27 julho, 2019

Um pouco de orgulho pessoal e familiar compensa o desgosto nacional. Ainda bem

Ana Gomes faz a diferença. E não deixa dúvidas


Ana Gomes reagiu esta sexta-feira à tomada de posição do PS sobre as declarações que a ex-eurodeputada havia feito sobre a transferência do futebolista João Félix para o Atlético Madrid.


"Agradeço ao presidente Carlos César o afã de esclarecer o óbvio: não represento o PS e o que digo e escrevo só me vincula. Sendo socialista, e não apparatchik, não abdico de dar uso à minha cabeça... Já César, usa o que pode face a Vieira: a César, o que é de César. E viva o Partido Socialista!", pode ler-se no tweet.


Renovar o Porto:

Os últimos tempos têm-me levado a questionar como andará a trabalhar a cabeça de alguns agentes das instituições judiciais deste miserável país. Reporto-me propriamente ao desempenho face às suas próprias consciências... O que é que eles pensam (se é que pensam) da opinião de um grande número de cidadãos sobre os seus métodos de trabalho enquanto funcionários do Estado responsáveis por diferentes processos. 

Para falar apenas do casos mais conhecidos (entretanto silenciados), destaco o dos Emais, do chamado "Polvo Encarnado", e mais recentemente do "Hacker" Rui Pinto, esse "monstro" malfeitor, rápida e zelosamente encarcerado por esses cavalheiros. O que irá naquelas cabecinhas de  funcionários públicos? Que imagem pensam eles deixar na opinião pública livre, honesta e descomprometida? Da sua integridade profissional? Do seu sentido de responsabilidade? Do seu carácter? Será que atribuem nota positiva aos seus próprios desempenhos?  Até pode ser que sim, só que para que outros acreditem, importa cumprir certas premissas: uma, é a coerência, e a outra a honestidade! Mas, será que tanto num caso como noutro têm revelado esses dotes? Pois cá para mim, não! De todo. Basta comparar a rapidez,  o empenho com que prenderam Rui Pinto, com a frouxidão pacífica como lidam com os processos do Benfica para termos fortes dúvidas sobre a sua idoneidade. Cheira mesmo a trafulhice. Lá diz o ditado, para ser sério, primeiro é preciso parecê-lo, e a Justiça também não foge à regra, apesar das suas mui labirinticas "leis" (será por acaso?).     

Para que certos cretinos não tentem intimidar-me com faltas de respeito ao Estado, informo, sem ponta de presunção, que sou neto de um oficial do exército medalhado com a Torre e Espada (a mais alta condecoração nacional) com nome gravado numa rua da cidade do Porto, facto que me enche de orgulho. É um orgulho alimentado pela sua coragem e integridade não tanto pelo seu estatuto multi-relevante. Como não canso de dizer, o estatuto é apenas estatuto. Sou também  filho de um  Inspector da PJ, igualmente competente e honrado. Ambos já falecidos, ambos cidadãos íntegros! 

Se meu avô teve a coragem de colocar no banco dos réus um determinado presidente da Câmara por suspeitas de corrupção, não cedendo a uma subtil tentativa de o "amansar" para evitar julgamento, o meu pai testemunhou pessoalmente a corrupção que pairava naquele tempo na PJ (foi Inspector), que tantos prejuízos pessoais lhe causaram por desalinhar do esquema vigente... Isto, no tempo do outro regime, em plena ditadura! Um regime também hipócrita, que apesar disso não se arvorava em democrata, como fazem os políticos contemporâneos com o mais nojento dos cinismos.  Tenho idade suficiente para saber muito bem como funcionavam as coisas nesse tempo  e como funcionam agora, e não tenho a menor dúvida de que pouco falta para voltarmos atrás, a uma ditadura pidesca. A corrupção dos tempos que correm é muito maior, e mais descarada, que naquele tempo, porque apesar de tudo as pessoas ainda tinham vergonha. Hoje, até os políticos denunciam essa ausência de pudor. Nunca vi o país tão pobre de valores como agora! Nunca! 

Por isso pergunto: como é possível que um ex-traficante de droga, um tipo com currículo de ladrão ousa pedir a um partido de governo para se demarcar da posição de uma ex-deputada (Ana Gomes) sobre um assunto do foro judicial em que o seu clube foi envolvido? Como? Eu respondo: porque a classe política deixou-se prostituir sem dar por isso (que ainda é pior). E aqui, entra a passividade do presidente da República e do próprio 1º-Ministro, todas as outras instituições relevantes pactuam por subalternidade hierárquica. É este o quadro miserável em que vive hoje o país. E é muito triste vermos tão pouca gente a insurgir-se, revoltar-se mesmo com esta pouca vergonha. Ontem, por exemplo foi o ministro da Administração Interna a fazer figura de urso com um palavreado trapalhão de irresponsável, quando interrogado sobre a incompetência do combate aos fogos, atirar-se contra um presidente de Câmara para poupar a rotineira incompetência dos governos nesta matéria. Dá vontade de lhes bater. As suas reacções causam revolta, estimulam a violência popular. O que lhes tem valido é que, como alguém disse um dia, o povo é sereno... Se assim não fosse já outra revolução constava da nossa História.  

PS-Sobre os incêndios em Portugal ando há ANOS a escrever sobre isto. Já cansa. Sobre a contínua incapacidade dos governos para lidarem com este trágico problema. Prometem isto e aquilo, e volta tudo à incompetência de sempre. Só sabem é aldrabar, e mesmo assim mal. São uns inúteis. Era um boa oportunidade para se queixarem das abstenções...  


23 julho, 2019

Um clube com um presidente passivo terá futuro?


Ninguém pode acusar-me de me abster de dizer o que penso sobre o comportamento actual do presidente do FCPorto, lamentavelmente bem diferente do passado, para pior. Sempre o respeitei, mesmo nos momentos em que se deixou envolver com gente pouco recomendável para o clube e para a sua própria imagem. Antes de tudo, importava-me era que fosse um líder competente, interventivo e presente, como foi durante muitos anos, o resto, pouco me interessava.

Até ao momento em que entrou numa espiral de desmazelo, reflectida no preço e valor técnico de alguns jogadores (e treinadores). Até aí, sempre o apoiei, respeitei e defendi. A partir dessa altura, e dos consequentes resultados, acompanhados pela descarada protecção do Estado ao clube do regime, sem que PC ousasse tomar medidas firmes contra a situação, fui-me decepcionando, perdendo-lhe parte considerável do respeito que lhe tinha (apesar da idade).  

Não sou dos que criticam de viés, daqueles que pensam que só por um homem ter feito algo de positivo numa fase da vida, e de merecer respeito por isso, passa a ser respeitado eternamente mesmo que desrespeitando quem o apoiou enquanto mereceu. Se censuro o que está mal no FCPorto não recorro à imputação abstracta da culpa, alegando que "alguém" do FCPorto tem de defender o clube. Não caio nessa demagogia, vou directo ao assunto, e cito o nome desse alguém escrevendo legivelmente o seu nome, incluindo os cavalheiros que representam a SAD.  

A frontalidade é isto, não é fugir à realidade só porque o nim é mais conveniente. Ser frontal é citar o nome das coisas, para não deixar equívocos. O respeito é importante, mas deve ser equilibrado, eu gosto de respeitar todos por princípio, mas na volta gosto de ser retribuído. Ora, como adepto que já foi sócio, acho que o senhor presidente do FCPorto não me está a respeitar por se remeter ao silêncio sobre assuntos da maior gravidade que estão a acontecer e a prejudicar o FCPorto. Todos sabem do que se trata, mas segundo Pinto da Costa, silenciar quando a comunicação social vai divulgando sucessivas ilegalidades praticadas pelo clube do regime, parece ser a reacção certa. Ninguém compreende isto. Eu pertenço a esse grupo. Não olho para Pinto da Costa como se fosse um Deus, olho com o realismo de quem olha apenas para outro homem. Um homem que já fez coisas importantes, e que admirei, mas que agora está diferente, para pior. 

O factor idade aqui é irrelevante. Nada lhe falta, dinheiro, conforto e saúde. E isso já é muito bom para um homem da sua idade. Enquanto adepto do FCPorto só me faz falta é alguém que o governe de forma competente, corajosa, séria e interventiva. Mas esse alguém já não pode ser P.Costa, porque o clube precisa de fibra, de se defender de um regime ditatorial, e sectário.  Digo eu. Mas se o Sr. Pinto da Costa considera democrático este governo, então que reclame, que pergunte ao 1º. Ministro porque é que Paulo Rebelo ainda não foi corrido do IPDJ, porque é que as arbitragens continuam a ser tendenciosas com o FCPorto, por que é que os órgãos desportivos ainda não foram saneados. 

Ou será que Pinto da Costa ainda acredita que eles não vão continuar a prejudicar-nos?  Se há mérito nesses gajos é o da "arte" de representar, ainda que insuficiente para encobrir a máscara. Já falta pouco para a próxima época começar. Se o próprio calendário dos jogos do FCPorto é de per si tão estranho e revelador ao mesmo tempo, o que será daqui a meia-dúzia de jornadas?

Será que não deu para perceber essa tendência do assobiar para o lado quando há lances violentos mesmo nos jogos  de  pré-época? Então a forma excessiva, sarrafeira mesmo, como o Getaf jogou contra o FCPorto não justificava desde o início do jogo várias intervenções com cartões coloridos? E se um dos nossos jogadores fosse outra vez para o estaleiro, já se faziam ouvir as vozes? Aguardemos pelas cenas dos próximos capítulos para ver se vai tudo ser como dantes? Talvez depois apareçam os queixumes da praxe. Depois, sempre depois do mal estar feito.


22 julho, 2019

Rescaldo da Copa Ibérica

Há talento, é preciso saber aproveitá-lo,
 e DEFENDÊ-LO...
Ainda é cedo para termos uma ideia do que vale o plantel actual do FCPorto, até porque ainda não foi definido que jogadores vão ser dispensados (além dos que já partiram), nem se vai chegar um ou outro reforço.  Além disto, será necessário  algum tempo para afinar o sistema de jogo, e determinar a equipa que pode conferir melhores garantias, ou seja, escolher a formação tipo. Portanto, começar já a tirar conclusões precipitadas, como alguns portistas já andam fazer, para o bem e sobretudo para o mal, é manifestamente prematuro, e imprudente.

Este hábito de apreciação prematura é errado, especialmente quando dirigido a jogadores sobre os quais ainda pouco se sabe em termos genéricos. O que importa é que sejam tecnicamente bons, e essencialmente com grande sentido de equipa. Não querendo evocar águas passadas, cito o exemplo de Brahimi, a quem no decorrer do tempo foram dirigidos elogios exagerados, e mesmo logo nas primeiras exibições, antes de se afirmar, e que mesmo assim gozou dessa fama quase até ao fim do contrato. Era um jogador de raros bons momentos, e de baixíssima auto-confiança. Sempre o vi como um jogador demasiado individualista, com uma técnica vistosa, mas pouco eficiente. Era o típico jogador de caprichos. O que quero dizer, é que o FCPorto não pode dar-se a esses luxos, porque quem tem menos a ganhar é o clube, não o jogador.  Este tipo de atleta é antítese do jogador à Porto. Citei este exemplo como podia citar outros, mas como disse, não é esse o objectivo deste artigo. Só para citar o exemplo radicalmente oposto, escolho o inesgotável Alex Telles, um jogador de equipa, raçudo, e tecnicamente evoluído.

O primeiro ponto que me ocorre referir, sustentado nas fragilidades evidenciadas na última época tem a ver com o modelo de jogo que o treinador Sérgio Conceição pretende privilegiar. Será o mesmo? Então, importa saber se está preparado para aperfeiçoar a gestão do esforço físico que esse modelo implica. As lesões da época anterior foram constantes, apesar dos cuidados físicos médicos e de treino, portanto é um aspecto que importa ponderar. Depois, o aperfeiçoamento técnico da qualidade e intensidade de passe, e do remate. Há jogadores, que já estão há uns anos no FCPorto, cuja identificação me escuso a revelar por uma questão de bom senso,  que ainda têm algumas dificuldades nestas vertentes específicas. Penso que deviam merecer treinos particulares e mais intensos para esses fins. Outros há, que sendo até muito mais jovens que os seniores, já revelam uma qualidade de passe e remate acima do que seria previsível para a idade. Refiro-me naturalmente aos juniores, como Fábio Silva, Romário Baró, Fábio Vieira e Tomás Esteves, só para falar dos mais destacados (porque há outros). Há jogadores que já nascem com esses dons, que quase não precisam de treinos. O gosto pela redondinha é tão forte que desde pequenitos se esforçam por imitar os craques seu ídolos, e conseguem fazer em poucos anos o que outros não conseguem a vida inteira. Quando jogadores deste tipo sabem conciliar o talento natural com a maturidade precoce, quase dispensam treinadores técnicos. Em princípio não criam grandes dores de cabeça aos treinadores.

Sucede que existem outros jovens que não tendo as mesmas faculdades dos mais talentosos, podem vir a ser também grandes craques, a diferença consiste em necessitarem de mais tempo de treino, mais apurado e específico. E é aqui que persiste a minha dúvida. Será que para estes casos concretos há treinos suficientemente eficazes? Terão o êxito  esperado? Tenho dúvidas.

Se os leitores observarem com atenção o modo como estes jovens talentosos tratam a bola, como a passam, e como a chutam, independentemente da experiência de cada um, vão reparar que não é só no contacto nem na posição como tocam a bola que está a arte, está também na posição do corpo consoante a direcção da baliza, ou no caso do passe, do colega mais próximo. Esses não se limitam a olhar para a relva, apenas onde está a bola, eles olham rapidamente também para o local onde está o objectivo, e só depois concretizam. Nem sempre com êxito, é natural, mas com mais sucesso do que aqueles que se limitam a olhar para a bola. Eu acho que é aqui que reside a diferença. Se aliarmos ao talento pessoal do jogador, mais ou menos talentoso, o hábito de levantar a cabeça para o campo antes de decidirem para onde enviar o esférico, teremos seguramente um jogador mais completo, mais assertivo.

Em pouco tempo, os poucos jogos que vimos desta mistura entre jovens e seniores, deu para perceber porque é que uns falham menos que outros.  O talento é também inteligência e auto-confiança. Sem beliscar o orgulho de Brahimi, para mim, além da sua vaidade excessiva, relevava o seu pior defeito, que era não acreditar em si próprio. O que mais me chateava nele, para além do individualismo que tantas vezes o fez perder a bola, era colocar as mãos na cabeça após o falhanço. Esse gesto vicioso impediu-o de evoluir. E foi pena.