22 junho, 2017

S. João do Porto (Canal),com carinho...


"Ó, meu rico S. João,
padroeiro desta terra,
ajuda um pouco a memória
do esquecido Pedro Guerra!"

*

"Ó meu rico S. João,
meu santinho tão sortudo,
se receberes um email do Adão,
não te esqueças, apaga tudo"

[do Porto Canal]

*

"Ó meu rico S. João,
do alho pôrro e martelo, 
tem cuidado não consintas, 
que o Vieira espie também 
Marcelo"

[este é meu ;-) ]


*

Ó meu rico S. João,
tão querido e tão janota,
ajuda-nos a acordar,
o Ministério Público e
a P Jota

[do comentador HMF]

*
Ó meu rico S. João, 
vê se atendes esta prece
que castiguem o carnide
por causa dos SMS

[do comentador Loureiro]


*

Ó meu rico S. João,
chega-te à minha beira,
faz o Benfica descer de devisão,
e manda prender o Vieira

[do comentador Felisberto Costa]

21 junho, 2017

Culpados de um raio


Esta análise sobre o mesmo tema do post anterior, parece-me sem dúvida a menos romântica, mas a mais acertada. Isto de passarmos o tempo a tolerar o intolerável tem de acabar. Leiam-na, porque embora não seja propriamente uma descoberta, reforça a visão pragmática dos factos.

O luto e a luta

Miguel Guedes
(JN)

Hoje é o dia em que saímos do luto nacional com tudo por resolver. Findos que estão os três dias institucionais de dor, não há nada que tenha ficado diferente. Nem podia. Numa dor destas, o silêncio é das poucas companhias recomendáveis pela forma como nos propicia um tempo que seja. À distância de um oceano do país, a comoção sofre um verdadeiro bloqueio e embarga-se pelo choque. Vejo o país nas notícias por uma alegoria de inferno e somam-se os especialistas internacionais a explicar, à boleia da catástrofe, o que é isso do "dry lightning" ou trovoada seca. Pausa. Não há decreto que nos enterre o coração na areia quando a cabeça não pára para pensar. Não pode haver soluções enquanto o fogo caminha a passos de gigante, parecendo que voa. A luta começa agora.
A rendição absoluta de gratidão aos bombeiros que lutam e aos civis que ajudam. Isso e a pouca comiseração para quem tenta encontrar culpados em tempo de inferno. É impressionante a fogueira de vaidades e pouco tento que impele certas pessoas a abrir fracturas em tempo de terramoto. Para esses agentes sumários da punição, mais velozes do que o próprio vento que dá asas ao fogo a encontrar bodes expiatórios, não se limpam armas em tempo de guerra. E atacam, mesmo quando na paz podre de todos os invernos nunca os vi a deixar de dar beijinhos no dói-dói. À semelhança de quem tenta fazer notícia ao lado de um corpo carbonizado, aqueles que tentam encontrar culpados entre o sofrimento apenas descem mais um degrau do palco para onde imaginam estar a subir.
Pedrógão terá que ser o nosso público "ground zero". Nunca conseguimos trabalhar a propriedade privada da floresta que acaba por nos ser comum em catástrofe, nunca deixámos de ceder aos interesses e ao facilitismo. Sempre soubemos que a natureza não nos dá apenas pores-do-sol de excelência e nasceres do dia radiosos. A força natural da humanidade, de resto, não é impedir o seu curso. Compete-nos criar as estratégias para a acomodar e antecipar na violência perante um conjunto disperso de propriedades avulso sem investimento e sem o mínimo de zelo, desertificação populacional num agregado de restos de país votados ao abandono. Sempre olhámos para a floresta numa visão-túnel onde lá ao longe se vislumbra uma saída clara. Mas quando lá chegamos, pela proximidade do simples andar da carruagem, só vemos que arde. E assim vamos, todos os anos, em típicos lamentos que ninguém leva a sério. Acredito que até agora.
Nota de RoP: 
Sei a quem se refere Miguel Guedes no sublinhado desta sua crónica, e subscrevo-o. Contudo, a margem de tolerância para os co-responsáveis por estas tragédias já ultrapassou todos os records. Mais do que os afectos do Presidente da República e as desculpas revoltantes do(s) Governo(s), o que realmente importa realçar é a morte de 64 pessoas e o sofrimento de todas as outras (feridos e familiares). A vida dos que morreram é irreversível. 
Se o Estado fizesse a sua parte, se em vez de andar a brincar literalmente com o fogo, encarasse este recorrente problema com a seriedade que ele merece, talvez tivesse reduzido estas mortes, pelo menos a metade. Esse sim, seria o maior gesto humanitário que podia ter, não só por estas vítimas, como pelas vítimas de tragédias antigas e as que vão acontecer no futuro. 

O verão só agora começou e, como está mais do que constatado, nada foi feito de relevante quanto ao ordenamento preventivo das matas e florestas. É o preço a pagar quando um país se contenta com governantes vulgares. São, de facto, todos iguais. Não temos hipótese.  

Nota-O sublinhado da crónica do Miguel é meu.

19 junho, 2017

A prevenção dos incêndios é o exponente máximo da falência governativa

A foto espelha na perfeição a falsidade política

Cansa-me, mesmo que não me espante, o crédito que os jornalistas concedem a esta forma de viver a que, por ingenuidade ou conveniência, continuam a chamar democracia. Já nem sei se deva atribuir as causas a estes dois qualificativos juntos, ou se é tão só o resultado de uma adaptação empírica à hipocrisia dessa suposta democracia.

Os incêndios, a par da qualidade de vida dos portugueses, são aquilo que mais me incomoda neste país. Ambos sofrem pelas mesmas causas: sucessivos maus governos. Maus, e irresponsáveis governos!E não me venham com desculpas assassinas, porque são eles os maiores responsáveis pelas desgraças humanas e ambientais deste país. Como disse, este é um tema que muito me preocupa e que pelas piores razões venho acompanhando e escrevendo há muito tempo.

Todos os anos é isto, esta falta de respeito pela segurança das populações e da floresta. Esta garotada, esta gentinha sem elevação nem sensibilidade, em quem os seguidores desta democracia acreditam e dão carta branca  para prosseguirem na senda do crime, é a principal responsável pela dimensão destas tragédias. De tão óbvias provas e repetidos factos,  já me afadiga estar sempre a repetir o mesmo, mas para que não restem  dúvidas vou ainda assim reiterá-los: a prevenção é a forma mais eficaz de combater estes fenómenos climáticos.

Está mais do que esgotada esta certeza. Contudo, Portugal continua a "investir" prioritariamente nos meios, quando até os próprios serviços da Autoridade N. de Protecção Civil insistem e reclamam na aposta da prevenção. Gastamos cerca 90% nos meios de combate aos fogos, e reservamos uns míseros 10% na prevenção. Acho que isto explica, quase tudo...  

Não bastou o ainda recente drama dos incêndios em Arouca e Sever do Vouga, com danos patrimoniais irreversíveis e áreas imensas de floresta ardida. Ainda não decorreu uma ano desde este desastre (foi em Agosto do ano passado), e já temos de lidar com o mesmo problema em Pedrogão Grande, com as mesmas indecisões dos governantes. Tem sido isto, sempre! Promessas, mais promessas ao longo dos anos, e as sucessivas desculpas. Chega! 

Pergunto: será preciso morrer alguém com laços familiares a qualquer governante para terem a noção dos crimes que indirectamente têm praticado? Que desculpa, que tolerância podemos ter com estes políticos sem nos acharmos cumplíces pela morte de 62 pessoas? Nem vale a pena perder tempo a justificar o injustificável, quando o principal está por fazer há dezenas de anos. Estes fenómenos são previsíveis, a natureza é mesmo assim, e agora com as alterações ambientais a previsão teria de ser intensificada.  Mas, não. Os governantes, estes e outros de diferentes partidos continuam a optar pela falsa promessa, e as críticas que os jornalistas lhes fazem, continuam a ser de uma tolerância cumplíce, o que não é menos repugnante. 

Não quero com isto dizer que nós cidadãos, sobretudo quem possui terras próximo das florestas, não tenhamos de ter também esses cuidados preventivos, mas se o Estado (como sempre) não dá o primeiro passo, o que podemos esperar? 

Mas, francamente, já não suporto a lata, o desplante, as caras de pau e as lágrimas de crocodilo de quem devia fazer, executar, realizar e concluir o que que promete, insistindo pela rota do dulce fare niente...

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