Nem os quase 40º de febre de uma inoportuna infecção bastaram para me impedir de assistir [pela tv], a mais uma brilhante victória europeia do FCPorto. Apesar de já estar habituado a estes momentos de alegria e orgulho bairrista, esse sentimento nunca esmorece, embora deva confessar que me sabe a pouco...O que me sabe a pouco, já não tem nada a ver com o FCPorto - que está bem e recomenda-se -, tem a ver com a porcaria da nação onde este clube, fundido carnalmente com a própria cidade, teve o azar de nascer.
O FCPorto, é praticamente o meu único elo de ligação importante ao país. Todos os outros, incluíndo aqueles casos bem sucedidos e louváveis, como são os dois prémios de Arquitectura, da Universidade do Porto, dos vinhos do Douro, e tantos outros, são elos igualmente prestigiantes, mas efémeros e pouco mobilizadores para a população. É um problema cultural? Talvez...mas e as elites, o que é que têm feito de impactante em defesa da região? A não ser que as elites sofram de outro mal de incultura, chamado egoísmo. Tivesse Pinto da Costa enveredado pela política, em vez do futebol, tínhamos seguramente um verdadeiro líder. O resto, é o que [não] vemos. Todos, mais ou menos iguais aos outros, cachorros fiés, serviçais e cumplíces com o Partido, que não é o mesmo que ser cumplíce do povo.
Não há país moderno no Mundo, que se possa sentir confortável no seu orgulho pátrio, apenas por ter um grande clube de futebol, ou por receber vários prémios internacionais, se tal não tiver correspondência com a qualidade de vida do seu povo. Povo, não uma parte minúscula do povo. A diferença, é que o futebol, tem um simbolismo e um impacto no orgulho das pessoas, incomparavelmente superior a todos os outros. E não é só em Portugal, é bom recordar. Só que, em Portugal, e no Porto, em particular, só temos o FCPorto!
Só temos FCPorto, mas do que eu gostava também, era de ter um país! Queria, antes de tudo, vê-lo livre e expurgado dos parasitas e criminosos que o foram destruindo, desvirtuando a Democracia, que é o mesmo que trair o povo. Depois, vê-lo governado por pessoas realmente honradas,qualificadas, justas, humanas e firmes nos propósitos. Isto tem de ser entendido à luz restrita do que um bom dicionário dita. De falsos sérios, estão a Assembleia da República e os Ministérios repletos. Sim, porque não é sério todo aquele que em grupo, ou individualmente e com responsabilidades políticas, promete e não cumpre sistematicamente, assim que chega ao poder.
Falo por mim, como é óbvio. No entanto, gostava de saber, se ainda há algum português capaz de levar a sério o que dizem figurinhas como Marques Mendes, Marcelo Rebelo de Sousa e muitos outros. É que a mim, dáva-me vontade de lhes projectar com aquela coisa produzida pelas glândulas salivares, tal é o desprezo que toda esta gentinha me infunde. Eu acho que conheço a resposta, mesmo considerando aqueles que ouvem a voz dos "mestres" como retribuição ao empreguinho numa repartição de finanças, ou num centro de saúde, mas mesmo assim, gostava de saber se conseguem levar a sério esses fulanos. E estou a referir-me àqueles portugueses - que são infelizmente uma minoria - que têm alguma capacidade para avaliar rigorosamente, quem os governa e governou. E mais. Seria interessante saber também o que pensam dos entrevistadores e da relevância de as televisões continuarem a gastar rios de dinheiro com pessoas que também foram responsáveis pelo descalabro do país, sobretudo, num momento em que nos exigem sacrifícios de toda a ordem. É que eu, ainda não consegui perceber. Ainda não vislumbrei a mais pequena luz indicadora dos benefícios para o país das opiniões de tanta gente que, pelo contrário já deu provas cabais de ser incapaz de as pôr em prática quando teve ensejo de o fazer. Que interesse terá então para nós ouví-los?
Por mim, limito-me a desligar a televisão, ou a mudar de canal, só porque não posso levá-los a tribunal e acusá-los de traição à pátria [se tal me fosse possível]. Não quero confundir a árvore com a floresta - ainda que a floresta se encontre demasiado poluída -, nem fazer de todos políticos clones de Duarte Lima, ou de Dias Loureiro, mas que eles não se podem gabar de vender seriedade, isso não podem.
Mas, o problema, deve estar em mim, que sou muito, muito limitado...