Sinto-me algo isolado nas convicções que venho mantendo em relação à crise que se instalou no FCPorto. Há um grupo de portistas que partilham amiúde das minhas inquietações, eu sei, mas como disse anteriormente, decepciona-me ver tantos a assobiar para o lado, fingindo que não sabem onde está o centro dos problemas. Ou, se acanham, com receio de serem mal interpretados, acusados de falta de gratidão, ou preferem esperar (mais uma época) para ver no que dá. Como quer que seja, se quisermos fazer avaliações ponderadas sobre o assunto, deixando em banho-maria a objectividade, colocando em seu lugar questões de fé, é inútil andarmos a pregar todos os dias das maleitas do doente (FCPorto) se recusamos aceitar o diagnóstico da doença.
Se insisto nesta postura de cepticismo, é porque já cheguei à conclusão que o timoneiro não só perdeu qualidades, como hoje tem nas mãos "barcos" a mais para pôr a navegar na rota certa (do êxito). Um deles chama-se Porto Canal. Além de continuarmos sem termos garantias de competitividade que implicam luta, dentro e fora do campo, nada sabemos (uma vez mais) do rumo que se entende dar ao Porto Canal. Porque, tal como está agora, nem para quem lá trabalha pode interessar, a não ser por mero comodismo ou falta de ambição.
Será que o presidente leva mais a sério a burocracia da SAD, que o futuro desportivo do FCPorto e pensa que também não deve explicações aos adeptos? Não havendo uma estratégia de comunicação bem gizada, um plano programático que satisfaça as carências regionais e clubistas, que comporte a irreverência e a combatividade, para que serve um negócio que abdica da sua concepção genética? Passe o exagero, de que serve um rádio, sem som? Uma televisão híbrida, sem imagens, ideologicamente pobre? Já não bastam as que temos em Lisboa, que frequentemente e à mesma hora estão todas a dizer a mesma coisa? Será possível que alguém dentro da SAD considere o Porto Canal uma aposta bem sucedida?
Será que o presidente leva mais a sério a burocracia da SAD, que o futuro desportivo do FCPorto e pensa que também não deve explicações aos adeptos? Não havendo uma estratégia de comunicação bem gizada, um plano programático que satisfaça as carências regionais e clubistas, que comporte a irreverência e a combatividade, para que serve um negócio que abdica da sua concepção genética? Passe o exagero, de que serve um rádio, sem som? Uma televisão híbrida, sem imagens, ideologicamente pobre? Já não bastam as que temos em Lisboa, que frequentemente e à mesma hora estão todas a dizer a mesma coisa? Será possível que alguém dentro da SAD considere o Porto Canal uma aposta bem sucedida?
Há certos tabus que têm de acabar na actual organização do FCPorto. A blindagem de outrora não faz sentido hoje no clube, e muito menos no Porto Canal. A televisão é mais do que uma ferramenta, é uma arma. Uma arma, que outros têm usado e abusado para "destruir" o FCPorto e de que nós abdicamos, até para nos defendermos. E eles lá em Lisboa não têm só uma, têm várias e manejam-nas conforme entendem sem preciosismos de consideração e respeito por nós. Não foi isso que ainda ontem Pinto da Costa disse? Que estavam a tentar matar-nos (o FCPorto)? Quem são os nossos inimigos? O Miguel Sousa Tavares? O Pedro Marques Lopes? O Renovar o Porto, que ele nem sequer lê? Quem, senhor Pinto da Costa? Não me responda a mim, responda ao universo portista que vai muito para lá do universo dos super-dragões.
Será com isto que vamos ter de viver nos próximos tempos? Nesta angústia, com este clima de fragilidade, sujeitos a tanta humilhação? Será este o peso que Nuno Espírito Santo também vai ter de suportar como treinador do FCPorto, ou haverá alguém na administração que assuma essa responsabilidade? São estas as respostas que não temos. Os discursos abstractos nunca foram o forte de Pinto da Costa. Podiam ser mordazes, pouco simpáticos, mas eram pragmáticos, e nós até gostávamos das comichões que eles geravam nos nossos adversários saloios. Como Mourinho, a simpatia nunca foi o seu forte, mas era eficaz. Tal como Pinto da Costa foi.