JN

De: Renato Oliveira [mailto:renato_oliveira@tele2.pt] Enviada: segunda-feira, 13 de Outubro de 2008 21:31Para: 'csantos@jn.pt'Cc: 'leitor@jn.pt'Assunto: Página do Leitor

GESTÃO E CRIME


É um verdadeiro escândalo o sistema de remunerações e gratificações bem como as mordomias que abundam nas Instituições Financeiras.

Senão, recordemos as “confusões” no passado próximo com o B.C.P. e mais recentemente toda esta turbulência que contribuiu para a actual crise financeira mundial! A ambas estão ligados, também, os ganhos elevados dos seus gestores!

É na realidade uma crise de valores e de comportamentos que faz alargar o fosso entre ricos e pobres. E esta crise deve-se em grande parte a uma ideologia corrupta na forma de lidar com o dinheiro dos outros, que é utilizado por alguns para promover a especulação desenfreada acenando com o engodo do empréstimo fácil que a maioria das pessoas pode adquirir, sem que o possível regulador “Banco de Portugal” tome as medidas que estas “ofertas” exigem!

Quando as coisas dão para o torto, (esses mesmos gestores) dão-se ao luxo de atirar as instituições para a falência, sem que haja uma severa punição para os mesmos, bem pelo contrário, são-lhes atribuídas reformas chorudas, indemnizações milionárias e ter direito a férias de luxo nos melhores e mais caros resorts do mundo! Para este tipo de gente O CRIME COMPENSA!

Para os trabalhadores exige-se produtividade e disponibilidade bem como ordenados baixos. Mas a quem faz gestão danosa, premeia-se com milhares e boa estabilidade financeira para o resto da vida, independentemente da idade que têm!


Renato Oliveira
Porto

13 outubro, 2008

INFORMAÇÃO

Recebi um amável convite do Arq. Alexandre Ferreira para participar num encontro no âmbito da preparação para a próxima reunião da Associação de Cidadãos do Porto (ACDP).
Tal como o informei por telefone, tive de recusar o convite, devido à hospitalização de uma pessoa íntima, à qual vou ter de dar toda a minha assistência. Ficará para a próxima.
A todos os participantes e ao Arq. Alexandre Ferrreira, em particular, peço as minhas desculpas.

O Dragão responde a B).

" Para além disso, foi cultivando uma imagem de rigor, de transparência, de seriedade que agradou de sobremaneira a um certo eleitorado, que se habituou à imagem de um Norte corrupto e futebolizado promovido pela comunicação social. Promoveu essa imagem e com isso foi conquistando o eleitorado nacional."
Conversa para enganar céguinho.O que o "Rio" fez é o que fazem todos, e é a táctica mais simples de ser popular em 3/4 do país centralista e invejoso, do sucesso desportivo do F.C.Porto e do seu Presidente: atacar Pinto da Costa e o F.C.Porto. Ao fim e ao cabo o que fez Scolari, L.F..Vieira que era amigo de Pinto da Costa , mas quando foi para o Benfica, cortou a amizade, etc.
Essa do Norte corrupto e futebolizado é mesmo para rir, como se não houvesse corrupção, só no Norte... Quanto ao futebol é preciso para desviar as atenções da incapacidade do clube dos 6 milhões, ligar o F.C.Porto e o seu Presidente à corrupção. Se os Vieiras e afins, fossem escutados 1/10 do que foi P.Costa ia ser o bem e o bonito...
Basta ver o que foi permitido a Vale e Azevedo. Levem o "Rio" e que vos faça bom proveito. Eu estou cansado dele não fazer nada! Nunca o Porto perdeu tanto, em termos de força, protagonismo, poder revindicativo e importância, como perdeu, desde que este artista - não gosta da cidadade do Porto, nem dos portuenses - é presidente da Câmara.Seriedade e rigor...é curioso, mas Paulo Morais a esse propósito diz coisas interessantíssimas.
13 de Outubro de 2008 17:41
RoP:
Pois é... ainda há (tal como escrevi), quem não se deixe embalar pelo canto da sereia (a voz do centralismo). E ainda bem.
Que diabo, nem a pouca vergônha da Câmara de Lisboa chega para algumas pessoas deixarem de dançar ao som do fado. Fado? Buuaaff! Não esperem ouvir aqui nenhum.

Comentário/Post de B) e o esquilo de sky ...

Continuo a achar que o Metro do Porto não vai ter uma única linha de extensão e que toda esta encenação não passa de propaganda política para o PS conquistar a CMP.

O PSD está à deriva e MFL já deu absolutamente todos os sinais de que não quer empreender mais diligências na administração do partido do que um administrador de massa falida empreende numa empresa que busca um novo dono. MFL gere os negócios correntes do partido, mantém a coisa a funcionar e espera que alguém pegue nele e lhe dê novo ânimo. Entretanto, dado que ninguém do aparelho Lisboeta está disposto a pegar no partido, pois sabem que não têm hipótese contra Sócrates em 2009, deixam os provincianos ir gerindo a coisa.

É neste contexto que o concurso para a liderança do PSD se tem desenrolado. Curiosamente quase todos os candidatos de nome são pessoas de fora do aparelho central: Rui Rio, Alberto João Jardim, António Borges são apenas alguns dos nomes que já se mostraram disponíveis para avançar contra o PS em 2009.
De entre estes nomes existe um que suscita temor: Rui Rio. Alberto João Jardim padece de ser tratado pela comunicação social olissipocêntrica como um boçal (coisa que não é) que defende com unhas e dentes a sua terrinha para ganhar dinheiro com o imobiliário (como se o estado central não o fizesse; mas avanti). António Borges não goza de grande prestígio fora dos meios financeiros; seria um excelente ministro da economia ou finanças mas não granjeia paixão junto do publico. Resta Rui Rio.

Curiosamente Rui Rio goza de uma opinião relativamente favorável junto da opinião pública. O escândalo do FCP e a distanciação ostensiva que realizou de Pinto da Costa (inegavelmente a pessoa mais odiada do país) tinha como propósito despegá-lo de uma imagem de autarca regionalista para a de um político em ascensão com ambições e capacidades nacionais. Para além disso, foi cultivando uma imagem de rigor, de transparência, de seriedade que agradou de sobremaneira a um certo eleitorado, que se habituou à imagem de um Norte corrupto e futebolizado promovido pela comunicação social. Promoveu essa imagem e com isso foi conquistando o eleitorado nacional.
Rui Rio é o candidato ideal do PSD para ir às eleições em 2009. O PS, fragilizado pela crise dos combustíveis, pela crise financeira e por recentes derrotas como a OTA, sente medo deste hipotético candidato, temendo uma revolução como aquela que ocorreu em 2001 quando Rio conquistou a CMP contra todas as expectativas. Há que afastar Rui Rio ou, pelo menos, queimar-lhe a imagem!
A melhor maneira consiste em fazer dele um outro Alberto Joao Jardim. O Metro do Porto foi o instrumento escolhido. De um dia para o outro, o Sr. Jamé passou de uma crise financeira para abrir os cordões à bolsa e dispersar largos milhões de euros em linhas caríssimas com planos de execução alargadíssimos (recordo que o calendário vai até 2020) e sujeitos às oscilações partidárias.
Rui Rio compreendeu que isto é um embuste e está a tentar denunciar este embuste. Isso tem dois efeitos perversos: (1) cola a imagem dele à de um autarcazinho a ver se consegue umas carruagens para o gáudio da sua população; (2) permite ao PS usar o Metro do Porto como isco para ganhar as eleições autárquicas em 2009!

Rui Rio está numa encruzilhada, entre a espada e a parede.
(Assinado: B).)

COMENTÁRIO DE RENOVAR O PORTO

É uma análise interessante, esta a do nosso amigo comentarista B). Pela pertinência do tema e pela dimensão do texto, achei por bem postá-la.

Como diz e bem, a comunicação social olissopocêntrica trata Alberto João Jardim como um boçal, como trata Pinto da Costa e todos aqueles que se atrevam a cometer heresias anti-"Santa Sé" - quer dizer - anti-Lisboa. Precisamente por isso, parece-me algo exagerado extrapolarmos da fiabilidade estratégica mediática do «novo império». De mais a mais, quando por cá (Norte) ainda vai havendo gente com capacidade para separar o trigo do joio, que é como quem diz, para não dar muita credibilidade às teses mediáticas centralistas que mais parecem da velha Inquisição. Lisboa (para já), pode, é verdade, mas não convence!

Também não estou lá muito de acordo com a fama de que diz Rui Rio (ainda) gozar. Nas próximas eleições, é que poderemos avaliar melhor da autenticidade dessa reputação. É possível até, dada a conjuntura e (baixa) qualidade política, que Rui Rio até reganhe a Câmara do Porto, mas não acredito que o consiga com as margens do passado. Rui Rio vai perder muitos votos e garanto-o hoje, mesmo antes de conhecer o (ou a) candidato(a) do PS à Câmara. Rui Rio, perderá votos sozinho, sem oposição, porque as pessoas alguma vez acabarão por perceber que a seriedade, de per si, não chega para gerir, com êxito, a coisa pública. Se não perceberem, então paciência, é porque não merecem melhor.

Daí que, me parece pouco consistente a ideia de ver Rui Rio a gozar ainda de uma relativamente favorável opinião pública. Mas a que opinião pública se refere? Dos media? De Lisboa? Dos compadres e amiguinhos? Chegará tudo isso para ultrapassar a péssima reputação que tem junto dos eleitores portuenses, mesmo de muitos que votaram nele? Os eleitores serão assim tão estúpidos, a ponto de não serem capazes de ver o que a cidade lhes mostra, que nem Rui Rio, nem todos os seus amigalhaços são capazes de ocultar? Todas as negociações polémicas que abortou, toda a incapacidade revelada para realizar projectos (poucos), toda a falta de ambição enquanto autarca, toda a inércia na reabilitação urbana, toda a ambiguidade comportamental, o medo, de Lisboa, não serão suficientes para lhe destruir o mito de homem de rigor?

Transparência? Sinceramente, não me parece. Se há coisa que mais tenho lido contra Rui Rio, é gente a queixar-se de falta de transparência e de diálogo. Mas, como já vimos tanta coisa neste mundo cheio de contradições (tudo é possível), termino com esta imagem sugestiva:


Links com comentários

Opinião: Não Pode valer tudo (Rui Rio/JN)
Como já aqui escrevi por mais do que uma ocasião, Rui Rio pode até estar com razão, mas perde-a, porque não quer, ou não é capaz de perceber, que a sua «entrada de leão», na Câmara do Porto, contra o FCPorto, foi e é, completamente incompatível com a «saída de sendeiro» que manteve todo este tempo, em relação ao comportamento do governo central. "Cá se fazem, cá se pagam" (assim reza o ditado).
Olhando para norte (Rui Moreira/Público)

Mas, por que será que Rui Moreira não se decide a candidatar-se à Câmara Municipal do Porto?
Não quero acreditar que seja por uma questão de respeito a Rui Rio. Se assim for, lamento-o, porque neste caso concreto, sinceramente, acho que Rui Rio não o merece.

COLABORE (TAMBÉM) NA IRONIA


(Fonte: jornal Público)

Os eunucos

É o nosso fado de país pobre, principalmente de princípios e de coerência.
A barriga importa-nos mais que o cérebro. Barrigas de aluguer são mal vistas pelos costumes e pela lei; já a maior parte das leis é feita por cérebros de aluguer que parem votos gerados em cérebros alheios sem que isso pareça incomodar ninguém, designadamente os próprios.
O caso dos deputados que, dizendo-se a favor do casamento homossexual (o problema, no entanto, não é o do casamento homossexual, é o da diferença entre o que se proclama e o que se faz), votaram exactamente ao contrário, fica na história da cobardia parlamentar e explica a desprestigiante conta em que os portugueses têm hoje a política e os políticos.
Mal alguns deles sabiam quando, nos rebeldes anos da juventude, trauteavam José Afonso ["Os eunucos devoram-se a si mesmos/não mudam de uniforme, são venais (…) Suportam toda a dor na calmaria/da olímpica visão dos samurais" (…) Em vénias malabares à luz do dia/ lambuzam de saliva os maiorais"] que falavam de si mesmos.
Com os anos, a virilidade política foi-se. E o que ficou não é bonito de ver.
(Manuel António Pina/JN)