10 julho, 2014

Portismo de Sara Sampaio


A modelo portuguesa Sara Sampaio partilhou nas redes sociais esta bela imagem, selecionada entre as fotos de uma produção que protagonizou para o último número da revista francesa

Disse no Twitter que é portuense e portista, e que lhe faltava uma camisola do FCPorto personalizada, ao que o FCPorto respondeu afirmativamente satisfazendo-lhe logo o pedido.

Mas para quê uma camisola personalizada se este equipamento lhe fica tão bem? Até porque o portismo é mais que tudo uma questão de coração, não é... 

09 julho, 2014

Galardoado recusa medalha em solidariedade com Pinto da Costa

O presidente da Beneficência Familiar recusou receber da Câmara do Porto uma medalha de mérito em solidariedade com o presidente do F.C. Porto, Pinto da Costa, considerando "descortês e desconfortável a confraternização" com ex-autarca Rui Rio.


"Partilhando eu idêntica posição do presidente do F.C. Porto em relação a Rui Rio [...], considero igualmente descortês e desconfortável a minha confraternização na minha cerimónia com Rui Rio", explicou António dos Santos Reis, o primeiro presidente eleito da junta de freguesia de Ramalde, numa carta a que a Lusa teve acesso.

Na missiva "entregue em mãos" ao presidente da autarquia, Rui Moreira, na segunda-feira, Santos Reis esclarece estar em causa o esclarecimento "em reunião do executivo", a propósito "da não-inclusão de Pinto da Costa entre as personalidades que receberão medalha municipal", de que "não seria cortês homenagear Pinto da Costa e Rui Rio na mesma cerimónia".

"Os altos valores, princípios morais e ideológicos que me são inatos não me permitem aceitá-la [...] É que, para além do mais, Jorge Nuno Pinto da Costa e o signatário desta [carta] presidem a duas das mais prestigiadas e centenárias instituições da cidade do Porto", destaca o também presidente da Cooperativa de Ramalde.

António dos Santos Reis manifesta ainda a "mágoa" pelo "Grau Prata" do galardão que a Câmara do Porto aprovou atribuir-lhe na reunião do executivo de 17 de junho.

"Apesar da honra de tal distinção, a exclusividade desse grau na lista de personalidades a homenagear não pode deixar de provocar em mim profunda tristeza por verificar que uma longa vida dedicada ao bem comum [...] seja considerada apoucada em relação às demais atividades representadas pelos ilustres homenageados", acrescenta.

[do JN]

O futebol da Alemanha venceu-me a simpatia

Gosto do Brasil e do seu povo. Ao contrário do português europeu, tristonho, pesado  e fatalista (do fado), o Brasil teve o condão de tornar a língua portuguesa numa língua bonita, leve, alegre, ritmada e musical (do samba). Além disso, é mais que um país, é um continente dentro do próprio continente, exuberante de vida e beleza. Só não gosto das favelas e de tudo o que elas significam... O optimismo dos brasileiros é o único genuíno, porque é impossível sorrir como sorri aquele povo com uma vida tão difícil e assimétrica como é a deles.

Mas ontem gostei dos alemães. Gostei do fantástico espírito colectivo, assente no rigor, na disciplina e na sobriedade que fez dos 7 golos marcados à selecção do Brasil parecer uma coisa simples. É isto que faz falta à Europa do Sul, e é a falta disto que faz a Europa do Sul continuar nas bocas do mundo com a reputação dos malandros mais corruptos do continente. E não me estou a referir apenas ao futebol...

Mas o futebol tem destas coisas, porque é um desporto iminentemente colectivo, de operários tecnicistas, provocou em mim o milagre de ter gostado da victória da equipa que não apoiava.

Porque foi melhor, porque me soube conquistar pela qualidade do seu futebol. Sem mariquices nem ronaldices. Viva o futebol!  


08 julho, 2014

O senhor promete, promete mesmo?


Sem liderança, nem uma grande união dos nortenhos, será muito difícil, senão impossível, derrubar esse monstro de muitas cabeças chamado centralismo. O Porto, todas as cidades e localidades nortenhas, queixam-se dele, com toda a razão, mas é preciso fazer muito mais que "chorar". E quando falo em chorar estou a referir-me a todos, muito em particular aos responsáveis políticos locais e a todo o universo do empresariado nortenho.

Quando aderi ao malogrado Movimento Pró Partido do Norte, não foi por ambições de ordem pessoal, foi por vontade de dar o meu modesto contributo e apoio a algo que os partidos - como agora se diz - do arco da governabilidade e da oposição, se têm recusado a encarar com seriedade, que é lutar e defender a causa da regionalização. Apenas isso. De resto, não tinha (nem tenho) ambições por cargos políticos.

Foi uma pena que ninguém tivesse querido levar avante aquele projecto, embora compreenda que quando faltam lideranças fortes e apoios financeiros é muito difícil levar a cabo uma empreitada desta natureza. E se juntarmos a isso o facto de uma grande parte dos nortenhos e dos portugueses em geral não terem grande vocação para se envolverem na luta política de forma desinteressada, então a tarefa fica quase impossível de realizar. A militância partidária normalmente "paga" de alguma forma aos seus discípulos, e é também isso que explica a pouca adesão que continuam a ter nas eleições, apesar do aumento crescente da abstenção.

Mesmo assim, continuo sem perceber muito bem o que distingue os partidos do poder e os da oposição, de todos os outros, para merecerem mais atenção e suposta credibilidade. Devia ser o contrário. A mim, faz-me confusão porque é que, depois de ser sistematicamente enganado, o povo reincide no "crime" de repetir o mesmo erro que originou a bandalheira que hoje vivemos.

Aqui vai um exemplo: o líder da distrital do Porto do PS José Luís Carneiro disse esperar que tanto António J. Seguro e António Costa discutam a reforma do Estado e que se comprometam em particular com a criação de regiões administrativas (ler artigo JN acima). Muito bem. E o que será para Luís Carneiro e outros militantes um compromisso? Uma promessa? Bem. Ainda que não me surpreenda que qualquer um dos putativos candidatos ás primárias do PS de Setembro faça a referida promessa, por naturalmente se sentirem confortáveis para não a cumprir agora, por mais uma vez "não ser oportuno", é expectável que continuem a assobiar para o lado e a ignorar outra vez o desafio, mesmo que algum ou ambos aceitem o repto e "prometam" tratar da regionalização.

Haverá alguém que esteja disposto a apostar comigo  como nenhum dos candidatos vai cumprir a promessa? E se ninguém quiser apostar por ter os mesmas suspeitas que eu, como explicar o fenómeno de haver ainda quem vote nestas miseráveis condições? Serão de facto essas pessoas que votam nestas condições, um exemplo de boa cidadania?

06 julho, 2014

Sinais do centralismo, mesmo no JN

Pouco tempo depois de ler o artigo interessantíssimo de José Mendes que colei mais abaixo, o qual subscrevo integralmente, quando folheava a revista Notícias Magazine que vem anexa com o JN aos domingos, logo na 1ª. página li o seguinte:

«Não querendo ceder a estereótipos, posso dizer que estes são os tempos em que o futebol deixa de ser um assunto iminentemente de homens, para se democratizar junto das fãs femininas que se tornam fanáticas das suas selecções nacionais. Elas que muitas vezes nem um jogo viram do campeonato nacional, que nem conseguem dizer de cor mais de quatro nomes que alinham pelo Benfica ou pelo Sporting, já para não falar dos treinadores, ei-las, chegado um campeonato como o Mundial, a discutir os efeitos da humidade nas pernas dos jogadores».

Por razões óbvias, compreendo que o teor do texto seja o que menos interessará ao leitor, até porque nem está completo (é só um parágrafo). Mas, acredito que já não lhe escapará a marca visível do centralismo que a autora (Catarina Carvalho) deixou bem patente no mesmo. Ora aí está, Benfica e Sporting, o resto é paisagem...

PS-Catarina Carvalho é "só" a Directora executiva da Notícias Magazine, mas, como todos os centralistas, é uma enorme ignorante sobre a realidade do país, que é...o resto.

A Controlinveste é o Grupo onde se inclui o JN, o DN, o Jogo, a TSF. Joaquim Oliveira já só detém 27,5% do capital da holding.

Capital e paisagem





Esta foi uma semana agitada. Política e futebol, sempre. As lutas intestinais no Partido Socialista, que parecem empastelar mais do que esclarecer.

O Conselho de Estado do presidente da República, que se começa a assemelhar a uma reunião de escuteiros, onde no final todos concordam com a necessidade de um Mundo melhor. A coligação do Governo, que tendo perdido o referencial da Oposição, começa de novo a sentir réplicas do terramoto de há um ano. No futebol, regressada a casa a excursão aos EUA (com extensão ao Brasil) dos 23 de Paulo Bento, que aquilo não era para rapazes, os homens tomaram conta das operações no Mundial. E tenho gostado sobretudo das equipas que respeitam os princípios de jogo: constituídas por 11 em campo (e não apenas pelo número 7), que mantêm presente que o futebol não se joga de muletas (como alguns tentaram).

Havia aqui matéria-prima mais do que suficiente para uma crónica de domingo. Mas já tantos e tão bons escreveram sobre política e futebol, pelo que opto hoje por olhar a "restante" atualidade com o filtro do território.

As capas dos jornais foram esta semana preenchidas por manchetes que refletem bem a geografia das preocupações e do valor que circula em Portugal. O paradigma de funcionamento deste país aí está, preto no branco, numa dicotomia que expõe, sem confrontar, a capital lisboeta rica e pujante, onde a crise não mora, ao lado da província (todo o resto do país), que é uma espécie de palco de telenovela com todos os ingredientes clássicos, do trágico acidente à luta pela sobrevivência.

Vamos aos detalhes. Fiquei a saber que em Lisboa o mercado imobiliário está ao rubro, com a procura a puxar pela oferta e pelos preços. Que os comerciantes das lojas de luxo da Avenida da Liberdade estão indignados com as iniciativas populares à sua porta, cheias de gente e animais sem poder de compra, que lhes prejudicam o acesso e toldam as montras. E que na capital há agora mordomos de luxo, cujo trabalho é acompanhar os visitantes ricos de Angola, Brasil e outras latitudes, levá-los às compras, ao hotéis e aos restaurantes em vistosos carros. Um oásis, mais ou menos o negativo do resto do país.

Soubemos também que o antigo presidente da Metro de Lisboa e da Carris, demitido há um ano devido aos swaps, exige em tribunal uma indemnização de 270 mil euros por não ter sido reintegrado no lugar de origem, como consultor da Refer. Gente que circula de lugar em lugar, no universo das empresas públicas, que gasta e exige dinheiro (público). E onde acontece tudo isto, sempre? Em Lisboa, claro, que é onde se coletam os impostos de todos os tugas.

Assistimos também à crise do BES. Família, gestão, capital e Estado, todo um ecossistema em revolução, onde circulam muito dinheiro, muito poder e muitos lugares. Na capital, pois claro. Ou melhor, exclusivamente na capital. É curioso alinhar os nomes dos putativos sucessores de Ricardo Salgado e perceber que fora de Lisboa nada existe, é o deserto. Vítor Bento, na minha opinião uma grande escolha, é ele próprio um talento "made in Estremoz" que, uma vez detetado pelo íman lisboeta, foi sugado pela força centrípeta do ecossistema lisboeta.

Agora a província, que é mais ou menos tudo o que está para lá de Vila Franca de Xira, a norte, ou de Almada, a sul. Soubemos que um jovem estudante de Artes Visuais do Algarve foi a tribunal acusado de ter cometido um crime de ultraje à bandeira nacional, naquilo que era afinal uma obra artística. Soubemos também que na província morrem jovens a conduzir ou transportados em veículos moto-quatro. E que na Linha da Beira continuam a descarrilar comboios de mercadorias com uma regularidade quase exemplar.

Percebemos ainda que a justiça, leia-se os tribunais, vai levantar âncora em boa parte do país e que faltam 900 funcionários para a reforma do mapa judiciário. E que mais umas quantas aldeias vão morrer porque as escolas vão fechar e a meia dúzia de rebentos que ainda corporizavam a esperança terão necessariamente de partir.
E vamos tendo o caso Maddie. Uma novela luso-britânica que já bateu, em extensão e argumento, todos os grandes êxitos da Globo. Mantêm-se assim entretidas as "gentes dos algarves".

Mapear o valor das temáticas refletidas na atualidade é um exercício que, neste país, converge sempre para a mesma máxima: Portugal é Lisboa, o resto é paisagem. É o terceiro-mundismo em formato europeu.

[do JN]