05 março, 2010
04 março, 2010
Empresariado "generoso"
Se há coisa da qual o empresariado português não se pode orgulhar [e nestes casos o orgulho até justificaria o inchaço], é de ter por hábito melhorar substancialmente as condições salariais dos seus colaboradores mais básicos sempre que alcançam bons lucros.
Digo isto porque, vem hoje noticiado que a Jerónimo Martins, do grupo Pingo Doce/Recheio, atingiu um valor de lucros superior a 200 milhões euros e decidiu distribuir pelos seus 20 mil empregados um prémio de 250,00 euros! Fantástico, dirão os mais vulneráveis com este tipo de compensações. Acontece, que não é assim que se premeia com efeitos duradoiros aqueles que contribuem para o sucesso dos lucros de uma empresa. É melhorando-lhes o vencimento de forma racional mas expressiva.
Um prémio de 250,00, são cinquenta contos em moeda antiga que hoje para pouco servem. É melhor do que nada? É, sem dúvida. Mas, esse é o mal de que enferma a maioria dos empresários portugueses que vêem nos aumentos salariais o maior problema da sua gestão. Estes prémios pontuais parecem-se mais com uma promoção encapotada da imagem do patronato e da empresa do que um real reconhecimento do mérito dos seus colaboradores. Além de mais, não é com estas esmolas que se promove a concorrência salarial entre empresas nem se contribui para a melhoria consistente da vida das pessoas.
Em Portugal é assim, quando alguém quer dar uma imagem de solidariedade, de bom patrão, espera que haja uma televisão por perto ou um jornalista acéfalo para o celebrizar. Depois, é só aguardar pelo respectivo retorno [lucros].
Parecer do Prof.Costa Andrade sobre a decisão da CD da Liga
Satisfazendo o sugerido por um comentador anónimo "voilá" o artigo de opinião no Público de hoje da autoria do reputado Prof. Costa Andrade. Para o ler, basta clicar sobre o título do post.
03 março, 2010
O nobre silêncio dos militares
Como militar que é, não se pode levar a mal que o General Loureiro dos Santos enfatize os resultados de um recente inquérito [ler no Público de hoje] que concluiu que os portugueses consideram as Forças Armadas como a instituição em que depositam mais confiança. Pelo contrário, compreende-se. Curiosamente, ainda há poucos dias comentei com uns amigos, incluindo alguns da blogosfera, que as Forças Armadas eram - até ver - as únicas instituições que se aproveitavam neste lodaçal português. Esta constatação apraz-me particularmente tendo em consideração várias pessoas da minha família que seguiram essa dura vida, muito em especial um avô paterno. Eu "degenerei"na vocação... No meu caso pessoal, a vida militar nunca me atraiu, talvez pelo meu excessivo apêgo à Liberdade ou pelo excessivo rigor da tropa, mas o certo é, que é pela falta dele que Portugal se parece cada vez mais com um pocilga.
O meu avô [e desculpem-me estar a familiarizar demais o post] era daqueles que levava ao espírito da letra a máxima de Bismark que achava que "os Homens não nasceram para ser felizes, mas para cumprirem com o seu dever". Este conceito de vida faz algum sentido na cabeça de um militar, mas é manifestamente austero para um civil, como é o meu caso e o da maioria das pessoas. Contudo, talvez não fosse mau para todos nós se levásse-mos à prática só um pedacinho da frase de Bismark. O país, podem ter a certeza, seria outro... A reputação dos alemães arrastará eternamente consigo o nome de Hitler* e as barbáries que cometeu com a Humanidade, mas não apaga o outro lado do carácter alemão que lhe tem colado o rigor. É do rigor alemão [e dos japoneses também] que nascem produtos altamente qualificados como os automóveis Audi, Mercedes e BMW [passe a publicidade]. O que é alemão, diz-se, é bom. E é bom porque é fabricado com rigor.
Daí que, talvez valha a pena reproduzir e comentar o último parágrafo do artigo do General Loureiro dos Santos, que diz assim:
«Finalmente, as elites actuais devem assumir uma atitude participativa. Intervindo e resistindo à confortável tentação de ficar à margem. Portugal não pode ser entregue aos profissionais da baixa política, aos oportunistas, aos maldizentes e aos incompetentes e incapazes, aos desonestos e àqueles para quem os valores humanos e patrióticos não têm sentido. Aos que invocam em vão os valores éticos, mas simplesmente os desprezam.»
Cem por cento de acordo, senhor General. Mas, deixe-me perguntar-lhe: onde estão essas elites? Como se definem? Qual é a sua imagem de marca? Para quem exactamente está V. Exa. a falar?
Alô?! Alô?! Cadê as nossas elites, que não respondem? Não deve estar a referir-se aos banqueiros, pois não, senhor General? Livr'ó Deus!
*Nunca é demais recordar que foram condições semelhantes às que temos hoje em Portugal [crise económica e financeira, desemprego, oportunismo político, corrupção, usura, bandalhice], que pariram o Hitler...
02 março, 2010
Um FCPorto "processado"
Como diz o Rui Farinas, é impossível a um portista ficar indiferente ao colapso da sua equipa no domingo passado em Alvalade, numa altura em que era proibido perder para se manter na corrida pela conquista do penta-campeonato. Tal como ele, não quero dar "bitaites" de cariz técnico-táctico, porque para isso existem os blogues temáticos de futebol onde cada um pode dar livremente o seu parecer de treinador de bancada. Também não quero fazer do caso uma desgraça porque não é possível ganhar sempre, embora estejamos mais habituados a ganhar quase sempre, do que de vez em quando...
Antes de continuar, quero abrir um preâmbulo para dizer que não há adeptos melhores do que outros. Salvo raras excepções, como as daqueles vândalos que assaltam estações de serviço ou que paranoicamente começam a assobiar a equipa, antes mesmo do jogos começarem, os adeptos portistas são os portuenses que mais se identificam com a cidade do Porto, que mais a defendem e que mais sofrem com as vilanezas despóticas que o centralismo lhe inflinge.
Agora, retomando o tema inicial, é chegado o momento de chamar os bois pelo nome e de, independentemente do que possa estar reservado ao futuro próximo do FCPorto, talvez importe explicar porque é que a maioria dos adeptos não aprecia, como seria suposto, o treinador Jesualdo Ferreira.
A explicação não pode ter uma precisão matemática, mas a verdade é que sem pretender beliscar o balanço do trabalho do técnico portista, a qualidade/beleza do seu futebol deixa muito a desejar. Suponho não estar muito enganado se disser que o que os portistas mais apreciaram em JFerreira foi os resultados. Três campeonatos seguidos não é para qualquer um, e JFerreira soube conquistá-los. Esse é um mérito que é injusto negar-lhe. Agora, esse mérito não significa que seja traduzível em espectáculo, porque afirmá-lo é igualmente incorrecto. A velha treta da "ópera" não pega, porque o futebol não sendo ópera tem de ser também um espectáculo. Só o espectáculo justifica o balúrdio de massa que os grandes clubes pagam aos seus jogadores e as fortunas que fazem com a venda dos seus passes.
Nem sempre se pode jogar bem, é verdade, mas falemos claro, não é exactamente isso que os portistas querem de JF. Querem sim - e é natural que o queiram -, que faça a equipa jogar bem com mais regularidade e que as nossas expectativas não estejam sujeitas a constantes intermitências de confiança. Falta isso, a Jesualdo, como falta a capacidade de empolgar os jogadores nos momentos chave. O jogo com o Braga foi um pico em alta, como o do Sporting para a Taça, mas o de Alvalade levou-a outra vez ao fundo.
Não é compreensível este comportamento num clube habituado a competir sempre para vencer, nem é expectável que a equipa esteja devidamente preparada para enfrentar os restantes desafios que ainda tem pela frente, como sejam: Liga dos Campeões Europeus, a Taça de Portugal e a Taça da Liga.
Como não sou advinho, quero admitir que o pessimismo das minhas perspectivas possa ser contrariado, e seria desejável que o fosse. Mas, esta época, há um factor novo com o qual JFerreira não pode contar, que tem a ver com a concorrência. Este ano, o Braga e o Benfica estão mais fortes. Se juntarmos os factores "colo" e "túnel" ao concorrente da capital, a tarefa de Jesualdo sobe na escala das dificuldades.
Para combater tanta adversidade, só um homem com grande carisma e espírito combativo podia fazer a diferença, e é aí [desculpem-me os indefectíveis amigos de JF] que eu creio que está o grande problema. Jesualdo, não tem culpa, é assim mesmo, mas está longe de ser um líder empolgante, mobilizador. Vence, mas não convence.
01 março, 2010
E agora?
Peço licença para ser mais um a mandar uns bitaites a propósito do desastre em Alvalade e do consequente final da ilusão do título deste ano, mas realmente é impossivel um portista ficar calado nestas circunstâncias.
Este desastre era previsivel, e para que não se diga que estou a fazer " prognósticos depois do jogo", lembro um texto que fiz neste blogue há já muitos meses (e que aliás me valeu uma série de comentários críticos ) em que pretendia focar uma série de aspectos que na altura considerava (e continuo a considerar ) como pontos negativos na gestão do nosso clube.
Neste momento, recriminações ou "caça às bruxas", serão prejudiciais na medida em que o importante é que se tirem ensinamentos dos erros que indiscutivelmente foram cometidos pela SAD. E se menciono apenas a SAD é porque penso que ela é a responsável final por tudo o que se passa num clube, desde a escolha e a continuidade do treinador até ao capacho da porta da entrada (como dizia um antigo patrão meu ) passando por todos os aspectos da complexa estrutura de um clube de topo. A questão-chave neste momento é saber se a actual SAD tem a capacidade de auto-crítica e o discernimento e humildade suficientes para aceitar que vários erros foram cometidos e que portanto haverá que reformular em conformidade a estratégia operacional. É evidente que não tenho a mais pequena pista para responder a esta questão, e penso mesmo que pouca gente terá, mas certamente todos temos a esperança que as necessárias correcções de rumo (e, se necessário, de parte da tripulação... ) serão as adequadas. Suponho também que ninguem terá dúvidas que é importante que o fracasso deste ano não seja mais que um tropeção num percurso brilhante, e que obrigatoriamente retomaremos o ciclo vitorioso a que nos habituamos. Este é um imperatrivo que não transcende apenas os sócios e simpatizantes do FCP, pois é um elemento importante na afirmação da cidade do Porto e até do Norte. Sabemos que não podemos ganhar sempre, mas também não estamos dispostos a perder muitas vezes.
Todos estamos cientes de que a época ainda não terminou, e que poderemos ainda ter alegrias que venham a atenuar a tristeza do campeonato perdido, e também da quase certa "falta de comparência" à próxima Champions. A irregularidade exibicional da equipa, em que os momentos negativos são superiores aos positivos, não aconselha grandes optimismos, mas nunca se sabe...
A provável ausência da Champions cria um quadro financeiro bem diferente dos últimos anos, impondo a adaptação a um orçamento bem mais magro. Talvez venha a ser bom, na medida em que o clube se habituou a uma aparente vida faustosa ( à escala portuguesa ) e agora vai ser obrigado a contar os tostões. Pode ser que assim volte a adquirir o sentido do valor do dinheiro.
Este desastre era previsivel, e para que não se diga que estou a fazer " prognósticos depois do jogo", lembro um texto que fiz neste blogue há já muitos meses (e que aliás me valeu uma série de comentários críticos ) em que pretendia focar uma série de aspectos que na altura considerava (e continuo a considerar ) como pontos negativos na gestão do nosso clube.
Neste momento, recriminações ou "caça às bruxas", serão prejudiciais na medida em que o importante é que se tirem ensinamentos dos erros que indiscutivelmente foram cometidos pela SAD. E se menciono apenas a SAD é porque penso que ela é a responsável final por tudo o que se passa num clube, desde a escolha e a continuidade do treinador até ao capacho da porta da entrada (como dizia um antigo patrão meu ) passando por todos os aspectos da complexa estrutura de um clube de topo. A questão-chave neste momento é saber se a actual SAD tem a capacidade de auto-crítica e o discernimento e humildade suficientes para aceitar que vários erros foram cometidos e que portanto haverá que reformular em conformidade a estratégia operacional. É evidente que não tenho a mais pequena pista para responder a esta questão, e penso mesmo que pouca gente terá, mas certamente todos temos a esperança que as necessárias correcções de rumo (e, se necessário, de parte da tripulação... ) serão as adequadas. Suponho também que ninguem terá dúvidas que é importante que o fracasso deste ano não seja mais que um tropeção num percurso brilhante, e que obrigatoriamente retomaremos o ciclo vitorioso a que nos habituamos. Este é um imperatrivo que não transcende apenas os sócios e simpatizantes do FCP, pois é um elemento importante na afirmação da cidade do Porto e até do Norte. Sabemos que não podemos ganhar sempre, mas também não estamos dispostos a perder muitas vezes.
Todos estamos cientes de que a época ainda não terminou, e que poderemos ainda ter alegrias que venham a atenuar a tristeza do campeonato perdido, e também da quase certa "falta de comparência" à próxima Champions. A irregularidade exibicional da equipa, em que os momentos negativos são superiores aos positivos, não aconselha grandes optimismos, mas nunca se sabe...
A provável ausência da Champions cria um quadro financeiro bem diferente dos últimos anos, impondo a adaptação a um orçamento bem mais magro. Talvez venha a ser bom, na medida em que o clube se habituou a uma aparente vida faustosa ( à escala portuguesa ) e agora vai ser obrigado a contar os tostões. Pode ser que assim volte a adquirir o sentido do valor do dinheiro.
Não haverá mesmo nada para inventar para o bem estar da Humanidade?
Continuar a falar da esquerda política vinte e um anos após a queda do Muro de Berlim [Berline Mauer] e do regime comunista que a idealizou, parece-me completamente despropositado. O socialismo, quer se goste ou não, foi corporizado pelos partidos comunistas de todo o Mundo que acabaram por se constituir na principal referência que definiu a esquerda.
Foi a partir dessa referência «padrão» que surgiram todas as outras esquerdas que entretanto se fundiram e confundiram com extremismos de esquerda e de direita, que o eleitorado nunca levou muito a sério. Até hoje.
Com o andar do tempo, à esquerda do comunismo ortodoxo, foi-se implantando outra esquerda, mais soft, mais simpática e humanizante, escondida atrás de um socialismo cheio de ambiguidades que o tempo se encarregou de desmascarar apesar de hoje ainda sobreviverem [dificilmente] um pouco por toda a Europa.
Já poucos acreditam no comunismo. Começando pelos próprios comunistas que perceberam a tempo que a sua sobrevivência a nível político-partidário dependeria do reconhecimento de um papel secundário no cenário dos partidos nacionais, que pouco mais podia ser do que um partido de protesto. Há, contudo, um vazio ideológico que continua por ocupar esse espaço perdido pelos comunistas que tem sido desperdiçado por todos os partidos políticos. Não há um único com ideias novas!
Não será dramática esta pobreza ideológica. O que é verdadeiramente dramático, é que esse vazio ideológico, económica e socialmente falando, permaneça respaldado num conceito de vivência ambíguo prisioneiro da palavra Democracia. A Democracia é muito mais que uma palavra, é verdade, porque teoricamente nos "garante" a liberdade de expressão e opinião, mas não é de per si um regime estruturalmente sólido, no que concerne a gradual melhoria da qualidade de vida das populações. Há quem interprete esta lacuna organizacional como a maior virtude da Democracia que deixa a cada cidadão a liberdade de construir os alicerces do seu próprio futuro e assim contribuir para o futuro do país. Pessoalmente, considero esta teoria demagógica e um pouco pretensiosa. Em cada homem há uma forma diferente de ver a vida, mas todos têm o mesmo direito de a disfrutar, importando para tal que se criem condições consensuais.
As tristes figuras que os políticos continuam a fazer nas barbas do Povo não auguram nada encorajador para o futuro próximo. Os Governos não governam e as oposições limitam-se a opôr-se, sem ideias nem convicções. Discutem os mexericos, conspiram e regressam a suas casas convencidos de terem prestado um alto serviço ao país. Aquele é o seu emprego. Sólido e com estatuto. A ambição "política" está longe de abraçar as grandes causas.
Mantenho por isso a convicção de que a Democracia não pode ser a derradeira estação a partir da qual as sociedades se podem reorganizar. Tal como está, com regras incumpridas e valores subvertidos, a Democracia vai-se assemelhando a uma espécie de anarquia fétiche onde cada um só não faz o que lhe dá na gana porque ainda há uma «autoridade» policial disponível para intervir caso o património dos mais poderosos seja ameaçado. A Democracia não pode continuar a servir de escudo para os que mais abusam dela. Se continuarmos a tolerar o constante estado de embriaguez política e governativa com o álibi chantagista de fazer perigar o regime democrático se o contestarmos estaremos com isso a contribuir para a sua própria degradação.
A Democracia pode até ser o pior dos regimes à excepção de todos os outros, mas também, temos de o admitir, porque salta aos olhos, pode não ser o melhor...
Se tivéssemos do progresso tecnológico o mesmo olhar conservador que revelamos com o progresso social, hoje os computadores continuariam a ser aqueles armários monstruosos e lentos dos anos 80, ou nem sequer teríamos computadores. Se a tecnologia avança, não existe nenhuma razão para não avançar uma nova ordem mundial. Se esta mudança não acontece há uma única explicação para isso: a ganância capitalista.
28 fevereiro, 2010
Para que servem os deputados?
No blogue Reflexão Portista pode ler-se um interessante artigo publicado por José Correia (que suponho ter sido também o autor) intitulado "Gallaecia, centralismo e desporto" e cuja leitura recomendo.
A certa altura do texto, pergunta para que servem os deputados do Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança. O autor sabe a resposta. Não servem para nada, ou para muito pouco. Por imperativo da Constituição, "um deputado representa todo o país e não o círculo pelo qual foi eleito", e por isso mesmo já aqui defendi, meio a sério meio a brincar, que uma grande economia seria conseguida se apenas existisse um representante por cada partido, dado que, por um lado estão impedidos de defender os seus eleitores a nivel regional, e por outro lado a nivel nacional são normalmente obrigados a votar conforme o seu partido decide. Assim sendo, apetece perguntar qual é então a sua utilidade.
Claro que acredito que os deputados devem ser a base da democracia, mas não nos moldes actuais em que pouco mais são do que fantoches nas mãos dos partidos, e certamente que o número actual de 230 deputados poderia ser drasticamente diminuído, até na óptica do indispensável emagrecimento da despesa pública. A fantochada começa logo na escolha dos nomes dos candidatos distritais, frequentemente sem ligação alguma aos distritos para o qual são propostos. Esta "irresponsabilização" é aliás uma das armas do centralismo político em que vivemos. O antídoto seria a existência de círculos uni-nominais. Há alguns anos foi feito um estudo oficial sobre a sua implementação, que teve uma discução discreta, quase clandestina, e seguidamente, como seria de esperar, as forças centralistas varreram-no para debaixo do tapete, onde ainda hoje se encontra. Alguém ouviu mais falar de círculos uni-nominais?
A certa altura do texto, pergunta para que servem os deputados do Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança. O autor sabe a resposta. Não servem para nada, ou para muito pouco. Por imperativo da Constituição, "um deputado representa todo o país e não o círculo pelo qual foi eleito", e por isso mesmo já aqui defendi, meio a sério meio a brincar, que uma grande economia seria conseguida se apenas existisse um representante por cada partido, dado que, por um lado estão impedidos de defender os seus eleitores a nivel regional, e por outro lado a nivel nacional são normalmente obrigados a votar conforme o seu partido decide. Assim sendo, apetece perguntar qual é então a sua utilidade.
Claro que acredito que os deputados devem ser a base da democracia, mas não nos moldes actuais em que pouco mais são do que fantoches nas mãos dos partidos, e certamente que o número actual de 230 deputados poderia ser drasticamente diminuído, até na óptica do indispensável emagrecimento da despesa pública. A fantochada começa logo na escolha dos nomes dos candidatos distritais, frequentemente sem ligação alguma aos distritos para o qual são propostos. Esta "irresponsabilização" é aliás uma das armas do centralismo político em que vivemos. O antídoto seria a existência de círculos uni-nominais. Há alguns anos foi feito um estudo oficial sobre a sua implementação, que teve uma discução discreta, quase clandestina, e seguidamente, como seria de esperar, as forças centralistas varreram-no para debaixo do tapete, onde ainda hoje se encontra. Alguém ouviu mais falar de círculos uni-nominais?
Informação
Caros leitores e amigos,
Provavelmente repararam que nestes últimos dias não tenho postado com a regularidade habitual. Não estranhem.
Acontece que tenho tido alguns problemas com o meu servidor que estou a tratar de resolver. A todos, as minhas desculpas. Espero voltar à "normalidade" dentro de pouco tempo.
Entretanto, um óptimo fim de semana.
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