01 novembro, 2019

Rui Pinto, terror do Portugal corrupto


O hacker gaiense Rui Pinto acusou um procurador português de ter ocultado "deliberadamente" a sua colaboração com outros países, que terá originado a abertura de um processo do Eurojust, agência europeia criada para lutar contra formas graves de criminalidade organizada.

Na sua conta pessoal de Twitter, o jovem começou por relatar que, no passado dia 19 de fevereiro, houve uma conferência de imprensa na sede do Eurojust, com a presença dos procuradores franceses Jean Yves Lourgouilloux e Eric Russo, e de representantes de vários Estados-membros, incluindo Portugal.

"Nessa ocasião, foi anunciada a abertura de um processo Eurojust que visa investigar, entre outros, os crimes de branqueamento de capitaisfraude fiscal associação criminosa. Foi ainda explicitamente referido pelos procuradores franceses que apenas foi possível iniciar esse processo devido à minha colaboração como testemunha junto do Parquet National Financier, e da entrega de 12 milhões de documentos. Ainda assim, esse facto foi deliberadamente ocultado do processo em que sou investigado em Portugal", acusa, na mensagem publicada esta tarde.

"José Eduardo Guerra, adjunto do membro nacional de Portugal no Eurojust, limitou-se a confirmar a existência de um processo com número de identificação 50566, registado por França no Eurojust, para obter o auxílio de diversos Estados-membros, e referiu que 'da documentação e informação que nos foi disponibilizada não resultam elementos que nos permitam confirmar ou infirmar a colaboração com autoridades de outros Estados-membros que alega ter prestado'", escreveu ainda Rui Pinto, acrescentando que o procurador foi oficiado, em julho, "para esclarecer a que diz respeito esse processo e qual o envolvimento do gabinete de Portugal no mesmo", não tendo ainda respondido.
"É para dizer, ou o Senhor Guerra é uma pessoa muito desatenta, ou há aqui marosca à portuguesa", rematou.
Nota de RoP: 
Acho muito curioso, quiçá fascinante, o preciosismo de certos jornalistas, com a descrição que fazem de Rui Pinto. Como se o público não soubesse, fazem sempre questão de elucidar os leitores do curriculum do rapaz. Ora é o "pirata Rui Pinto", ora é "o hacker Rui Pinto", ora é "o gaiense Rui Pinto", enfim, uma definição quase meticulosa. 

Se este comportamento fosse habitual, não se estranhava. Agora, não é isso que acontece com outros protagonistas Por exemplo: já alguma vez leram: "o assassino Duarte Lima", "o gatuno Duarte Lima", "o ladrão Ricardo Espírito Santo", "o corrupto/corruptor Luís Filipe Vieira", "o clube desleal Benfica", "o aldrabão Sócrates", "o campeão da batota Benfica", enfim, por aí fora. Com esta gentalha, os jornalistas já contêm os adjectivos. 

Portanto, o critério usado não é o mesmo, como acontece com certos árbitros de futebol... Sucede, que Rui Pinto é um caso diferente, e nem sequer ainda foi julgado para o rotularem. Ele cometeu de facto algumas ilegalidades,ou melhor, imprudências da juventude, actos de longe menos gravosos que os praticados por muitos políticos, e outra gente "importante". 

A Europa percebeu isso. E como tal, concluiu que os governos de certos países (como o nosso) não dispunham de técnicos qualificados para investigar crimes altamente danosos e camuflados. Crimes esses, difíceis de detectar. Daí, decidiram inteligentemente, puxando para si as competências de indivíduos como Rui Pinto. Os tais "Piratas"...  

Então, não seria muito mais adequado chamar-lhe "Pirata Bom", sem revelarem constantemente o local de nascimento?   

31 outubro, 2019

Estou farto


Acho que vou deixar de ver futebol.  E se calhar, deixar de ver televisão, e de ler o jornal. Hoje, todas estas coisas juntas ou separadas, deixaram de ser interessantes, antes se tornaram numa combinação macabra de sadismo e provocação, em vez de prazer, de entretenimento. 

Vivemos num país surreal, eticamente feio. Um país, onde o crime passou a ser o lado mais confortável dos poderosos. Poderosos esses saídos de uma mescla entre a política, o futebol, a banca e a justiça. Nos tempos que correm, ser 1º. Ministro, Presidente da República, ou Procurador, já não é uma honra, é uma oportunidade dourada para aqueles que gostam de viver do mal, com trajes de santo e de autoridade.

Nunca na minha vida imaginei ser possível a uma parte de Portugal viver-se tranquilamente fora da lei, e na outra ser perseguido por ela. É a utopia, a desafiar a realidade. Já não sei que pensar quando vejo um clube como o FCPorto ser completamente humilhado, vigarizado, traído, não apenas por um clube de futebol, mas pelo próprio Estado!   Será que esta obscena situação não envergonha quem o representa? Não existirá uma única pessoa que seja, dentro do Estado, capaz de se manifestar contra isto? Terão porventura medo?

Os dirigentes do FCPorto, sabem muito bem que o clube continua a ser vítima de uma quadrilha gigante, de uma máfia multifacetada, poderosa, e complexa. Mesmo assim, são incapazes de se impor, de rejeitar tanto abuso. Na prática, aceitam, a situação! Não obstante, consideram-se dignos de auferir grandes salários e comissões, sem ousar reagir...  Nem no Porto Canal aparecem para dizer o que pensam desta pouca vergonha. Resignaram-se à condição de vítimas silenciosas. E mesmo assim, ainda dizem que vivem num democracia! Isto é de loucos! Estarão eles dispostos a continuar indiferentes às perdas desportivas e financeiras a que a sua passividade (e não só) está a levar o FCPorto?  Sabendo que apesar das denúncias já apresentadas à justiça, contra o chamado "Polvo", não resultaram, nem lhes abrandou o vício pela delinquência, e pela intriga? Nem sequer foi o pessoal da SAD a fazer as denúncias. Nem nunca houve coragem para tanto. Limitaram-se a delegar a tarefa em Francisco J. Marques, sabendo que só ele, nunca teria o mesmo impacto se tivesse a presença do presidente e dos administradores a apoiá-lo. Estas coisas são  demasiado graves, não se combatem no silêncio da obscuridade. Falta dar a cara, aparecer, respeitando o clube, os adeptos, que são afinal quem dá vida ao clube.

Não quero perder mais tempo a discutir se a nossa equipa joga bem, ou joga mal. Agora, quero apenas Justiça! Sem ela, a qualidade do plantel e do treinador, perde relevância. Eles, os corruptos, ultrapassam isso tudo, excepto lá fora, onde por enquanto ainda não têm tentáculos. Já dá pena ouvir Francisco J. Marques  a queixar-se, parece uma criança indefesa num infantário de pedófilos!

Então, estamos ou não estamos a ser prejudicados? Os criminosos, continuam, ou não, em liberdade? Que raio de democracia é esta que consente tamanha tirania? A SAD do FCPorto nem sequer um manifesto de repúdio foi capaz de apresentar na Assembleia da República, de obrigar aquela gente a falar. De perguntar aos deputados se sabem, ou ignoram o que está a acontecer? Mesmo prevendo antecipadamente a resposta que iam levar. Se a resposta dos deputados apontasse para qualquer coisa como "Esses casos competem à justiça", seria simples a contra resposta ripostando com outra, interrogando-os se acreditam no comportamento dessa justiça, se a têm acompanhado com rigor. E então, se amanhã houver mortes? Revoltas? Que moral terão os partidos políticos (todos) essa gente acomodada com a malandragem, para abrir a boca, se estão coniventes com este escândalo miserável, que já dura há anos?

Estou a pensar seriamente em abandonar o barco, que é como quem diz, o Renovar o Porto. Este país é reles de mais para merecer que se lute por ele. E, como aqui se constata, não são as eleições políticas que nos salvam. Tenho de me conformar com a cobardia desta gente, mas nunca perdoarei a facada traiçoeira infligida ao 25 de Abril. É preciso outro, não com cravos, com artilharia pesada. Isto não vai lá com flores, nem com beijinhos de circunstância. 
 
PS-Sobre o jogo de ontem recuso-me a falar. Excepto de alguém. Do árbitro. Nunca confiei naquele gajo. Sempre prejudicou o Porto, e ontem voltou a fechar os olhos às faltas violentas do adversário. Este, é mais um cartilheiro domado pelo patrão. Deixem que a Federação continue tranquilo a nomeá-lo para os jogos do FCPorto. Os beneficiados agradecem a mansidão.


29 outubro, 2019

Rosa Mota e a Super Bock Arena

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Não havia necessidade... A Super Bock paga, mas
não é pessoa, nem atleta olímpica.

Suponho que não haverá um único português que não guarde uma grande simpatia, e gratidão, por esta grande maratonista portuense. Campeã olímpica de renome, merece todo o respeito do povo português, em particular, do Porto, a sua terra natal. 

Como é do conhecimento público, o antigo pavilhão dos Desportos esteve em obras, e a inauguração das mesmas reabria ontem. Zangada com a Câmara do Porto por esta ter permitido que o nome do pavilhão atribuísse demasiado destaque ao nome da nova patrocinadora Super Bock, decidiu não comparecer à cerimónia de abertura. Tem esse direito, e alguma razão.

A situação podia ter sido evitada se houvesse um pouco mais de cuidado no tamanho e posição atribuídos à marca patrocinadora, excessivamente grande em comparação com as da atleta. Compreendo-a, e acho que alguma coisa falhou na opção de identidade mista, entre uma pessoa, e uma empresa. Bastaria talvez inverter o critério da nomenclatura dos protagonistas para evitar este desentendimento. 

Mesmo assim, considero um pouco exagerado o comportamento de Rosa Mota. Primeiro, porque o Pavilhão dos Desportos, que substituiu o antigo Palácio de Cristal, é propriedade da Câmara do Porto. Câmara essa que decidiu (e bem) realizar obras no dito pavilhão, que estava a degradar-se já há algum tempo. A decisão de atribuir o nome da atleta ao Pavilhão partiu do autarca Fernando Cabral, em 1991 (data corrigida), como homenagem aos seus êxitos desportivos. Resumindo: a honraria foi concretizada, o nome da atleta continua lá gravado, e nunca daí deve ser retirado.  Agora, o Pavilhão não é propriedade da Rosa Mota, tem simplesmente o seu nome, e muito bem.

Porém, acho espantoso como é que numa época em que a publicidade penetra em todas as áreas de actividade, em que a regulamentação é completamente anárquica, esteja agora transformada numa polémica, só porque o nome do patrocinador se sobrepôs ao da atleta. Repito: acho que de facto houve um erro alegórico, as letras do patrocinador não deviam dominar as da homenageada, mas não concordo com a dimensão que querem dar ao caso.

Como vem sendo hábito, os jornais de Lisboa, colam-se logo a um copo de água para fazer dele uma tempestade, e isso é um objectivo desde que possibilite manchar o nome do Porto, e de Rui Moreira.  Aliás, nesse capítulo Rosa Mota, sendo portuense de gema, tem sido uma ingénua por ainda não ter percebido o quanto nos odeiam os meninos da capital do império centralista.

Agora imaginem bem o que seria, se em vez de Rosa Mota, tivesse sido atribuído ao Pavilhão dos Desportos o nome da também também atleta olímpica dos 10 000 metros, Fernanda Ribeiro, do FCPorto...

PS-Comparados  os mandatos de Rui Moreira com os de Rui Rio, é comparar a água com o vinho. Rui Moreira pode cometer os seus erros, mas até hoje fez muito mais que Rui Rio. Na cultura, Rui Rio foi um zero. Rui Moreira merce 20 valores! Perguntem à gente da Arte e não terão dúvidas. Nas iniciativas, a comparação é idêntica. Rui Moreira não se limitou a prometer avançar com as obras do mercado do Bolhão. Não! Concretizou-as!

Acho piada, a certos vereadores da Câmara do Porto, desta, e a de outros presidentes, que andam em cima de Rui Moreira como se fosse um cadastrado. Rui Sá, por exemplo, arma-se em rigoroso e passa o tempo a criticá-lo nos seus monocórdicos artigos do JN, com o caso Selminho, ansioso de implicar o homem. Tem é uma memória de merda quando se trata do seu clube dileto. Corrompido até dizer basta, o Benfica do seu coração deve ser um santuário. Mas não é. O slogan do Inferno da Luz, foi a ideia mais feliz que os benfiquistas podiam ter inventado.


Repito: no dia em que fôr provado e comprovado qualquer acto menos lícito praticado por Rui Moreira, criticá-lo-ei. Espero que nunca tenha de o fazer, como tive, conscientemente,por Pinto da Costa. Até lá, terá sempre o meu apoio e respeito.


28 outubro, 2019

FCPorto. Só uma lufada de ar fresco, ou motor de arranque?



Então, e onde páram os senhores da SAD?
Não recebem salários?
Como qualquer portista normal, e  com ideias próprias, fiquei contente com a exibição (e empenho) da equipa do FCPorto, no jogo de ontem, com o  surpreendente Famalicão, até então, líder do campeonato. Além da boa disposição, fiquei surpreendido, desta feita, pela positiva. 

Como é que em tão curto espaço de tempo, uma equipa que jogou sem ambição, nem fio de jogo, cede com o Feyenoord (12º. classificado do campeonato holandês), perde por 2-0, e decorridas 2 semanas, joga pessimamente em casa com o Glasgow Rangers, cedendo um empate, com uma exibição pobre, para esquecer, e ontem fez uma das melhores exibições do ano? Acho que o segredo consistiu na alteração que Sérgio Conceição fez. Dispensou Marega, deu merecido descanso a Alex Telles (para mim, um dos melhores jogadores do FCP), voltou a lançar MBemba (e bem), e a equipa parecia outra.

Desta vez, S.C. foi humilde. Compreendeu finalmente que Marega não está em grande forma, que tê-lo como principal referência de ataque era uma asneira, porque está esgotado, porque não conseguia ganhar uma bola, e porque todos os adversários já perceberam o quanto representa para o técnico portista. Esta alteração foi fulcral. Até Malafá parecia outro! Mesmo assim, quero crer que o "sermão" de Sérgio terá sido suficientemente eloquente para fazer os jogadores mudar de comportamento. É sempre um alívio, um jogo destes, para qualquer portista. Porém, cautela, e caldinhos de galinha, recomendam a sensatez. É preciso continuar a alimentar esta onda súbita de optimismo e transformá-la estável. Nada disto altera o que de negativo tem sido feito nos últimos anos, por quem não devia.



  

27 outubro, 2019

O povo é sereno, não é?!...


Domingos de Andrade
(JN)
Um governo à medido do país?

Um primeiro-ministro, 19 ministros, 50 secretários de Estado. Setenta ao todo. E comece-se a somar o que aí vem. Chefes de gabinetes, adjuntos, adjuntos dos adjuntos, assessorias e adjuntos das assessorias.

Perante os grandes desafios com que Portugal se confronta, identificados e dissecados, uma economia débil, pouco diversificada e aberta, a ameaça de mais uma crise internacional, uma dívida externa incomportável e interna, das famílias, fundada no consumo, insustentável, o país a envelhecer e sem soluções que estanquem a hemorragia, um tecido social profundamente empobrecido, o estafado interior desertificado e as escandalosas assimetrias regionais, António Costa responde com um Governo de dimensões dificilmente explicáveis.
Para um Governo gigante, ambições gigantes? As fronteiras diluídas entre pastas não auguram nada de bom, a começar nos ministérios da Coesão Territorial e o da Modernização do Estado e da Administração Pública, com este último a ficar com competências como a descentralização, que pela lógica deveriam pertencer ao primeiro, mas a lógica aqui importa pouco, e a acabar no do Planeamento, que tem também, como o da Coesão, a missão de gerir os fundos europeus. Pode parecer boa política, como parece o Ambiente ficar com as florestas, mas teme-se que no fim da história se acabem a diluir responsabilidades e a fazer de conta que se faz muito para não fazer nada.
E é uma pena. Contrariamente ao que à primeira vista parece, António Costa tem um quadro parlamentar que lhe permitiria finalmente avançar com algumas reformas estruturais para o país, desde a da Justiça, ao SNS, ou à Segurança Social, e olhar com seriedade para o urgente investimento público, e sem as quais dificilmente deixaremos de andar aflitos e de crise em crise.
A Esquerda, a quem já prometeu o aumento do salário mínimo, não o deixará cair até que pelo menos o centro-direita se reorganize e estanque o crescimento da extrema-direita. O PSD, enquanto for de Rui Rio, já se disse disponível para a discussão das grandes reformas. E o presidente da República quer continuar a ser o artífice da estabilidade.
Costa pode é não querer, mas isso, usando a expressão de Marcelo no discurso da tomada de posse, só ele é que sabe.
*DIRETOR