É tão risível a argumentação dos juízes Rui Teixeira, e de Maria Féria, do Tribunal da Relação de Lisboa, que só agrava a já péssima reputação da justiça portuguesa. De tal modo, que até a mim me custa escrever a palavra justiça, porque ao fazê-lo posso estar a dar-lhe uma credibilidade que pura e simplesmente não existe. E já agora, não posso deixar de censurar o vocabulário usado pelo JN sobre esta execrável decisão quando diz que o tribunal da relação (com minúsculas) arrasou o Ministério Público, como se tratasse de um bombardeamento, ou de um jogo de futebol...
Este país, está mesmo uma merda, em todos os aspectos! Mas algo de positivo se pode concluir desta pouca vergonha: ficamos com a nossa desconfiança reforçada nesta matéria, isto é, em Portugal NÃO HÁ JUSTIÇA, há gente a brincar com coisas sérias, e a julgar, quando devia ser julgada e provavelmente condenada, fosse Portugal um genuíno Estado de Direito... Mas não é! Palavra de homem! Coisa que os políticos de agora jamais saberão o que significa, porque continuam a falar do Estado de Direito como se isso em Portugal fosse uma realidade.
Mas, há aqui um detalhe que convém não esquecer. Aparentemente, se este golpe de asa do T.R. de Lisboa visa apenas lançar o odioso da decisão para cima do Ministério Público, e não passar de mais um acto de teatro entre pares (Tribunal R.L., e MP), como pode ser o caso, o Ministério Público terá obrigatoriamente de dar uma resposta à altura. Mas cá para mim, palpita-me que isso não vai acontecer... Uma reacção destas, seria digna, e apropriada a uma instituição que ainda acredita viver numa democracia. Mas, se não a tomar, estará a assumir que teme, e se rende, à ditadura em que se tornou o país.
É por estas, e por outras, que quando uma estrutura de poder não funciona sectoriamente (trata-se do poder político), é para os mais altos representantes que devemos apontar responsabilidades. Ontem, citei aqui a pessoa do presidente da república e do 1º.ministro, precisamente por avaliar as coisas por esta ordem.
Pela mesma razão, mas por motivos diferentes, censuro o presidente Pinto da Costa. Sempre fui avisando que as coisas podiam não correr bem se ele, e a SAD, não apresentassem pessoalmente uma queixa firme numa reunião com o Governo, ou com o próprio PR. Fiaram-se na justiça e resultou nisto. É no que dá optar pelo politicamente correcto...
Sr. Pinto da Costa, não fique triste, revolte-se!
PS-Tomem bem nota, para a posteridade:
a imagem perfeita da pouca vergonha, em Portugal, é ver a bancada do estádio da luz recheada de uma corja de políticos a sorrir para o mundo, como se fossem todos filhos de pais incógnitos. Isto é, orfãos de encarregados de educação...