Manuel Pizarro |
Que os políticos carreiristas não desistam de convencer-nos que não há democracia sem os partidos, até se entende. Agora, que tenhamos de acreditar cegamente nisso, já é sinal de uma grande falta de maturidade [para não dizer outra coisa]. Assim como é ingenuidade imaginar que alguém se pode candidatar a um cargo político sem (muito) dinheiro ou sem o apoio de um ou mais partidos, ou, no mínimo, sem o apoio de um grupo de militantes partidários. A ideia de rotular as candidaturas individuais como "independentes" é que pode não ter sido a mais feliz. Então se levarmos ao rigor da letra o termo, podemos garantir que ninguém, mesmo o mais poderoso dos homens, é absolutamente independente. Portanto, não vale a pena perdermos mais tempo com o assunto.
Outra coisa que o político carreirista detesta, é discutir leis que possam comprometer-lhe a carreira. Dou como exemplo uma "proposta de lei" que em tempos aqui sugeri, que sumariamente os proibia de acumular cargos públicos com privados. Uma lei desta natureza [na óptica deles, populista...] podia ajudar, e muito, a fazer o rastreio entre os políticos missionários (se ainda os houver) e os carreiristas - ou oportunistas, como preferirem -, mas isso é o que eles menos querem. Pelo contrário, apesar do currículo de mediocridade acumulado durante todos estes anos, os carreiristas já simpatizam com a tese que defende a melhoria de remunerações como garante de competência e, imaginem só, de integridade... Como é assim que as coisas são de facto, também me parece natural e bem menos arriscado apostar em pessoas, melhor dizendo, no seu carácter e competência.
Esta notícia encaixa como luva no que acabo de afirmar. Em vésperas de eleições não há político avesso ao populismo, todos compreendem os anseios populares. Depois delas, fecham abruptamente a porta da compreensão aos problemas da plebe, e desatam a despir a ténue capa de têmpera que lhes resta. O sector do Partido Socialista afecto a José Luís Carneiro e a Orlando Gaspar, não perdeu tempo a revelar o que há de pior nos partidos políticos carreiristas: primeiro está o partido, depois vem a populaça, mesmo que a populaça seja da cidade do Porto, essa cidade tantas vezes enganada, tantas vezes desprezada pelo poder político!
Se Manuel Pizarro levar a sua avante, se não se deixar intimidar pela chantagem dos seus colegas de partido e cooperar com o futuro Presidente, pode vir a colher frutos mais tarde, quer Rui Moreira tenha sucesso, ou não. Se R. Moreira tiver sucesso, M. Pizarro poderá orgulhar-se de ter dado o seu contributo aos portuenses, de não se ter limitado a fazer oposição porque sim.
Se Manuel Pizarro levar a sua avante, se não se deixar intimidar pela chantagem dos seus colegas de partido e cooperar com o futuro Presidente, pode vir a colher frutos mais tarde, quer Rui Moreira tenha sucesso, ou não. Se R. Moreira tiver sucesso, M. Pizarro poderá orgulhar-se de ter dado o seu contributo aos portuenses, de não se ter limitado a fazer oposição porque sim.
Se Rui Moreira falhar, Pizarro poderá mais tarde retirar dividendos do desaire, e quem sabe, constituir-se numa alternativa reforçada em credibildade. E o Partido Socialista também. Mas a estupidez, o clientelismo, ou a ganância, já nem sei bem, cega esta gente, porque ainda não perceberam que o povo é sereno, às vezes é burro, mas às vezes também acorda e lhes vê o cu. Cus que fedem por demais àquilo que de lá costuma sair.
PS-I: Sobre a fidelidade aos partidos sugiro a leitura deste artigo.
PS-II: Engana-se quem pensar que a victória de Rui Moreira reflecte a força dos seus apoiantes político-partidários. Rui Moreira colheu votos da esquerda à direita. Mesmo com a esquerda dividida.
PS-II: Engana-se quem pensar que a victória de Rui Moreira reflecte a força dos seus apoiantes político-partidários. Rui Moreira colheu votos da esquerda à direita. Mesmo com a esquerda dividida.